Um grupo de 50 mulheres processou a MindGeek, proprietária do site pornô Pornhub, por causa de uma operação de tráfico sexual da Girls Do Porn. Pornhub
Getty Images via BBC
A empresa proprietária do site pornô Pornhub entrou em um acordo para encerrar um processo movido por 50 mulheres que se dizem vítimas de uma operação de tráfico sexual.
Elas afirmam que a empresa Girls Do Porn, produtora de conteúdo, as coagiu a fazer sexo diante das câmeras e mentiu sobre como o material seria compartilhado.
As 50 mulheres processaram o Pornhub, alegando que a empresa sabia das acusações, mas continuou a parceria com a produtora mesmo assim.
Os termos do acordo não foram tornados públicos.
Em um comunicado, a MindGeek, empresa controladora do Pornhub, disse ter “tolerância zero com a publicação de conteúdo ilegal em suas plataformas”.
“As partes chegaram a uma resolução mútua para resolver a disputa e os termos são confidenciais”, disse Brian Holm, o advogado que representou as mulheres, em um comunicado por e-mail.
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Girls Do Porn fazia parte dos programas de parceria da MindGeek até outubro de 2019, quando o Departamento de Justiça dos Estados Unidos efetivamente fechou a produtora de pornografia. A equipe sênior da empresa foi presa e acusada de tráfico sexual e outros crimes.
A produtora publicou vários vídeos no Pornhub e em outros sites públicos. O Pornhub removeu esses vídeos depois das acusações das autoridades americanas ao Girls Do Porn.
Trabalhos de ‘modelagem’
A Girls Do Porn supostamente oferecia empregos como modelo para publicidade. Mais tarde, as jovens que se inscreveram eram informadas de que o trabalho, na verdade, envolvia a produção de vídeos pornográficos.
Elas teriam sido avisadas de que o trabalho seria anônimo e que os vídeos não seriam publicados na internet, mas sim em DVDs de colecionadores particulares ou de mercados em países distantes.
No entanto, os vídeos foram posteriormente distribuídos publicamente por meio de sites como o Pornhub, de acordo com os procuradores dos Estados Unidos.
No processo por danos morais contra a Mindgeek, as mulheres dizem ter enviado à empresa “reclamações detalhando fraude e coerção das quais foram vítimas por parte da Girls Do Porn”.
Mas, ainda assim, a proprietária do Pornhub não encerrou a parceria com a produtora. O primeiro processo judicial em nome das vítimas foi apresentado em junho de 2016.
“A MindGeek tem tolerância zero para a publicação de conteúdo ilegal em suas plataformas. E instituiu uma política abrangente de confiança e segurança que é líder da indústria em identificar e erradicar qualquer material ilegal de sua comunidade”, disse a MindGeek em um comunicado.
“Estamos empenhados em permanecer na vanguarda da segurança na internet e em tomar todas as medidas para evitar que atores mal-intencionados postem conteúdo ilegal online”, afirma a companhia.
A empresa também suspendeu o conteúdo enviado por usuários em dezembro de 2020, após um conjunto de acusações de abuso infantil e vídeos relacionados a estupro.
O processo original contra a MindGeek foi aberto em dezembro do ano passado, em nome de 40 mulheres – depois, o número aumentou para 50.
Para proteger a identidade das mulheres, elas foram citadas no processo sob o pseudônimo de Jane Doe, além de um número. Cada uma delas pediu U$ 1 milhão (R$ 5,58 milhões) em danos morais e também exigiu um julgamento com júri.
Vários dos envolvidos com a Girls Do Porn já foram condenados, incluindo Ruben Andre Garcia, que trabalhou como recrutador, produtor e ator para a empresa. Ele foi condenado a 20 anos de prisão em novembro.
“Este réu atraiu uma vítima após a outra com anúncios falsos de emprego como modelo, promessas falsas e empresas de fachada enganosas. Depois usou de ameaças para coagir essas mulheres a fazer vídeos de sexo”, disse o procurador-geral Randy Grossman em um comunicado emitido após a condenação.
O FBI está atualmente tentando prender um dos ex-sócios da Girls Do Porn, Michael James Pratt, que supostamente coagiu mulheres a filmar conteúdo sexualmente explícito para o site.
No início deste mês, a agência aumentou sua recompensa máxima por informações que levassem à prisão de Pratt para U$ 50 mil (cerca de R$ 280 mil).
O FBI disse acreditar que o número de vítimas da empresa pode chegar a centenas de mulheres.
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