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COP26: novo rascunho do acordo final atenua referências a carvão e combustíveis fósseis

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Texto pressiona países a serem mais ambiciosos para combater o aquecimento global e mantém menção inédita a combustíveis fósseis, mas usa linguagem mais fraca que a primeira versão. O secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, fala na Conferência das Nações Unidas sobre mudanças climáticas (COP26) em Glasgow, na Escócia, em 11 de novembro de 2021
Dylan Martinez/Reuters
Um segundo rascunho do acordo final da COP26, a conferência do clima das Nações Unidas que está sendo realizada em Glasgow, na Escócia, foi divulgado na manhã desta sexta-feira (12) — último dia do evento.
Na nova versão do texto, as menções ao fim do uso do carvão e de outros combustíveis fósseis – que apareceram no primeiro rascunho de forma inédita – foram suavizadas.
Antes, o texto falava em acelerar “a eliminação do carvão e dos subsídios aos combustíveis fósseis”. Agora, a proposta é “a eliminação progressiva do uso sem restrições” do carvão e dos “subsídios ineficientes para os combustíveis fósseis”.
Críticas
A versão final do acordo ainda está sendo negociada por representantes dos 193 países que participam da conferência, mas as mudanças feitas até agora já foram criticadas por especialistas.
“Esses qualificadores minam completamente a intenção. São lacunas tão grandes que você poderia dirigir um caminhão por eles”, afirmou à Associated Press Alex Rafalowicz, diretor da Iniciativa do Tratado de Não Proliferação de Combustíveis Fósseis, um grupo de campanha ambiental.
Rafalowicz se referiu às palavras “sem restrições” sobre o uso do carvão e “ineficientes” sobre o subsídio aos combustíveis fósseis.
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Sobre esses combustíveis, a especialista sênior em clima do World Resources Institute Helen Mountford disse que permitir que os países determinem quais subsídios consideram “ineficientes” enfraqueceria o acordo.
Mesmo assim, a referência explícita ao fim de pelo menos algum apoio estatal ao petróleo, gás e carvão ofereceu “um gancho forte para a eliminação gradual dos subsídios aos combustíveis fósseis, então é bom tê-lo lá”, ponderou.
As menções ao carvão e aos combustíveis fósseis foram suavizadas após uma campanha dos principais produtores de carvão, petróleo e gás do mundo – como Arábia Saudita, China, Rússia e Austrália, que queriam que os trechos totalmente removidos.
Uma análise divulgada na quinta-feira (11), durante a COP26, constatou que a Austrália tem as maiores emissões de gases de efeito estufa per capita geradas por carvão do mundo. Só nesta COP, o país já levou o prêmio de “Fóssil do Dia” quatro vezes; também é o segundo maior exportador de carvão do mundo e o primeiro de gás.
Os rascunhos
A COP26 termina nesta sexta, após duas semanas de evento, mas as negociações sobre o acordo final devem prosseguir pelo fim de semana, devido às divergências registradas até o momento, segundo a agência de notícias Reuters.
De forma geral, o primeiro rascunho já trazia avanços pontuais, mas não apresentava detalhes sobre como atingir as metas necessárias para que o aumento da temperatura do planeta seja menor do que 2ºC até 2100 – de preferência não ultrapassando 1,5ºC, como foi definido no Acordo de Paris.
Da era pré-industrial até o momento, a temperatura da Terra já subiu 1,1ºC.
A versão inicial também pedia aos países que apresentassem promessas melhoradas em 2022 para combater as mudanças climáticas, mas não confirmava se isso se tornará um requisito anual. É possível que essa decisão fique para a COP27, que será realizada daqui a um ano no Egito.
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