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Festas e Rodeios

Roberta Sá tem retrato juvenil do álbum ‘Sambas & bossas’ revitalizado em LP

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Edição em vinil do disco de 2004 é valorizada pelo inédito projeto gráfico. Capa do álbum ‘Sambas & bossas’, de Roberta Sá
Pedro Bucher com arte de Philipe Leon
Resenha de álbum a partir de edição em LP
Título: Sambas & bossas
Artista: Roberta Sá
Edição: Bolachão Discos
Cotação do álbum de 2004: * * * 1/2
Cotação da edição em LP de 2021: * * * * *
♪ Anunciada em maio, a edição em LP do primeiro álbum lançado por Roberta Sá – Sambas & bossas, gravado durante a mixagem do álbum Braseiro (2005), mas editado antes, no fim de 2004, como brinde exclusivo de empresa – está efetivamente chegando aos mãos dos compradores neste mês de dezembro de 2021 seis meses após a venda (prazo comum diante da alta demanda das fábricas de vinil).
Produzida pela Bolachão Discos com vinil de resplandecente cor amarela, a edição em LP de Sambas & bossas chega ao mercado fonográfico com requinte perceptível na qualidade do som (efeito da boa masterização de Ézio Filho) e no projeto gráfico de Philippe Leon.
Com fotos inéditas de Pedro Butcher na capa, contracapa e encarte (criado na forma de capa interna que abriga o disco de vinil e reproduz a ficha técnica e as letras das onze músicas), a existência do LP se justifica pelo fato de se tratar da primeira edição em formato físico de álbum que, antes de ganhar edição digital oficial em 4 de junho, estava disponível somente em arquivos compartilhados na internet como pirataria.
Enfim incorporado de forma legal à discografia de Roberta Sá, o álbum Sambas & bossas dialoga esteticamente com o simultâneo Braseiro. Até porque ambos os discos foram gravados com produção musical de Rodrigo Campello, que, em Sambas & bossas, criou os arranjos e se desdobrou nos toques de violão, guitarra, cavaco, baixo, teclados e sutis programações (a percussão ficou a cargo de Jovi Joviano).
Contudo, é curioso perceber que Braseiro resultou em disco com mais brilho, tanto nos arranjos como no canto dessa artista potiguar que, residente na cidade do Rio de Janeiro (RJ) desde os nove anos, despertou a atenção de críticos e ouvintes mais atentos quando graciosa gravação do samba A vizinha do lado (Dorival Caymmi, 1946) – feita por Roberta para a trilha sonora de Celebridade (TV Globo, 2003) – começou a ser propagada em escala nacional na novela de Gilberto Braga (1945 – 2021).
A graça de A vizinha do lado foi pista certa. A leveza do canto de Roberta Sá salta aos ouvidos ao longo das dez faixas de Sambas & bossas.
Contudo, essa leveza colide com a mágoa que desabrocha nos versos de A flor e o espinho (Nelson Cavaquinho, Guilherme de Brito e Alcides Caminha, 1957) e ainda mais com a súplica dolorida de Pra dizer adeus (Edu Lobo e Torquato Neto, 1966), canção talhada para vozes mais densas.
Em contrapartida, a bossa do canto da artista se ajusta à temperatura amena do samba Chega de saudade (Antonio Carlos Jobim e Vinicius de Moraes, 1958) – cantado com arranjo que evidencia o fraseado da flauta de Zé Carlos Bigorna – e, sobretudo, se afina com a delicadeza do samba-canção Coisa mais linda (Carlos Lyra e Vinicius de Moraes, 1961).
Entre essas duas obras-primas do repertório da Bossa Nova, a cantora deu a voz suave a um pouco conhecido samba de arquitetura carioca composto por Zé Renato com letra de Xico Chaves, Fica melhor assim. Lançado em 1984, em gravações de Zé Renato e da cantora Olivia Byington, o samba Fica melhor assim foi provavelmente ouvido por Roberta Sá na regravação então recente feita por Zé para o álbum Minha praia (2003).
Esse sambossa era a surpresa de repertório formado basicamente por sucessos como o samba Essa moça tá diferente (Chico Buarque, 1970), mas que incluía uma novidade. Aliás, A novidade era o título original do samba de Rodrigo Maranhão que Roberta reapresentaria no segundo álbum, Que belo estranho dia para se ter alegria (2007), com o título de Samba de um minuto.
O segundo título foi mantido na edição em LP de Sambas & bossas, álbum aberto com medley que agrupa dois sambas de Cartola (1908 – 1980), Alegria (Cartola, 1968) e O sol nascerá (Elton Medeiros e Cartola, 1964), cantados com correção, mas sem a luminosidade que Roberta mostraria a partir do álbum Braseiro – talvez por saber (quem sabe inconscientemente…) que o disco determinante na construção da então iniciante carreira da artista seria Braseiro, e não Sambas & bossas.
Ainda assim, há certa graça no canto de Falsa baiana (Geraldo Pereira, 1944) e alguma luz em Pressentimento (Elton Medeiros e Hermínio Bello de Carvalho, 1968).
Essa luz ficaria mais intensa nos discos seguintes da cantora. Perto de completar 20 anos de carreira, já que foi revelada em 2002 ao participar da primeira das quatro temporadas do programa Fama (TV Globo), Roberta Sá cresceu, apareceu e se impôs como uma das vozes mais relevantes da música brasileira do século XXI – a ponto de ter tido o privilégio de gravar álbum, Giro (2019), somente com músicas inéditas de Gilberto Gil.
Ouvido em LP 17 anos após a gravação, com o benefício da perspectiva do tempo, o álbum Sambas & bossas é o retrato juvenil de cantora que, em 2004, já parecia saber o caminho que queria seguir na música brasileira. E que de fato seguiu, ainda que outras trilhas tenham sido adicionadas ao caminho inicial ao longo desse 17 anos.

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Zeca Pagodinho transforma Rock in Rio em roda de samba com ode à negritude, gigantes do gênero e hits

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Músico conduz apresentação do Para Sempre Samba e agita multidão em Dia Brasil do festival. Leia crítica do g1. Zeca Pagodinho canta ‘Camarão Que Dorme a Onda Leva’ no Rock in Rio 2024
Foi com uma homenagem a figuras lendárias da música brasileira que o show do Para Sempre Samba começou no Palco Sunset, no Rock in Rio deste sábado (21).  Os telões exibiam fotos e nomes de gente como Martinho da Vila, Almir Guineto, Beto Sem Braço, Jair do Cavaco, Ratinho, Dona Ivone Lara, Alcione, João Nogueira, Teresa Cristina, Mauro Diniz e Beth Carvalho. 
O festival será transmitido todos os dias, a partir das 15h15, no Globoplay e no Multishow.
Comandado por Zeca Pagodinho, o show teve a presença de Diogo Nogueira, Alcione, Jorge Aragão, Maria Rita e Xande de Pilares. A apresentação foi uma ode não apenas ao samba, mas também à negritude brasileira.
Com frequência, pinturas e fotografias que celebram a população parda e preta do país tomavam os telões. Imagens de favelas, botecos e rodas de samba também ganharam destaque, além de referências religiosas como São Jorge, que já é tradição nos shows (e lírica) de Zeca. 
Depois de ter seu horário alterado duas vezes, o show começou com 14 minutos de atraso e durou cerca de 1 hora e 20 minutos. Zeca Pagodinho entrou ao som do sucesso “Camarão Que Dorme a Onda Leva”. Com seu jeitão leve, o cantor logo pegou uma taça de cerveja e ergueu para fazer um brinde.
Zeca Pagodinho abre show Pra Sempre Samba no Palco Sunset, no Rock in Rio
Stephanie Rodrigues/g1
O músico foi a grande estrela da apresentação. Justo. Dono de vários dos maiores hits da história do samba, Zeca é íntimo do gênero e sabe transformar seus shows em espetáculos com facilidade. Sempre talentoso e carismático, ele faz do palco sua roda de partido alto. 
Durante os momentos em que ficou sozinho no palco, Zeca levou sucessos como “Vai Vadiar”, “Judia de mim”,  “Ogum”, “Quando a Gira Girou” e “Samba pras Moças”. 
O primeiro a dividir os microfones com ele foi Diogo Nogueira, que cantou as faixas “Lama nas Ruas” e “Saudade Louca”. Depois, foi a vez de Alcione agitar o público. Com seu vozeirão grave, a maranhense entoou os hits “Mutirão de amor” e “Sufoco”.
Alcione, Maria Rita, Jorge Aragão, Zeca Pagodinho, Diogo Nogueira e Xande de Pilares cantam no Rock in Rio 2024
Stephanie Rodrigues/g1
Xande de Pilares foi o terceiro convidado. Ele cantou “Minha Fé” e “Patota de Cosme”. Já Jorge Aragão apresentou “Não sou mais disso” e “Minta Meu Sonho” — nessa, Zeca e ele contaram a hilária história da vez que os dois esqueceram quem havia composto a faixa, que é de ambos. Maria Rita entrou no palco já na parte final do show, cantando “Casal sem vergonha” e “Alto Lá”. 
Os sambistas deixaram o palco ovacionados. Encerraram o show cantando juntinhos os clássicos “Coração em Desalinho” e “Deixa a Vida me Levar”.

Zeca Pagodinho e Alcione se apresentam no Rock in Rio 2024
Stephanie Rodrigues/g1

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Anunciado no Rock in Rio, Ryan SP não aparece em show e posta vídeo em jogo do Corinthians

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Procurada pelo g1, a assessoria de Ryan SP não respondeu até a última atualização deste texto sobre o motivo da ausência do cantor no festival. Anunciado no Rock in Rio, Ryan SP não aparece em show e posta foto em jogo do Corinthians
Reprodução/Instagram
Anunciado no Rock in Rio, Ryan SP não apareceu no show Pra Sempre Trap, que abriu o Palco Mundo na tarde deste sábado (21).
A apresentação teve um atraso de 1h20 e contou com Cabelinho, Filipe Ret, Kayblack, Matuê, Orochi e Veigh. O rapper cearense Wiu, que não estava anunciado, subiu ao palco com os outros artistas.
Minutos depois da apresentação, Ryan SP publicou um vídeo no Instagram no qual aparece chegando à Neo Química Arena. O estádio recebeu a partida entre Corinthians e Atlético-GO, neste sábado (21). O cantor ainda fez um post com a filha Zoe, de 9 meses, nos braços e escreveu: “Mostrando pra minha princesinha o timão”. O Corinthians venceu o time goiano por 3 a 0.
Rock in Rio 2024: show ‘Para Sempre Trap’ tem problemas técnicos e pausas
O Rock in Rio será transmitido todos os dias, a partir das 15h15, no Globoplay e no Multishow.
Na sexta-feira (20), Ryan havia publicado um vídeo no qual mostrava que estava sendo atendido em um hospital. “Acabei pegando uma gripe viral forte! Parece que caiu uma parede na minha cara. Estou me medicando. Já, já, tô zero”, escreveu ele, sem citar o Rock in Rio.
Procurada pelo g1, a assessoria de Ryan SP não respondeu sobre a ausência de Ryan no Rock in Rio até a última atualização deste texto.
LEIA TAMBÉM: Show de trap sofre com falhas técnicas e atraso na abertura do Dia Brasil do Rock in Rio
Ryan SP era um dos artistas confirmados para o show Pra Sempre Trap, no Palco Mundo, neste sábado (21), no Rock in Rio
Reprodução
Rock in Rio 2024: show ‘Para Sempre Trap’ tem problemas técnicos e pausas

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Show de trap sofre com falhas técnicas e atraso na abertura do Dia Brasil do Rock in Rio

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Público, insistente, tentou curtir e fazer rodas punk, mas apresentação começou com mais de uma hora de atraso. Apresentação foi interrompida três vezes. Show ‘Para Sempre Trap’ tem problemas técnicos e pausas
A abertura do Dia Brasil do Rock in Rio 2024, que prometia ser um pancadão de trap no Palco Mundo, foi totalmente atrapalhada por uma sucessão de erros técnicos na aparelhagem de som neste sábado (21).
O festival será transmitido todos os dias, a partir das 15h15, no Globoplay e no Multishow.
O problema começou antes mesmo do início da apresentação, que foi atrasada em 1h15. Veja nova programação.
Sete rappers iam fundir suas músicas, que são veneradas por jovens, mas chegaram até a deixar o palco por causa das falhas técnicas.
Matuê e Wiu no ‘Para Sempre Trap’ do Rock in Rio.
Miguel Folco/g1
“Vamos deixar o palco e esperar eles se organizarem, valeu, pessoal?”, reclamou Matuê após a segunda música da tarde ser interrompida por mais um erro.
Como diz o ditado: “daí pra frente, só pra trás”. Foram dezenas de erros no som que impactaram a apresentação, e o MC Cabelinho chegou a bradar “falei que isso ia acontecer, na minha vez a Xuxa é preta”.
O show foi interrompido por completo três vezes. Mesmo assim, artistas tentaram manter o bom humor e brincar com a situação, ao contrário da plateia que vaiou a plenos pulmões.
Filipe Ret no ‘Para Sempre Trap’ do Rock in Rio.
Miguel Folco/g1
Filipe Ret, na sua vez, bebeu no palco para esperar o equipamento ser ajustado para que ele cantasse. Em um momento, ele chamou a plateia para cantar à capela, mas a situação se resolveu.
O público até tentou ter paciência enquanto aguardava a situação ser normalizada antes do início do show, mas lá pelos 40 minutos a espera foi insustentável para os fãs, que começaram a gritar “vergonha” e chegaram até mesmo a vaiar Zé Ricardo, um dos organizadores do Rock in Rio.
Por fim, Cabelinho, Filipe Ret, Kayblack, Matuê, Orochi, Wiu e Veight conseguiram botar a plateia para cantar, apesar dos pesares, e até mesmo para se bater em rodinhas punk, mas fãs e artistas queriam um show bem melhor para a estrutura.

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