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Festas e Rodeios

Por que brasileiros são tão fascinados por reality shows

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Diversos estudiosos das áreas de comunicação, marketing e psicologia já se debruçaram sobre o gênero televisivo em que pessoas comuns ou celebridades vivem seu dia a dia e enfrentam desafios específicos. Tadeu Schmidt mostra o confessionário do BBB 22
Reprodução/TV Globo
A 22ª edição do Big Brother Brasil estreou nesta segunda-feira (17/01) com a maior audiência da TV brasileira em 2022 e cerca de 5,6 milhões de telespectadores por minuto apenas na cidade de São Paulo.
Antes mesmo da exibição do primeiro episódio, o programa já havia mobilizado multidões nas redes sociais, com discussões acaloradas sobre os participantes.
No ar pela TV Globo há duas décadas, o programa passou por diversas alterações para se manter vivo na grade e já se tornou o reality mais longevo do país. Seu sucesso é inegável e mesmo quem não o assiste regularmente sabe quando está no ar.
Na edição de 2021, o programa atingiu um alcance médio diário de 39,8 milhões de pessoas e quebrou o recorde de maior participação de sua história, com 3,6 milhões de votos por minuto.
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A popularidade não foi suficiente para bater o recorde de audiência da televisão brasileira, que pertence à novela ‘Selva de Pedra’ de 1986, mas impressiona diante da enorme variedade de produtos de entretenimento disponíveis hoje.
O atual sucesso do reality brasileiro se torna ainda mais impressionante quando comparado às versões estrangeiras do mesmo programa. A última edição do Big Brother Estados Unidos, por exemplo, teve como recorde uma audiência de 3,33 milhões de pessoas, enquanto a versão alemã terminou com uma média de 890.000 telespectadores em 2020.
Mas afinal, por que os brasileiros são tão fascinados pelo reality show?
Diversos estudiosos das áreas de comunicação, marketing e psicologia já se debruçaram sobre o gênero televisivo em que pessoas comuns ou celebridades vivem seu dia a dia e enfrentam desafios específicos.
Todos eles concordam que a principal explicação por trás da atração despertada está na identificação com os participantes.
‘Gente como a gente’
Juliette, Camilla, Fiuk e Gil formam top 4 do ‘BBB21’
Reprodução/TV Globo
Uma pesquisa desenvolvida pelo professor de Psicologia Jonathan Cohen, da Universidade de Haifa, em Israel, mostrou que os telespectadores dos reality shows desenvolvem grandes sentimentos de empatia pelos participantes e, muitas vezes, se reconhecem em suas escolhas e ações.
O experimento entrevistou 183 pessoas sobre 12 reality shows diferentes, incluindo produções que contam com versões em diversos países, como Big Brother, MasterChef e Supernanny. Os resultados mostraram que quanto mais as pessoas gostam de um programa, maior é a identificação e a vontade de um dia fazer parte da atração.
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“No passado, muitos assumiam que o interesse pelos reality shows estava ligado a uma espécie de voyeurismo, ou gosto por presenciar situações de humilhação e dificuldade”, diz Cohen.
“Mas pesquisas mais recentes mostram que os telespectadores se veem nas situações vividas pelos participantes, torcem por eles e compartilham o entusiasmo da competição”.
Gilberto Nogueira, o Gil do Vigor, ficou em quarto lugar no BBB
Reprodução/TV Globo
Segundo Cohen, os realities por vezes levam vantagem sobre peças de ficção justamente por se tratarem de obras da vida real. “O fascínio está justamente no fato de serem pessoas reais, que correm riscos reais e sentem emoções reais”, diz. “É difícil assistir às provas e desafios sem imaginar como nos sairíamos no lugar dos participantes”.
“As pessoas tendem a se projetar naqueles participantes com quem mais se identificam”, diz Mariana Munis, professora de Marketing e especialista em Comportamento do Consumidor da Universidade Presbiteriana Mackenzie Campinas. “Justamente por isso, os competidores mais carismáticos e honestos acabam se transformando quase que em fenômenos”.
As últimas edições do Big Brother Brasil ainda adicionaram um elemento a mais ao jogo com a inclusão de celebridades entre os “brothers”. “Para os fãs daquele artista ou influencer é uma oportunidade única de ver seu ídolo em situações do dia a dia”, avalia a especialista.
Herança brasileira
As duas tribos do novo ‘No limite’ e o apresentador André Marques no centro
Reprodução/Globo
Entre os brasileiros, há também um elemento de tradição que colabora para o sucesso dos reality shows. O primeiro programa do gênero produzido e exibido no país foi lançado pela MTV em 2000 e chamava-se 20 e Poucos Anos. A atração, que mostrava a vida efervescente de jovens no início da vida adulta, durou três temporadas.
No mesmo ano, a TV Globo lançou o programa No Limite, inspirado no americano Survivor. A emissora ainda adquiriu os direitos para produzir a versão brasileira do Big Brother, que deveria estrear como o primeiro reality de confinamento do Brasil. Poucos meses antes do lançamento, porém, o SBT saiu na frente com Casa dos Artistas.
Mas muito antes de qualquer rivalidade entre canais de televisão, os brasileiros já haviam sido fisgados pelo entretenimento que se baseia na imprevisibilidade e antecipação.
A paixão pelos programas seriados, cujos capítulos são exibidos aos poucos, data dos folhetins. As histórias de ficção e romance publicadas de forma parcial e sequenciada em jornais e revistas de todo o país atingiram seu pico de popularidade no final do século XIX e serviram de inspiração para as rádio e telenovelas.
“Os realities conservam um elemento que era central aos folhetins e que também foi herdado pelas novelas que é a imprevisibilidade”, diz Elmo Francfort, pesquisador da televisão brasileira e professor do curso de Rádio, TV e Internet da Universidade Anhembi Morumbi. “Os brasileiros foram fisgados pelos sentimentos de curiosidade e antecipação despertados por esse gênero e adoram torcer pelos personagens, sejam eles fictícios ou reais”.
Feitos para encantar
Os Pipoca do ‘BBB22’ realizam jogo no primeiro dia da edição
Reprodução/Globo
Para além de qualquer fascínio ou tradição, as emissoras televisivas usam e abusam de técnicas de marketing para atrair telespectadores. A fórmula do sucesso, baseada em boas narrativas, um elenco diversificado e muita propaganda, faz com que seja difícil resistir às espiadinhas.
“Tudo que envolve o processo de produção de um reality show é pensado para satisfazer as necessidade e desejos do consumidor”, diz a professora Mariana Munis. “As provas precisam ser emocionantes, os participantes devem ser pessoas muito diferentes entre si para causar conflito e até mesmo o tempo de duração do programa é planejada para que haja uma história envolvente, com começo, meio e fim”.
Para as redes de televisão, o formato também costuma ser uma aposta certeira e barata. “É mais barato produzir um reality do que uma novela, em que se gasta muito com atores, cenários e edição”, diz Elmo Francfort, da Universidade Anhembi Morumbi. “Além disso, os programas costumam seguir a mesma fórmula em todas as suas edições, garantindo uma previsibilidade de sucesso”.
Relevância social
Caio, Rodolffo e Juliette no “BBB21”
Reprodução/TV Globo
E se no passado muitos realities eram considerados fúteis e perda de tempo, esses programas ganharam mais credibilidade ao discutirem temas de relevância social. O Big Brother, em especial, movimentou grandes debates em suas últimas edições que alavancaram sua audiência.
Por meio de atitudes controversas dos participantes, alguns deles acusados de machismo, racismo e xenofobia, as redes sociais foram inundadas de textos e vídeos que contribuíram para manter a população mais informada.
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A própria Globo percebeu a relevância dessas discussões e passou a dar mais visibilidade a elas, ao passo que abandonou práticas e quadros que sexualizavam algumas das participantes. “O público passou a encarar o programa de forma diferente graças a esses debates. Ao mesmo tempo, telespectadores mais jovens e que não costumam assistir televisão aberta foram atraídos”, avalia Francfort.

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Por que Chappell Roan e outras estrelas do pop estão denunciando comportamento tóxico de fãs

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Recentemente, cantora disse que “pode ​​sair” da indústria musical se o assédio contra ela e as pessoas mais próximas não diminuir. Chappell Roan criticou “comportamento assustador” de alguns fãs
Getty Images/Via BBC
Em apenas oito meses, Chappell Roan deixou de ser uma desconhecida para chegar ao topo das paradas como uma das maiores novas estrelas pop do planeta.
Mas, enquanto a jovem de 26 anos, nascida no Missouri, conclui uma turnê esgotada pelo Reino Unido, a consequência obscura da megafama e os fãs invasivos ameaçam lançar uma sombra sobre o seu sucesso.
Em agosto, ela postou dois vídeos no TikTok, agora visualizados mais de 30 milhões de vezes, denunciando o “comportamento assustador” que ela vivenciou e pedindo aos fãs para respeitarem seus limites.
E no Instagram, ela escreveu “mulheres não devem” nada, depois que um fã a agarrou e a beijou em um bar. Em outro episódio, a polícia teve que intervir quando um fã em busca de autógrafo não aceitou um não como resposta.
Esta semana, ela deu um passo além, dizendo à revista The Face que “pode ​​sair” da indústria musical se o assédio contra ela e as pessoas mais próximas não diminuir.
A fama, ela concluiu, tem a “energia de um ex-marido abusivo”.
Alguns veem os comentários de Roan — e observações semelhantes de outros artistas — como evidência de que o relacionamento entre as estrelas e seus fãs está mudando drasticamente.
“Não consigo lidar com essa responsabilidade”
Chappell Roan é o alter ego drag de Kayleigh Amstutz. E ela tentou manter as duas identidades separadas.
A autenticidade da artista é a chave para seu apelo entre os fãs. Mas ser famosa tem desvantagens para uma estrela pop moderna.
“É um mundo tão interessante em que vivemos, onde todos querem ver quem você realmente é nas redes sociais. Mas há essa ilusão de que eles conhecem você e que podem lhe dizer qualquer coisa”, ela disse à revista Glamour no ano passado.
Em encontros, os fãs LGBT despejam suas difíceis experiências de revelação sobre ela. “Minha música ajudou muitas pessoas a superar esse trauma, e eu amo isso”, ela acrescentou.
“Mas, pessoalmente, como Kayleigh, não consigo lidar com essa responsabilidade.”
As tentativas de Roan de estabelecer limites e redefinir os relacionamentos modernos entre fãs e artistas, sem surpresa, levaram a uma reação negativa.
Em seu podcast, Perez Hilton e Chris Booker apoiaram os apelos de Roan por relacionamentos mais saudáveis ​​com fãs, mas alertaram que suas críticas repetitivas à fama – tudo isso enquanto cortejava a atenção da mídia – a deixaram aberta a acusações de ser uma “rabugenta”.
Roan no tapete vermelho do VMA Awards no início deste mês
Getty Images/Via BBC
Nas redes, há quem interprete os comentários de Roan como ingratos, pois argumentam que qualquer lado negativo da atenção são parte da fama e da fortuna.
No entanto, a maioria dos fãs apoia Roan. Lily Waite, uma mulher trans de 29 anos, disse à BBC News que achou a franqueza da estrela inovadora e fortalecedora, e afirmou entender seu pedido por reações mais respeitosas.
“A maioria dos fãs é maravilhosa, sincera e respeitosa, mas esses não são os fãs aos quais ela se dirige ou se refere em seus vídeos pedindo limites”, diz Waite, que sente que a misoginia está por trás de grande parte da reação negativa.
Rebecca Clark, 35, que se identifica como queer (pessoas que não se identificam com gênero ou orientação sexual estabelecidos), sugere que a experiência de Roan na cena drag/queer – que Clark argumenta ser mais compreensiva com a saúde mental – deixou a artista mais “exposta no cenário mundial”.
Ainda assim, Clark a apoia, principalmente porque ela desafia a superficialidade daqueles que só apoiam a autenticidade das estrelas quando ela é positiva. “Ela é autoconsciente o suficiente para ter visto o que aconteceu no passado com outras estrelas pop e ativamente estabeleceu um limite para seus fãs.”
“Como a primeira estrela pop feminina massivamente assumida desde Lady Gaga, ela é incrível. Mas, novamente, isso não significa que ela deva aos fãs um encontro pessoal. Ela é apenas uma pessoa também.”
Se Roan está fazendo a tentativa mais intensa e de alto nível de impor limites, ela certamente não está sozinha em falar sobre o tema.
Hayley Williams, do Paramore, disse que os comentários de Roan foram “corajosos e infelizmente necessários”.
EPA/Via BBC
A cantora do Paramore Hayley Williams apoiou publicamente os comentários. “Isso acontece com todas as mulheres que conheço desse ramo, inclusive eu”, ela escreveu. “A mídia social piorou isso. Estou muito grata que Chappell esteja disposta a abordar isso de uma forma real, em tempo real. É corajoso e infelizmente necessário.”
A cantora Mitski deu boas-vindas para a cantora no “clube onde estranhos acham que você pertence a eles e eles encontram e assediam seus familiares”.
A banda indie Muna também criticou elementos “tóxicos” de sua própria base de fãs. A música The Diner (O jantar, em português) de Billie Eilish discutiu de forma semelhante sobre ser perseguida.
Para Sarah Ditum, autora de Toxic, um livro que explora o estrelato feminino nas últimas décadas, este ano marcou “um ponto de inflexão” em celebridades dizendo abertamente que os fãs estão cruzando uma linha.
Ela acredita que é mais fácil para esta geração de estrelas falar sobre isso porque elas cresceram com a linguagem da saúde mental e dos limites, já que “a cultura pop tem reavaliado o tratamento dado às estrelas nos anos 2000″ — em particular Britney Spears.
Como a princesa do pop millennial, o arco de Spears serve como um aviso para todos que a seguem. Ela simboliza tanto a exploração da época – comercializada para as massas como uma adolescente sexual com apenas 16 anos – quanto a mudança nas pressões da fama provocadas por uma mídia em mudança.
Experimentando o auge da fama na era pré-mídia social, a carreira rigidamente controlada de Spears a deixou sufocada pelos paparazzi e executivos do sexo masculino até um colapso público.
Para Roan, a atenção agora vem dos fãs que, graças às redes sociais, podem formar relacionamentos parassociais – o termo psicológico para descrever a ilusão de uma amizade ou vínculo com uma estrela que nunca conheceram.
Isto torna a fama particularmente intensa para esta geração, diz Ditum.
“Em certo sentido, as mídias sociais são um poder incrível em suas mãos. Eles não precisam passar por uma imprensa potencialmente hostil e podem falar diretamente ao seu público em seus próprios termos.”
“Mas também dá um grande poder ao público.”
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Febre na China, microdramas com episódios de 1 minuto (na vertical) já concorrem com cinema e miram Hollywood

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Especialistas apontam que vídeos de formato curto são concorrente cada vez mais forte para o setor cinematográfico chinês. ‘Eles não vão mais ao cinema’, diz um ator veterano sobre o público, que descreve como trabalhadores de meia-idade e aposentados, em grande parte. O ator Zhu Jian, de 69 anos, durante gravação de um microdrama em um salão de Zhengzhou, na província de Henan, na China
Tingshu Wang/Reuters
Em um set de filmagem que se assemelha ao castelo medieval chinês, Zhu Jian está ocupado dando dor de cabeça à segunda maior indústria cinematográfica do mundo.
O ator de 69 anos está interpretando o patriarca de uma família rica que comemora seu aniversário com um banquete luxuoso. Mas, sem o conhecimento de nenhum deles, a empregada em cena é sua neta biológica. Uma segunda reviravolta: Zhu não está filmando para as telas de cinema.
“Grandma’s Moon” é um microdrama, composto por episódios de um minuto, filmados na vertical, com frequentes reviravoltas na trama, criados para manter milhões de espectadores presos às telas de seus celulares – e pagando para ver mais.
“Eles não vão mais ao cinema”, disse Zhu sobre seu público, que ele descreveu como sendo composto em grande parte por trabalhadores de meia-idade e aposentados. “É muito conveniente segurar um telefone celular e assistir a qualquer coisa quando quiser.”
Equipe grava microdrama em um salão de Zhengzhou, na província de Henan, na China
Tingshu Wang/Reuters
O setor de micro dramas da China, que movimenta US$ 5 bilhões por ano, está em expansão, de acordo com entrevistas da Reuters com 10 pessoas do setor e quatro acadêmicos e analistas de mídia.
De acordo com alguns especialistas, os vídeos de formato curto são um concorrente cada vez mais forte para o setor cinematográfico chinês, que só perde em tamanho para Hollywood e é dominado pela estatal China Film Group.
E a tendência já está se espalhando para os Estados Unidos, em um raro exemplo de exportações culturais chinesas que encontram força no Ocidente.

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Rock in Rio 2024: Veja fotos do 7º dia

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Último dia de evento tem shows de Shawn Mendes, Akon, Ne-Yo e Luisa Sonza no Palco Mundo. Mariah Carey e Ney Matogrosso são alguns dos destaques do Palco Sunset. Olodumbaiana abre Palco Sunset no último dia de Rock in Rio
Stephanie Rodrigues/g1
Público chega para último dia de Rock in Rio
Delson Silva / Agnews
Público corre para acompanhar o sétimo e último dia de Rock in Rio
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