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‘Chalana’, canção ouvida na voz de Roberta Miranda em ‘Pantanal’, navega há 70 anos pelo Brasil

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Lançada em disco em 1952, composição de Mario Zan e Arlindo Pinto carrega sofrência na letra e na melodia nascida na cidade de Corumbá na década de 1940. ♪ MEMÓRIA – “Lá vai uma chalana / Bem longe se vai / Navegando no remanso / Do Rio Paraguai / Oh, chalana, sem querer, / Tu aumentas minha dor / Nessas águas tão serenas / Vai levando o meu amor…”.
Quando os versos melancólicos de Chalana ecoam na trilha sonora do remake da novela Pantanal pela TV Globo, ouvidos nas vozes dos cantadores da trama e também em gravação da cantora paraibana Roberta Miranda, a música carrega história que completa 70 anos em 2022, pois a composição surgiu em disco em 1952 em gravação do Duo Brasil Moreno, dupla sertaneja formada pelas irmãs paulistas Dora de Paula (1917 – ????) e Antônia Glória de Paula (1924 – ????), a Didi.
Uma das mais belas e conhecidas canções pantaneiras, Chalana versa sobre as embarcações de madeira que transitam pelos rios do Pantanal, transportando a população da região. A música nasceu da inspiração do compositor e acordeonista italiano Mario Giovanni Zandomeneghi (9 de outubro de 1920 – 9 de novembro de 1906), conhecido como Mario Zan.
Criado no Brasil desde os quatro anos, Zan compôs a melodia de Chalana em meados dos anos 1940 quando, da vista do hotel onde se hospedava em viagem a Corumbá (MS), o artista vislumbrou o Rio Paraguai mencionado na letra. Cidade do Mato Grosso do Sul, Corumbá é porta de entrada para o Pantanal.
Ao ser lançada em disco nas vozes do Duo Brasil Moreno, Chalana ganhou o rótulo de rasqueado, gênero musical originário da fusão da música de Mato Grosso com ritmos do Paraguai.
Muito do êxito da composição ao longo desses 70 anos deve-se também à letra da canção, assinada por Mario Zan com o compositor paulistano Arlindo Pinto (19 de setembro de 1906 – 29 de abril de 1968). Chalana versa sobre sofrência pantaneira decorrente de caso de amor desfeito. Na letra, a dor do amante abandonado é potencializada pela visão da chalana que parte, transportando pelas águas serenas a mulher cujo coração foi ferido pelo ingrato eu-lírico da canção.
Almir Sater, intérprete de ‘Chalana’ na novela de 1990, está presenta no remake da trama
Globo Repórter
Presente na versão original da novela Pantanal na voz de Almir Sater, em gravação feita para a produção pelo ator e cantor que em 2022 dá voz e vida ao chalaneiro Eugênio no remake da trama de Benedito Ruy Barbosa atualizada por Bruno Luperi, Chalana é música presente nos repertórios de vários artistas associados à música folk ruralista e à música sertaneja.
Já houve registros fonográficos de Chalana nas vozes do próprio Mario Zan (em 1954), das Irmãs Castro (em 1959), de Tonico & Tinoco (em 1971) de Sérgio Reis (em 1975), de Renato Teixeira com Pena Branco & Xavantinho (em 1992) e em gravação solo (em 1996), de Inezita Barroso (1925 – 2005) com Roberto Corrêa (em 1996), das irmãs Alzira E e Tetê Espíndola (em 1998), de Roberta Miranda (em 2008) e de César Menotti & Fabiano (em 2013), além de gravações instrumentais de violeiros como Renato Andrade (1932 – 2005) e Helena Meirelles (1924 – 2005).
E tudo indica que, pela força e aceitação perenes da canção, a viagem de Chalana pela música brasileira é infindável. A chalana pode até sumir na curva do rio, como diz a letra, mas sempre volta para carregar mais passageiros corroídos pela dor de amor, abarcando no caminho ouvintes seduzidos pela beleza da música.

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