Festas e Rodeios

Maricenne Costa, cantora que lançou Chico Buarque em disco, é enaltecida em biografia situada na superfície dos fatos

Published

on

Capa da biografia ‘Maricenne Costa – A cantora de voz colorida’
Lô Cobra com arte de Edilson Rodrigues da Silva
Resenha de livro
Título: Maricenne Costa – A cantora de voz colorida
Autoria: Elisabeth Sene-Costa e Laïs Vitale de Castro
Edição: Álbum de família
Cotação: ★ ★
♪ Chico Buarque considera que o marco inicial da construção da grande obra do compositor carioca foi a veiculação da composição Tem mais samba no musical Balanço de Orfeu, estreado em dezembro de 1964. O samba foi composto por Chico para o espetáculo de teatro. Contudo, quem teve a primazia de lançar Chico Buarque em disco foi a cantora paulista Maricenne Costa.
Um pouco antes, no mesmo ano de 1964, Maricenne – que somente acrescentaria um segundo “n” ao nome artístico na década de 1980 – lançara single em que, do lado B, apresentou Marcha para um dia de sol, primeira música de Chico a ser gravada (sem repercussão).
Trata-se de dado curioso na biografia dessa cantora que encantou João Gilberto (1931 – 2019), de quem se tornou amiga em 1962, ano em que ouviu de João que tinha uma “voz colorida”.
Duas décadas depois, em 1989, Maricenne gravou participação em álbum do grupo punk paulistano Inocentes, Adeus carne.
Esses três fatos estão na biografia Maricenne Costa – A cantora de voz colorida, escrita pela irmã caçula da cantora, Elisabeth Sene-Costa com a jornalista Laïs Vitale de Castro.
Com lançamento programado para sexta-feira, 22 de julho, na Livraria da Vila do Shopping Pátio Higienópolis, a biografia fica na superfície dos fatos. Maricenne Costa tem os feitos enaltecidos em texto que, não fosse pelo caráter invariavelmente elogioso, parece perseguir o estilo dos relatos biográficos da wikipedia. Nenhum fato é aprofundado na narrativa.
Nascida em 3 de dezembro de 1935, em Cruzeiro (SP), cidade do Vale do Paraíba, a paulista Maria Ignez Senne Costa se tornou Maricene Costa – então com um “n” – em 20 de dezembro de 1958, quando, vencendo todas as etapas do concurso nacional A voz de ouro ABC, a cantora foi carimbada como “a voz de ouro do Brasil” e ganhou o nome artístico do apresentador Jota Silvestre (1922 – 2000).
Com o canto moderno, Maricenne nunca se tornou uma intérprete realmente popular, mas conquistou prestígio entre músicos como os pianistas César Camargo Mariano e Walter Wanderley (1932 – 1986), organista com quem viajou para fazer shows nos Estados Unidos.
Integrada à corrente paulista da bossa nova, Maricenne Costa tem o percurso artístico repisado, sempre em tom superficial, pelas autoras neste livro encorpado com fotos do acervo pessoal da artista e com reproduções de reportagens de jornais.
Ao fim das 260 páginas, fica a sensação de que a vida da artista – atualmente com 86 anos e com discografia que inclui álbuns como Correntes alternadas (1992) e Movimento circular (2005) – foi bem mais interessante do que o relato feito na biografia Maricenne Costa – A cantora de voz colorida. Faltou cor ao texto das autoras do livro…

Leave a Reply

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Trending

Copyright © 2017 Zox News Theme. Theme by MVP Themes, powered by WordPress.