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Festas e Rodeios

UcconX: Como dívidas, cancelamentos e desorganização impactaram o evento em SP

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Ex-funcionários acusam antiga organização de meses de salários atrasados. Evento viralizou nas redes sociais por espaço vazio, poucas atrações e artistas cancelados. Mulher faz cosplay de Coringa na UcconX
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Quando começou a ser promovida para jornalistas e para o público em outubro de 2021, a UcconX prometia ser “o maior festival de cultura pop da América Latina”. Logo que começou na última quarta-feira (27) em São Paulo (SP), o evento foi alvo de acusações de dívidas trabalhistas, teve a presença de dois de seus principais convidados cancelada e viralizou no Twitter por imagens de um local vazio e com poucas atrações.
Ao g1, cinco pessoas, que trabalharam na organização da convenção antes da venda para os donos atuais, e uma consultora relataram meses de salários atrasados – com valores que chegam a R$ 20 mil e até R$ 129 mil – e promessas vazias para a equipe e o público.
Entre os problemas básicos para uma feira do tipo estava a dificuldade em conseguir grandes atrações. De acordo com eles, em janeiro ainda não havia qualquer nome para ser anunciado – algo diferente de quando alguns deles se juntaram ao projeto.
Hugo Melo diz que se mudou de Recife (PE) para a capital paulista para trabalhar na organização e começou em julho de 2021. “Eles faziam muitas promessas. Diziam que já tinha até um contrato fechado com o Chris Hemsworth”, conta ele, sobre o ator que interpreta mais uma vez o deus nórdico da Marvel em “Thor: Amor e Trovão” (2022).
Os ex-funcionários entraram em diferentes momentos na empresa como pessoas jurídicas (PJs), todos entre junho de 2021 e janeiro de 2022, e agora movem ações para receber os salários atrasados.
Eles contam que foram atraídos pela chance de entrar para a área de cultura pop. Por isso, continuaram a trabalhar “sem horário para ir embora”, mesmo depois de os salários pararem de ser pagos, em novembro.
“A desculpa recorrente é que o dinheiro estava em um fundo no Safra e que não conseguiam retirar”, diz Melo.
A UcconX manteve o plano de se dividir em seis partes no Complexo do Anhembi
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Novembro também foi o mês de outro sinal de que as coisas iam mal. A organização insistia em abrir uma pré-venda, antes de qualquer atração ser contratada ou do site de vendas estar pronto.
Foram vendidos seis ingressos. “A estrutura não estava pronta. Então deu problema em cada uma das vendas”, afirma Rafaela Guerra, que foi contratada para o cargo de social media no mesmo mês e, por isso, não recebeu um salário sequer.
Depois de muitas promessas de que os pagamentos viriam, a situação mudou em uma reunião em janeiro de 2022 convocada pelos donos da organizadora do evento. Em seu quadro de sócios, a UcconX Marketing Ltda. tem Luciano Martinez e os irmãos Wagner Gustavo Gonçalves Ventura e Nivaldo Gomes Ventura Junior.
No encontro, os então funcionários contam que ouviram dos chefes que não eram prioridade para receber os salários. Com isso, eles se desligaram da empresa sem um rompimento oficial do contrato.
“Nessa reunião, eles disseram basicamente pra gente continuar a trabalhar por amor. Queriam que a gente continuasse gerando conteúdo, mas sem conteúdo para produzir”, afirma o ilustrador Derick Guilherme, que usa o nome artístico “DerickRed”.
Uma colaboradora, que pediu para não ser identificada, diz que passou meses cobrando Martinez diretamente. As mensagens trocadas pelos dois foram mostradas ao g1.
O g1 entrou em contato com Martinez, que não respondeu até a publicação desta reportagem.
Venda e acordo
Com tantos problemas, os sócios venderam o evento para a BBL, um grupo do mercado de games e eSports. De acordo com a assessoria de evento do UcconX, a aquisição aconteceu em novembro – mesmo mês em que os ex-funcionários pararam de receber os salários –, mas “começaram a operar em fevereiro”.
Guilherme foi um dos que recebeu contato de um representante da BBL meses depois de se desligar. Ele conta que tinha feito críticas à organização nas redes sociais, e que outras pessoas com comportamento parecido também foram lembradas.
A ideia era que a empresa mediaria um acordo com os antigos donos. Segundo ele, o valor estava bem abaixo do que deveria receber, mas decidiu aceitar. A primeira das quatro prestações foi paga, ele apagou suas críticas, e depois ele não recebeu mais nada.
A antiga colaboradora conta que o mesmo aconteceu com ela. Um valor muito abaixo do contrato original e pagamento apenas da primeira parcela. “Sumiram”, afirma.
Questionada se havia explicação para a compra ter acontecido no mesmo mês em que os funcionários pararam de receber, a assessoria de imprensa respondeu apenas com o comunicado oficial sobre as dívidas e acordos.
Leia abaixo a íntegra:
“A BBL, empresa one-stop-shop que opera desde 2018 no mercado de games e esports, assim que tomou ciência da situação da falta de pagamento, se colocou à disposição dos antigos colaboradores para intermediar acordos com os antigos donos, porém sempre deixando claro que não tinha qualquer responsabilidade relacionada à antiga administração. Alguns acordos chegaram a ser negociados, mas em nenhum momento a BBL constou como parte.
Vale destacar que a operação de compra limitou-se somente à marca, o que significa que a empresa adquiriu a propriedade intelectual do UcconX (Universal Creators Conference Experience) somada aos direitos relacionados aos contratos relevantes com o Anhembi. A BBL não tem nenhuma responsabilidade referente às relações da antiga administração do evento.”
Críticas e cancelamentos
Millie Bobby Brown em cena da quarta temporada de ‘Stranger things’
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De janeiro até o começo da primeira edição da UcconX, alguns dos ex-funcionários criticavam a organização nas redes sociais, mas só passaram a receber atenção maior a partir desta quarta.
No começo do dia, o evento anunciou que a atriz Millie Bobby Brown, de “Stranger things”, e George Takei, de “Jornada nas estrelas”, não viriam mais ao país. Até a divulgação do cancelamento das atrações sofreu desencontros.
Primeiro, foi informado que ambos tinham Covid. O anúncio foi apagado pouco depois. Em um vídeo publicado por parceiros do evento ao longo da tarde, o ator afirmou que na verdade era seu marido quem tinha sido diagnosticado com a doença e lamentava a situação.
Somente no fim do dia, a organização afirmou que Brown não viria por “compromissos profissionais” e que antes havia acontecido “um equívoco”.
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Quem tinha ingresso para algum evento com um desses atores, como tirar uma foto com eles, seria transferido automaticamente para outra atração. O evento afirmou também que seria possível pedir reembolso.
As entradas são vendidas por valores entre R$ 125 (a meia, no primeiro dia) e R$ 5.400. Entre as atrações que não cancelaram estão os atores Ian Somerhalder (“Vampire Diaries”), que esteve na feira na quinta e na sexta, e Dacre Montgomery (“Stranger things”) e Rupert Grint (“Harry Potter”), programados para sábado (30) e domingo (31).
O Procon determinou que a empresa precisa informar, até 5 de agosto, “quantos ingressos foram vendidos e por quais razões o evento com os atores foi cancelado”. A entidade também solicitou evidências de quando os organizadores tiveram ciência da impossibilidade da participação dos atores.
Artists’ Alley
A Artists’ Alley da UcconX
Luiz Henrique Albuquerque/Acervo Pessoal
A UcconX não teve problemas apenas com suas principais atrações. O evento também sofreu para povoar sua Artists’ Alley, área tradicional desse tipo de convenção que reúne ilustradores e outros artistas. Ali, eles podem expor e vender seus produtos, além de se aproximar do público.
No Complexo do Anhembi, onde acontece a feira, o espaço tinha 32 mesas. De acordo com artistas que estiveram lá desde quarta-feira, o número de expositores nunca passou de sete.
Muitos artistas veteranos não se sentiram atraídos principalmente pela taxa inicial cobrada pela organização. No começo, a ideia era que os participantes da Artists’ Alley pagassem R$ 800 por mesa e uma taxa de 30% de seus rendimentos no evento.
Depois de críticas, a taxa caiu para 5%, mas ainda assim o interesse foi pequeno. O ilustrador Luiz Henrique Albuquerque conta que esse ainda era o preço cobrado em maio. Ele se inscreveu, mas sem interesse real.
Esta seria sua segunda feira do tipo, mas ele ainda achava o valor elevado. A situação só mudou há pouco tempo.
Cerca de uma semana antes do início da UcconX, os organizadores avisaram que não cobrariam os R$ 800 – mas que os artistas ainda deveriam utilizar o sistema de pulseiras da convenção para cobrar o público.
Dessa forma, eles devem receber o que conseguirem arrecadar, menos os 5%, em até 60 dias. Esse período de espera pode diminuir para 5 dias, caso eles concordem em pagar uma nova taxa de 1,2%.
De acordo com a assessoria de imprensa, no entanto, os valores cobrados vão apenas para a ticketeira da feira, a FutebolCard, e “o evento não tem participação nesses percentuais”.
Com o movimento fraco no primeiro dia, Albuquerque afirma que só pretende voltar no fim de semana, que costuma ser mais movimentado.
A ilustradora Coralina Santos foi em todos os dias e diz que a quinta teve público ainda menor, mas que esta sexta melhorou.
“Pra mim tá valendo a pena sim”, diz ela. “Consegui vender e as pessoas parecem estar interessadas na nossa área, apesar da estrutura não estar como imaginávamos e ter poucos artistas.”

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Linkin Park anuncia show extra em São Paulo após 1º esgotar em horas

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Grupo se apresenta no Allianz Parque nos dias 15 e 16 de novembro. Venda geral do novo show começa quinta-feira (3). Emily Armstrong é a nova cantora do Linkin Park
James Minchin III/Divulgação
A banda Linkin Park anunciou um novo show no Brasil, no dia 16 de novembro, após os ingressos da primeira apresentação que estava marcada se esgotarem em poucas horas nesta segunda-feira (30).
Os shows do grupo acontecem no Allianz Parque, em São Paulo. O outro vai ser realizado em 15 de novembro, mesma data de lançamento do álbum “From Zero”.
A venda geral da nova apresentação tem início nesta quinta (3), pela Ticketmaster. Os preços dos ingressos variam entre R$ 240 (cadeira superior, meia) e R$ 890 (pista premium, inteira).
A pré-venda para membros do fã-clube e clientes Santander começa nesta terça (1º).
Sete anos após a morte de Chester Bennington, o Linkin Park anunciou seu retorno com uma nova formação. O grupo agora conta com uma nova cantora, Emily Armstrong, e um novo baterista, Colin Brittain.
LEIA MAIS: Quem é Emily Armstrong
Filho de Chester Bennington diz que retorno da banda ‘apagou o legado’ de seu pai
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Linkin Park: ‘Numb’ e ‘In the end’ são favoritas dos fãs para recordar Chester Bennington

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Letuce retorna temporariamente para dois shows, oito anos após dissolução, com Letrux já bem maior do que o duo

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♫ COMENTÁRIO
♩ “Não estamos exatamente de volta”, tratou de esclarecer Letícia Novaes em rede social. Mas, sim, mesmo que seja somente para dois shows, um em São Paulo (SP) e outro no Rio de Janeiro (RJ), Letuce volta à cena oito anos após a dissolução, em 2016, do duo carioca formado em 2008 pelo então casal Letícia Novaes (voz e escaleta) e Lucas Vasconcellos (voz, guitarra, violão, sintetizadores e efeitos).
O pretexto do retorno temporário do Letuce aos palcos é a edição em LP do primeiro dos três álbuns do duo, Plano de fuga pra cima dos outros e de mim, lançado em 2009. Os shows também celebrarão os 15 anos da existência desse disco inicial.
O curioso é que, nessa volta do Letuce, Letícia Novaes já se encontra em outro patamar no universo pop nacional como Letrux, nome artístico que adotou na carreira solo iniciada um ano após o fim da dupla. Em bom português, ao iniciar a trajetória individual com o álbum Letrux em noite de climão (2017), a cantora e compositora ficou (bem) maior do que o Letuce.
A artista conquistou séquito de seguidores que a acompanham com fervor. Serão esses seguidores que certamente lotarão as duas apresentações do Letuce em dezembro. E, embora a artista frise que não se trata “exatamente de volta”, tudo pode acontecer com o Letuce em 2025. Inclusive nada.

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Caso Diddy: saiba como eram as festas do rapper

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Desde a prisão do rapper americano suspeito de tráfico sexual e agressão, as festas promovidas por ele voltaram a chamar a atenção. Caso Diddy: entenda o que é fato sobre o caso
Sean Diddy Combs, também conhecido como Puff Daddy e P. Diddy, foi preso em 16 de setembro, suspeito de tráfico sexual e agressão. Diddy ainda não foi julgado, mas nega as acusações. Desde a sua prisão, começaram a surgir imagens das famosas festas que o empresário promovia, repleta de convidados famosos.
Sean ‘Diddy’ Combs.
Jordan Strauss/Invision/AP
As conhecidas “White parties” (algo como festas do branco) eram celebradas em sua mansão no Hamptons, Nova York, e reunia estrelas do cinema, da música e empresários. Em 2019, o ator Ashton Kutcher foi questionado no programa “Hot Ones” sobre o que acontecia dentro dessas festas, mas ele se esquivou na resposta. “Tem muita coisa que não posso contar”.
Em entrevista à Oprah Winfrey, em 2006, Diddy explicou que a intenção era integrar pessoas da cultura do hip-hop com os milionários americanos. “Tirar a imagem de todos e nos colocar com a mesma cor e no mesmo nível”, disse.
Convidados ricos e famosos
Jay-Z, Will Smith, Diana Ross, Leonardo DiCaprio, Owen Wilson, Vera Wang, Bruce Willis e Justin Bieber – na época, com menos de 21 anos – foram algumas das celebridades que aparecem na lista de convidados das festas de Diddy. Em um vídeo publicado pelo site Dailymail, Diddy aparece na sacada de sua mansão falando com seus convidados. Ele pede para que as crianças saiam do local porque a festa de verdade iria começar.
“Já alimentamos vocês, demos bebidas, agora é hora de aproveitar a vida. As crianças têm uma hora restante [então] essa coisa se transforma em algo que, quando você fica mais velho, vai querer vir. Então, vamos começar a curtir, colocar as crianças longe”, diz.
Entre as imagens divulgadas pelo site, estão de mulheres seminuas na piscina e Diddy jogando champagne em um casal se beijando.
De acordo com Tom Swoope, ex-integrante da indústria musical, as festas eram separadas em níveis de acesso. Nas áreas mais exclusivas, homens e mulheres ficavam em situações sexualmente humilhantes, com promessas de dinheiro ou contratos com gravadora. Em seu relato no Youtube, Swoope conta ainda que os presentes usavam drogas, como ecstasy, cocaína – sendo inaladas em todos os tipos de superfícies, incluindo os corpos dos convidados.
Sexo forçado
Adria English, ex-atriz de filme pornô, processa Diddy alegando que foi forçada a fazer sexo durante essas festas. Segundo English, no início dos anos 2000, ela foi contratada pelo rapper como dançarina para um de seus eventos. De acordo com o processo, divulgado pela imprensa americana, nas primeiras festas, Diddy não a forçou a fazer sexo, mas que isso mudou nos eventos seguintes.
Adria explicou que foi orientada a usar um vestido preto, como um sinal para os outros convidados de que ela seria uma profissional do sexo. Ela disse ainda que as mulheres eram estimuladas a beber em garrafas específicas, com drogas misturadas.
No processo, Adria contou que não se recordava como conseguia chegar em casa, apenas se dava conta do que tinha acontecido por causa do dinheiro que carregava. Adria afirmou que Diddy a agradecia pelos trabalhos prestados, mas que ela se sentia coagida pelo rapper e com receio de que tivesse sua carreira arruinada.
O que se sabe sobre o caso e o que falta esclarecer
Prisão
Diddy foi preso no hotel Park Hyatt, na rua 57, em Nova York, na noite do dia 16 desde mês. Ainda não há data para o julgamento. Segundo a imprensa internacional, caso seja julgado culpado das acusações, ele pode ser condenado a prisão perpétua. De acordo com o jornal “The New York Times”, as seguintes acusações estão na denúncia contra o rapper:
“Durante décadas”, Diddy “abusou, ameaçou e coagiu mulheres e outras pessoas ao seu redor para satisfazer seus desejos sexuais, proteger sua reputação e ocultar suas ações”, diz o documento da acusação, que também afirma que ele usava seu “império” musical para atingir seus objetivos.
O promotor Damian Williams disse à imprensa internacional que Diddy construiu um sistema baseado na violência para obrigar as mulheres a “longas relações sexuais”, sob efeitos de drogas e cetamina, e que o rapper gravava esses abusos.
“Quando não conseguia o que queria, era violento, (…) chutava e arrastava as vítimas, às vezes pelos cabelos”, disse o promotor. O pedido de fiança foi negado e, até a publicação desta reportagem, Diddy permanecia preso e sem data para o julgamento. Ele nega as acusações.
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Ponto a ponto: quem é Sean Diddy Combs e quais são as acusações que envolvem sua prisão

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