Festas e Rodeios

Anitta valoriza o Brasil em eletrizante show no Coachella em movimento contrário ao feito pela artista no álbum ‘Versions of me’

Published

on

Cantora comanda ‘baile da pesada’ no festival com roteiro que citou músicas de Jorge Ben Jor e Carlinhos Brown entre sucessos como ‘Vai malandra’, ‘Garota de Ipanema’ e ‘Bola rebola’. ♪ ANÁLISE – Uma citação do samba esquema novo apresentado há 60 anos por Jorge Ben Jor, Mas que nada (1962), na introdução da apresentação histórica de Anitta no Coachella 2022 deu a senha para o entendimento do show com o qual a girl from Rio eletrizou o festival na noite de sexta-feira, 15 de abril.
Chamada ao palco pelo rapper norte-americano Snoop Doog, Anitta chegou de moto, vestida com as cores do Brasil, e comandou show que enfatizou a cultura nacional ao longo dos 43 minutos da apresentação, em movimento contrário ao feito pela cantora no recém-lançado álbum Versions of me (2022).
Se a moto que a conduziu ao palco foi alusão ao clipe do funk blockbuster de cinco anos atrás Vai malandra (2017), reproduzido ao fim do show, o cenário reproduziu o ambiente de favela e o som encadeou sons e ritmos do Brasil no palco povoado por bailarinos de figurinos multicoloridos.
Se Me gusta (2021) evocou o baticum do pagode baiano em número feito por Anitta com Saweetie, Faking love (2021) reverberou o funk melody. Houve até dança de capoeira no toque do berimbau e do movimento dos bailarinos, em interlúdio após Tua cara (2017), em número com citação de Magalenha (1992), música de Carlinhos Brown apresentada ao mundo há 30 anos em gravação feita pelo pianista fluminense Sergio Mendes com o toque do percussionista baiano.
Mais voltado para o mercado latino de língua hispânica, o segundo ato foi aberto com o reggaeton viral Envolver (2021) com direito a coreografia erotizada do tema, seguiu com Downtown (2017) e abriu novamente a guarda para o Brasil com o canto em português do samba Garota de Ipanema (Antonio Carlos Jobim e Vinicius de Moraes, 1962) – gancho perfeito para a lembrança na sequência inédita de Girl from Rio (2021), bossa-trap que se apropria do samba lançado há 60 anos.
Somente então Anitta acenou para o público norte-americano com Boys don’t cry (2022), o rock emo de vibe electropop, para depois voltar para o funk no terceiro ato, aberto com Rave de favela (2020), tema gravado por Anitta com MC Lan e Major Lazer.
O baile seguiu eletrizante até o fim do show, com cenário evocativo dos paredões dos bailes da equipe Furacão 2000, com a qual Anitta entrou em cena no início dos anos 2010.
Indiscutivelmente histórico, até pelo fato de ter sido a primeira apresentação solo de artista do Brasil no palco principal do festival Coachella, o show de Anitta surpreendeu por caminhar na direção contrário de Versions of me, álbum orquestrado por Ryan Tedder com 22 produtores musicais, dos quais somente dois, Dennis DJ e Papatinho, são do Brasil.
Se o país ficou diluído no disco, indeciso entre acenar para o mercado norte-americano e afagar o público hispânico, o Brasil imperou no show antológico de Anitta no Coachella 2022, com Bola rebola (2019) e com direito até ao Movimento da Sanfoninha (2014), em ação ousada e surpreendente para quem ambiciona o topo global do universo pop.

Leave a Reply

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Trending

Copyright © 2017 Zox News Theme. Theme by MVP Themes, powered by WordPress.