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Indígenas plantaram batata-doce na Ilha Redonda e faziam rituais no alto da mata há 600 anos

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RJ1 pernoitou na maior ilha das Cagarras para acompanhar o trabalho dos biólogos e arqueólogos. Equipe passa a noite na Ilha Redonda e registra pés de batata doce plantados há séculos
A llha Redonda, a maior do Monumento Natural Cagarras, foi local para rituais dos povos indígenas que habitaram a costa do Rio de Janeiro no século 16. Não foram só cerâmicas que os tupis-guaranis deixaram pelas escarpas da ilha. Pés de batata-doce plantados pelos nativos dão frutos até hoje.
Massimo Bovini, pesquisador de flora do Jardim Botânico, achou que se tratava de uma espécie nova. “Levei para o laboratório, e batemos o martelo: nada mais é do que a batata-doce. O interessante é que ela só ocorre aqui nesse cume”, detalhou.
Pesquisadores registram morcegos pela primeira vez na ilha
Batata-doce extraída da Ilha Redonda
Reprodução/TV Globo
Leonardo Waisman, arqueólogo do Museu Nacional, disse que os tubérculos serviam não só para alimentação, mas também para produzir bebidas.
Pedaços de objetos já comprovaram que há um sítio arqueológico tupi-guarani na Ilha Redonda. “A gente encontra fragmentos de vasilhas por todo o sítio. É um material que não é orgânico, não é perecível. Não só resiste ele, como resiste o que a gente consegue recuperar dele. A gente pode ter microvestígios vegetais de uma batata-doce cozida aqui dentro”, disse.
“A nossa hipótese é que eles vinham para cá para desenvolver atividades rituais. Ligadas a suas questões simbólicas, cosmológicas, sua religiosidade, e que esse era um lugar sagrado para eles, um lugar especial”, detalhou Waisman.
O Ilhas do Rio também localizou na Redonda uma árvore que foi considera extinta na cidade por mais de 70 anos. A Gymnanthes nervosa não era vista no Rio desde 1940.
Fotos do segundo episódio
Anoitecer na Ilha Redonda
Reprodução/TV Globo
Orla da Zona Sul iluminada vista das Cagarras
Reprodução/TV Globo
Atobás e fragatas sobrevoam a Ilha Redonda
Reprodução/TV Globo
O primeiro episódio
Equipe do RJ1 acompanha cientistas em pesquisa na Ilha Redonda
Nesta quinta (23), o RJ1 mostrou que a Ilha Redonda é das fragatas, dos atobás e agora dos morcegos.
O RJ1 acompanhou a descoberta de que ”morcegos bioindicadores” habitam a parte alta da ilha. Júlia Luz, coordenadora da pesquisa de mamíferos terrestres, explica a importância do achado:“Essa espécie é um sinal de uma área bem preservada”.
Morcego na Ilha Redonda
Reprodução/TV Globo
As Cagarras abrigam atualmente mais de 600 espécies de animais e plantas, algumas raras, endêmicas e inéditas para a ciência. Os pesquisadores estimam haver, só na Ilha Redonda, cinco mil fragatas — fazendo do Mona um dos maiores ninhais da espécie do Atlântico do Sul.
A Redonda fica a 9 km da Praia de Ipanema e não tem nenhuma área plana, muito menos praias. O desembarque tem que ser a nado, e todo o material precisa ser rebocado dentro de bombonas — cestos que podem ser tampados — para que não molhe.
Desembarque na Ilha Redonda
Reprodução/TV Globo
Em terra firme, tudo é inclinado. Em vários trechos é necessário usar cordas de escalada. Também é preciso ter cuidado com o cocô das aves, que deixam o chão escorregadio e tingem a ilha de branco — as manchas são vistas até do continente.
Waisman disse que os vestígios da presença indígena na ilha são “uma espécie de tesouro”. “São pedaços de vasilhas, provavelmente vasilhas muito grandes, que as populações indígenas que dominavam toda essa costa antes do século 16 traziam para cá”, emendou.
Fotos do primeiro episódio
Cerâmica indígena no alto da Ilha Redonda, nas Cagarras
Reprodução/TV Globo
Ilha Redonda, nas Cagarras
Reprodução/TV Globo
Desembarque de materiais em bombonas
Reprodução/TV Globo
Filhote em ninho na Ilha Redonda
Reprodução/TV Globo
Vista do Rio, do alto das Cagarras
Reprodução/TV Globo

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