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Festas e Rodeios

‘I’m too sexy’ do Right Said Fred faz 30 anos: zoeira de dois irmãos vendeu 30 milhões de discos

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‘Ainda não entenderam a piada’, diz Fred Fairbrass ao g1. Dupla explica relação intensa com fãs e participação em protestos antivacina. ‘Quando eu hitei’ relembra artistas que sumiram. Quando chegaram perto dos 40 anos de idade, os irmãos Fred e Richard Fairbrass se cansaram do rock. A banda anterior deles tinha tocado antes de shows do Joy Division. Fred havia tocado guitarra com Bob Dylan e Richard empunhou o baixo com David Bowie.
A ideia agora era fazer um pop dançante safado e de letras irônicas. Um pop que fosse para o topo das paradas. Mas eles não esperavam chegar ao topo das paradas de mais de 70 países. Lançada em 1991, “I’m too sexy” fez a banda inglesa Right Said Fred vender 30 milhões de discos.
“Sempre fomos fãs de música pop, mas as bandas que tocamos eram um pouco mais voltadas para o rock. Então, quando todo o movimento da house music começou, no final dos anos 70 e início dos 80, comecei a frequentar boates, ouvir dance music”, recorda Fred, o mais velho e mais falante do duo, ao g1 (veja a entrevista acima).
Na série semanal “Quando eu hitei”, artistas do pop relembram como foi o auge e contam como estão agora. São nomes que você talvez não se lembre, mas quando ouve a música pensa “aaaah, isso tocou muito”. Leia mais textos da série e veja vídeos ao final desta reportagem.
A dupla inglesa Right Said Fred, formada pelos irmãos Fred e Richard Fairbrass
Divulgação/Site Oficial
Em vez de artistas de rock, de repente a dupla só passou a ouvir DJs. “Quando fizemos “I’m Too Sexy” foi o nosso momento de transição entre o que costumávamos fazer e o que começamos a fazer.”
A mudança brusca de sonoridade poderia ter dado algum atrito, mas eles o fato de os dois serem irmãos foi importante para toda e qualquer possível treta.
“É tipo a máfia, mas sem o dinheiro, e sem as armas. Éramos muito honestos com as ideias um do outro. Confiança na indústria da música é uma raridade, difícil de encontrar”, resume o músico de 68 anos.
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Divulgação/Facebook da banda
Quem via os vídeos do Right Said Fred notava como os dois irmãos se davam bem: eles estavam sempre soltos, zoando um ao outro. Musicalmente, o que mais chamava atenção era o revezamento entre a voz grave de Richard e os vocais de apoio.
“Sempre tivemos cuidado com os vocais de apoio. Porque nossa marca registrada nos vocais é a voz grave do Richard. Então, a gente tinha que misturar com cuidado. O refrão é muito gospel e nos versos tem um tom mais grave na voz solo.”
De Simpsons a Taylor Swift
A dupla inglesa Right Said Fred no clipe de ‘I’m too sexy’, de 1992
Reprodução
“I’m too sexy” foi usada em mais de 50 produções, entre filmes, séries e desenhos como “Simpsons” e “Family Guy”. Isso fez com que a música continuasse viva…
“Ela já está indo para a terceira geração”, comemora Fred. “Então, tiramos selfies com crianças de nove anos, de dez anos, porque nos conhecem talvez por meio de uma trilha de game ou pela Taylor Swift ou em um dos desenhos animados ou talvez por um comercial. Dá uma longevidade.”
O Right Said Fred dividiu os créditos de uma música da Taylor Swift. É que a cantora usou a batida de “I’m too sexy” para criar o refrão “Look what you made me do”.
“Eu gosto que tenha um acorde menor meio que decrescendo e eu curto a produção da faixa e acho que gosto de como as baterias eletrônicas são programadas. Alguns dos sons de teclado são um ótimo trabalho.”
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A dupla Right Said Fred
Divulgação
Mas Taylor não foi a única a se inspirar nessa música. “Achei que a gente merecia o crédito de composição e senti o mesmo com a música do Sofi Tucker. Acho que essas músicas não existiriam sem ‘I’m too sexy’.”
“Batshit” foi lançada em 2018 pela dupla americana Soffi Tucker. Em 2021, Drake se juntou aos rappers Future e Young Thug na faixa “Way 2 Sexy”, mais uma inspirada no maior hit do Right Said Fred.
Mas como seria se a versão original de “I’m too sexy” fosse lançada hoje? Será que faria sentido? Eles dão risada da pergunta. “Bem, não fazia sentido quando ela foi lançada… E, às vezes, ainda não faz”, diz Richard, com certa ironia.
“Acho que provavelmente ‘I’m Too Sexy’ estaria nos celulares”, completa Fred. “Seria muito tocada. Acho que iria quebrar o Instagram e o YouTube por causa dela. Exatamente como foi com ‘Gangnam style’, do Psy.”
Para os irmãos, a música era “diferente” de tudo o que estava nas paradas. “Outras músicas tentaram copiá-la, mas ela tem um som que só ela tinha e era boa demais.”
A dupla Right Said Fred
Divulgação
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Para Fred, se tivesse que resumir o hit em uma só palavra, ela seria “inocência”. “Existem muitas músicas por aí sobre sexo e sobre ser sexy e esse tipo de coisa, mas elas não têm esse algo a mais.”
E o que será que ela tem a mais? Para começar, a música surgiu a partir de uma linha de baixo e de um cigarrinho de maconha.
“Estávamos no porão da nossa casa, fazia muito calor. Richard e Robert estavam fumando, eu não costumo fumar, mas Richard estava fumando um pouco de maconha, e nós criamos o que é chamado loop.”
O Robert citado por ele é o Rob Manzoli. Além dos dois irmãos, ele é o terceiro compositor responsável por “I’m too sexy” e ficou na banda até 2001. Tudo foi escrito a partir da base Era tipo “Ba-ba-ba-ba-bom”, imita Fred.
“Havia um espelho de corpo inteiro e Richard ficou cantando em cima da base: ‘I’m too sexy for my shirt’. Ele tirou a camisa e voltou para o estúdio e começou a cantar.”
A cena fez todo rirem, mas também pareceu uma ideia de refrão. “Inicialmente, eu não tinha certeza e pensei muito, fui lentamente aceitando, eu fui um pouco mais lento do que todo mundo.”
A dupla inglesa Right Said Fred, formada pelos irmãos Fred e Richard Fairbrass
Divulgação
Muita gente até hoje não entende que a música é uma zoeira com o mundo da moda, com quem se acha sexy, estiloso demais. Será que eles tiveram que ficar explicando a piada?
“Sim, tivemos que fazer isso muitas vezes”, reconhece Fred. “Pensaram que estávamos falando sério. Mas foi interessante quando a indústria da moda começou a usar, porque era uma música justamente sobre esse tipo de pessoa. Então, eles ainda não entenderam a piada. A maior parte da indústria da moda não entendeu na Alemanha.”
Mas o Right Said Fred não é um one hit wonder, não é uma banda de um hit só. Logo depois, eles repetiram a fórmula (e o sucesso) com “Don’t talk just kiss”.
Ela tem estrutura e letra bem parecidas com as de “I’m too sexy”. A composição foi a partir da frase de uma ex-namorada do Fred. Mas ela não ganhou nada com o hit.
“Estávamos discutindo e ela disse ‘Não fale, apenas beije’. Então, eu fui além disso. Ainda nos falamos e sei que ela tem um marido bem-sucedido, que ganha um bom dinheiro.”
Pornô e cerveja com os fãs
Right Said Fred no clipe de ‘Sweet Treats
Divulgação
Falando em dinheiro, num dos clipes mais recentes, eles pegaram a verba e doaram para instituições de caridade. Em vez de uma grande produção, só gravaram um vídeo tomando cerveja com fãs num pub. O vídeo de “Sweet treats” saiu em 2017.
“Colocamos algum dinheiro no bar para que as pessoas pudessem beber de graça e depois mandamos entregar pizzas”, descreve Fred.
Foram quatro horas de bebedeira com os fãs, mas nem sempre o clima foi tão ameno. Nos anos 90, eles penaram com alguns fãs meio intensos demais.
Eles já receberam uma fita VHS com um filme pornô caseiro “muito, muito explícito de um fã”. “Eu não vou entrar em detalhes, mas tudo que posso te dizer é que eu fiquei sem apetite para o meu almoço. Era muito pesado.”
Outro fã ficou muito tempo escrevendo cartas de amor. “Eu fui aconselhado a ignorar e então eu fiz isso. Aí recebi uma carta dizendo que me odiava”, record Richard.
“E então recebi comida na academia onde eu treinava, era arroz doce. Claro que eu dei uma conferida, não saí comendo na hora porque vai saber, e estava cheio de vidro quebrado.”
Eles denunciaram para a polícia e ela parou de importunar os dois.
A dupla inglesa Right Said Fred
Divulgação/Site Oficial
No final da entrevista, eles comentaram sobre a presença durante todo o ano nas manifestações contra o lockdown e contra as vacinas da Covid-19.
“O Reino Unido não está interessado em fazer um debate. Se você for a uma dessas manifestações anti lockdown, você vê gente contra antibiótico, anti tudo”, diz Fred.
“Mas nós nunca negamos a Covid. Nós nunca dissemos que somos antivacina. Fomos nessas manifestações anti lockdown, porque somos a favor da liberdade de expressão e de discurso, e pró escolha. Não quer dizer que todos estão lá pela mesma razão. Você pode ter alguém lá que é antiaborto ou anti qualquer coisa.”
“Nós apenas pensamos que todo mundo deveria fazer sua própria pesquisa. Se você quiser vacinação, tudo bem, mas saiba exatamente o que você está tomando, quais podem ser os possíveis efeitos colaterais”, completa Fred.
Capa do álbum ‘Fredhead’, do Right Said Fred, lançado em 2001
Reprodução
O g1 perguntou se eles já tinham se vacinado e a resposta foi negativa. “Estamos esperando o momento certo para que fiquemos satisfeitos”, resume Fred.
“Achei interessante o que aconteceu no Canadá. Alguém entrou em contato com o sistema privado de saúde e perguntou: se ele sofresse com os efeitos colaterais da vacina, ele iria cobrir? E a empresa respondeu que não. Isso acontece porque é uma vacina experimental”, diz Fred.
Esses comentários foram feitos antes de Richard ser hospitalizado com Covid-19. Ele recebeu alta após ter relatado dificuldades para respirar.
Mesmo assim, os dois não quiseram ser vacinados e seguem escrevendo mensagens no Twitter contra o uso de máscaras e contra a vacinação obrigatória. Isso mesmo com todos os estudos que mostram a eficácia das máscaras e da vacinação.
VÍDEOS: QUANDO EU HITEI
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Xuxa no Rock in Rio: como será o show no festival

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Ela se apresentará após o show de Katy Perry, nesta sexta-feira (20), no Palco Itaú. Ela fecha o dia com line-up composto inteiramente por artistas mulheres. Xuxa se apresenta no Rock in Rio
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A participação de Xuxa no Rock in Rio foi confirmada nesta sexta-feira (20). A “Rainha dos Baixinhos” se apresentará após o show de Katy Perry, no Palco Itaú.
“O futuro está aí. As crianças estão aí. As crianças que cresceram comigo estão mostrando para os seus filhos o trabalho que eu fiz no passado. Quer coisa mais futurística que isso? Ser o futuro é isso: você fazer parte do passado de muita gente, ser o presente e fazer parte da imaginação das pessoas futuramente. O fato de eu fazer parte do imaginário e também do dia a dia dos netos dessas pessoas me emociona muito”, disse.
A artista promete fazer o gramado virar uma grande pista de dança com seus hits de sucesso.
Rodrigo Montesano, head de Experiências de Marca e Patrocínios do Itaú Unibanco, disse que a presença de Xuxa no espaço “é uma homenagem à sua trajetória como ícone da cultura pop brasileira”, principalmente em um dia de line-up inteiramente feminino.
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Do consumo responsável à oportunidade: projeto Cri. Ativos da Favela chega ao Rock in Rio

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Projeto promovido pelo Instituto HEINEKEN, Rock in Rio, Favela Filmes e CUFA direciona verba arrecadada com vendas de Heineken 0.0 para capacitação de jovens talentos na área do audiovisual Após o sucesso da edição piloto do projeto Cri.Ativos da Favela, lançado em 2023, em São Paulo, durante o festival de música The Town, o Instituto HEINEKEN em parceria com a marca Heineken®, o Rock in Rio, Favela Filmes e a Central Única das Favelas (CUFA) anuncia a ampliação do programa para a cidade do Rio de Janeiro.
Dessa vez, na edição que celebra os 40 anos do maior festival de música e entretenimento do mundo, o projeto irá impactar diretamente 120 jovens, o dobro da edição de estreia, oriundos das favelas cariocas.
À semelhança do que aconteceu no The Town 2023, e com o objetivo de fomentar o consumo responsável, o valor arrecadado com a venda de Heineken 0.0, versão zero álcool da marca, ao longo dos sete dias do Rock in Rio, será destinado à iniciativa que visa transformar a vida de jovens por meio da formação na área do audiovisual, inteligência artificial e música.
Além de formação em roteiro e produção de vídeos, o curso será focado no contexto musical, pontua Vania Guil, gerente executiva do Instituto HEINEKEN.
“O Rio de Janeiro é conhecido por sua rica tradição cultural e musical e gêneros como Rap, Trap e Funk emergem daqui, o que dá ainda mais peso para a relevância da música na vida desses jovens. Queremos fortalecer a conexão deles com a própria cultura e identidade e fazer com que isso possa gerar oportunidades de renda, preparo profissional, reconhecimento e inserção no mercado de trabalho”, afirma.
Os jovens das favelas do Brasil estão no centro do trabalho de impacto social que o Instituto Heineken desenvolve e, somar esforços com parceiros como Rock in Rio, Cufa e Favela Filmes para iniciativas como essa ampliam o potencial de atuação. O projeto entende que ver os jovens ganhando cada vez mais espaço e amplificando sua voz é a melhor resposta para quem ainda não entendeu a potência transformadora que vem das favelas.
“A união de forças entre empresas privadas e o terceiro setor é fundamental para que possamos fazer o mundo ser melhor para todos com o máximo de agilidade e, sempre que possível, focando em dar ferramentas de fortalecimento, dignidade e independência para os ecossistemas mais fragilizados da sociedade”, diz Roberta Medina, vice-presidente executiva da Rock World sobre a iniciativa.
“O curso Cri.Ativos da Favela tem um impacto direto e profundo na vida dos alunos. É uma imersão na qualificação técnica e na prática do audiovisual. Estamos falando de jovens que, em muitos casos, enxergam no audiovisual uma forma de expressar suas vivências e histórias, e o projeto dá a eles as ferramentas. Além de proporcionar a mudança em suas vidas e de seus familiares”, diz Preto Zezé, presidente da CUFA Rio.
Segue o fio para conhecer mais sobre o projeto.

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Obra de Chico Buarque é a trilha sonora aliciante que guia o povo brasileiro na cena de musical que vai de 1968 a 2022

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A atriz Cyda Moreno faz solo contra o genocídio do povo negro na cena de maior voltagem emocional do musical ‘Nossa história com Chico Buarque’
Renato Mangolin / Divulgação
♫ OPINIÃO SOBRE MUSICAL DE TEATRO
Título: Nossa história com Chico Buarque
Artistas: Artur Volpi, Cyda Moreno, Felipe Frazão, Flávio Bauraqui, Heloisa Jorge, Laila Garin, Larissa Nunes, Luísa Vianna, Odilon Esteves e Soraya Ravenle.
Cotação: ★ ★ ★ ★ ★
♪ Quando a atriz Cyda Moreno arrepia o público do Teatro Riachuelo ao fazer indignado solo contra o genocídio do povo negro, o musical Nossa história com Chico Buarque alcança pico de emoção e atualidade. Aplausos espocam em cena aberta nas sessões do espetáculo em cartaz na cidade do Rio de Janeiro (RJ), de quinta-feira a domingo, até 6 de outubro.
Feita ao som de Construção e Deus lhe pague, músicas de 1971, a impactante cena de Cyda poderia se passar em 2024 ou em qualquer ano recente marcado pelos assassinatos de negros inocentes por policiais, fato recorrente no cotidiano nacional, sobretudo nas comunidades. Só que o solo da atriz está situado em 1968 na engenhosa arquitetura da narrativa do musical escrito pelo diretor Rafael Gomes em parceria com Vinicius Calderoni.
Os dramaturgos se desviam da já exausta fórmula dos musicais biográficos com a criação de trama estruturada em três atos – situados em 1968, 1989 / 1992 e 2022, anos emblemáticos na história política do Brasil – que vão se interligando à medida em que a ação avança no tempo.
Artur Volpi (à frente) é um dos destaques do coeso elenco do musical ‘Nossa história com Chico Buarque’, vivendo vários personagens nos três atos
Renato Mangolin / Divulgação
A costura do texto é alinhavada pelo amor nunca vivido entre duas mulheres, Beatriz e Carolina, em paixão que atravessa três gerações de duas famílias numa saga que envolve 21 personagens interpretados por 10 atores.
Homogêneo, o elenco – Artur Volpi, Cyda Moreno, Felipe Frazão, Flávio Bauraqui, Heloisa Jorge, Laila Garin, Larissa Nunes, Luísa Vianna, Odilon Esteves e Soraya Ravenle – soa afinado em todos os sentidos quando dá voz ao texto e às canções de Chico Buarque com arranjos do diretor musical Alfredo Del-Penho.
Por ter sido composta ao longo de 60 anos por um dos maiores compositores do mundo em todos os tempos, a trilha de Nossa história com Chico Buarque resulta inevitavelmente irretocável. São canções que, na cena e fora dela, guiam o povo brasileiro na luta por liberdade política, afetiva e sexual. Sem jamais ter sucumbido ao panfleto, a obra do compositor hasteia bandeiras erguidas pela própria natureza política do artista.
No roteiro do musical, aberto por Paratodos (1993) no canto de Soraya Ravenle, desfila a própria história do Brasil em narrativa feita sem concessões até o arremate intencionalmente anticlimático ao som de Olhos nos olhos (1976) na voz de Artur Volpi. O painel social montado ao fim do espetáculo é amplo.
Inexiste em Nossa história com Chico Buarque o tom artificialmente festivo dos musicais vocacionados para deixar cair o ano com karaokê entre público e artistas. As cerca de 50 canções foram postas somente a serviço da cena. E é isso que torna Nossa história com Chico Buarque um musical arrojado e, ao mesmo, aliciante, sobretudo pela força perene das canções.
Ah… são bonitas as canções, sejam os cantores falsos ou verdadeiros. E quanta verdade há na cena e no canto do elenco de Nossa história com Chico Buarque! Se Roda viva (1968) gira no primeiro ato contra a corrente e a ditadura endurecida nos anos de chumbo, a canção Trocando em miúdos (Francis Hime e Chico Buarque, 1977) é na voz de Laila Garin a trilha da separação de Carolina ao fim do segundo ato.
Laila Garin brilha ao cantar músicas como ‘Beatriz’ e ‘Trocando em miúdos’ no espetáculo ‘Nossa história com Chico Buarque’
Renato Mangolin / Divulgação
Enfim, por estar entranhado na alma e na memória do povo brasileiro, o cancioneiro de Chico Buarque legitima e enobrece a saga política e afetiva posta em cena audaciosa na produção da empresa Sarau Cultura Brasileira.
A entusiasmada afluência do público à temporada carioca do musical somente corrobora a potência e o viço da obra do compositor, uma das mais perfeitas traduções da bagunça dos corações e também das dissonâncias sociais que pautam o Brasil, terra que ainda parece longe de cumprir qualquer ideal enquanto soarem atuais solos como o feito por Cyda Moreno na cena de maior voltagem emocional do espetáculo Nossa história com Chico Buarque.
A atriz Heloisa Jorge em solo vocal do musical ‘Nossa história com Chico Buarque’, em cartaz no Teatro Riachuelo, no Rio de Janeiro (RJ)
Renato Mangolin / Divulgação
Flávio Bauraqui é o escritor Nelson no primeiro ato do musical escrito pelo diretor Rafael Gomes com Vinicius Calderoni e faz o papel de Fernando no segundo
Renato Mangolin / Divulgação

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