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Festas e Rodeios

Zudizilla proclama vitória na via-crúcis de Pelotas para São Paulo em álbum que expõe o rap do sul do Brasil

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Com participação de Emicida, o disco ‘De César a Cristo’ faz conexão com filme que reflete sobre a invisibilidade do homem preto gaúcho. Capa principal do álbum ‘De César a Cristo’, de Zudizilla
Divulgação
Resenha de álbum
Título: Zulu vol. 2 – De César a Cristo
Artista: Zudizilla
Edição: Edição independente do artista
Cotação: * * * *
♪ Nas quebradas de Guabiroba, bairro da periferia de Pelotas (RS), cidade gaúcha onde nasceu há 36 anos e onde entrou no mundo do hip hop, Júlio Cesar Correa Farias já foi chamado de Maninho pelos manos conterrâneos e mais velhos. Quando cresceu e apareceu além das fronteiras da cidade natal, Maninho passou a atender pelo nome de Zulu.
É com esse nome que o rapper gaúcho Zudizilla se apresenta em Zulu vol. 2 – De César a Cristo, álbum que lança em 15 de março com duas capas que se complementam.
Sequência de Zulu vol. 1 – De onde eu possa alcançar o céu sem deixar o chão (2019), álbum lançado há três anos, De César a Cristo expõe a continuação da via-crúcis do artista na travessia geográfica e existencial de Pelotas (RS) para São Paulo (SP), cidade onde Zudzilla vive desde 2018.
Capa alternativa do álbum ‘De César a Cristo’, de Zudizilla
Divulgação
Zudizilla saiu de Pelotas (RS), mas a vivência da cidade continua a pautar o rapper, principal nome do universo hip hop gaúcho, território ainda desconhecido pelo Brasil.
Aos ouvidos do brasileiro de classe média que consome discos desde os anos 1980, Pelotas (RS) é cidade identificada no mapa musical do país pela Estética do Frio arquitetada por Vitor Ramil, fino estilista das milongas e outros ritmos do sul, em universo particular.
Zudizilla mostra que a chapa de Pelotas (RS) é bem mais quente e sem ponto de contato com a urbanidade tradicionalista de Satolep, a cidade construída no imaginário de Ramil.
Com 12 músicas inéditas, o álbum De César a Cristo inventaria as conquistas de Zudizilla ao mesmo tempo em que descortina o universo do rap do Rio Grande. No flow de músicas como Afortunado (Zudizilla e Dario), faixa gravada com Wesley Camilo, inexiste espaço para referências a símbolos típicos do universo musical dos Pampas.
Afiado ao apontar o racismo e a desigualdade social que estruturam a sociedade brasileira em benefício do povo branco, o discurso altivo de Zudizilla celebra os passos certos dados na via-crúcis da vida. “Daqui de cima / Enxergo mais longe / Eles se perdem / Eu sigo meu rumo”, avista o rapper em versos de Ra Un Nefer, parceria de Zudizilla com Cronista do Morro, MC baiana que solta o verbo nervoso na faixa, corroborando a fama conquistada nas quebradas de Salvador (BA).
O título do rap cita Ra Un Nefer Amen, líder espiritual africano. Zudizilla – cujo nome artístico alude a Godzilla, o monstro do cinema e dos quadrinhos que se tornou herói na luta do bem contra o mal – mantém o elo com a África.
Zudizilla apresenta 12 músicas inéditas na narrativa do álbum ‘De César a Cristo’
Aline Onayalle / Divulgação
E por falar em cinema, o rap Matrix – sustentado pelos beats de M2, codinome de Maurício Rodrigues Martins – conecta Zudzilla ao rapper paulista Coruja BC1, parceiro e convidado na criação e gravação da música.
Se os temas abordados por Zudzilla são universais, há versos com referências a bairros pelotenses na faixa Salve, rap turbinado com os scratches de DJ Micha e as batidas de Iniv Beats e Heron Franc. É como se o álbum, ao atestar a vitória do artista na travessia, fizesse questão de apontar o ponto de partida do MC. “Eu vim pra virar o disco”, resume o rapper em verso de Tela em branco (Zudzilla e Gian Lucas), faixa tingida com o canto soul de Monique Britto.
Rumos reitera o êxito da jornada pessoal de Zudizilla – “Vencedor e perdedor pra mim são meros rótulos / E que não tem propósito no código que me conduz / Foco até se falta luz” – com a adição do rap de Emicida e com o vibrante fraseado soul do cantor gaúcho Serginho Moah no refrão positivista da faixa (“Brilhou e vai brilhar ainda mais / Decolei, sou foguete rumo ao sol / O medo é grande, mas eu sou maior / E a Luz abrirá o caminho pra nós”).
Com músicas como Tudo agora e Hora dourada, parcerias de Zudizilla com Lucas Romero (a segunda com a adesão de Shaolin), o álbum De César a Cristo fornece a trilha sonora do ainda inédito curta-metragem Vozes do silêncio.
Com roteiro de Zudzilla e direção de Kaya Rodrigues e Luis Ferreirah, o filme reflete sobre a identidade do homem negro gaúcho e a invisibilidade do povo preto do sul do Brasil. Indissociável do disco, o curta Vozes do silêncio está programado para 9 de março, seis dias antes da edição deste álbum em que Zudzilla reúne produtores musicais e beatmakers como Selektah KBC (em Sonhos imperiais) e Duda Raupp (em Landau) e KVNZ (em Skit – Azul neon) para equilibrar o som e o discurso.
Disco pautado por emoções reais, De César a Cristo termina com Oyá, declaração de amor do rapper à mãe preta solteira que o criou e o preparou para enfrentar a via-crúcis na qual, embora ainda esteja no meio do caminho, Júlio Cesar Correa Farias proclama vitória por ter feito a coisa certa ao se inspirar em ídolos como o cineasta Spike Lee, o escritor Lima Barreto (1881 – 1922) e os rappers Emicida e Kendrick Lamar.

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Além de Gusttavo Lima, relembre outros sertanejos que tiveram problemas com a Justiça

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Tribunal de Pernambuco decretou prisão do cantor, como parte de investigação de suposto esquema de lavagem de dinheiro. Gusttavo Lima foi ao Rock in Rio neste domingo, antes de mandado de prisão ser expedido
Gusttavo Lima não é o primeiro cantor sertanejo a ter problemas com a Justiça. Nesta segunda-feira (23), o Tribunal de Justiça de Pernambuco decretou sua prisão por suspeita de usar avião para ajudar foragidos.
A defesa de Lima diz que ele é inocente e que a decisão é injusta.
Além dele, outros artistas do gênero já ficaram no alvo das cortes brasileiras, com acusações de dívidas, agressões e até com algumas condenações.
Relembre outros casos abaixo:
Renner (da dupla com Rick)
Rick & Renner
Divulgação / Caio Fernandes
O cantor foi condenado em 2007 a pagar indenização por danos morais e materiais à família de uma das vítimas fatais de um acidente de carro de 2001.
No acidente, o cantor perdeu o controle de seu veículo em uma rodovia em São Paulo, cruzou o canteiro central e bateu de frente com a moto em que estava Luís Antônio Nunes Aceto e Eveline Soares Rossi. Ambos morreram na hora.
Em 2014, ele foi levado a delegacia após dirigir embriagado e bater o carro em outros dois automóveis.
Rick (da dupla com Renner)
A outra metade também enfrentou problemas recentes. Em janeiro de 2023, o Tribunal de Justiça de São Paulo determinou a penhora dos bens de uma residência de Rick em Itu (SP), pelo não pagamento de uma dívida de quase R$ 640 mil.
Victor (da dupla com Léo)
O músico e compositor Victor Chaves retomou a carreira com o irmão Léo
Érico Andrade/g1
No fim de 2019, o cantor Victor Chaves foi condenado em primeira instância por ter agredido a mulher, em Belo Horizonte.
Ele se tornou réu em 2017, depois de ser indiciado pela Polícia Civil de Minas Gerais por vias de fato. Na época da agressão, Poliana Bagatini Chaves estava grávida do segundo filho do casal.
Segundo o boletim de ocorrência, ela disse que foi agredida pelo marido por motivos fúteis. Poliana afirmou que foi jogada no chão e recebeu vários chutes.
Em 2023, ele foi condenado a pagar indenização a um ambulante que trabalhava em uma apresentação da dupla em Belo Horizonte (MG). O vendedor disse que foi xingado e humilhado por Victor e obrigado por seguranças a se retirar do espaço.
Hudson (da dupla com Edson)
Hudson foi preso duas vezes no mesmo dia em 2013 por posse de arma. Na primeira, em flagrante, foi pego com uma pistola 380 e um revólver calibre 38, ambos municiados, dentro do seu carro.
As armas estavam regularizadas, mas o cantor não tinha permissão para carregá-las em vias públicas, segundo a Polícia Civil. Ele pagou R$ 6 mil de fiança e foi solto. Na ocasião, disse que era colecionador e que havia esquecido que as armas estavam no veículo.
Já na noite do mesmo dia, o cantor foi preso novamente depois que PMs encontraram na casa dele uma carabina, munições de uso restrito e maconha.
O sertanejo teve liberdade provisória concedida pela Justiça e poderia deixar a cela da delegacia de Limeira se pagasse uma segunda fiança de R$ 12 mil, mas a prisão preventiva foi decretada e Hudson ficou um dia na penitenciária de Tremembé até receber o direito de responder ao processo em liberdade.
Eduardo Costa
Eduardo Costa em imagem de divulgação
Divulgação
O cantor foi condenado em primeira instância a pagar uma indenização de R$ 70 mil à apresentadora Fernanda Lima por danos morais, em 2023.
Em novembro de 2018, após a exibição do programa “Amor e Sexo” – apresentado por Fernanda -, ele ofendeu Fernanda em suas redes sociais dizendo que ela era “imbecil”, e ela só fazia programa para “maconheiro, bandido, esquerdista derrotado, e para projetos de artista como ela”.
Eduardo também foi condenado ao pagamento das custas e honorários do processo que foram arbitrados em 20% do valor da condenação, ou seja, mais R$ 14 mil.
Léo Magalhães
Cantor sertanejo é obrigado a pagar Ferrari que comprou e não pagou em Goiânia
A Justiça obrigou em 2023 o cantor sertanejo Léo Magalhães a pagar por uma Ferrari comprada em Goiânia. Conforme os documentos do processo, o veículo custou R$ 511 mil, mas o valor não foi pago mesmo após cobranças por parte da loja.
A assessoria do artista disse que ele não quitou os pagamentos porque descobriu que o carro tinha sido envolvido em um acidente. O dono da concessionária diz que o cantor sabia.
Thiago (da dupla com Thaeme)
O cantor Thiago Servo chegou a ser preso em 2016 por uma dívida de R$ 500 mil em pensão alimentícia. Na época, ele já não estava mais na dupla com Thaeme.
Em 2023, no entanto, a Justiça determinou que a criança não era filha de Thiago. Por isso, o cantor entrou com um processo pedindo mais de R$ 1 milhão pago em pensão ao longo dos anos.
No mesmo ano, a Justiça do Mato Grosso do Sul determinou a penhora do prêmio de R$ 1 milhão que o artista ganhou no programa “A grande conquista”, da TV Record. Ele tinha uma dívida de mais de R$ 1,3 milhão com Jamil Name Filho, chefe de uma milícia ligada ao jogo do bicho no estado.

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Um dia nos bastidores da cobertura de shows no Rock in Rio: veja como é feita a crítica de apresentações

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Uma resenha crítica é uma mescla de opinião e informação. No g1, textos desse gênero são escritos por profissionais especializados. Veja como é feita uma crítica de um show durante o Rock in Rio
Você sabe como é feita a crítica de um show? Em festivais como o Rock in Rio, é comum vermos portais de notícia publicando resenhas das apresentações, ou seja, textos que são uma mescla de opinião com informação.
No g1, textos desse gênero são escritos por profissionais especializados. Para entender o processo por trás dessa escrita, veja os passos listados no vídeo acima e nos tópicos a seguir.
Para acessar a área da imprensa, o jornalista apresenta sua credencial e, depois, passa pelo processo de revista
No caso de festivais, existe a Sala de Imprensa, um espaço voltado aos jornalistas. Lá é possível comer, se hidratar e, claro, trabalhar com mais tranquilidade
Na Sala de Imprensa, o jornalista acessa seu computador para checar informações e fazer publicações
As resenhas são escritas no meio do público. Ou seja, o jornalista escreve o texto no próprio celular e, ao finalizar, envia para alguém de sua equipe, que publica o texto
A ideia é ficar atento a tudo. Observar o artista, o público, o setlist, a performance, o som, a interação entre os músicos e a galera, a fluidez do show e por aí vai. É a partir disso que nascem as análises

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Vitor Ramil ergue ‘Mantra concreto’, álbum com 13 músicas criadas a partir de versos do poeta Paulo Leminski

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♫ NOTÍCIA
♪ Vitor Ramil segue em trilho poético no 13º álbum do artista gaúcho nascido em Pelotas (RS), cidade renomeada como Satolep na geografia artística da obra do cantor, compositor e músico. Dois anos após transitar por Avenida Angélica (2022) em álbum lançado com músicas compostas a partir de poemas da conterrânea Angélica Freitas, Ramil apresenta em 10 de outubro o álbum Mantra concreto.
Com produção musical orquestrada pelo próprio Vitor Ramil com Alexandre Fonseca e Edu Martins, o álbum Mantra concreto alinha 13 músicas inéditas compostas por Ramil a partir de poemas do escritor, músico e poeta curitibano Paulo Leminski (24 de agosto de 1944 – 7 de junho de 1989).
Gravado por Lauro Maia, mixado por Moogie Canazio e masterizado de André Dias, o álbum Mantra concreto reúne músicas como Amar você e celebra os 80 anos que Leminski teria completado há um mês.
A ideia do disco surgiu em 2021, durante o isolamento social imposto pela pandemia de covid-19. “Justamente por estar isolado em casa, fui contaminado pela poesia de Paulo Leminski. Certo dia, enquanto lia o poema ‘Sujeito Indireto’, passei a mão no violão e minha imunidade baixou. ‘Quem dera eu achasse um jeito de fazer tudo perfeito’ logo virou canção. Nos dias subsequentes, a cena se repetiu com outros poemas. Em três semanas, treze poemas, treze canções”, recorda Vitor Ramil.
A capa do álbum Mantra concreto foi criada pelo designer Felipe Taborda.
Capa do álbum ‘Mantra concreto’, de Vitor Ramil
Arte de Felipe Taborda

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