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Nani Venâncio, musa da abertura original de ‘Pantanal’, fala de susto após AVCs: ‘Grata pela 2ª chance’

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Apresentadora tem 53 anos e é mãe de duas meninas: ‘Não tenho esse problema de envelhecer.’ Série do g1 narra trajetória e conta como estão ‘musas dos anos 90’. Nani Venâncio, musa da abertura original de ‘Pantanal’, fala de susto após AVCs
Quando foi ao ar o primeiro capítulo do remake de “Pantanal”, muita gente se perguntou onde estava a onça que marcou a abertura da novela originalmente transmitida em 1990.
Naquela época, imagens do animal se mesclavam com a de uma mulher nua ao som de “Pantanal”, composição de Marcus Viana.
Na nova versão, a trilha sonora seguiu a mesma (dessa vez, interpretada por Maria Bethânia), mas as imagens ficaram restritas à beleza natural do bioma da região.
Nesta semana, o g1 dá voz às mulheres que foram chamadas de musas nos anos 1990. Nesta série de entrevistas, elas relembram as trajetórias e contam como estão.
Nani Venâncio em imagem que foi ao ar na vinheta da novela “Pantanal, em 1990. Hoje, ela foca sua carreira na apresentação
Reprodução
Muitos ainda lembram dessas imagens, mas Nani diz não viver no passado. “A gente não pode parar no tempo.”
“Quando eu quero passado, eu vou no museu. Se você ficar presa no passado, é muito complicado, porque muitas mulheres entraram em surto.”
Além de “Pantanal”, ela foi atriz e se formou pela Casa das Artes de Laranjeiras. Também participou de eventos e posou em capas de revista, incluindo a “Playboy”.
Hoje, aos 53 anos e mãe de duas meninas [Manasha, de 29 anos, e Moira, de 12], tem seu foco voltado para a apresentação. No comando do “Tarde Top” da Rede Brasil há 14 anos, ela comanda um programa na rádio Vibe Mundial e acaba de estrear um podcast.
A carreira como atriz, definitivamente, ficou para trás. E não foi por falta de convites, segundo Nani.
“Acho que na vida a gente tem que ter a percepção de quando você é muito boa numa coisa. Eu me achava mediana. Sabe aquela atriz mais ou menos?”.
Nani Venâncio
Reprodução/Instagram
g1 – Quando fizemos o primeiro contato por telefone, você comentou que nas décadas de 1980 e 1990 tinham muitas musas, assim como hoje existe as influencers. Você acha que morreu a fase de musas, a era das musas?
Nani – Eu acho que morreu o nome, né? Porque antigamente era muito mágico, era muito forte isso. Aconteceu, virou manchete, era capa de revista, era musa, musa do verão brasileiro, musa de não sei o que, musa… acho que hoje só tem musa no Carnaval, não é? Mesmo assim, você vê que falam mais das antigas. Eu acho que mudou o nome. Porque hoje o mundo está tão digital… Agora é influencer.
g1 – Então se você fosse citar algum nome de musa hoje, não teria?
Nani – Vamos pensar juntas aí? Quem poderia… Sabrina Sato é uma musa, seria uma musa. Porque naquela época eu acho que uma musa era um contexto geral. Tinha o apelo da sensualidade, a gente saia em capas de revistas, viajava o Brasil inteiro.
Acho que a Paolla Oliveira é uma musa. Maravilhosa. Para mim, perfeita. São duas musas fantásticas. Eu acho também maravilhosa a Juliana Paes. Para mim, ela é uma musa, perfeita.
g1 – Muito bacana esses nomes que você citou porque todas as musas de 1990 que entrevistei citam que as musas da atualidade são mulheres mais velhas do que naquela época, quando as mulheres que recebiam esse título estavam mais na casa dos 20 e poucos anos, né?
Nani – É, dos 20… A gente precisa primeiro definir o que é musa, né?
g1 – O que é musa para você?
Nani – Pois é, eu não tenho essa definição. Para a gente, naquela época, era uma mulher glamourosa, uma mulher que se destacava, se sobressaia, chegava e parecia que o mundo parava, sabe assim? Era aquela sensação.
Eu às vezes visitava, ia a algumas cidades para fazer algum evento, e a gente era recebida na cidade em carros de bombeiro com batedores de polícia. É uma coisa que parava. Naquela época, não tinha internet, a informação era muito lenta, era mais difícil.
Hoje, com celular, você está perto do mundo. Você está conectado com o mundo. Então eu acho que era essa magia de estar perto de uma mulher que saía na capa da revista. O único acesso que eles tinham eram aquelas fotos.
g1 – Novamente, quando falamos a primeira vez, me deu a sensação de que o título de musa te incomodava de certa forma. Te incomoda ou já te incomodou em algum momento?
Nani – Não, não me incomodou. É só que eu acho assim, eu só não vivo no passado. Eu não sou aquela mulher saudosista. Tô com 53 anos. Eu não tenho esse problema de envelhecer.
Por isso que eu te falo. Eu jogo sempre no passado, já fui musa, já fui capa de tudo. Fui gata da cidade do Rio de Janeiro em 87, musa do Verão Brasileiro, bumbum mais bonito do Brasil…
Eu fazia campanha para Cruz Vermelha para arrecadação de órgãos. Fazia muita campanha, não era uma coisa apelativa para o corpo. O que a gente fazia era uma nudez sem a maldade. Tanto que eu só fiz uma capa de Playboy. Eu nunca fiquei só em cima de sensualidade. Até porque eu era contratado da Globo. Fazia “Viva o Gordo”, “Os Trapalhões”, “Você Decide”…
Eu sempre fui pé no chão. Muitas mulheres deslumbravam, viajavam. Eu, não. Eu comprei casa, minha casa, minha cabeça é outra. E então assim… você não é sempre. Você pode viver na memória das pessoas que eram da época.
A gente ficou na memória de quem viveu a época, foi uma época que marcou, foi uma época diferente. A abertura de Pantanal parou o país, todo mundo sabe o que era a novela Pantanal, que a mulher onça Pantanal mexeu com a fantasia, com a cabeça das pessoas. Mas eu sempre trabalhei o outro lado.
Nani Venâncio com as filhas Manasha, de 29 anos, e Moira, de 12
Reprodução/Instagram
g1 – Você falou que não tem problema em envelhecer, parece ser muito bem resolvida quanto a isso. E estamos vivendo um momento em que muitas mulheres que estão na mídia recebem críticas nas redes sociais simplesmente porque estão envelhecendo. A Xuxa, por exemplo, costuma falar sobre isso. Como que você reage com esse tipo de crítica? Elas chegam pra você também?
Nani – Não. Eu não recebo. Sabe por quê? Porque eu sou muito aberta. Eu nunca menti idade, eu sempre brinquei na televisão que tenho 31 anos… de carreira.
Envelhecer, gente, é uma dádiva para poucos. Sorte a minha já ter passado de meio século, ter conseguido isso, porque muitos morrem tão jovens, né? Não tem essa alegria, essa felicidade, desse caminho na vida.
Eu tenho uma filha de 26 e, no início, ela me questionava muito, meio crise na adolescência. Eu tinha um pôster em uma casa minha, eu grávida de quatro meses, nem barriga eu tinha, e ela falava: “Eu não acredito, você grávida de mim tem menos barriga que eu. Meus amigos ficam falando que você foi capa de um monte de revista, que você foi isso, que você foi musa…”.
Eu sempre trabalho isso na cabeça dela. “Olha, isso foi passado. Isso eu fui, hoje é você, hoje é sua época, não precisa ficar nessa. Eu fui. Sim, já fui maravilhosa, andava me sentindo. Já tive 20, já tive 30, já tive 40, eu estou com 50.
“Ai, nossa, que máximo, estou envelhecendo”. Máximo o caramba, mentira! “Ah, a melhor fase é envelhecer”. Envelhecer, não. O melhor da história de envelhecer é a sabedoria, o conhecimento, a bagagem que a gente traz.
g1 – Você está 100% apresentadora? A parte artística, seu trabalho como atriz, você parou totalmente?
Nani – Parei. Acho que na vida também a gente tem que ter a percepção de quando você é muito boa numa coisa. Eu me achava mediana. Sabe aquela atriz mais ou menos?
Quando eu via umas pessoas maravilhosas atuando, eu falei: “não, eu não vou ficar atuando porque tem gente muito melhor que eu”. Acho que eu estou tirando o lugar de pessoas muito talentosas para eu ficar ocupando.
Eu recebi, te juro, até antes da pandemia, uns três convites para cinema. Vivo recebendo convite para teatro, que eu adoro.
Em foto no Instagram, Nani Venâncio relembra momento ao lado do maquiador e ator Zé Reinaldo
Reprodução/Instagram
g1 – Seu currículo é bastante extenso. Além dos trabalhos como apresentadora, atuou, posou para revistas, saiu na ‘Playboy’, se envolveu em política… Você se arrepende de algo que fez ou até de alguma coisa que não tenha feito?
Nani – Eu acho que a gente não pode arrepender de nada, tudo vale como uma lição. Às vezes, a gente tem um pouco de sonho, mas aí a gente não pode se cobrar de ser arrependimento. Eu saí candidata a deputada estadual, vereadora, vale uma grande experiência. Na política, eu adoraria, de verdade, de trabalhar muito no social, dentro das comunidades, dar voz pra essas mulheres que não são ouvidas, para as pessoas.
Como seria melhor se tivesse muito mais mulheres na política, um olhar diferente, um olhar mais humano, um olhar mais sensível. Sou meio indignada quando eu vejo que 53% do eleitorado do país são mulheres e a gente não é elege mulher. Nós, mulheres, temos que mudar isso.
g1- Você passou por um susto no parto da sua segunda filha. Esse susto mudou alguma coisa na sua visão de vida ou no seu dia a dia?
Nani – Bom, eu tive dois AVC, uma trombose cerebral hemorrágica, 87% de chance de óbito. Quando você tem uma experiência que é um EQM, uma experiência quase morte, você volta diferente. E você volta mais aguçada com tudo. E exatamente com essa visão também, a palavra gratidão.
Eu sou grata pela segunda chance. Porque eu adoro estar aqui, vou falar para você. Eu adoro. Eu adoro gente, adoro árvore, adoro pedra, cachoeira. Eu gosto de viver eu amo viver. E quando eu percebi, quando eu voltei, que eu perdi dois terços da visão periférica, enxergava nada do lado esquerdo, 19 Kg a menos, tive que reaprender a andar, tudo… Aí eu falei: “Nossa, tô viva. Ai, que bom. Por que que eu sobrevivi? Qual a missão, o que que eu tenho que aprender?”
Porque eu entendo que tudo é para aprendizado. Se eu fiquei aqui, alguma coisa eu tenho que aprender ainda. Alguma coisa não estava tão bacana.
“Eu sou muito feliz, eu quero aproveitar. Eu quero fazer um bolo de 100 anos. Te juro. Eu já estou com 53. Com 40, eu tive tudo isso, 87% de chance óbito, voltei. Ah não, meu bem, agora eu vou ficar aqui até os 100.”
Nani Venâncio
Reprodução/Instagram
Relembre a trajetória de Nani Venâncio:
10 de setembro de 1968: Nani Venâncio nasce em Galiléia, Minas Gerais
1987: ingressou na TV Globo, onde participou dos programas “Viva o Gordo”, “Os Trapalhões” e “Você Decide”
1989: é capa da revista Playboy
1990: é estrela da vinheta de abertura da novela “Pantanal”. No mesmo ano, faz parte da minissérie “O Canto das sereias” e estreia seu primeiro trabalho como apresentadora, com o VT Show
1993: faz sua primeira novela na Globo, em “Olho no olho”
1994 a 1997: Apresenta o Nani Mulher, na Rede Mulher
1995: dá à luz sua primeira filha, Manasha
2009: dá à luz sua segunda filha, Moira. Sofreu um AVC durante o parto
2009: estreia programa “A Tarde é show”, na Rede Brasil. Atualmente, a atração se chama “Tarde Top”
2012: se candidatou ao cargo de vereadora em SP pelo Partido Republicano Brasileiro, mas não foi eleita
2014: se candidatou ao cargo de deputada estadual do estado de São Paulo, mas não foi eleita
2022: estreia programa “Altos Papos” na Rádio Vibe Mundial

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