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Festas e Rodeios

Claudya enfrenta o paradoxo do álbum em que canta hits da Jovem Guarda em clima de bossa nova

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Resenha de álbum
Título: A nossa bossa sempre jovem
Artista: Claudya
Edição: Studio 8 Records / Tratore
Cotação: * * *
♪ O primeiro som que se ouve no 21º álbum de Claudya, A nossa bossa sempre jovem, é o de cordas sintetizadas e orquestradas com certa dramaticidade em arranjo evocativo da era do samba-canção dos anos 1940 e 1950. A introdução opulenta desse arranjo soa paradoxal em disco que busca jovialidade ao convergir dois universos musicais antagônicos.
Sob direção musical do pianista Alexandre Vianna, autor dos arranjos, a cantora carioca de quase 74 anos – a serem festejados na terça-feira, 10 de maio – dá voz no disco a dez canções do repertório da Jovem Guarda em clima de bossa nova.
Lançado na sexta-feira, 6 de maio, com capa que remete à estética dos discos da gravadora Elenco nos anos 1960, o álbum se calca em ideia que já é em si um paradoxo, pois a Bossa Nova foi movimento protagonizado por elite musical carioca que refinou a música brasileira – em especial o samba, pois, no toque revolucionário do violão de João Gilberto (1931 – 2019), a batida diferente da bossa nova sintetizava a cadência do samba – enquanto a Jovem Guarda foi movimento pop de origem popular que conquistou o Brasil ao irromper em São Paulo (SP) em 1965.
Se o repertório da bossa nova se nutriu de acordes fartos e harmonias ricas ao emergir a partir de 1958, bebendo de fonte que lhe deu a eterna juventude, o cancioneiro da Jovem Guarda se pautou pela simplicidade e pelo poder de comunicação com os brotos da classe média dos anos 1960.
Cantora revelada na segunda metade dessa década de 1960, já na era da MPB e dos festivais, Claudya – Maria das Graças Rallo na certidão de nascimento expedida no Rio de Janeiro (R) com a data de 10 de maio de 1948 – procura unir no álbum A nossa bossa sempre jovem dois mundos que pouco se comunicam.
Até porque, se a Bossa Nova simboliza leveza e alegria de viver sob o céu azul de Ipanema, a Jovem Guarda foi além da pretensa rebeldia do rock importado, crescendo aos ouvidos do público quando carregou nas baladas a tristeza e a rejeição das desilusões amorosas, matéria-prima de músicas como Ternura (Somehow it got to be tomorrow – Today, Estelle Kevitt e Kenny Karnen em versão em português de Rossini Pinto, 1965) – a canção adornada com cordas na abertura do disco – e Nossa canção (Luiz Ayrão, 1966).
Há, de fato, ao longo do disco uma ambiência de bossa nova criada pelos músicos Alexandre Vianna (piano), Bruno Migotto (contrabaixo), Flávio Barba (guitarra), Jorge Saavedra (bateria), Sidmar Vieira (trompete e flugelhorn) e Ubaldo Versolato (saxofone), mas que nem sempre promove a real convergência entre os dois universos musicais.
Basta ouvir Meu bem (Girl, John Lennon e Paul McCartney, 1965, em versão em português de Ronnie Von, 1966). para perceber que o paradoxo do disco se impõe sobre todas as coisas.
Canção da dupla Leno & Lilian que Adriana Calcanhotto tomou para si a partir de 2000, Devolva-me (Lilian Knapp e Renato Barros, 1966) soa inclusive dramática no canto de Claudya, na melhor interpretação do disco, com a voz guiada pelo piano de Alexandre Vianna.
Em contrapartida, Claudya tangencia o tom acariciante de Gatinha manhosa (Roberto Carlos e Erasmo Carlos, 1965), em arranjo com passagem jazzy, e acerta ao reabrir O caderninho (Olmir Stocker, 1967), sucessos de Erasmo Carlos.
As abordagens dos hits do Tremendão são dois bons momentos do álbum A nossa bossa sempre jovem, talvez porque haja nessas duas canções uma inocência adolescente e romântica que se afina com o leve estado de espírito da bossa nova. Inocência que parece se perder na lembrança de O ritmo da chuva (Rhythm of the rain – John Claude Gummoe, 1962, em versão em português de Demetrius, 1964) em arranjo que dilui a leveza do tema. Já Alguém na multidão (Rossini Pinto, 1965) sobressai no disco, reforçada por vocais que aludem ao fato de a canção ter sido sucesso do grupo Golden Boys.
Canção que preparou o terreno para a conquista do reino da juventude por Roberto Carlos, Aquele beijo que te dei (Edson Ribeiro, 1964) expõe o bom gosto que pauta os arranjos de Alexandre Vianna.
Excelente músico, Vianna ajuda Claudya a enfrentar contradições que ficam nítidas quando a cantora cai no suingue da música cubana ao dar voz à tristonha canção Eu daria a minha vida (Martinha, 1967) sem a melancolia do tema – paradoxo que rege o álbum A nossa bossa sempre jovem.

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Lana Del Rey se casa com guia turístico em cerimônia reservada

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Em seu perfil no Facebook, Jeremy Dufrene aparece ao lado de Lana desde 2019. Mesmo assim, o namoro dos dois nunca foi anunciado. Jeremy Dufrene e Lana Del Rey
Reprodução/Facebook
Lana Del Rey se casou nesta quinta-feira (26) em Luisiana, nos Estados Unidos, segundo o site americano “People”. A cantora selou os laços com Jeremy Dufrene, guia turístico com quem ela já tinha sido vista, apesar de nunca terem assumido o namoro.
Fotos e vídeos publicados pelo site “Daily Mail” mostram Lana trajada com um vestido branco e de mãos dadas com Dufrene.
O casal registrou sua certidão de casamento na segunda (23). A cerimônia foi reservada a famílias e amigos.
Dufrene é capitão de uma empresa de aerobarco, a Arthur’s Airboat Tours, que oferece passeios por pântanos repletos de jacarés e pássaros. Em seu perfil no Facebook, Dufrene aparece ao lado de Lana desde 2019.
A última vez que a cantora esteve no Brasil foi em junho de 2023, quando ela se apresentou no festival Mita.

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Caso Diddy vai virar série produzida por 50 Cent; episódios falam de acusações contra o rapper

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Músico foi preso no dia 16 por acusações de tráfico sexual e agressão. Ele é é alvo de várias ações civis que o caracterizam como um ‘predador sexual violento’. Sean ‘Diddy’ Combs em foto de 2017, em Nova York.
Lucas Jackson/Reuters
O rapper 50 Cent está produzindo uma série documental sobre o caso Sean “Diddy” Combs, músico preso no dia 16 por acusações de tráfico sexual e agressão. Foi o que o próprio 50 Cent disse à revista americana “Variety”.
Dirigida por Alexandria Stapleton, a série está sendo desenvolvida pela Netflix e ainda não tem previsão de lançamento. 50 Cent diz que os episódios se debruçam em “uma narrativa complexa que abrange décadas, não apenas as manchetes ou clipes vistos até agora”.
Combs é alvo de várias ações civis que o caracterizam como um “predador sexual violento”. Ele é acusado de usar álcool e drogas para submeter as vítimas aos abusos. Suas residências foram alvo de buscas por agentes federais neste ano.
“Continuamos firmes em nosso compromisso de dar voz aos sem voz e apresentar perspectivas autênticas e diferenciadas. Embora as alegações sejam perturbadoras, pedimos a todos que se lembrem de que a história de Sean Combs não é a história completa do hip-hop e sua cultura. Nosso objetivo é garantir que ações individuais não ofusquem as contribuições mais amplas da cultura.”
Caso Diddy: entenda o que é fato sobre o caso
O caso
A prisão de Sean Diddy Combs em 16 de setembro movimentou a indústria da música, levantou teorias nas redes sociais e fez explodir as buscas pelo nome do rapper na internet.
Ele foi preso em Nova York, nos Estados Unidos, após meses de investigações. No meio disso, houve a divulgação de um vídeo que mostra Diddy arrastando e chutando, sua então namorada, no corredor de um hotel.
Após meses de investigação, o rapper e empresário Sean “Diddy” Combs foi preso acusado de, segundo a Promotoria de Nova York:
tráfico sexual;
associação ilícita;
promoção da prostituição.
Durante “décadas”, Sean Combs “abusou, ameaçou e coagiu mulheres e outras pessoas ao seu redor para satisfazer seus desejos sexuais, proteger sua reputação e ocultar suas ações”, segundo o documento da acusação, que afirma que ele usava seu “império” musical para atingir seus objetivos.
Ele se declarou inocente em tribunal. O pagamento de fiança foi negado e ele segue preso, aguardando julgamento. Segundo a imprensa internacional, caso seja julgado culpado das três acusações, Diddy pode ser condenado a prisão perpétua.
Leia também:
Entenda acusações de tráfico sexual e associação ilícita contra o rapper
A famosa prisão onde rapper Diddy está detido: ‘O caos reina’
Caso Diddy: advogado explica quantidade de óleo de bebê encontrada na casa do rapper

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Megaexposição reúne obras raras de Van Gogh; veja imagens

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Exibição do artista comemora 200 anos da National Gallery, em Londres. Megaexposição reúne obras raras de Van Gogh
Uma megaexposição na National Gallery, em Londres, reuniu algumas das principais pinturas de Vincent Van Gogh — algumas delas vistas poucas vezes em público. Intitulada de “Poetas e Amantes”, a exibição faz parte das comemorações dos 200 anos do museu. Veja no vídeo acima.
O National Gallery já contava com uma dúzia de pinturas de Van Gogh. Para a ocasião, foram selecionadas 60 obras, vindas de diversos países, como Estados Unidos, França e Holanda. Algumas delas nunca haviam saído dos países para os quais foram vendidos, como, por exemplo, “Noite Estrelada sobre o Ródano”.
Megaexposição reúne obras raras de Van Gogh
Reprodução/TV Globo
Foco nos últimos anos de vida do artista
A megaexposição se concentra em dois anos decisivos da vida de Van Gogh, entre 1888 e 1890, ano em que ele morreu aos 37 anos. Nesse período, Van Gogh viveu em Arles e Saint-Rémy, na Provença.
Durante essa fase, o artista produziu uma série de trabalhos marcados pelas cores vibrantes do sul da França e os tons de amarelo pelos quais é conhecido. Os curadores reuniram quadros e desenhos desse período para ilustrar esse momento da vida do pintor.
Megaexposição reúne obras raras de Van Gogh
Reprodução/TV Globo
Exibição inédita de ‘Girassóis’
Uma das séries mais conhecidas de Van Gogh, “Girassóis”, ganha destaque na exposição. Pela primeira vez, as obras estão sendo apresentadas conforme a visão original do pintor.
A National Gallery, que já possuía um dos quadros, trouxe outro emprestado dos Estados Unidos e incluiu a pintura “Canção de Ninar”, após descobrirem, por meio de cartas do artista ao irmão, Theo, que Van Gogh havia planejado compor os girassóis — um com fundo amarelo e outro com fundo azul — como moldura para a figura de uma mulher.
Megaexposição reúne obras raras de Van Gogh
Reprodução/TV Globo
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