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Como adaptar um segundo pet ao lar? Veterinário dá dicas para quem quer ter um novo companheiro em casa

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‘Pais de pets’ relatam dificuldades iniciais para adaptação de um novo morador; especialista pontua que as estratégias devem focar principalmente na territorialidade do ambiente. Fatores como sexo, raça e idade podem dificultar ou facilitar a adaptação entre os pets
Camila Maichaki/Arquivo Pessoal
A aventura de criar um pet, seja gato ou cachorro, envolve muito mais do que apenas o amor por ele. É preciso responsabilidade e cuidado para lidar com todas as particularidades do seu animal.
Quando a ideia é trazer um segundo animal para casa, o desafio dobra e, antes de mais nada, é preciso paciência para lidar com a adaptação. Fatores como sexo, raça e idade podem dificultar ou facilitar a adaptação entre ambos.
Antes de tudo, para cada novo pet, o tutor precisa estar ciente de que vai precisar de comida, vacinas e remédios em dobro, triplo, quádruplo e assim por diante. Então, os gastos são sempre um ponto a ser considerado.
Tomada a decisão de tê-lo, a introdução de um segundo animal deve envolver etapas que esbarram principalmente na questão da territorialidade do ambiente, como explica o veterinário Bruno Picoloto.
“Nada impede a inserção de um pet a um ambiente que já tenha um outro animal, seja um cachorro com outro cachorro, um gato com gato ou até mesmo um cachorro com outro gato. No entanto, a inclusão, por exemplo, de um cão macho no território de outro cão pode levar a uma competitividade no ambiente, mas existem estratégias para essa adaptação”, conta o veterinário.
Outro problema que deve ser levado em conta na hora de adotar um novo pet é o relacionamento entre os animais. De acordo com o veterinário, é comum que alguns pets se desentendam.
“Em muitos casos, pode haver uma disputa por território entre eles. E, às vezes, o dono também é considerado parte do território”, complementa o veterinário
O primeiro passo da adaptação é separar um cômodo na casa para o novo morador, preparando previamente esse local com acessórios como cama, comedouro e bebedouro. Após preparar o novo cantinho, deixe que o pet já residente cheire os novos acessórios e reconheça o ambiente, mas sempre evitando que ele use os novos acessórios. O foco é que ele observe e comece a entender que um novo morador irá chegar.
Além disso, é preciso ter em mente que o ideal é que, até para diminuir ou evitar uma possível competitividade entre os dois animais, cada um tenha suas próprias coisas, como pote de água e de comida, além de uma cama para cada um.
Um outro ponto importante é analisar a rotina e também os hábitos e personalidade do animal residente para que, posteriormente, seja possível trazer o companheiro. Para ambos, tudo será novo e exige tempo para aceitar e poder se acostumar com a integração e as mudanças da realidade.
Com a chegada do novo residente, o primeiro encontro será sempre uma incógnita e deve ser supervisionado até o tutor sentir segurança em deixá-los sozinhos e livres.
É importante analisar a rotina e também os hábitos e personalidade do animal residente para que, posteriormente, seja possível trazer o companheiro
Shutterstock/Reprodução
Dicas
Promova os encontros em locais onde tenham controle total de ambos;
Distribua atenção igual aos dois pets;
Nos casos dos gatos, prepare uma zona de segurança: arranhadores, prateleiras de andares, caixas;
No caso da adaptação de gatos e cachorros, delimite a zona do dois até que eles se familiarizem um ao outro;
Comedouros e bebedouros separados;
Deixe um interagir com o outro, permitir que eles se conheçam, se cheirem, passem tempo juntos. Porém, sempre que sozinhos, fazer a separação.
Outra dica para ajudar nesse primeiro encontro é usar difusores que liberam feromônios. Essa substância tem a capacidade de acalmar esses animais, favorecendo a boa relação entre eles.
“No mercado especializado, você pode encontrar o difusor de feromônio específico para cachorro e gato. No caso de quem vai unir as duas espécies, você pode utilizar os dois produtos, aumentando as chances de ter um ambiente compartilhado mais tranquilo”, aconselha o veterinário.
Para diminuir ou evitar uma possível competitividade entre os dois animais, é ideal que cada um tenha suas próprias coisas
Luís Ricardo da Silva/Arquivo Pessoal
Histórias de união
Se adaptar um primeiro animal a um segundo pet já é difícil, imagina apresentar um pitbull a um gato e, depois, um gato a um pitbull? Pois é, esse foi o desafio vencido por Camila Maichaki, de 23 anos, tutora de dois gatos e um cachorro, no interior de SP.
Moradora de uma república estudantil, em Bauru (SP), a estudante de jornalismo compartilha com as outras residentes a paixão pelos animais e, consequentemente, a adaptação dos pets entre eles em casa.
“Nós tínhamos um gatinho, o Cleiton, depois veio a pitbull, a Majô, e, por último, o Jorge, nosso segundo gatinho. Foi preciso muita paciência nessas duas adaptações. É necessário que eles entendam que não existe um dono do local”, conta Camila.
Cleiton, carinhosamente apelidado de ‘Cleitinho’, foi o primeiro a chegar ao local. Castrado e com cinco anos e meio, o gato de personalidade calma já era de uma das moradoras antes mesmo de chegar à república. Pouco tempo depois, o Cleitinho teve que enfrentar o desafio de lidar com a chegada de uma nova moradora, a pitbull Majô.
Cleitinho e Majô dividem o lar numa república em Bauru (SP)
Camila Maichaki/Arquivo Pessoal
“A Majô veio muito filhotinha para casa e foi até fácil fazer essa adaptação com o Cleiton. Ele logo mostrou para ela que o território não era só dela, que ela tinha chegado depois e que precisava respeitar. Os gatos normalmente são muito territorialistas e sabem se defender. Às vezes, a gente imagina que os cachorros possam causar uma tragédia ou ser muito mais perigosos, até porque são mais fortes, mas os gatos são muito mais ágeis. Para o Cleitinho, era muito fácil escapar da Majô”, comenta.
Ainda que seja possível ensiná-los a socializar, fazer isso de maneira equivocada pode ser um erro fatal. Por isso, Camila seguiu algumas recomendações do veterinário, como proporcionar, primeiro, um contato visual, mas sem o contato físico. Uma das formas de fazê-lo é deixar que se vejam através de uma porta de vidro.
Na hora de partir para o contato físico, ele deve ser feito com uma barreira, mantendo os pets separados por um portão ou caixinha de transporte.
Essas orientações foram valiosas especialmente para o segundo processo de adaptação na casa de Camila. O gato Jorge, de apenas 5 meses, após ser abandonado na rua, foi recolhido e introduzido a um mundo com uma pitbull e um outro gato.
“Com o Jorge, a gente ficou mais preocupado na hora da adaptação. Abandonaram ele aqui na frente de casa e ficamos com muita dó dele. Era muito filhote. Foi mais difícil na adaptação a nossa insegurança em relação a Majo. Ela é muito forte, e ele muito pequeno. Além disso, a rotina tem dentro de casa. Mantivemos ele separado dela por um bom tempo. Então, quando ela estava fora de casa, ele podia ficar solto dentro, e vice-versa”, explica a universitária.
“O mais difícil foi o primeiro contato. A primeira vez que você coloca os dois cara a cara, você simplesmente não sabe o que esperar. Bate aquele medo. Fizemos a socialização através de um porta de vidro para que a gente pudesse perceber o comportamento de cada um vendo um ao outro. A expressão corporal da Majo, por exemplo, não era de quem queria avançar, ela ficava bem curiosa, de querer brincar, abanava o rabo. Não latia, rosnava e eles foram aos poucos sentindo o cheiro um do outro, o que nos deu segurança. Mas ele sempre ficava no colo, protegido. Foi preciso paciência”, complementa Camila.
Passados alguns meses, a adaptação continua em curso, mas Majô e Jorge já compartilham do mesmo ambiente e, apesar da diferença de tamanho, são considerados pets crianças (ela, com um ano e meio; ele com cinco meses de idade). Hoje, Camila se surpreende com a dinâmica na relação entre os dois.
O gato Jorge, de apenas cinco anos, foi encontrado na rua e se tornou grande companheiro da pitbull Majô
Camila Maichaki/Arquivo Pessoal
“Ela é muito forte, mesmo brincando poderia machucá-lo. Mas aí percebemos que o papel meio que se inverteu. Antes era o Jorge que ficava com muito medo da Majô, se sentia muito ameaçado por ela, mas ele começou a se defender. A partir desse momento, a gente viu que o Jorge conseguia se defender, vez ou outra dava uma unhada se necessário, e ela começou a recuar, respeitá-lo. Então, isso deixou a gente mais segura para deixar os dois no mesmo ambiente sem supervisão”, conta Camila.
“Sentimos que os dois estavam adaptados quando perdemos o medo de que a Majô fizesse alguma coisa de muito grave em relação ao Jorge. Porque ela é um animal de grande porte e ele um filhote. Mas logo percebemos que a personalidade da Majô com o Jorge era muito mais de curiosidade e de querer brincar. Mesmo assim, ficávamos supervisionando porque ela é meio bruta às vezes”, finaliza.
Parceria de grande porte
Gabriel Fonseca, universitário em Bauru, também passou por um processo parecido com o de Camila. Há quatro anos morando numa república estudantil, enfrentou o desafio de manter dois cachorros de grande porte na casa: um pitbull e um golden retriever.
“Quando cheguei já tinha o Risco. Ele é um pitbull de mais ou menos nove anos. Aqui tem um quintal grande, e meus pais passaram por uma mudança neste ano, o que me obrigou a trazer o Galileu. Ele é um golden retriever de aproximadamente três anos”, conta.
Risco, à esquerda, e Galileu, à direita, tiveram divergências no começo, mas logo se adaptaram
Gabriel Fonseca/Arquivo Pessoal
Embora o nome sugestivo ‘Risco’ possa colocar o pitbull numa posição de possível ataque e intransigência com o novo residente, de acordo com Gabriel, foi Galileu que dificultou, a princípio, a adaptação entre os dois em casa, sendo a diferença de idade e a agitação os maiores empecilhos.
“O Galileu tem três anos e é super elétrico, gosta de brincar e correr o dia inteiro. Enquanto o Risco, ‘nosso senhorzinho’, fica deitado no sofá, a não ser quando pede por atenção. Lembro que no primeiro contato os dois se cheiraram e começaram a rosnar. Na mesma hora, eu deixei o Galileu em um espaço separado, onde ele ficou por alguns dias, porque os dois não podiam se ver e já ficavam irritados”, conta Gabriel.
O tempo separado foi crucial para concretizar a aproximação entre os dois. Gabriel, primeiro, os levava para passear separados e, depois, começou a levá-los juntos, até deixá-los próximos em casa, mas sob supervisão, pois ainda podiam brigar a qualquer momento.
“Eu percebi que eles já não davam alguns sinais, do tipo rosnar, ir em direção do outro, ficar com as orelhas levantadas em alerta. Quando aproximei os dois no mesmo espaço, ainda latiam quando se aproximavam ou brincavam com algum objeto. Principalmente o Risco, que se sentiu em casa por muitos anos até dividir um brinquedo ou atenção com outro cachorro”, relembra.
Após duas semanas, Risco e Galileu começaram a dividir a casa sem que alguém tivesse que supervisioná-los. Para se chegar a esse momento, o veterinário Bruno Picoloto recomenda que nunca se rejeite o pet mais antigo para dar mais atenção ao novato e, durante a fase de contatos (1º ao 4º dia), não esqueça de associar os treinos a reforços positivos com petiscos, lembrando que o pet mais velho sempre deve ser recompensado antes.
Além disso, é importante o uso de brinquedos, passeios e momentos agradáveis para os pets. Assim o cão mais velho vai entender que o novato está chegando para agregar, fazer companhia e para que se divirtam muito juntos
Em caso de brigas, muito cuidado ao separar os cães. Broncas, gritos e punições podem atrapalhar a relação deles. Uma dica é desviar a atenção dos cães com algum barulho externo.
“Eles chegaram a brigar duas vezes, mas foi só isso. Acho que se acostumaram vendo que os dois tinham espaço e atenção em casa. No caso do mais velho, talvez tenha sentido medo de outro cachorro maior que ele e adulto competir pela comida e espaço. Os dois eram bem territorialistas com móveis e cômodos. Até hoje, se você fizer carinho em um, o outro se enfia no meio”
O primeiro passo da adaptação é separar um cômodo na casa para o novo morador
Gabriel Fonseca/Arquivo Pessoal
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