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Zé Ibarra ‘acontece’ ao fazer o show de abertura da ‘Última sessão de música’ de Milton Nascimento

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Resenha de show de abertura da turnê A última sessão de música, de Milton Nascimento
Título: Zé Ibarra
Artista: Zé Ibarra
Local: Grande Sala da Cidade das Artes Bibi Ferreira (Rio de Janeiro, RJ)
Data: 11 de junho de 2022
Cotação: * * * *
♪ “Deu para ver que aconteceu”, celebrou Zé Ibarra antes de cantar a sexta e última música do curto show que serviu de aperitivo para o espetáculo que seria apresentado na sequência por Milton Nascimento no palco da Grande Sala da Cidade das Artes Bibi Ferreira na noite de ontem, 11 de junho, no Rio de Janeiro (RJ).
Ibarra tinha dito segundos antes que, ao olhar para o público, sabia detectar quando “acontece alguma coisa”. De fato, munido somente do violão e da voz especial, capaz de alcançar o âmago das canções com uso do falsete sem abusar desse registro, o artista carioca segurou a atenção da plateia ansiosa para assistir à estreia mundial d’A última sessão de música, derradeira turnê de Milton Nascimento.
Já ao abrir o show com Dos cruces (Carmelo Larrea, 1952) – tema do cancioneiro espanhol incluído por Milton no repertório do álbum Clube da Esquina (1972) – cravou no peito do público a dor dos dois incompreendidos amantes sevilhanos que caíram no esquecimento.
A força desse número inicial foi bisado no fecho da apresentação com a admirável lembrança de Vou-me embora, canção de Paulo Diniz em parceria com Roberto José, lançada por Diniz há 50 anos, no mesmo ano de 1972 em que Milton alicerçou o Clube da Esquina. Ao dar voz a Vou-me embora com precisão, Zé Ibarra mostrou que canta com alma e que tem aquele indefinível algo mais que legitima um artista.
Entre a abertura e o fecho do show, Ibarra expôs a evolução como compositor ao revisitar Itamonte (2018) – canção de inspiração mineira lançada há quatro anos em single que ofereceu a primeira amostra do ainda inédito segundo álbum da Dônica, banda carioca na qual Ibarra foi revelado em 2014 – e extraiu suingue do violão ao cantar composição de Dora Morelenbaum em parceria com Tom Veloso antes de cair no samba Hello (Sophia Chablau, 2021) para reiterar que, embora ligado ao universo do Clube da Esquina, influência explicitada no primeiro disco da Dônica, está irmanado com a própria geração.
Do repertório ainda inédito da Dônica, aliás, Ibarra pinçou a canção Como eu queria voltar (2018), parceria do artista com Lucas Nunes e Tom Veloso.
Com andar firme por caminhos que o tem levado ao posto de uma das grandes revelações da música brasileira, Ibarra está muito acima da onda hype da banda Bala Desejo, como provou ao acontecer neste show de abertura que aqueceu o público para a sessão de música de Milton Nascimento, na qual Zé Ibarra também é um acontecimento.

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