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‘Noite passada no Soho’ traz volta ao passado criativa e sombria; g1 já viu

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Filme dirigido por Edgar Wright, de ‘Em ritmo de fuga’, faz reconstituição dos deslumbrantes anos 1960. Thomasin McKenzie e Anya Taylor-Joy são protagonistas. Muitas pessoas vivem dizendo que nasceram na época errada e que, se pudessem, voltariam no tempo para curtir o período em que se sentiriam realmente à vontade. É o que acontece com Eloise (Thomasin McKenzie, de “Jojo Rabbit”), a protagonista de “Noite passada em Soho”, novo filme dirigido por Edgar Wright.
A nova produção do cineasta responsável por como “Em ritmo de fuga” (2017), “Scott Pilgrim contra o mundo” (2010) e “Todo mundo quase morto” (2004) estreia nos cinemas brasileiros nesta quinta-feira (18).
Assista ao trailer do filme “Noite passada em Soho”
Na trama, a jovem Eloise, apaixonada pelo estilo de vida dos anos 1960, deixa a sua casa no interior da Inglaterra para estudar moda em Londres. Mas, logo que chega a seu destino, se sente deslocada no alojamento e decide alugar um quarto na casa da Sra. Collins (Diana Rigg, a Olenna Tyrell de “Game of Thrones”).
Após o término da mudança, Eloise descobre que, toda vez que dorme, consegue se transportar para os anos 1960 e passa a vivenciar o período que tanto admira. O mais surpreendente é que ela cria uma espécie de elo com Sandie (Anya Taylor-Joy, de “Fragmentado” e “O Gambito da Rainha”).
Matt Smith e Anya Taylor-Joy numa cena de “Noite passada em Soho”
Divulgação
A aspirante a cantora, dançarina, ou atriz passa a frequentar o luxuoso Café De Paris, com a esperança de virar uma estrela, algo que cresce após conhecer Jack (Matt Smith, que já foi o Doctor Who por quatro anos), um conhecido empresário de novos talentos.
Assim, Eloise passa a “viver” a vida de Sandie e isso a ajuda a enfrentar os problemas que surgem durante seus estudos em Londres. Mas cada vez que se transporta para o período, ela começa a perceber que algo terrível aconteceu com a moça e que sua vida corre perigo.
Assim, ela tenta descobrir o que aconteceu e salvá-la de alguma forma, mesmo sendo de uma época diferente. Na busca pela verdade, ela acaba se colocando numa situação que pode lhe causar graves consequências.
Anya Taylor-Joy vive Sandie e Thomasin McKenzie é Eloise em “Noite passada no Soho”
Divulgação
Lado A, Lado B
O que torna “Noite passada em Soho” um filme incrível é a forma que Edgar Wright encontrou para misturar elementos de diversos estilos cinematográficos como drama, suspense, terror e até mesmo ficção científica de uma maneira original e inventiva, que prende a atenção durante toda a trama.
Além disso, Wright mostra um domínio da direção, especialmente nas cenas em que as duas protagonistas aparecem agindo como se fossem uma pessoa só.
Basta destacar o momento em que as duas se revezam durante uma dança no Café de Paris. O diretor consegue tornar os movimentos das atrizes totalmente sincronizados e, graças à edição e a efeitos visuais que nunca soam espalhafatosos, o resultado é nada menos do que sublime.
Matt Smith interpreta o mau caráter Jack em “Noite passada no Soho”
Divulgação
Outra característica curiosa do filme é o fato de que Wright (que também escreveu o roteiro ao lado de Krysty Wilson-Cairns, de “1917”) conta sua história como se fosse um bom disco de vinil. As cenas em que Eloise e Sandie se divertem são como o lado A, onde estão as músicas mais conhecidas e contagiantes.
Mas quando aparecem as situações mais tensas e problemáticas, elas ficam como o lado B, com canções pouco conhecidas e mais estranhas, tornando a experiência ainda mais intrigante.
O roteiro também trabalha a questão da visão da mulher, tanto no passado quanto no presente, e que certas questões pelas quais Sandie passa (e Eloise testemunha) são, lamentavelmente, as mesmas mesmo 50 anos depois.
A produção busca não só contar bem a sua trama como também levar o espectador a uma reflexão. Algo que deve ser louvado nos dias de hoje.
Eloise (Thomasin McKenzie) investiga algo misterioso que aconteceu no passado em “Noite passada no Soho”
Divulgação
De volta para o futuro
“Noite passada em Soho” não impressiona apenas pela forma como sua história é contada, mas também pela incrível reconstituição de época. Os cenários, a direção de arte e figurinos são incrivelmente convincentes e fazem com que o espectador seja transportado para o período ao lado de Eloise.
A trilha sonora, uma das marcas de Wright, também não decepciona e ajuda a compor a viagem ao passado. Com músicas consagradas e outras nem tanto, elas contagiam e deixam o público completamente seduzido pela proposta apresentada pelo diretor.
Apoiado com uma incrível equipe técnica, Wright demonstra um sensacional senso estético, com uma fotografia que enfatiza as luzes de neon azul e vermelho, que criam um efeito que amplifica a tensão vivida pelas personagens. Isso se torna incrivelmente poderoso, principalmente nos momentos em que a protagonista sente que sua sanidade está em risco devido a tudo que está passando.
Anya Taylor-Joy e Thomasin McKenzie numa cena de “Noite passada no Soho”
Divulgação
Dupla em sincronia
Embora grande parte dos méritos venha da mente criativa de Edgar Wright, seria injusto não reconhecer que o seu elenco também é o responsável pelo ótimo resultado.
McKenzie está bem convincente como a jovem que busca encontrar forças para superar seus medos e descobrir a verdade sobre alguém com quem cria uma grande empatia, mesmo não vivendo na mesma época.
Taylor-Joy se mostra uma persona deslumbrante e cativa a todos, não só por suas cenas de dança, mas também por revelar ser uma boa cantora, ao interpretar “Downtown”, de Petula Clark. A atriz também se sai muito bem nas cenas mais intensas e faz uma incrível dupla com McKenzie, demonstrando ter perfeita sintonia com a parceira.
Diana Rigg, em seu último papel no cinema, interpreta a Sra. Collins em “Noite passada no Soho”
Divulgação
Vale destacar também as boas atuações de Smith como o mau-caráter Jack e os veteranos Terence Stamp (o general Zod de “Superman II”), como um homem misterioso que pode estar ligado ao passado de Sandie, e Diana Rigg, como a rabugenta Sra. Collins. Este foi o último filme da atriz, que morreu em 2020 e a produção foi dedicada a ela.
“Noite passada em Soho” é uma das mais interessantes experiências a serem exibidas no cinema em 2021. Não só pelas suas (muitas) qualidades técnicas, mas também por mostrar que os filmes ainda podem gerar momentos de puro encantamento. E isso não é pouca coisa, ainda mais nos dias de hoje.

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