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João de Ana cruza influências do Vale do Jequitinhonha na rota mineira do álbum ‘Dignidade’

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♪ Há algum tempo, João de Ana se sentiu ferido quando um amigo lhe disse friamente para guardar a viola no saco porque ele jamais teria chance no mercado da música com a obra que construía a partir da mistura de influências de sons do sertão, da seresta, do Clube da Esquina, do rock rural e da música de câmara.
A dor impulsionou o cantor, compositor e músico mineiro – nascido em 31 de janeiro de 1973 em Pedra Azul (MG), cidade situada no Vale do Jequitinhonha – a fazer uma música, Dignidade.
É essa música que acabou dando nome ao primeiro álbum do artista, Dignidade, lançado em edição digital e em CD via Lobo Kuarup, selo nascido da parceria do violeiro Chico Lobo com a gravadora Kuarup.
Capa do álbum ‘Dignidade’, de João de Ana
Divulgação
Na certidão de nascimento, João de Ana é João Alves dos Santos. Na vida e na arte, João virou de Ana por ser filho de Ana das Neves Santos, a mãe que homenageia postumamente no álbum Dignidade através da canção Donana, uma das 12 músicas do repertório essencialmente autoral do disco produzido por Ricardo Gomes.
A única música de lavra alheia no cancioneiro do álbum Dignidade é Banco de feira (Roberto Andrade e Waltinho, 1973), música apresentada pela Banda de Pau & Corda no álbum Vivência (1973) – no ano em que João nasceu – e revivida pelo artista mineiro em gravação feita com as adesões da cantora Bárbara Barcellos e do violeiro Chico Lobo.
A composição Banco de feira tem significado especial para João porque o pai do artista, Valvídio Alves dos Santos, tem até hoje uma banca na feira de Pedra Azul, a já mencionada cidade mineira em que João veio ao mundo há quase 49 anos.
João de Ana inclui música da Banda de Pau e Corda na safra autoral do álbum ‘Dignidade’
Joasiane Soares / Divulgação Kuarup
A vivência de João de Ana no Vale do Jequitinhonha pautou a criação e a gravação de músicas como Canção do Vale (João de Ana e Gilberto Guimarães), Sinfonia (João de Ana, Zé Henrique e Gilberto Guimarães) e Cantador de lua cheia (João de Ana a partir de letra do poeta Voltaire Lemos).
Dignidade é álbum entranhado nas matas e nas esquinas de Minas Gerais, como reiteram composições como Minas canções (João de Ana e Zé Henrique), mas há também ecos das passagens de João pela Bahia, cenário que inspirou a criação de Cantador do tempo (João de Ana e Gilberto Guimarães), faixa que também conta com a presença de Chico Lobo, a exemplo da já citada faixa Banco de feira.
O mercado da música é de fato cruel com quem se recusa a seguir as tendências da indústria, mas o álbum Dignidade mostra que João de Ana fez bem em ignorar o conselho do amigo.

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