Vice-presidente do Grupo Globo comentou morte do apresentador e humorista, que estava internado no Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo. Foto de arquivo de 06/10/2016 do apresentador, escritor, humorista e diretor Jô Soares durante ensaio fotográfico quando dirigiu a peça “Troilo e Créssida”, de William Shakespeare, no Teatro do Sesi, na Avenida Paulista, em São Paulo
TIAGO QUEIROZ/ESTADÃO CONTEÚDO
Roberto Irineu Marinho, vice-presidente do Grupo Globo, lamentou a morte de Jô Soares:
“Perdemos hoje uma das figuras mais geniais da nossa cultura. Jô Soares começou na Globo no início dos anos 70 e ajudou a escrever não só a nossa história, mas a da televisão brasileira. Foi ator, produtor, diretor, autor, escritor, pintor, mas, acima de tudo, foi um mestre – um mestre na arte de ler e de interpretar o Brasil e os brasileiros e de fazê-los rir com sua graça, inteligência e elegância.”
“Seus programas de humor fizeram uma crônica da nossa história com seus mais de 200 personagens, que foram também parte da família de várias gerações. No sofá do Programa do Jô, se sentaram o Brasil e o mundo. Jô era um artista completo. Eu conheci o Jô nos anos 70 e nos falávamos sempre. Além da troca de carinhos, trocávamos também doenças raras, como dois bons hipocondríacos. Dele me despeço com pesar e, repetindo o meu pai, quando por ele foi entrevistado, com o orgulho de dizer que trabalhamos juntos. A cultura, a história, a televisão, o Brasil, todos nós, Jô, vamos sentir a sua falta. Viva o Gordo!”
Morte de Jô Soares
O apresentador, humorista, ator e escritor Jô Soares morreu às 2h30 desta sexta-feira (5), aos 84 anos. Considerado um dos maiores humoristas do Brasil, o apresentador do “Programa do Jô”, exibido na TV Globo de 2000 a 2016, estava internado desde 28 de julho no Hospital Sírio-Libanês, na região central de São Paulo.
A causa da morte não foi divulgada. O enterro e velório serão reservados à família e aos amigos, em data e local ainda não informados. O anúncio da morte foi feito por Flávia Pedra, ex-mulher de Jô, e confirmada em nota pela assessoria de imprensa do Hospital Sírio-Libanês.
“Você é orgulho pra todo mundo que compartilhou de alguma forma a vida com você. Agradeço aos senhores Tempo e Espaço, por terem me dado a sorte de deixar nossas vidas se cruzarem. Obrigada pelas risadas de dar asma, por nossas casas do meu jeito, pelas viagens aos lugares mais chiques e mais mequetrefes, pela quantidade de filmes, que você achava uma sorte eu não lembrar pra ver de novo, e pela quantidade indecente de sorvete que a gente tomou assistindo”, escreveu Flávia em uma rede social.
Humor como marca registrada
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Em todas as suas inúmeras atividades artísticas – entrevistador, ator, escritor, dramaturgo, diretor, roteirista, pintor… –, Jô Soares teve o humor como marca registrada. Foi seu ponto de partida e sua assinatura no teatro, na TV, no cinema, nas artes plásticas e na literatura. Ele próprio gostava de admitir isso.
“Tudo o que fiz, tudo o que faço, sempre tem como base o humor. Desde que nasci, desde sempre”, afirmou em depoimento ao site Memória Globo.
Nos últimos 25 anos, Jô ficou conhecido por ser o apresentador do talk-show mais famoso do país. Na TV Globo, estrelava o “Programa do Jô”, exibido de 2000 a 2016.
Considerado pioneiro do stand-up, também se destacou por ser um dos principais comediantes da história do Brasil, participando de atrações que fizeram história na TV, como “A família Trapo” (1966), “Planeta dos homens” (1977) e “Viva o Gordo” (1981). Além disso, escreveu livros e atuou em 22 filmes.