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Brasileiros retomam pesquisas na Antártica e mostram rotina no continente polar; FOTOS

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Programa estava suspenso desde março de 2020, devido à pandemia de Covid-19. Pesquisadores do DF passam fim de ano em meio a geleiras e sensação térmica de – 18ºC. Pesquisadores brasileiros retornam ao Navio Polar Almirante Maximiano, após coleta na Ilha Livingston
Edson Vandeira/Arquivo pessoal
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Quase dois anos após a suspensão das pesquisas, devido à pandemia de Covid-19, brasileiros que fazem parte do Programa Antártico Brasileiro (Proantar) voltaram ao continente para passar o fim de 2021 em meio às geleiras do polo Sul. Desde 1984, o Brasil tem uma base na região conhecida pelas temperaturas mais baixas do planeta.
No grupo de 11 pesquisadores abrigados na Estação Comandante Ferraz (veja detalhes mais abaixo), estão quatro cientistas do Distrito Federal que enfrentam uma sensação térmica de – 18ºC e ventos de até 120 km/h.
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O biólogo e professor do programa de pós-graduação em ciências genômicas e biotecnologia da Universidade Católica de Brasília (UCB), Marcelo Henrique Soller Ramada, de 35 anos, coordena a pesquisa brasiliense na Antártica. A equipe busca respostas para a existência de musgos no continente gelado.
“Queremos entender a formação genética desses musgos, a composição do DNA, e o que produzem para sobreviver em um ambiente tão hostil”, conta Marcelo Ramada.
Veja aqui mais detalhes sobre a pesquisa
Oito anos depois do incêndio que destruiu a Estação Antártica Comandante Ferraz, base brasileira reabre para cientistas e pesquisadores.
Divulgação Marinha do Brasil
A pesquisa quer entender o processo evolutivo desse grupo vegetal, o que, segundo o biólogo, pode ajudar a desenvolver novos medicamentos, cosméticos e até recursos de biotecnologia para a agricultura, como, por exemplo, permitir o cultivo de alimentos mais resistentes ao frio.
“De que forma esse gene pode ser usado para o benefício humano? Se é para gerar uma nova molécula anticâncer, um antibiótico, ou quem sabe um tipo de protetor solar? Os musgos ficam expostos ao Sol o tempo todo e têm que produzir algo para não se ‘queimarem”‘, diz o pesquisador da UCB.
17 dias de viagem
Navios Ary Rongel (H-44) e Alte.Maximiano (H-41), na Antártica
Edson Vandeira/Arquivo pessoal
A viagem dos brasileiros para a Antártica, durou, ao todo, 17 dias, incluindo as pausas para abastecer e buscar mantimentos. O grupo partiu de navio, da Baía de Guanabara, no Rio de Janeiro, no dia 14 de novembro, com destino ao Rio Grande (RS), mas, antes disso, passou por 10 dias de quarentena e uma série de testes para evitar que algum deles estivesse contaminado pelo novo coronavírus.
Do Rio Grande do Sul, os pesquisadores seguiram pelo mar até Punta Arenas, no Chile. O grupo só desembarcou na estação brasileira na Antártica no dia 30 de novembro. A viagem de volta está marcada para 15 de fevereiro.
Pesquisadores de Brasília coletam musgo na Antártica
Edson Vandeira/Arquivo pessoal
Fim de ano no frio
O objetivo dos pesquisadores brasileiros é aproveitar o início do verão no continente, quando há melhores condições de realizar as pesquisas de campo porque parte do gelo descongela nesta época. Além disso, com a inclinação da Terra, o dia no continente pode durar quase 24 horas.
“Nem sempre vai ter Sol, mas tem luminosidade o dia inteiro. Como a região está mais próxima do polo Sul, na latitude de 62º sul, os dias são mais longos. À 1h08 da última segunda-feira (20), no solstício de verão, ainda tinha Sol”, conta o pesquisador.
Mas, para aproveitar o verão de lá, foi preciso abrir mão das festas de fim de ano com as famílias, no Brasil. Ao g1, Marcelo Ramada contou que o Natal, por lá, não deixou de ser celebrado – teve até amigo oculto entre os 28 brasileiros, militares e pesquisadores que estão no local.
“Sabemos que nós somos a nossa família para este natal e ano novo”, diz Ramada.
Infográfico mostra nova estação brasileira na Antártica
Amanda Paes/G1
Continente polar
A estação brasileira na Antártica foi inaugurada em janeiro de 2020, pela Marinha do Brasil. O complexo de mais de 4,5 mil m² voltou a funcionar quase oito anos depois do incêndio que destruiu a base anterior e provocou a morte de dois militares.
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Pesquisadores brasileiros na Antártica
Arquivo pessoal
A retomada das pesquisas brasileiras têm apoio de vários ministérios e órgãos, como o CNPQ (saiba mais abaixo). Para se ter ideia de algumas das dificuldades locais, no continente gelado, para se deslocar, por exemplo, é preciso andar a pé, usar botes ou quadriciclos e, para isso, a ajuda dos militares da Marinha é essencial.
“Em alguns pontos, a neve acumulada chega até a altura da cintura”, contam os pesquisadores.
O que é o Programa Antártico Brasileiro
Na estação brasileira, há 32 quartos, uma biblioteca, uma academia e auditório. Nas partes mais baixas deste bloco estão os depósitos de mantimento e reservatórios de água.
Divulgação Marinha do Brasil
Criado em 1982, o Programa Antártico Brasileiro (Proantar) leva ao continente gelado pesquisadores que atuam nas áreas de oceanografia, biologia, glaciologia, química e meteorologia. Os trabalhos são desenvolvidos em acampamentos, navios e estações.
O programa é gerido por uma parceria entre Ministérios, uma agência de fomento e vários outros órgãos governamentais e empresas públicas e privadas. Participam os Ministérios da Defesa (MD); das Relações Exteriores (MRE); da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC); do Meio Ambiente (MMA); do Turismo (MTur), da Educação e do Desporto (MEC); e representantes da Secretaria de Aquicultura e Pesca (SAP/MAPA) e do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).
FOTOS: bandeira da UnB é hasteada na Antártica durante pesquisa sobre espécies vegetais e clima
A nova estação brasileira, onde estão os pesquisadores na retomada dos trabalhos, fica no mesmo local da estrutura antiga, instalada em 1984 na Península Keller, dentro da Ilha Rei George. A primeira base abrigou pesquisadores até fevereiro 2012, quando um incêndio destruiu o local.
Os objetivos do Proantar são:
Contribuir para a consecução dos objetivos brasileiros estabelecidos pela POLANTAR (Política Nacional para Assuntos Antárticos);
Promover pesquisa diversificada, de alta qualidade, com referência a temas antárticos relevantes;
Contribuir para a plena participação do Brasil em todos os atos internacionais e em instituições do STA, bem como em outros organismos e reuniões internacionais que tratem de temas antárticos;
Promover a presença brasileira na Antártica, demonstrando o firme interesse do Brasil naquela região;
Contribuir para a busca de cooperação internacional, visando alcançar os objetivos de interesse nacional na Antártica, por meio da participação em programas internacionais de pesquisa e de entendimentos bilaterais ou multilaterais;
Contribuir com a promoção da proteção do meio ambiente antártico e da preservação de seus ecossistemas dependentes e associados, em todas as atividades brasileiras na Antártica, cooperando ativamente com o esforço internacional para este fim;
Desenvolver tecnologias, visando à minimização do impacto da presença humana no ambiente antártico, bem como das condições de habitabilidade e segurança para os usuários das instalações permanentes e temporárias brasileiras na Antártica;
Incentivar a formação de recursos humanos com capacidade em assuntos antárticos e de grupos de pesquisa capazes de conduzir investigação científica de elevada qualidade no ambiente antártico;
Priorizar, sobre todas as atividades, a segurança e as boas condições de trabalho, visando àqueles que, sob o planejamento do Programa, venham a atuar na Antártica.
VÍDEO: estação antártica brasileira é inaugurada oito anos depois de incêndio
Estação antártica brasileira é inaugurada oito anos depois de incêndio
Leia mais notícias sobre a região no g1 DF.

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Centenária árvore de Florianópolis citada no hino do município não é originária do Brasil, diz pesquisa

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Figueira da Praça XV é um dos principais cartões-postais da Capital de Santa Catarina. Ela foi identificada por pesquisadores da UFSC como sendo da espécie Ficus microcarpa. Árvore da Praça XV passa por processo de sequenciamento genético para descobrir origem
Tiago Ghizoni/NSC
A centenária figueira da Praça XV de Novembro, um dos cartões-postais de Florianópolis, localizada no Centro da cidade e citada inclusive no hino do município, não é originária do Brasil.
Por meio de sequenciamento genético, pesquisadores do laboratório de genética vegetal da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) descobriram que a árvore, na verdade, é natural de uma região entre Ásia tropical e Austrália. Ela foi identificada como sendo da espécie Ficus microcarpa.
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O professor de biotecnologia Valdir Stefenon, que conduziu o estudo, afirma que a descoberta resgata parte da história da cidade.
“Entendo que essa pesquisa revela uma importante face da ciência, ainda pouco conhecida, que é sua ligação com a história e a cultura”, disse.
Tema de lendas contadas há gerações pelos moradores de Florianópolis, a figueira foi plantada por volta de 1870 na área que atualmente abriga a escadaria da Catedral, também no centro da cidade. Cerca de 20 anos depois, em 1891, ela foi transplantada para a praça e desde então serviu de sombra aos viajantes, além de palco para festividades.  
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Árvore da Praça XV em Florianópolis
Tiago Ghizoni/NSC
Como foi feita a pesquisa
Para a descoberta, os pesquisadores coletaram partes pequenas da árvore quem contêm genomas de cloroplastos. A substância pode ser encontrada, por exemplo, nas folhas de plantas. A partir disso, o material foi colocado em um equipamento de alta tecnologia que identificou e mostrou o DNA da figueira da Praça XV.
Os pesquisadores, então, puderam comparar os dados da árvore da Capital com os de outras milhares espécies registradas em um banco de dados mundial.
“O DNA é sequenciado e cada uma das milhares de bases que o compõem são identificadas em fragmentos de tamanho variados. Esses fragmentos são, então, ordenados, como se estivéssemos montando um quebra-cabeças. Nesta etapa, o genoma nuclear, o genoma do cloroplasto e o genoma das mitocôndrias são separados em análises de bioinformática”, explica o professor.
Na planta, cada um desses genomas tem sua própria função:
Nuclear: principal deles. Encontrado em todas as suas células.
Cloroplasto: responsável pela cor verde e pela fotossíntese, processo pelo qual a planta produz seu próprio alimento. Está nas folhas.
Mitocôndria: estrutura da célula que transforma em energia o açúcar que a planta produz.
Sequenciamento genético da figueira
Caroline Borges/g1
Árvore será clonada
Além do trabalho de sequenciamento genético, os pesquisadores também desenvolvem uma pesquisa para clonagem da árvore. Usando filamentos mais novos da árvore, o processo vai ajudar a perpetuar as características genéticas da atual figueira.
Segundo Stefenon, os primeiros resultados são positivos:
“A clonagem de espécies arbóreas em laboratório é um processo complexo até o momento de se estabelecer os protocolos de trabalho. Por enquanto, conseguimos estabelecer dois clones no laboratório, os quais ainda estão pequenos”, revela.
Árvore da Praça 15 em Florianópolis
Tiago Ghizoni
Ações que envolvem diagnósticos fitossanitário e nutrição, por exemplo, também estão sendo realizadas para preservar a figueira. A previsão é que elas sejam concluídas no primeiro semestre deste ano.
A figueira, segundo o professor, tende a sofrer com a poluição dos carros e a menor interação com outras plantas e animais, por estar em um ambiente bastante urbanizado.
“Apesar disso, ela está bem e, com os tratamentos que foram realizados, ela tende a permanecer bela e imponente por muitos anos na Praça XV”, avalia.
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Marco temporal sobre terras indígenas: entenda o que dizia a tese derrubada pelo STF

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Julgamento começou em 2021, após recurso da Funai, e foi retomado em 21 de setembro de 2023. Dispositivo previa que indígenas poderiam reivindicar somente terras ocupadas por eles antes da Constituição de 1988, desconsiderando grupos já expulsos. Indígenas comemoram derrubada do marco temporal em Brasília
O Supremo Tribunal Federal (STF) derrubou nesta quarta-feira (20), por 9 votos a 2, a aplicação da tese do marco temporal na demarcação de terras indígenas. A discussão colocou em lados opostos ruralistas e povos originários, que saíram vitoriosos na disputa.
O dispositivo previa que só poderiam ser demarcadas terras que já estavam ocupadas por indígenas em 5 de outubro de 1988, data da promulgação da Constituição. Esse entendimento deriva de uma interpretação literal do artigo 231 da Constituição, que diz:
“São reconhecidos aos índios sua organização social, costumes, línguas, crenças e tradições, e os direitos originários sobre as terras que tradicionalmente ocupam, competindo à União demarcá-las, proteger e fazer respeitar todos os seus bens”.
A análise no STF começou em 26 de agosto de 2021, a partir de um recurso apresentado Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) contra o marco temporal. Nesta quarta, a pauta voltou ao plenário da Corte. O voto do ministro Luiz Fux consolidou a corrente segundo a qual o dispositivo fere a Constituição.
A demarcação de terras indígenas é um direito garantido pela Constituição Federal de 1988, que estabelece aos indígenas o chamado “direito originário” sobre as suas terras ancestrais. Isso quer dizer que eles são considerados, por lei, os primeiros e naturais donos do território, sendo obrigação da União demarcar todas as terras inicialmente ocupadas por esses povos.
👉 Esta reportagem abordará os seguintes assuntos:
Quem defendia e quem era contra o marco temporal
O impacto que teria para indígenas
Por que o caso foi parar no STF
Como votaram os ministros
Marco temporal no Congresso
STF retoma julgamento sobre marco temporal das terras indígenas
Carlos Moura/SCO/STF
1. Quem era contra e quem defendia a tese
❌ Indígenas eram contra o marco temporal. Eles afirmavam que a posse histórica de uma terra não necessariamente está vinculada ao fato de um povo originário ter ocupado determinada região antes de 5 de outubro de 1988. Segundo esse argumento, muitas comunidades são nômades, e outras tantas foram retiradas de suas terras pela ditadura militar.
❌ Para a organização não governamental (ONU) Instituto Socioambiental (ISA), a tese do marco temporal vinha sendo utilizada pelo governo Bolsonaro para travar demarcações e foi incluída em propostas legislativas anti-indígenas. Defensores da causa dos povos originários temiam que demarcações de terras já feitas fossem revogadas caso o STF validasse o dispositivo.
✔️Já proprietários rurais argumentavam que havia necessidade de se garantir segurança jurídica com relação ao tema e apontavam o risco de desapropriações caso a tese fosse derrubada.
✔️ Assim como os ruralistas, o ex-presidente Jair Bolsonaro era favorável à tese do marco temporal.
2. O impacto que poderia ter para indígenas
Análise: Os impactos socioambientais do Marco Temporal
Se a tese do marco temporal fosse aceita pelo STF, indígenas poderiam ser expulsos de terras ocupadas por eles, caso não comprovassem que estavam lá na data da promulgação da Constituição de 1988 e sem que fossem considerados os povos que já foram expulsos ou forçados a sair de seus locais de origem. Processos de demarcação de terras indígenas históricos, que se arrastavam por anos, poderiam ser suspensos.
O marco temporal também facilitaria que áreas que não deveriam ter titularidade, por pertencerem aos indígenas, protegendo física e culturalmente povos originários, pudessem ser privatizadas e comercializadas. A hipótese da comercialização respondia ao interesse do setor ruralista.
3. Por que o caso foi parar no STF

Veja, abaixo, a cronologia do julgamento:
Em 2013, o TRF-4 aceitou a tese do marco temporal ao conceder ao Instituto do Meio Ambiente de Santa Catarina a reintegração de posse de uma área que é parte da Reserva Biológica do Sassafrás, onde fica a Terra Indígena Ibirama LaKlãnõ. Na região, vivem os povos xokleng, guarani e kaingang.
A decisão do TRF-4 mantinha entendimento de 2009, de outra decisão da Justiça Federal em Santa Catarina.
Em 26 de agosto de 2021, o STF iniciou o julgamento de um recurso da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) que questionou a decisão do TRF-4. E o que fosse decidido pelos ministros da Corte criaria um entendimento que poderia ser aplicado em situações semelhantes em todo o Brasil.
Em 20 de setembro de 2023, o STF retomou o julgamento e derrubou a tese do marco temporal.
Após a decisão da Corte, o líder de povo Xokleng, Tucun Gakran comemorou:
“É a maior vitória dos indígenas desde quando o não indígena tomou as terras dos povos indígenas”
4. Como votaram os ministros
Votaram contra o marco temporal:
Edson Fachin (relator)
Alexandre de Moraes
Cristiano Zanin
Luís Roberto Barroso
Dias Toffoli
Luiz Fux
Cármen Lúcia
Gilmar Mendes
Rosa Weber
Dois ministros consideraram que o marco temporal deveria ser considerado no momento da demarcação de terras indígenas:
Nunes Marques
André Mendonça
5. Marco temporal no Congresso
Além do processo que corria no STF, um projeto entrou em tramitação no Congresso para tentar transformar a tese do marco temporal em lei. Trata-se do PL nº 490/2007, que determina que devem ter direito às terras consideradas ancestrais somente os povos que as estivessem ocupando no dia da promulgação da Constituição Federal, em 5 de outubro de 1988.
A proposta do legislativo altera o “Estatuto do Índio” para permitir, segundo o texto, um “contrato de cooperação entre índios e não índios”, para que estes possam realizar atividades econômicas em terras indígenas. Além disso, a proposta prevê que não indígenas tenham contato com povos isolados “para intermediar ação estatal de utilidade pública”.
Veja, abaixo, a cronologia do PL:
Em 2007, o PL foi proposto na Câmara dos Deputados.
Em 2009, o texto foi rejeitado na Comissão de Direitos Humanos da Câmara.
Em 2018, o PL acabou arquivado.
No entanto, ainda em 2018, a proposta foi ressuscitada durante a campanha eleitoral do ex-presidente Jair Bolsonaro, que prometeu acabar com “reserva indígena no Brasil”.
Em 29 de junho de 2021, a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara dos Deputados, presidida pela deputada Bia Kicis (PSL-DF), entendeu que o texto do PL era constitucional.
Em 30 de maio de 2023, a Câmara dos Deputados aprovou o projeto, por 283 votos a 155, com apoio público do presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL). Houve uma abstenção. O texto, então, foi para o Senado.
Em 20 de setembro de 2023, a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado adiou a votação do PL. O adiamento ocorreu após a leitura do parecer favorável ao projeto, apresentado pelo senador Marcos Rogério (PL-RO), e atendeu a um pedido de vista (mais tempo para análise) coletivo de senadores da base aliada ao governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Governistas ainda tentaram postergar a análise com uma tentativa de convocar audiência pública para debater o tema, mas a base acabou derrotada por 15 votos a 8. Com isso, a votação do projeto está prevista para 27 de setembro de 2023, em data posterior à última atualização desta reportagem.

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Suíça fará doações ao Fundo Amazônia, anuncia representante do país europeu

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Conselheiro federal da Confederação Suíça, Guy Parmelin, deu a declaração durante um fórum sobre investimentos e sustentabilidade, realizado no Itamaraty. Ele não citou valores. Guy Parmelin, conselheiro da Suíça, durante declaração à imprensa, no Itamaraty
Reprodução/TV Globo
O conselheiro federal da Confederação Suíça, Guy Parmelin, afirmou nesta quarta-feira (5) que a Suíça passará a fazer doações para o Fundo Amazônia. Ele não citou valores dos aportes.
Parmelin fez o anúncio ao lado do vice-presidente Geraldo Alckmin, na sede do Ministério das Relações Exteriores. Os dois participaram do Fórum Brasil-Suíça de Investimentos e Inovação em Infraestrutura e Sustentabilidade.
“A partir de hoje, aprimoraremos nosso engajamento. Tenho o prazer de anunciar que a Suíça vai contribuir para o Fundo Amazônia. A primeira contribuição será nas próximas semanas. Queremos lançar essa parceira com o Brasil e outros países”, afirmou o representante do país europeu.
Criado em 2008, o Fundo Amazônia recebe doações majoritariamente da Noruega e também da Alemanha. Em 2019, primeiro ano da gestão Jair Bolsonaro, os países suspenderam os repasses e congelaram os valores para novos projetos, mantendo somente os pagamentos já programados.
Além de Suíça, Estados Unidos e Reino Unido já anunciaram que farão aportes ao fundo.
Em declaração à imprensa, Alckmin agradeceu pela iniciativa dos suíços. “Muito importante para a recuperação da nossa Floresta Amazônica, [gostaria de] destacar a boa parceria econômica e as oportunidades de investimentos”, afirmou o vice-presidente.
Alckmin disse também que o Brasil tem compromisso com o desenvolvimento sustentável e o combate ao desmatamento ilegal.
“As Forças Armadas, inclusive, estão presentes na Amazônia para retirar garimpeiros ilegais, invasores de áreas de preservação. Enfim, um trabalho grande na região”, declarou o vice-presidente.
Na mesma linha de Alckmin, o ministro da Casa Civil, Rui Costa, afirmou que o governo brasileiro lançará ainda em julho um novo plano de desenvolvimento para o país que terá como “pilar central” a transição energética.
“O Brasil tem desafios, problemas a superar, mas, ao mesmo tempo que temos desafios, esses desafios se apresentam como enormes oportunidades de investimento e parcerias”, afirmou o ministro.
Acordo Mercosul-EFTA
Durante os pronunciamentos desta quarta-feira, Alckmin e Parmelin citaram o acordo comercial negociado entre o Mercosul (Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai) e a Associação Europeia de Livre Comércio (EFTA), da qual a Suíça faz parte.
Negociado desde 2017, o acordo com o grupo foi concluído em 2019, após dez rodadas de negociações. Ainda há, contudo, algumas pendências relativas a questões técnicas e, por isso, ainda não foi finalizado.
“Temos todo interesse em ampliar a abertura comercial e a possibilidade de investimentos recíprocos com a União Europeia e a EFTA. Com a União Europeia, o governo já está mais adiantado e estamos confiantes que chegaremos a bom termo. Com a EFTA, poderemos ter complementariedade econômica de investimentos que vão gerar emprego e renda”, disse Alckmin no fórum.
“O acordo Mercosul-EFTA é um instrumento-chave para reforçar ainda mais o potencial de cooperação entre nossos países”, acrescentou Guy Parmelin.
De acordo com a página oficial do Mercosul, o comércio entre o bloco e os países da EFTA gira em torno de US$ 7 bilhões anuais.

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