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Tartarugas monitoradas por satélite percorrem cerca de 800 quilômetros em dez dias entre Noronha e Ceará

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Essa é a primeira vez que estudiosos conseguem obter informações sobre migração dos animais. A pesquisa é realizada por equipes do Brasil e dos Estados Unidos. Tartarugas percorrem 800 quilômetros entre Noronha e Ceará
No terceiro ano de estudo, pesquisadores do Brasil e dos Estados Unidos conseguiram informações inéditas sobre a migração das tartarugas de Fernando de Noronha. Com os transmissores via satélite, colocados em 20 machos, foi possível identificar a rota desses animais. Eles percorreram cerca de 800 quilômetros, em dez dias, até chegar ao Ceará (veja vídeo acima).
“Esse é um grande achado. Nós não tínhamos informações da migração. Nunca um macho marcado em Noronha foi recapturado em outro lugar. No monitoramento, esperamos saber até onde esse animal irá”, declarou o biólogo Armando Barsante, que coordena a pesquisa.
(ATUALIZAÇÃO: Inicialmente, o biólogo Armando Barsante havia dito que as tartarugas tinham percorrido 800 quilômetros em oito dias, mas depois disse que houve um problema na internet e o sistema foi atualizado, indicando que foi em dez dias. A reportagem foi atualizada às 10h do dia 24/02.)
Os estudiosos dizem que os machos usam o litoral do Nordeste para se alimentar. No final do ano, esses animais começam a chegar ao arquipélago em busca das fêmeas para o período reprodutivo.
Ao longo do monitoramento, em três temporadas, 20 transmissores foram instalados: um foi no primeiro ano de trabalho, oito no ano passado e onze equipamentos foram colocados em 2022.
A pesquisa é realizada em parceria pelas universidades americanas Florida State University, University of Massachusets, Oregon State University e a Fundação Projeto Tamar, com financiamento da Fundação de Ciência Nacional dos Estados Unidos National Science Foundation (NSF).
O monitoramento quer saber para onde vão os animais e qual o impacto das mudanças climáticas no sexo da espécie Chelonia mydas, conhecida como tartaruga-verde.
Segundo os estudiosos, as mudanças climáticas são uma ameaça para o equilíbrio do ecossistema. As tartarugas estão no período reprodutivo em Noronha, que começou em novembro e segue até junho, com o nascimento das tartaruguinhas.
Estudiosos fazem inventário dos ninhos
Michele Roth/Divulgação
Nas tartarugas marinhas, o sexo dos filhotes é determinado pela temperatura da areia onde os ovos ficam incubados. Com o calor maior, cresce o índice de nascimento de fêmeas.
Os estudiosos se revezam na Praia do Leão para marcar os animais e colher material genético. São recolhidas amostras da pele das fêmeas, que desovam à noite, e dos filhotes.
Na temporada 2019/2020 foram realizadas 1002 coletas de material genético. Em 2020/2021, foram 3561 coletas e, nesta temporada 2021/2022, já foram feitas 4563 coletas.
Nesta temporada, até o momento foram identificadas 25 fêmeas e 62 ninhos de tartarugas. O pico de desova deve acontecer em março. Cada ninho tem em média 106 ovos com nascimento de cerca de 90 filhotes.
Todo o material genético coletado vai ser levado para os Estados Unidos para análise. Será possível saber, por exemplo, quem é o pai de cada filhote nascido. Os estudiosos querem identificar o perfil do macho e se existe um animal predominante.
Pesquisadores registram cópulas das tartarugas
Ana Clara Marinho/Reprodução
Importância do estudo
Os pesquisadores informaram que o trabalho realizado em Fernando de Noronha é importante para todo o mundo.
“Essa pesquisa é de interesse biológico para o planeta. Noronha foi escolhida por ter a facilidade de encontrar os machos, que podem ser capturados e monitorados. Essas informações são relevantes para o mundo inteiro. Queremos saber como as tartarugas podem se adaptar às mudanças climáticas”, disse o coordenador do estudo.
O pesquisador lembrou que as tartarugas existem há milhões de anos. Esses animais dependem do ambiente de praia para se reproduzir. O litoral também é importante para os seres humanos.
“Muitos humanos estão concentrados no litoral e as tartarugas usam essa área também. Com o aquecimento global, regiões de desova podem desaparecer em função de elevação do nível do mar. O estudo pode indicar a mudança de comportamento da espécie, com adaptações e novas áreas de reprodução”, disse Armando.
Pesquisadores fazem mergulhos para observar as tartarugas
Luis Felipe Bortolon/Divulgação
Tubarões
Alguns estudiosos acreditam que os tubarões-tigres podem aumentar a frequência em Fernando de Noronha no período de reprodução das tartarugas.
Os integrantes da pesquisa que analisa o comportamento das tartarugas realizaram, nos últimos três anos, 172 mergulhos e encontraram seis tigres neste trabalho.
Armando não considera que ocorra um desequilíbrio ecológico em Noronha, com um número desproporcional de tartarugas e tubarões.
“Não acredito em desequilíbrio, a população de tartarugas varia conforme o ciclo natural”, avaliou Armando Barsante.
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Nesta temporada, até o momento foram identificadas 25 fêmeas e 62 ninhos de tartarugas. O pico de desova deve acontecer em março. Cada ninho tem em média 1

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