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Ex-bailarina do Faustão, Markelly Oliveira lucra com vídeos do ‘câncer no coração’ e mais dramas

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Ela já foi ring girl de lutas, musa da Gaviões, dançarina na TV, morador da Mansão Maromba e agora se reinventa com vídeos amadores cheios de reviravoltas que bombam no app chinês Kwai. Conheça o melodrama de Kwai
Markelly Oliviera foi bailarina do Faustão, musa da Gaviões da Fiel, “ring girl” em academias de luta e moradora da “Mansão Maromba”. Mas seu rosto é conhecido hoje em vídeos dramáticos, cheios de reviravoltas e lições, que causam comoção no app Kwai e estranhamento outras redes (veja acima).
“Temos duas notícias, uma ruim e uma boa. A ruim é que a senhora está com câncer no coração e vai morrer em duas semanas. A boa é que a gente conseguiu o senhor Kauan. Ele é o único voluntário a sacrificar sua vida para doar para a senhora.”
Ao som de “Love by grace”, de Lara Fabian, Markelly deixa cair uma lágrima ao sentir o peso de ter desprezado, minutos antes, as roupas sujas do pobre desconhecido que ia doar nada menos do que o coração para ela.
Produções amadoras como essa fazem sucesso no Kwai. A empresa ficou gigante na China com estes conteúdos populares e exagerados, e replica a estratégia no Brasil.
‘È que a senhora tá com câncer no coração’: momento forte dos melodramas de 2 minutos do Kwai
Reprodução / Kwai
Markelly foi uma das pessoas chamadas pela empresa chinesa. Ela pisou fundo no drama e começou a escrever, produzir e estrelar suas novelinhas ultrasentimentais. Mesmo com mais seguidores no Instagram e no TikTok, hoje a maior parte da renda dela vem do Kwai.
Luta no Faustão, na pandemia e no Kwai
A vida de Markelly não é tão dramática quanto a da personagem que tem câncer no coração e recebe o órgão de um desconhecido. Mas, aos 27 anos, já foram grandes desafios. Ela saiu de Icilínea, cidade de 11 mil habitantes no sul de Minas Gerais, aos 16 anos.
O primeiro trabalho foi como a garota que conta os rounds em lutas em uma academia da região central de SP. Depois, conseguiu virar destaque da Gaviões, fez trabalhos de modelo e foi chamada, via Instagram, para o balé do Faustão.
Integrante do balé do Faustão, Markelly Oliveira, diz que vai usar fantasia cara e ousada em desfile da Gaviões da Fiel
Markelly Oliveira
Arquivo Pessoal
“Comecei no programa sem saber dançar. Estudei muito dança, em período integral, por um ano, até melhorar e chegar ao nível das meninas lá que dançam desde criança. Fiquei 3 anos, de 2017 a 2020.”
Os trabalhos diminuíram no início da pandemia e ela voltou para Minas Gerais. Com as gravações de TV paradas, ela voltou para São Paulo e resolveu se arriscar na internet. Entrou para a Mansão Maromba, casa de produtores de conteúdo para redes sociais.
De novo, Markelly teve que aprender: “Quando eu entrei na mansão, não tinha muita experiência com esse universo digital. Fiquei morando três meses, depois fui para a Mansão Flash, e meus canais começaram a crescer.”
Markelly Oliveira, musa da Gaviões da Fiel, mostra fantasia
Celso Tavares/G1
No fim de 2021 ela recebeu a proposta do Kwai para criar um canal com vídeos do tipo “novelinha”.
“Tinham que ter energia positiva. No Brasil só tem tragédia, e ninguém tinha pensado antes nessa forma de motivar as pessoas. Tem que passar uma vibe de volta por cima e aprendizado”.
“Eu me formei como atriz na escola Wolf Maia, fiz três anos e meio, tirei DRT, aí a pandemia chegou. Então esse convite se encaixou para mim, porque amo atuar”. Mas ela também teve que pensar em tudo, de roteiro a cenografia. “É tudo meu, crio certinho e penso em como filmar”.
O canal foi criado há um mês e meio e já quer investir. “Quero montar uma equipe de editor, atores fixos e roteiristas.” Por enquanto, ela segue gravando com os amigos do vídeo da doação cardíaca: Khaun Rodrigues, o “senhor Khauan”, e Tatiana Alves, a médica. “A gente se junta todo dia para gravar”.
Assim como outros criadores, Markelly nota no Kwai um público mais velho e menos frenético do que no concorrente chinês TikTok. “Acho que eles foram muito inteligentes de incentivar esse tipo de conteúdo sentimental com os parceiros, e agora vejo pessoas criando espontaneamente”.
Kwai: o que é e como funciona concorrente do TikTok que tem mais de 1 bilhão de usuários
Cenas das ‘novelinhas’ do Kwai
Reprodução / Kwai
Adnet pirou com Markelly
Os vídeos são exclusivos para o Kwai, mas acabaram caindo em outras redes. Foram republicados sem autorização por perfis no TikTok e chegaram ao Twitter, onde causaram espanto com os exageros de roteiro e atuação.
Marcelo Adnet, por exemplo, passou horas compartilhando as histórias inversossímeis, cheias de humilhados que acabam exaltados ou pessoas generosas recompensadas pelo destino.
A reação é diferente no Kwai, onde eles geram milhares de comentários sérios, positivos e emocionados. “Gente, eu fui a única pessoa que chorou junto com ela?”, diz um dos comentários mais curtidos no vídeo do doador de coração.
Não é novela mexicana, é China profunda
À primeira vista, a chave parece ser o gosto latino pelo melodrama. Mas a estratégia é chinesa. O Kwai cresceu em cidades menores e rurais da China. Nas metrópoles ele é considerado pouco refinado. Em vez de celebridades, mirou pessoas comuns. Hoje a empresa vale US$ 220 bilhões.
Eles vão pelo mundo atrás de criadores menos visados, passam o modelo de vídeos chineses, dão apoio, pagam por resultado de audiência e buscam um retorno massivo. A mecânica do app é bem parecida à do rival chinês TikTok, mas o público é diferente. A estratégia é aberta:
“Nos países de língua hispânica da América Latina foi lançado em 2021 o projeto TeleKwai, em parceria com pequenos e médios produtores de conteúdo audiovisual da região, para incentivar a produção roteirizada de histórias, sequenciais ou não, em um novo formato de dramas curtos”, diz o comunicado enviado pela empresa ao g1.
Quem se impressionou com as dezenas de vídeos com roteiros semelhantes que circularam no Twitter precisa ver a página do projeto TeleKwai. São mais de 30 mil vídeos, todos com este formato de reviravoltas, aprendizados e trilhas sentimentais.
“No Brasil, o projeto foi iniciado no final do ano passado com o objetivo de construir uma comunidade de criadores de conteúdo especializados nesse formato inovador, o de adaptar as tão amadas novelas e séries para vídeos curtos e verticais”, diz a empresa.
Há outros formatos no Kwai, de dancinhas como as do TikTok, piadas e muitas pegadinhas ao estilo youtuber. Mas a linha é sempre essa, com um apelo popular do tipo que seus tios curtiriam no grupo da família no WhatsApp.
Se a dramaturgia não é refinada, o resultado é um luxo: no Brasil, o Kwai tem média de 45,4 milhões de usuários ativos e foi o 3º aplicativo mais baixado do país em 2021, segundo o relatório do App Annie.
No projeto do TeleKwai, os maiores produtores ganham tanto um pagamento fixo quanto bônus por visualizações.

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