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Em ‘Eternos’, Chloé Zhao faz o filme mais bonito e autoral da Marvel; G1 já viu

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Diretora ganhadora do Oscar constrói sua versão de aventura de super-heróis. Produção, que menos se parece com o resto do universo interligado do estúdio, estreia em 4 de novembro. Mais do que um novo filme da Marvel, “Eternos” é um exemplo claro do estilo e da sensibilidade da diretora Chloé Zhao – a primeira ganhadora de Oscar a comandar uma produção do estúdio.
Com belas tomadas abertas e paisagens naturais deslumbrantes, a aventura de super-heróis cuja história se confunde com a própria existência da humanidade, é a mais bonita e autoral do Universo Cinematográfico da editora (o famoso MCU).
E também, logo de cara, a que mais se difere das demais.
Assista ao trailer de ‘Eternos’
Focado nas relações pessoais de seus protagonistas numerosos e diversificados, o filme que estreia em 4 de novembro nos cinemas brasileiros mostra que a Marvel está aberta a dar um pouco mais de liberdade aos cineastas.
Em “Eternos”, o estúdio abre mão da fórmula absoluta que ditava como suas obras deveriam soar e até parecer e vai além, ao apresentar uma trama sem ligação direta com o restante de seu universo interligado.
A decisão pode frustrar os fãs mais apaixonados, principalmente em uma era de teorias e expectativas exageradas nas redes sociais a cada trailer, mas ainda há “marvices” em abundância – por mais que sejam as partes mais fracas da produção.
Gemma Chan e Richard Madden em cena de ‘Eternos’ – olha que visual
Divulgação
Zhao eternamente
Os “Eternos” do título são seres imortais enviados à Terra há milhares de anos por entidades quase divinas com uma missão simples.
Aqui, enquanto ajudam a humanidade a evoluir, devem proteger o planeta e seus habitantes de uma raça cósmica de predadores letais.
Com nada menos do que dez protagonistas, eles formam a maior superequipe da Marvel nos cinemas até o momento (desconsiderando os Vingadores honorários de “Ultimato”), uma escolha com diversas implicações.
O número elevado ajuda a diversificar o panteão da editora – além de representantes asiáticos, negros e latinos, há o primeiro herói gay e a primeira surda –, mas também aumenta o desafio em uma história de origem.
Lia McHugh, Gemma Chan, Salma Hayek, Barry Keoghan e Bryan Tyree Henry em cena de ‘Eternos
Divulgação
Mais do que isso, também contrasta diretamente com uma das maiores características da diretora.
Com Angelina Jolie (“Malévola”) e Salma Hayek (“Frida”), “Eternos” oferece a uma cineasta conhecida por trabalhar com não-atores, pessoas comuns interpretando personagens muito parecidos a elas mesmas, o comando sobre um elenco numeroso de estrelas estabelecidas e emergentes – por mais que as citadas sejam praticamente participações especiais de luxo.
Mesmo assim, o roteiro escrito por Zhao com outros três estreantes no MCU encontra espaço para que (quase) todos tenham momentos para brilhar e apresentarem pelo menos um pouco de sua personalidade.
Ajuda, é claro, que a maior parte deles esbanje um carisma natural gigantesco. A anglo-chinesa Gemma Chan (“Podres de ricos”) mostra que o risco de escalá-la uma segunda vez, após sua atuação como uma personagem menor em “Capitã Marvel” (2019), valeu a pena como a grande protagonista do filme.
Kumail Nanjiani, Lia McHugh, Gemma Chan, Richard Madden, Angelina Jolie e Don Lee em cena de ‘Eternos’
Divulgação
Mas os destaques mesmo vão para Lauren Ridloff (“The Walking Dead”), que já havia brilhado em suas poucas cenas em “O som do silêncio”, e a jovem Lia McHugh (“O chalé”), de 14 anos.
Mesmo disputando espaço com figuras mais experientes, a dupla constrói uma química quase imediata com quem quer que esteja contracenando.
O sempre excelente Barry Keoghan (“Dunkirk”), por outro lado, parece uma oportunidade perdida. Tamanho talento merecia ser melhor aproveitado como um personagem solo da editora.
Lauren Ridloff e Barry Keoghan em cena de ‘Eternos’
Divulgação
A quem é de Marvel, ‘marvices’
O filme sofre exatamente com suas maiores “marvices”. Por mais apaixonado que seja, o público da editora nos cinemas não tem como não estar cansado dos velhos antagonistas com pouca personalidade e visualmente genéricos.
Dos chitauris de “Os Vingadores” (2012) aos outriders em “Guerra Infinita” (2018), os deviantes de “Eternos” são um exemplar perfeito da filosofia de que inimigos sem rosto são ótimos sacos de pancadas.
A aparência pouco inspirada dos vilões quase é alcançada pelos uniformes dos protagonistas, que parecem estar ali apenas para lembrar que este é, afinal de contas, um filme de super-heróis.
Kumail Nanjiani e um deviante em cena de ‘Eternos
Divulgação
Com tons sem vida e desenhos quase padrão para personagens tão distintos, eles lembram Power Rangers menos divertidos, com sua divisão baseada em cores.
E até em sua ausência as “marvices” podem prejudicar. Ao longo de 25 produções, a editora montou cuidadosamente um universo integrado que exige do público o acompanhamento quase integral de tudo o que aconteceu antes.
“Eternos” é uma das grandes exceções. Ao final das duas horas e 37 minutos, a sensação que fica é que se trata de uma narrativa de luxo paralela, que poderia ser facilmente retirada do conjunto sem perda.
Claro, um filme às vezes é apenas um filme. Mas, para fãs que foram ensinados a esperar sempre um significado maior a cada novo capítulo e que por anos tentavam entender o lugar dos imortais nesse grande plano, é uma frustração compreensível.
Lauren Ridloff, Angelina Jolie, Don Lee, Richard Madden e Kumail Nanjiani em cena de ‘Eternos’
Divulgação

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