Cientistas descobriram que condores-da-califórnia podem dar à luz sem nenhum DNA genético masculino. Coautor do estudo disse que é “uma descoberta verdadeiramente surpreendente”
Getty Images/Via BBC
Biólogos americanos constataram que dois condores-da-califórnia, uma ave considerada criticamente ameaçada de extinção, tiveram filhotes sem a necessidade de um parceiro do sexo masculino.
A descoberta surpreendeu os cientistas. Até então, não se sabia que os condores eram capazes de fazer reprodução assexuada, ou “partenogênese”. Nesse tipo de reprodução, o embrião se desenvolve sem que o óvulo seja fecundado.
O mistério da ‘concepção imaculada’ dos tubarões
A partenogênese já foi verificada em outras espécies de pássaros, bem como lagartos, cobras, tubarões, raias e outros peixes.
Há apenas cerca de 500 condores-da-califórnia no sudoeste dos EUA e no México
Getty Images/Via BBC
Há apenas cerca de 500 condores-da-califórnia no sudoeste dos EUA e no México.
Na década de 1980, o número de exemplares da espécie caiu para menos de 30, mas a partir de esforços de preservação, a população da ave aumentou nos últimos anos.
As descobertas da ONG San Diego Zoo Wildlife Alliance, revisadas por pares, foram publicadas esta semana na revista científica Journal of Heredity da American Genetic Association.
Os pesquisadores descrevem como exames genéticos de rotina de aves em cativeiro levaram à descoberta de que dois filhotes machos nascidos em 2001 e 2009 estavam ligados às mães, mas não aos pais.
Todos os 467 condores machos no pool de reprodução foram testados. O que torna o caso ainda mais raro é que, pela primeira vez, a partenogênese ocorreu quando os machos estavam presentes para reprodução.
A partenogênese é um evento extremamente raro, mas já foi registrado em outras espécies. Acontece quando uma célula feminina se comporta como um espermatozoide e se funde com um óvulo. Normalmente ocorre em populações de animais com poucos ou nenhum macho reprodutor.
“Esta é realmente uma descoberta surpreendente”, disse Oliver Ryder, coautor do estudo e diretor de genética da conservação da San Diego Zoo Wildlife Alliance, em um comunicado.
“Não estávamos exatamente procurando por evidências de partenogênese; fomos surpreendidos. Nós apenas a confirmamos por causa dos estudos genéticos normais que fazemos para provar a ascendência.”
Infelizmente, os dois filhotes morreram — um aos dois anos em 2003 e o outro em 2017, aos sete.
Ambas as mães condores tiveram filhotes que foram criados da maneira tradicional.
Uma teve 11 filhotes, enquanto a outra, que se acasalou com um macho por 20 anos, teve 23 filhotes. Ela se reproduziu mais duas vezes após a partenogênese.
Veja os vídeos mais assistidos do g1