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Coldplay lança ‘Music Of The Spheres’, com trilha que poderia tocar em motéis de Marte

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9º álbum do grupo inglês tem BTS, Selena Gomez e o maior produtor do mundo. Banda queria ‘jornada cósmica’, mas entrega disco mediano com rock de sintetizadores e contemplação. O nono álbum do Coldplay, lançado nesta sexta-feira (15), é cheio de conceito. É cheio também de músicas que poderiam ser trilha sonora de motéis em Marte.
A promessa era de uma “jornada cósmica”, uma viagem espacial para mostrar que “todo mundo é alien em algum lugar”.
Mas a realidade é um álbum do Coldplay com baladas (“Let Somebody Go”, com Selena Gomez, tem seu charme), rocks com sintetizadores e alguns penduricalhos para justificar que isto aqui é um álbum conceitual.
A quarta música é um “Coral de aliens”. Na real, está mais para Alvin e os Esquilos do espaço. Mais suingada, “Biutyful” é outra com vocais processados fininhos.
Como motéis marcianos não existem, as 12 novas músicas foram tocadas em 13 eventos pelo Planeta Terra. Em São Paulo, o Planetário do Ibirapuera recebeu convidados nesta quinta-feira e vai receber fãs nos próximos dias.
De olho nos “novos planetas” da banda, o g1 ouviu “Music Of The Spheres” sincronizado com projeções para que todos conhecessem o sistema planetário criado pelo quarteto inglês. Cada canção tem seu respectivo planetinha.
O nono álbum do Coldplay foi anunciado com teasers escritos em Kaotican, uma linguagem própria da banda. Eles criaram uma versão do alfabeto inglês de um planeta chamado Kaotica.
Fechando o “pack de conceito”, cinco das 12 novas faixas não têm nome. Ou melhor, o nome é um emoji (veja tracklist abaixo).
Como viemos parar aqui?
Capa de ‘Music Of The Spheres’, do Coldplay
Reprodução
Quem acha isso pretensioso não deve conhecer o Coldplay. Em 25 anos de carreira, o grupo liderado por Chris Martin foi do britpop cru ao pop interplanetário.
Neste trajeto, passou anos-luz da obviedade roqueira e perdeu muitos fãs com isso. Gravou poperô safado com o Chainsmokers e encheu todo mundo de papel picado colorido em estádios e festivais como o Rock in Rio, no qual voltarão em 2022.
A discografia recente passou pelo auge do rock de arena (“Mylo xyloto”, 2011), pelo R&B pós-divórcio (“Ghost stories”, 2014), pela autoajuda dançante (“A head full of dreams”, 2015) e por uma aventura que rodou o mundo e parou no mesmo lugar (“Everyday life”, 2019).
O que aconteceu nesse álbum anterior se repete agora. Antes, o Coldplay convocou músicos do Paquistão e da Nigéria juntando rapper belga, poesia persa e texto budista, mas sem mudar muito sua essência.
Agora, botou um single para tocar no espaço e tentou criar um álbum conceitual sobre uma viagem espacial, mas entrega o mesmo repertório que você já ouviu. A Barbie astronauta e a Barbie turista têm roupinhas diferentes, mas no fundo são a mesma boneca.
A última do disco, “Coloratura”, resume essa ideia. São 10 minutos e 19 segundos de mudanças de rotação, vocais alterados, além de zumbidos e piano meditativos.
Contemplativo, Chris Martin cita o astrônomo Galileu Galilei (1564–1642) e versa sobre Oumuamua, primeiro objeto interestelar a passar pelo Sistema Solar. Mas daí vem o refrão: “Neste mundo louco, eu só quero você”.
Letras aquém, músicas ok
Coldplay divulga a música ‘My Universe’, em parceria com o BTS
Reprodução/Twitter/Coldplay
As letras são disparadas as piores da discografia da banda, mas certos arranjos podem fazer os fãs suspirarem:
Quem curte o peso de músicas como “Politik”, que costumava abrir os shows deles no começo dos anos 2000, deve ouvir “People of the Pride”;
Quem gosta do rock de estádio de “Viva la vida” e “Clocks” não vai se decepcionar com “Higher Power” e “Humankind”;
Fãs da fase R&B melancólica de “Paradise” podem gostar de “Biutyful”;
Para os que amam “Fix you” e “The Scientist”, a dica é ouvir “Let somebody go”. Ela é boa demais, como se um álbum experimental do Radiohead tivesse sido adaptado para tocar na rádio Antena 1.
Mas mesmo nela, há versos fracos para o padrão da banda: “Eu chamei os matemáticos e pedi que me explicassem: eles disseram que o amor só é igual a dor”.
Quem é o astronauta-chefe?
O tracklist do nono álbum do Coldplay
Divulgação
O álbum é mais um com a assinatura de Max Martin. O ex-roqueiro sueco se tornou o produtor com maior número de hits número 1 nos últimos 50 anos.
Desde o fim dos anos 90, Martin levou 22 músicas ao topo do hot 100 da “Billboard”. Chegou lá com Britney Spears a Justin Timberlake, passando por Katy Perry, Pink, Maroon 5 e Taylor Swift. Um dos trabalhos mais recentes foi com Anitta.
Max ajuda a dar certa unidade ao álbum, com versos mais colantes do que os anteriores da banda.
Talvez dê para botar na conta do produtor as já citadas letras precárias: no método de Martin, vale tudo para chegar ao pop perfeito. Inclusive falar como se você tivesse aprendido inglês no ano passado.
E o BTS?
O produtor não é o único convidado superstar no álbum. “My Universe” bota o Coldplay ao lado do BTS, o maior nome do k-pop.
É certamente a mais radiofônica (e streamingfônica, se é que isso existe) do álbum. Quem ouvir e não sair cantarolando está morto por dentro.
Não tem muito a ver com o álbum, por ser mais divertida. Poderia facilmente estar em um disco de Dua Lipa, Lady Gaga ou de outra diva pop.
Mais ou menos pop, o Coldplay continua sendo uma banda que se faz de difícil para fazer easy listening.
VÍDEO mostra como ‘Higher Power’, do Coldplay, foi tocada vez a bordo da Estação Espacial Internacional:
Nova música do Coldplay é tocada pela 1ª vez a bordo da Estação Espacial Internacional

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