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Festas e Rodeios

Natureza do som de Joyce Moreno é preservada em disco feito com maestro Claus Ogerman há 45 anos

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Dado como perdido, álbum de samba-jazz sai em 30 de setembro com sete faixas gravadas em 1977 pela artista, em Nova York, com Maurício Maestro e músicos brasileiros e norte-americanos. Capa do álbum ‘Natureza’, de Joyce Moreno com Mauricio Maestro
Arte de Alessandro Renaldin
Resenha de álbum
Título: Natureza
Artista: Joyce Moreno com Mauricio Maestro
Ano da gravação: 1977
Ano da edição: 2022
Edição: Far Out Recordings
Cotação: ★ ★ ★ ★
♪ Tentar decifrar em 2022 o que aconteceria com a carreira de Joyce Moreno se o álbum Natureza tivesse sido lançado em 1977 – ano em que o disco foi gravado em Nova York (EUA) com produção musical e arranjos do maestro alemão Claus Ogerman (29 de abril de 1930 – 8 de março de 2016) – é mero especulativo exercício de futurologia sobre possibilidade enterrada no passado.
Pode ser que o suingue singular da música e do violão da cantora, compositora e instrumentista carioca tivesse alcançado visibilidade planetária, antecipando em duas décadas o que aconteceu nos anos 1990 quando músicas como Aldeia de Ogum (Joyce Moreno, 1980) caíram em pistas europeias, abrindo para Joyce um mercado que gerou álbuns feitos para o Japão, Europa e/ou Estados Unidos.
Mas também pode ser que, pela barreira imposta pela língua portuguesa, Natureza se tornasse álbum cultuado somente no nicho norte-americano do jazz – e não foi por acaso que Ogerman insistiu para que Joyce regravasse as músicas com letras alternativas em inglês para que o disco pudesse ser absorvido sem restrições pelo mercado dos Estados Unidos.
Joyce resistiu à ideia, o que parece ter desmotivado Ogerman a lutar pela edição do disco, arquivado (inclusive por questões de ordem jurídica) e dado como perdido até que a fita da gravação – feita nos estúdios da gravadora Columbia por Joyce Moreno (voz, violão e vocais) com a colaboração de Mauricio Maestro (voz, violão e vocais) – fosse encontrada por sobrinha de Ogerman, após a morte do maestro.
A descoberta da fita viabilizou a edição do álbum Natureza, após 45 anos, via Far Out Recordings, gravadora inglesa que edita discos de Joyce há 23 anos, precisamente desde o álbum Hard bossa (1999).
E o fato é que Natureza chega ao mundo digital em 30 de setembro – com capa assinada por Alessandro Renaldin em cuja arte vê-se a silhueta do Cristo Redentor – e ganha edição física em LP e CD programados para 28 de outubro, ambos com as sete faixas gravadas por Joyce e Mauricio com músicos do naipe do baterista João Palma (1943 – 2016), do percussionista Naná Vasconcelos (1944 – 2016) e do ritmista Tutty Moreno (percussão e bateria), instrumentista com quem Joyce se afinou na música e na vida.
Conceituados músicos norte-americanos de jazz – como o baixista Buster Williams, o flautista Joe Farrell (1937 – 1986), o saxofonista Michael Brecker (1949 – 2007), o vibrafonista Mike Mainieri e o pianista Warren Bernhardt – foram arregimentados por Ogerman para a gravação e contribuíram decisivamente para que Natureza resultasse, em essência, em disco de samba-jazz. Ou de samba com jazz.
Joyce Moreno com Tutty Moreno em 1977, em Nova York, na gravação do álbum ‘Natureza’
Raymond Ross ©Raymond Ross Archives / CTSIMAGES / Divulgação Far Out Recordings
A natureza jazzística do álbum já ficou claro quando a gravação de Feminina – a rigor, o primeiro registro fonográfico do samba efetivamente apresentado ao mundo em 1979 nas vozes do Quarteto em Cy – emergiu em 1999 na coletânea A trip to Brasil II. Com 11 minutos e 25 segundos, a gravação de Feminina é a pista certeira do som do álbum Natureza.
O disco tem viço, como mostra a pulsação do samba Moreno, embasado com a percussão e a bateria de Tutty Moreno – muso inspirador da composição em cuja letra é citado nominalmente – em gravação que resulta mais sedutora do que o (bom) registro que seria feito por Joyce dali a quatro anos para o álbum Água e luz (1981).
Contudo, mesmo soando fiel ao espírito do som de Joyce, o álbum Natureza está longe de ser o melhor exemplo da maestria de Claus Ogerman como orquestrador e regente. Não espere encontrar em Natureza arranjos orquestrais com a leveza alcançada por Ogerman em Amoroso (1977), obra-prima da discografia de João Gilberto (1931 – 2019) que chegou ao mundo no mesmo ano em que Joyce gravou Natureza com o maestro alemão que já trabalhara com Antonio Carlos Jobim (1927 – 1994).
Basta ouvir a gravação de Mistérios (Joyce Moreno e Mauricio Maestro) – canção que seria lançada na voz de Milton Nascimento em gravação feita com o grupo Boca Livre para o álbum Clube da Esquina 2 (1978) – para detectar um excesso, mínimo que seja. Tanto que a faixa não resiste ao registro mais depurado e leve de Mistérios que seria feito por Joyce para o álbum Feminina (1980), flash de momento áureo da carreira da artista no Brasil.
Entrecortada por passagens instrumentais jazzísticas, a gravação do samba Coração sonhador expõe o solo vocal sem brilho de Mauricio Maestro, parceiro de Claudio Guimarães na composição. Maestro também dá voz à canção Ciclo da vida, composição de lavra própria valorizada no disco pela refinada trama dos violões, parte fundamental do criativo arranjo.
Mesmo com eventuais excessos, toda a parte instrumental do disco Natureza prima por sofisticação que expõe a interação entre os músicos. Faixa já previamente apresentada em 2002, em compilação da obra de Claus Ogerman, Descompassadamente (Joyce Moreno e Mauricio Maestro) ratifica que Natureza é disco feito para ser sorvido por seguidores do jazz, sem apelo pop ou popular.
Ainda assim, ao fim do álbum Natureza, a swingueira de Pega leve – tema sem letra (levado por Joyce nos vocais) que a artista regravaria no ano seguinte no disco coletivo Trindade (1978) e, 23 anos depois, no álbum Gafieira moderna (2001) – sinaliza que, sim, talvez a música de Joyce Moreno ganhasse o mundo em 1977.
Futurologia inútil à parte, o tempo fez justiça à artista, atualmente com 74 anos, com uma agenda cheia mundo afora e um disco de músicas inéditas a caminho, Brasileiras canções, agendado para agosto.
No fim das contas, o que importa é que a natureza da obra da artista – preservada por Claus Ogerman, justiça seja feita, no disco norte-americano de Joyce Moreno – se manteve imaculada ao longo desses 45 anos, imune aos vírus do mercado predador.
Joyce Moreno com Mauricio Maestro na gravação do álbum ‘Natureza’ no estúdio da Columbia
Raymond Ross ©Raymond Ross Archives / CTSIMAGES / Divulgação Far Out Recordings

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Linkin Park anuncia show extra em São Paulo após 1º esgotar em horas

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Grupo se apresenta no Allianz Parque nos dias 15 e 16 de novembro. Venda geral do novo show começa quinta-feira (3). Emily Armstrong é a nova cantora do Linkin Park
James Minchin III/Divulgação
A banda Linkin Park anunciou um novo show no Brasil, no dia 16 de novembro, após os ingressos da primeira apresentação que estava marcada se esgotarem em poucas horas nesta segunda-feira (30).
Os shows do grupo acontecem no Allianz Parque, em São Paulo. O outro vai ser realizado em 15 de novembro, mesma data de lançamento do álbum “From Zero”.
A venda geral da nova apresentação tem início nesta quinta (3), pela Ticketmaster. Os preços dos ingressos variam entre R$ 240 (cadeira superior, meia) e R$ 890 (pista premium, inteira).
A pré-venda para membros do fã-clube e clientes Santander começa nesta terça (1º).
Sete anos após a morte de Chester Bennington, o Linkin Park anunciou seu retorno com uma nova formação. O grupo agora conta com uma nova cantora, Emily Armstrong, e um novo baterista, Colin Brittain.
LEIA MAIS: Quem é Emily Armstrong
Filho de Chester Bennington diz que retorno da banda ‘apagou o legado’ de seu pai
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Linkin Park: ‘Numb’ e ‘In the end’ são favoritas dos fãs para recordar Chester Bennington

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Letuce retorna temporariamente para dois shows, oito anos após dissolução, com Letrux já bem maior do que o duo

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♫ COMENTÁRIO
♩ “Não estamos exatamente de volta”, tratou de esclarecer Letícia Novaes em rede social. Mas, sim, mesmo que seja somente para dois shows, um em São Paulo (SP) e outro no Rio de Janeiro (RJ), Letuce volta à cena oito anos após a dissolução, em 2016, do duo carioca formado em 2008 pelo então casal Letícia Novaes (voz e escaleta) e Lucas Vasconcellos (voz, guitarra, violão, sintetizadores e efeitos).
O pretexto do retorno temporário do Letuce aos palcos é a edição em LP do primeiro dos três álbuns do duo, Plano de fuga pra cima dos outros e de mim, lançado em 2009. Os shows também celebrarão os 15 anos da existência desse disco inicial.
O curioso é que, nessa volta do Letuce, Letícia Novaes já se encontra em outro patamar no universo pop nacional como Letrux, nome artístico que adotou na carreira solo iniciada um ano após o fim da dupla. Em bom português, ao iniciar a trajetória individual com o álbum Letrux em noite de climão (2017), a cantora e compositora ficou (bem) maior do que o Letuce.
A artista conquistou séquito de seguidores que a acompanham com fervor. Serão esses seguidores que certamente lotarão as duas apresentações do Letuce em dezembro. E, embora a artista frise que não se trata “exatamente de volta”, tudo pode acontecer com o Letuce em 2025. Inclusive nada.

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Caso Diddy: saiba como eram as festas do rapper

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Desde a prisão do rapper americano suspeito de tráfico sexual e agressão, as festas promovidas por ele voltaram a chamar a atenção. Caso Diddy: entenda o que é fato sobre o caso
Sean Diddy Combs, também conhecido como Puff Daddy e P. Diddy, foi preso em 16 de setembro, suspeito de tráfico sexual e agressão. Diddy ainda não foi julgado, mas nega as acusações. Desde a sua prisão, começaram a surgir imagens das famosas festas que o empresário promovia, repleta de convidados famosos.
Sean ‘Diddy’ Combs.
Jordan Strauss/Invision/AP
As conhecidas “White parties” (algo como festas do branco) eram celebradas em sua mansão no Hamptons, Nova York, e reunia estrelas do cinema, da música e empresários. Em 2019, o ator Ashton Kutcher foi questionado no programa “Hot Ones” sobre o que acontecia dentro dessas festas, mas ele se esquivou na resposta. “Tem muita coisa que não posso contar”.
Em entrevista à Oprah Winfrey, em 2006, Diddy explicou que a intenção era integrar pessoas da cultura do hip-hop com os milionários americanos. “Tirar a imagem de todos e nos colocar com a mesma cor e no mesmo nível”, disse.
Convidados ricos e famosos
Jay-Z, Will Smith, Diana Ross, Leonardo DiCaprio, Owen Wilson, Vera Wang, Bruce Willis e Justin Bieber – na época, com menos de 21 anos – foram algumas das celebridades que aparecem na lista de convidados das festas de Diddy. Em um vídeo publicado pelo site Dailymail, Diddy aparece na sacada de sua mansão falando com seus convidados. Ele pede para que as crianças saiam do local porque a festa de verdade iria começar.
“Já alimentamos vocês, demos bebidas, agora é hora de aproveitar a vida. As crianças têm uma hora restante [então] essa coisa se transforma em algo que, quando você fica mais velho, vai querer vir. Então, vamos começar a curtir, colocar as crianças longe”, diz.
Entre as imagens divulgadas pelo site, estão de mulheres seminuas na piscina e Diddy jogando champagne em um casal se beijando.
De acordo com Tom Swoope, ex-integrante da indústria musical, as festas eram separadas em níveis de acesso. Nas áreas mais exclusivas, homens e mulheres ficavam em situações sexualmente humilhantes, com promessas de dinheiro ou contratos com gravadora. Em seu relato no Youtube, Swoope conta ainda que os presentes usavam drogas, como ecstasy, cocaína – sendo inaladas em todos os tipos de superfícies, incluindo os corpos dos convidados.
Sexo forçado
Adria English, ex-atriz de filme pornô, processa Diddy alegando que foi forçada a fazer sexo durante essas festas. Segundo English, no início dos anos 2000, ela foi contratada pelo rapper como dançarina para um de seus eventos. De acordo com o processo, divulgado pela imprensa americana, nas primeiras festas, Diddy não a forçou a fazer sexo, mas que isso mudou nos eventos seguintes.
Adria explicou que foi orientada a usar um vestido preto, como um sinal para os outros convidados de que ela seria uma profissional do sexo. Ela disse ainda que as mulheres eram estimuladas a beber em garrafas específicas, com drogas misturadas.
No processo, Adria contou que não se recordava como conseguia chegar em casa, apenas se dava conta do que tinha acontecido por causa do dinheiro que carregava. Adria afirmou que Diddy a agradecia pelos trabalhos prestados, mas que ela se sentia coagida pelo rapper e com receio de que tivesse sua carreira arruinada.
O que se sabe sobre o caso e o que falta esclarecer
Prisão
Diddy foi preso no hotel Park Hyatt, na rua 57, em Nova York, na noite do dia 16 desde mês. Ainda não há data para o julgamento. Segundo a imprensa internacional, caso seja julgado culpado das acusações, ele pode ser condenado a prisão perpétua. De acordo com o jornal “The New York Times”, as seguintes acusações estão na denúncia contra o rapper:
“Durante décadas”, Diddy “abusou, ameaçou e coagiu mulheres e outras pessoas ao seu redor para satisfazer seus desejos sexuais, proteger sua reputação e ocultar suas ações”, diz o documento da acusação, que também afirma que ele usava seu “império” musical para atingir seus objetivos.
O promotor Damian Williams disse à imprensa internacional que Diddy construiu um sistema baseado na violência para obrigar as mulheres a “longas relações sexuais”, sob efeitos de drogas e cetamina, e que o rapper gravava esses abusos.
“Quando não conseguia o que queria, era violento, (…) chutava e arrastava as vítimas, às vezes pelos cabelos”, disse o promotor. O pedido de fiança foi negado e, até a publicação desta reportagem, Diddy permanecia preso e sem data para o julgamento. Ele nega as acusações.
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Caso Diddy: quem são os famosos citados nas notícias do escândalo
Caso Diddy: advogado explica quantidade de óleo de bebê encontrada na casa do rapper
Ponto a ponto: quem é Sean Diddy Combs e quais são as acusações que envolvem sua prisão

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