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‘Sandman’ mantém espírito da HQ com ótimos ajustes na história e elenco fantástico; g1 já viu

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Série que estreia nesta sexta-feira (5) supera problemas de ritmo graças à força da história e dos personagens de Neil Gaiman e às atuações dos sonhos de seus atores. Para a maioria dos leitores de quadrinhos das últimas três décadas, a estreia da série “Sandman” nesta sexta-feira (5) é a realização de um sonho. A adaptação de um dos maiores clássicos do gênero faz ótimos ajustes para atualizar a história com a ajuda de seu criador, Neil Gaiman, e de um elenco muito perto da perfeição.
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Os dez episódios da primeira temporada, que chegam de uma vez à Netflix, conseguem algo considerado quase impossível por anos – a reprodução do espírito da HQ, uma mistura de fantasia, contos de fadas, filosofia e terror.
Tamanho respeito e atenção com o material original, sofrem com pequenos problemas de ritmo e de tom em breves momentos. Os defeitos, no entanto, não são suficientes para tirar o sono dos fãs de longa data.
A brilhante atuação do relativamente desconhecido Tom Sturridge (“Toda arte é perigosa”) como o protagonista e a força e a beleza da história rapidamente afastam qualquer angústia.
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Um sonho em liberdade
A temporada adapta os dois primeiros arcos dos quadrinhos, “Prelúdios e Noturnos” e “A casa de bonecas”.
Neles, o Senhor dos Sonhos (Sturridge), membro de uma família de seres imortais que personificam diferentes aspectos da natureza humana, precisa recuperar seus poderes e reconstruir seu reino após passar mais de um século aprisionado
Também conhecido como Morpheus, o protagonista não é um deus, mas um dos Perpétuos – um grupo de entidades que sempre existiram e que sempre vão existir, como Morte (Kirby Howell-Baptiste) ou Desejo (Mason Alexander Park).
Assista ao trailer de ‘Sandman’
Talvez graças à supervisão direta de Gaiman, a série faz um trabalho sublime em aprofundar a jornada de Sonho, que no fundo busca reencontrar seu propósito e sua ligação com a humanidade.
O quadrinista teve uma ligação tão próxima à produção que chegou a escrever o roteiro do primeiro episódio com os produtores Allan Heinberg (“Grey’s anatomy”) e David S. Goyer (da trilogia “Cavaleiro das Trevas”), além de participar da seleção do elenco.
Tom Sturridge e Kirby Howell-Baptiste em cena de ‘Sandman’
Divulgação
Mais Morte, por favor
Gaiman é, então, um dos principais responsáveis pelo sucesso na escalação inspirada de nomes como Boyd Holbrook (“Narcos”), em uma das melhores atuações de sua carreira como um pesadelo fugitivo, ou do sempre excelente David Thewlis (o Lupin, dos filmes de “Harry Potter”).
Mas o grande trunfo de “Sandman” está mesmo em Sturridge, que enfrenta com desenvoltura o desafio de interpretar um dos personagens mais icônicos dos quadrinhos em todos os tempos, e em Howell-Baptiste (“Killing eve”).
Juntos, a dupla constrói uma dinâmica deliciosa entre os irmãos Sonho e Morte, naquele que é de longe o melhor episódio da temporada. Aliás, se há um grande defeito nesta primeira leva de capítulos é a presença limitada da personagem.
Boyd Holbrook em cena de ‘ Sandman’
Divulgação
Enquanto o ator transmite a presença sobrenatural do protagonista com uma naturalidade espantosa, sua colega parece ter nascido para dar vida à irmã mais velha de Morpheus.
O material original tem mérito, é claro, mas em Howell-Baptiste a Morte das HQs encontra alguém à altura de sua leveza e humanidade – atributos que gritam em contraste com sua missão.
Rachaduras no reino do sonhar
Há problemas no reinado de Morpheus, é claro. A música tema criada por David Buckley deve entrar para o hall de composições icônicas da TV, mas o resto da trilha sonora do britânico é inconstante e às vezes se sobrepõe em momentos desnecessários.
Ela é, inclusive, um bom exemplo de como a produção às vezes se perde na necessidade de parecer grandiosa ou dramática, quase como se não confiasse plenamente na força da narrativa.
Gwendoline Christie e Tom Sturridge em cena de ‘Sandman’
Divulgação
Por sorte, esses instantes são passageiros e até fazem certo sentido. Afinal, o “Sandman” original atingiu seu enorme sucesso exatamente pela constante experimentação de recursos e de formatos – algo que a série consegue reproduzir surpreendentemente bem.
Há episódios inteiros que se sustentam com participação muito limitada do protagonista. Outros, que parecem não ter qualquer ligação com a trama central.
Todos eles, sob orientação de Gaiman e do material original, conseguem diferentes graus de sucesso, mas são vitais ao êxito da adaptação.
Tom Sturridge em cena de ‘Sandman’
Divulgação
E “Sandman” é, sob qualquer ponto de vista, um êxito enorme. Funciona como a realização de um desejo de longa data dos fãs, ao mesmo tempo em que deve atrair um gigantesco público novo ao rico universo criado pelo quadrinista.
Com as melhores – e mais alucinadas – histórias das HQs ainda por vir, o reinado de Morpheus e de sua família disfuncional deve ser longo.
Tom Sturridge em cena de ‘Sandman’
Divulgação

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