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Festas e Rodeios

Álbum de Renato Teixeira com Fagner é mais fiel à natureza e poesia do som do trovador paulista

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Bom nível da inédita safra autoral dos compositores valoriza disco engrandecido pela presença de Almir Sater na bela canção ‘Para nosso amor amém’ e na regravação de ‘Tocando em frente’. Capa do álbum ‘Naturezas’, de Renato Teixeira e Raimundo Fagner
Ilustração de Elifas Andreato
Resenha de álbum
Título: Naturezas
Artistas: Renato Teixeira e Raimundo Fagner
Edição: Kuarup
Cotação: * * * 1/2
♪ É sintomática a disposição dos nomes de Raimundo Fagner e Renato Teixeira na capa de Naturezas, álbum que reúne pela primeira vez o artista cearense de 72 anos com o trovador paulista de 77 anos completados em 20 de maio, data estrategicamente escolhida para a chegada do disco nos aplicativos de música.
Está lá grafado, acima da bela ilustração criada por Elifas Andreato (1946 – 2022) para a capa, “Renato Teixeira + Fagner”, como a indicar que Naturezas é álbum de Renato Teixeira com Fagner. Em bom português, a natureza interiorana do som folk do compositor de Romaria (1977) prevalece sobre o nordeste ibérico de Fagner ao longo das dez músicas do disco gravado em novembro de 2021, no estúdio da gravadora Kuarup, na cidade de São Paulo (SP).
É como se Fagner generosamente tivesse se submetido à arte e à poesia de Teixeira, ainda que paradoxalmente sejam dele, Fagner, as melodias das músicas inéditas letradas por Teixeira.
A exceção – dentro dessa safra inédita de bom nível melódico e poético, arranjada por Maurício Novaes com reverência à natureza harmônica e filosófica de disco pautado pela delicadeza – é a canção Eu só quero ser feliz, cuja melodia é do compositor e pianista carioca Antonio Adolfo (anteriormente letrada por Fausto Nilo, a melodia de Adolfo foi enviada por Fagner a Teixeira por engano, gerando então a primeira inusitada parceria do trio).
Nessa balada Eu só quero ser feliz, adornada com cordas e cantada somente por Fagner com a voz mais grave e menos rascante, o artista cearense professa a fé na “lida da vida” e a vontade de continuar provando o “fogo da paixão”.
No mesmo reflexivo tom outonal, Renato Teixeira sola Juro procê, balada de urbanidade atípica em disco que transita sobretudo pelo Brasil interiorano, como na moda contemporânea Arte e poesia – em que Fagner e Renato Teixeira unem vozes para saudar a simplicidade da vida na contramão da agitação da era hi-tech – e no folk-country Eu comigo mesmo.
Faixa lançada em single editado em 18 de março, Eu comigo mesmo tem vocais que evocam ligeiramente a estética do doo-wop em gravação que evidencia também o toque magistral da guitarra de Natan Marques, virtuose da banda arregimentada para o disco e formada, além de Natan, por Cainã Cavalcante (violão), João Cristal (piano), Maguinho Alcântara (bateria), Maurício Novaes (teclados, violão e percussão) e Wilson Levy (contrabaixo).
A guitarra de Natan também sobressai no arranjo de Mucuripe (Raimundo Fagner e Belchior, 1972), cujo registro expõe – já na segunda faixa do disco Naturezas, lançada como single em 29 de abril – o tom mais polido do canto de Fagner, característica que valorizou o disco álbum solo do artista, Serenata (2020).
Almir Sater (à esquerda) marca dupla presença no álbum de Fagner (de boné) e Renato Teixeira
Divulgação / Kuarup
Mucuripe é uma das duas únicas músicas regravadas pelos cantores no álbum, cuja edição física em CD está prevista para junho pela gravadora Kuarup.
A outra, Tocando em frente (Almir Sater e Renato Teixeira, 1990), abre o disco, tendo sido lançada em 17 de dezembro de 2021 como primeiro single do álbum Naturezas. Além da bela trama de violões, a gravação tem valor documental por ser o primeiro registro fonográfico da canção com as vozes dos dois autores, Sater e Teixeira, aos quais se unem Fagner, pela primeira vez interpretando os versos apresentados ao Brasil na voz de Maria Bethânia em 1990.
Almir Sater também aparece como convidado dos anfitriões em Para nosso amor amém, canção curativa entoada pelo trio em feitio de oração em gravação que representa pico de beleza no fluxo sereno do álbum Naturezas.
Sem o mesmo poder de sedução, Linda de mansinho é canção que resvala no romantismo trivial enquanto o bolero Rastros da paixão tenta pegar mais na veia desse cancioneiro sentimental para exaltar o compositor cearense Evaldo Gouveia (1928 – 2020), vizinho de Fagner na casa do artista em Fortaleza (CE). São duas faixas menores dentro do conjunto da obra.
E por falar no estado natal de Fagner, Aqui é Ceará saúda as águas e ventos desse lugar. Deveria ser a faixa com mais cara de Fagner no disco e, de certa forma, é. Mesmo assim, embora a letra cite nominalmente o Ceará, parece que Renato Teixeira, autor dos versos, está falando do Pantanal ou de qualquer outro lugar do interior do Brasil em que o folk positivista do trovador paulista se ambienta com naturalidade.
O que somente reforça a sensação de que Naturezas não é um disco de Renato Teixeira e Fagner, mas, e aí há diferença sutil, um álbum de Renato Teixeira com Fagner.
Renato Teixeira e Fagner (de boné) reúnem dez músicas no álbum ‘Naturezas’
Leonardo Rodrigues / Divulgação Kuarup

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Raoni Ventapane, neto de Martinho da Vila, assina o samba-enredo da Unidos de Vila Isabel no Carnaval de 2025

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♪ É inevitável recorrer ao clichê de que “na casa de Martinho da Vila, todo mundo é bamba” quando chega a notícia de que um dos netos do compositor fluminense integra o time campeão dos compositores que assinam o samba-enredo escolhido pela Unidos de Vila Isabel na madrugada deste sábado, 28 de setembro, para o desfile das escolas de sambas do Rio de Janeiro no Carnaval de 2025.
Integrante da Ala de Compositores da agremiação azul-e-branca que Martinho da Vila carrega no sobrenome artístico, Raoni Ventapane assina com Ricardo Mendonça, Dedé Aguiar, Guilherme Karraz, Miguel Dibo e Gigi da Estiva o samba criado a partir do enredo Quanto mais eu rezo, mais assombração aparece.
Filho de Analimar Ventapane, Raoni é cantor, compositor e ritmista da Swingueira de Noel, nome do grupo de bateristas da Unidos de Vila Isabel.
O samba-enredo de Raoni Ventapane venceu outros dois sambas na disputa realizada na quadra da escola, que será a última a desfilar na segunda-feira de Carnaval.
Raoni Ventapane (ao centro) celebra a vitória do samba-enredo ‘Quanto mais eu rezo, mais assombração aparece’ na disputa encerrada na madrugada de hoje
Divulgação / Unidos de Vila Isabel
♪ Eis a letra do samba-enredo campeão da Unidos de Vila Isabel no Carnaval de 2025:
Quanto mais eu rezo, mais assombração aparece
(Raoni Ventapane, Ricardo Mendonça, Dedé Aguiar, Guilherme Karraz, Miguel Dibo e Gigi da Estiva)
“Embarque nesse trem da ilusão
Não tenha medo de se entregar
Pois nosso maquinista é capitão
E comanda a multidão que vem lá do boulevard…
O breu e o susto em meio a floresta
Por entre os arbustos, quem se manifesta?…
Cara feia pra mim é fome
Vá de retro lobisomem, curupira sai pra lá.
No clarão da lua cheia
Margeando rio abaixo
Ouço um canto de sereia
Ê caboclo d’água
Da água que me assombra
A sombra da meia noite
Foi-se a noite de luar
Na tempestade, encantada é a gaiola
Chora viola, pra alma penada sambar
Nas redondezas credo em cruz ave maria
Quanto mais samba tocava, mais defunto aparecia
Silêncio…
Ao som do último suspiro vai chegar
A batucada suingada de vampiros
Quando o apito anunciar….
Eu aprendi que desde os tempos de criança
A minha vila sempre foi bicho papão
Por isso, me encantei com esse feitiço
Que hoje causa reboliço dentro desse caldeirão
Solta o bicho minha vila dá um baile de alegria
É o povo do samba virado na bruxaria
Quanto mais eu rezo, quanto mais eu faço prece
Mais assombração que aparece”

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Festas e Rodeios

‘Acabou vindo para cima de mim porque perdeu a cabeça’, diz ex de Ryan SP após foto em que funkeiro parece agredi-la

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Giovanna Roque reclamou de repercussão de imagem e disse que o músico está sendo alvo de ‘gente muito suja’ que deseja prejudicá-lo. MC Ryan SP e Giovanna Roque
Reprodução/Instagram
A influenciadora Giovanna Roque publicou no Instagram um vídeo em defesa de seu ex-namorado, MC Ryan SP. O post foi feito nesta sexta (27), horas após o vazamento de uma imagem em que o funkeiro parece estar dando chutes nela.
“O Ryan não é essa pessoa ruim que vocês estão pensando que ele é”, afirmou a influenciadora. “Ocorreu, sim, uma discussão no último término que a gente teve. O Ryan tinha aprontado e, nesse dia, eu perdi muito a cabeça, fiquei muito nervosa. Quebrei o telefone dele, fui para cima dele. E aí, ele ficou muito nervoso por conta dessas coisas e acabou vindo para cima de mim também, porque ele perdeu a cabeça. A gente deu abertura pro inimigo. Isso nunca aconteceu antes.”
Roque reclamou da repercussão da imagem e também disse que o músico está sendo alvo de “gente muito suja” que deseja prejudicá-lo. Os dois têm uma filha de nove meses.
“A gente realmente brigou”, afirmou ela. “Então, quer dizer que ele não pode errar uma vez?”
A assessoria do funkeiro disse que, por enquanto, não vai se pronunciar. Ryan é conhecido por hits como “Let’s Go 4”, “Filha do Deputado” e “Vai Vendo”.

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Quinteto Villa-Lobos irmana Caymmi, K-Ximbinho, Noel Rosa, Pixinguinha e Jacob nos sopros do álbum ‘Sempre’

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Quinteto Villa-Lobos lança o álbum ‘Sempre’ em 1º de outubro
Daniel Erbendinger / Divulgação
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♪ Em cena desde 1962, o Quinteto Villa-Lobos sempre cruzou as fronteiras entre a música erudita e a canção popular brasileira ao longo dos 62 anos de atividade profissional.
Sempre – álbum que o grupo de sopros lançará na terça-feira, 1º de outubro, em edição da gravadora Biscoito Fino – investe nessa mistura de linguagens através dos registros fonográficos de temas de compositores brasileiros como Dorival Caymmi (1914 – 2008), Jacob do Bandolim (1918 – 1969), Joel Nascimento, K-Ximbinho (1917 – 1980), Noel Rosa (1910 – 1937) e Pixinguinha (1897 – 1973).
Formado atualmente por Aloysio Fagerlande (fagote), Cristiano Alves (clarinete), Philip Doyle (trompa), Rodrigo Herculano (oboé) e Rubem Schuenck (flauta), o Quinteto Villa-Lobos assina a direção musical e a produção do álbum em que irmana esses grandes compositores brasileiros nos sopros de Sempre.
Gravado no estúdio A casa, o álbum Sempre reproduz quatro arranjos de Paulo Sérgio Santos – como os do samba-canção Só louco (1955) e de Modinha para Gabriela (1975), temas de Caymmi – em tributo a este clarinetista que integrou o Quinteto Villa-Lobos por cerca de cinco décadas.
O repertório do disco inclui Ainda me recordo (Pixinguinha e Benedito Lacerda, 1932), Noites cariocas (Jacob do Bandolim, 1957), Teleguiado (K-Ximbinho, 1958) e O pássaro (Joel Nascimento, 1978), além de Visitando Noel, medley que agrega Feitiço da Vila (Vadico e Noel Rosa, 1934), As pastorinhas (Braguinha e Noel Rosa, 1934), Conversa de botequim (Noel Rosa e Vadico, 1935) e Palpite infeliz (Noel Rosa, 1935).
Capa do álbum ‘Sempre’, do Quinteto Villa-Lobos
Divulgação

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