Livro da autora canadense Rosemary Sullivan foi amplamente rejeitado por especialistas desde que foi publicado em janeiro. Esconderijo de Anne Frank pode ter sido encontrado ‘por acaso’, diz novo estudo
DESK/ANP/AFP
A editora holandesa da investigação desacreditada de um caso arquivado sobre a traição à adolescente judia Anne Frank disse, nesta terça-feira (22), que retiraria obra das livrarias após um relatório crítico às suas conclusões.
“Quem traiu Anne Frank?: A investigação definitiva sobre a morte da autora do diário mais famoso do mundo”, da autora canadense Rosemary Sullivan, tem sido amplamente rejeitado por especialistas desde que foi publicado em janeiro.
O livro citou um tabelião judeu, Arnold van den Bergh, como o principal suspeito em expor o esconderijo da família aos nazistas.
Houve reação de grupos judaicos, historiadores e pesquisadores independentes que, posteriormente, criticaram a conclusão da equipe sobre o caso arquivado.
Mês passado, o principal grupo de comunidades judaicas da Europa pediu que a HarperCollins retirasse a edição em inglês, dizendo que ela manchava a memória de Anne Frank e a dignidade dos sobreviventes do holocausto.
Na terça-feira (22), um relatório de especialistas em Segunda Guerra Mundial e historiadores foi publicado na Holanda, dizendo que as conclusões da equipe de investigação, lideradas por um investigador aposentado do FBI, não resistiam à análise profissional.
“Sem exceção, são muito fracas, às vezes baseadas em uma leitura evidentemente equivocada das fontes, adições fabricadas às fontes, e de nenhuma maneira foram sujeitas a uma avaliação crítica”, concluiu o relatório.
“Não há nenhuma evidência séria para esta acusação grave”, disseram os especialistas.
Em resposta, a editora holandesa Ambo Anthos disse: “Com base nas conclusões deste relatório, nós decidimos, com efeito imediato, que o livro não estará mais disponível. Pedimos que todas as lojas devolvam seus estoques”.
A edição inglesa do livro foi publicada pela HarperCollins. A HarperCollins não respondeu a um pedido de comentário.
O diário de Anne sobre a vida no esconderijo foi traduzido para 60 idiomas.
Ela e outros sete judeus foram descobertos em agosto de 1944, após terem escapado por quase dois anos em um anexo secreto em cima de um armazém nos canais de Amsterdã. Todos foram deportados e Anne morreu no campo de concentração Bergen Belsen aos 15 anos.
Investigação identifica suspeito de entregar Anne Frank aos nazistas