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‘Bar doce lar’ tem jornada de amadurecimento bem conduzida, mas sem surpresas; g1 já viu

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Filme dirigido por George Clooney conta vida do escritor J.R. Moehringer, vencedor do Pulitzer, interpretado por Tye Sheridan. Indicado ao Globo de Ouro, Ben Affleck convence com ótima atuação. Depois do denso e controverso “O Céu da Meia-Noite”, George Clooney resolveu voltar suas lentes para uma trama menos complexa, inspirada nas memórias do escritor J.R. Moehringer, vencedor do Pulitzer em 2000, publicadas no Brasil no livro “Bar, Doce Bar”.
O resultado é o filme “Bar doce lar”, que estreia no Amazon Prime Video nesta sexta-feira (7). O longa conta com bem sua história, com ajuda de um ótimo elenco. Mas não traz nada muito inovador ou marcante para fazer alguma diferença.
Assista ao trailer do filme “Bar doce lar”
A trama mostra como J.R. (o novato Daniel Ranieri, quando criança) vai morar com a mãe (Lily Rabe) na casa do avô (Christopher Lloyd, o Doc Brown de “De Volta Para o Futuro”) em Long Island. A mudança acontece depois que ela se separa do pai do menino, conhecido apenas como “A Voz” (Max Martini, de “Cinquenta Tons de Cinza”), por trabalhar numa rádio.
Em meio a conflitos familiares, J.R. se torna amigo de seu tio Charlie (Ben Affleck), dono de um bar que passa a cuidar do menino. Aos poucos, o garoto se mostra interessado em leitura e Charlie o incentiva a ler os inúmeros livros que têm em sua coleção que tem em casa e em seu bar.
Assim, J.R. passa a se dedicar aos estudos e, quando chega à idade adulta (interpretado por Tye Sheridan, de “Jogador Nº1”), consegue uma vaga na Universidade de Yale, onde se envolve com Sydney (Briana Middleton).
J.R. procura se firmar como escritor e preencher o buraco que sente pela falta de uma figura paterna, mesmo com a forte presença de seu tio Charlie em sua trajetória.
Ben Affleck e Daniel Ranieri numa cena de “Bar doce lar”
Divulgação
Lições de vida
“Bar doce lar” é um filme que está com tudo no lugar. A direção de Clooney, embora esteja longe do ótimo resultado de seus primeiros projetos como “Boa Noite e Boa Sorte” e “Confissões de uma Mente Perigosa”, consegue criar uma boa atmosfera para seus personagens.
Há momentos divertidos, como nas cenas ambientadas no bar de Charlie (chamado de Dickens em homenagem ao escritor Charles Dickens, de “Um Conto de Natal”).
Outras partes são tocantes, como nas experiências compartilhadas entre o protagonista e seu tio, que faz o possível para fazê-lo entender a vida e procurar superar as dificuldades sociais que enfrenta por causa de suas origens.
No entanto, o filme não consegue sair do lugar comum, mesmo quando procura ser original. Parte disso está no roteiro escrito por William Monahan (de “Os Infiltrados”). Embora conte sua trama de forma não cronológica, mas de fácil entendimento, ele não escapa de truques já vistos em outros longas.
Cristopher Lloyd vive o avô de J.R. (Daniel Ranieri) em “Bar doce lar”
Divulgação
Um bom exemplo disso é tentar mostrar os membros da família de J.R. como excêntricos e disfuncionais, principalmente em relação ao avô de J.R., com o velho clichê do idoso rabugento com problemas típicos da idade. Só mesmo Christopher Lloyd para driblar isso e marcar presença com sua boa atuação.
Outro problema está na questão de que o filme optou por enfatizar as relações entre J.R. e sua família, em detrimento do protagonista com os clientes do bar, algo que acontece no livro em que o longa se baseou, já que esse é um dos aspectos que mais chamou a atenção quando a publicação foi lançada.
Se fossem mais bem mostrados, esses personagens poderiam até tornar a história mais interessante e até pitoresca, como provavelmente os realizadores gostariam. Não que o resultado tenha ficado ruim. Muito pelo contrário. Apenas ficou mais do mesmo no final das contas.
Tye Sheridan interpreta o escritor J.R. Moehringer na fase adulta de “Bar doce lar”
Divulgação
Entre umas e outras
Mesmo com essas questões, “Bar doce lar” conta com bons trunfos para ser um filme agradável de assistir. Um deles é a ótima trilha de canções dos anos 1980, período em que se passa a trama. As músicas foram bem escolhidas e empolgam à medida que a narrativa avança, especialmente nas cenas em que J.R. se diverte com seu tio e seus amigos.
O outro destaque positivo está na ótima atuação de Ben Affleck, talvez a melhor performance dele em anos. Ele foi indicado ao Globo de Ouro de Melhor Ator Coadjuvante por essa atuação e deve ser lembrado em outras premiações.
Toda vez que Affleck aparece, o filme fica mais interessante. Ele consegue tornar seu Charlie um personagem cativante graças à sua simpatia e autêntica afeição ao seu sobrinho.
Ben Affleck, Lily Rabe e Christopher Lloyd numa cena de “Bar doce lar”
Divulgação
Quem também chama a atenção é o jovem Daniel Ranieri, estreando no cinema. Se bem orientado, pode vir a fazer mais papéis e se destacar em Hollywood com talento e espontaneidade. Já Tye Sheridan tem uma atuação correta como o protagonista na fase adulta.
“Bar doce lar” tem a seu favor o fato de agradar ao público que não quer assistir a nada muito complexo. É cinema óbvio, com mensagem construtiva e tom reconfortante, como um bom drink que não tem personalidade, mas é clássico. E está gelado. Não é memorável, mas é ok, embora você esqueça no último gole. Ou quando os créditos sobem.

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