Temperatura média da cidade de São Paulo subiu 2,1ºC nos últimos 70 anos. Na Escócia, Doria diz que investirá R$ 1 bilhão em reflorestamento até 2050. SOS Mata Atlântica diz que não adianta plantar novas áreas se há desmatamento de florestas maduras no estado. SP lança programa de reflorestamento até 2050
A cidade de São Paulo deveria ter, pelo menos, quatro vezes mais árvores do que tem atualmente para tentar conter o avanço rápido da temperatura, segundo o professor Marcos Buckeridge, diretor do Instituto de Biociências da Universidade de São Paulo.
Dados do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas da USP mostram que a temperatura média da cidade de São Paulo subiu 2,1ºC nos últimos 70 anos, muito acima do registrado no planeta, onde o aumento médio, nesse período, foi de 0,5ºC.
Nesta quarta-feira (1), ao participar da COP 26 – a conferência do clima em Glasgow, na Escócia, o governo do estado de São Paulo lançou mundialmente um programa para conter o aquecimento global nas próximas décadas. O programa Refloresta São Paulo prevê recuperar 1,5 milhão de hectares de vegetação nativa até 2050 , com investimento público de R$ 1 bilhão.
A área que se pretende recuperar é o equivalente a 9.500 unidades do Parque Ibirapuera, localizado na Zona Sul de São Paulo. O trabalho será realizado em áreas que não são de restauração obrigatória conforme a legislação, nem estão ocupadas por atividades econômicas, como pastagens de baixa capacidade agrícola.
Dados da USP mostram, porém, na capital paulista, a cobertura vegetal é baixa e a distribuição de árvores é bem desigual, conforme a região. Para que a vegetação de uma cidade tenha impacto sobre o clima, o ideal seria ter pelo menos 20% da sua área coberta pela mata nativa – atualmente, o número na capital é de 11%.
Especialistas, porém, apontam que a meta é ambiciosa e que não ajuda recuperar e plantar nova vegetação se há desmatamento de floresta madura.
“1 milhão e meio de hectares a se recuperar é uma meta não só ambiciosa, mas importante para o estado. A gente vem regenerando florestas há vários anos com programas de pesquisas pra entender a Mata Atlântica e o Cerrado. Nós precisaríamos de 2 décadas e meia para dar tempo das plantas crescerem e formar algumas árvores e começar um recuperação sólida de partes da floresta”, diz Marcos Buckeridge
“É uma cobertura relativamente baixa, mas dentro do padrão das cidades grandes do mundo. Nós temos a Zona Leste, por exemplo, que tem um índice de arborização muito baixo; a Zona Oeste já está num índice de arborização bastante adequado. Temos essa desigualdade verde que precisa ser corrigida”, afirma o especialista.
Na Escócia, o governador disse que o estado vem ampliando a área reflorestada.
“São Paulo é o único estado que ampliou sua cobertura vegetal, sua cobertura vegetal nativa em 3% nesses quase 3 anos de governo, dando sequência ao aumento q teve nos 7 anos anteriores de 2%”, afirmou Doria em coletiva à imprensa.
O diretor de conhecimento da fundação SOS Mata Atlântica, Luis Fernando Guedes Pinto, que também está na Escócia participando do evento, entende que, tão importante quanto definir metas de reflorestamento, é necessário conter o desmatamento que ocorre na cidade e no estado de São Paulo.
“O que mais preocupa nesses desmatamentos, que são pequenos, é que a gente está perdendo áreas de florestas maduras, que tem um grande valor para conservação da biodiversidade, que tem mais acúmulo de carbono e a gente tá recuperando florestas jovens, mas elas vão demorar muito pra ter o mesmo valor dessas florestas que a gente tá perdendo”, afirma Guedes Pinto.
Ministro do Meio Ambiente anuncia nova meta para cortar emissões de gases até 2030
Durante a COP-26, o governo paulista reforçou o pedido de adesão voluntária dos 645 municípios ao acordo ambiental para a redução de emissão de gases de efeito estufa e incentivo às ações de sustentabilidade, um compromisso que foi assumido pelo estado com a ONU.
Em nota, a Prefeitura de São Paulo informou que vem aumentando o número de árvores plantadas a cada ano na cidade. Em 2018, foram plantadas na cidade 45,7 mil mudas; em 2019, 61,4 mil e, em 2020, com a pandemia, o número chegou a 62 mil novas árvores.