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Festas e Rodeios

Aos 80 anos, Caetano Veloso ainda é um leão com olhos abertos para capturar o Brasil

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Obra tropicalista do artista é uma das mais completas traduções das belezas e males do país. Caetano Veloso em março de 2022
Sergio Lima / AFP
♪ CAETANO VELOSO 80 ANOS – Caetano Veloso é leonino. Embora pautado pelo mito de Narciso, como os leoninos, Caetano Emanuel Viana Teles Veloso é um eternamente novo baiano de Santo Amaro da Purificação (BA) que sabe olhar para além do próprio espelho e que, ainda jovial na música e na vida, parece desmentir os 80 anos que completa hoje, 7 de agosto de 2022.
Sim, aos 80 anos, Caetano Veloso ainda é um leão que mantém os olhos bem abertos para capturar e traduzir o Brasil no cancioneiro que cria desde meados dos anos 1960. Basta ouvir o mais recente álbum de músicas inéditas do cantor e compositor, Meu coco (2021), para identificar em Caetano a habilidade para radiografar o país através da grande obra.
Para a massa, o último grande sucesso autoral de Caetano é o samba-reggae A luz de Tieta (1996), apresentado há 26 anos na trilha sonora de filme dirigido por Cacá Diegues com base em livro do escritor baiano Jorge Amado (1912 – 2001).
Para os nichos que consomem discos e shows de ícones da MPB projetados na década de 1960 na era dos festivais, o artista ainda oferece biscoitos finos como Não vou deixar (2021), o funk do vovô nervoso com os rumos do Brasil.
Como típico leonino, Caetano é do tipo apaixonado que organiza os movimentos e toma a frente de tudo, sinalizando tendências. Como nunca quer sair de cena, pela própria natureza narcísica, o artista procura jamais perder o bonde, elogiando novos artistas com frequência, sobretudo astros populares de importância minimizada pelos críticos de música e pelas elites culturais.
Principal arquiteto da Tropicália, movimento que derrubou muros e (pre)conceitos entre 1967 e 1968, Caetano Veloso atravessou o exílio mandando notícias e músicas do mundo de lá. Na volta ao Brasil, em 1972, lançou um disco de banda, Transa, hoje alçado ao status de cult, e se travestiu de Carmen Miranda (1909 – 1955), abrindo portas para artistas andróginos como Ney Matogrosso, furacão e revelação de 1973.
Sem nunca ter deixado de fornecer (grandes) canções para as vozes de Gal Costa e Maria Bethânia, Caetano soube pavimentar a própria trilha de sucesso sem deixar de fazer pulsar a veia da experimentação.
Os cinco luminosos álbuns gravados com A Outra Banda da Terra – Muito (Dentro da estrela azulada) (1978), Cinema transcendental (1979), Outras palavras (1981), Cores, nomes (1982) e Uns (1983) – enfileiraram sucessos nas playlists da época e, no caso dos dois primeiros, se tornaram quase greatest hits do cantor.
Ciente de que o passado pode se tornar roupa velha que não nos serve mais, como disse ao Brasil um compositor cearense em fase divina e maravilhosa, Caetano andou sempre para frente. Fez alianças com a geração 80 do pop rock brasileiro no álbum Velô (1984), revisou de certa forma a Tropicália ao passar canções brasileiras pelo filtro norte-americano dos produtores musicais do álbum Estrangeiro (1989) e se permitiu usar traje de gala ao ressignificar para o Brasil o cancioneiro hispânico no songbook latino Fina estampa (1994).
Quando pareceu senhoril ao lançar heterodoxo songbook da canção norte-americana no álbum A foreign sound (2004), após a frustração com o abafamento da revolução ansiada em Noites do norte (2000), Caetano virou o jogo, o disco, se juntou com jovens músicos de indie rock e se renovou, renovando também o público, na fase com a BandaCê.
Foram dez anos nessa vibe jobial. Seguiram-se então show e disco revisionistas com Gilberto Gil – o amigo de fé e irmão camarada de Caetano – e um espetáculo com os três filhos homens e músicos, todos talentosos. Moreno Veloso, Tom Veloso e Zeca Veloso são filhos que Caetano protege com a fúria de leão orgulhoso da cria.
Em todos os momentos, Caetano Veloso nunca deixou de ser Caetano Veloso. O álbum e o corrente show Meu coco mostram uma cabeça ainda fervilhante de ideias tropicalistas e pronta para, olhando através e além do espelho, ampliar a obra antropofágica que se tornou uma das mais completas traduções das belezas, males e contradições do Brasil.
Vamos comer Caetano aos 80 anos!

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Gavin Creel, ator de ‘Hair’ e ‘Alô, Dolly!’, morre dois meses após receber diagnóstico de câncer

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Além da Broadway, artista trabalhou em filmes e séries de TV como ‘Eloise no Plaza’, ‘As Enroladas Aventuras da Rapunzel’ e ‘American Horror Story’.
Gavin Creel apresenta ‘Hair’, na Broadway, em 2009
Peter Kramer/AP
O ator americano Gavin Creel morreu nesta segunda-feira (30), aos 48 anos. Sua morte acontece dois meses depois de ele receber o diagnóstico de um câncer raro no nervo periférico.
Creel estrelou musicais da Boradway como “Caminhos da Floresta”, “Hair”, “Alô, Dolly!”, além de peças da West End – a clássica rua dos teatros de Londres –, como “Mary Poppins” e “Waitress”.
Ele também trabalhou em filmes e séries de TV, atuando em produções como “Eloise no Plaza”, “O Natal de Eloise”, “As Enroladas Aventuras da Rapunzel” e “American Horror Story.”
Em 2002, ele recebeu sua primeira indicação ao prêmio Tony (o principal troféu do teatro), por “Positivamente Millie”. Oito anos depois, voltou a ser indicado, por “Hair”, e em 2017, levou o Tony de melhor ator coadjuvante, por “Alô, Dolly!”.
Gavin Creel ganha Tony por ‘Alô, Dolly!’, em 2017
Michael Zorn/Invision/AP
“O Tony foi como receber um abraço da comunidade que participo há 20 anos”, disse ele ao jornal americano “The San Francisco Chronicle”, em 2018. “Isso é bom. Eu literalmente não consigo fazer mais nada na minha vida e ainda sou vencedor do Tony. Nunca deixarei de fazer isso.”
Além de trabalhar nos palcos e em frente às câmeras, Creel também chegou a gravar música e apresentar concertos. Inclusive, em “She Loves Me”, ele estrelou o primeiro musical da Broadway transmitido ao vivo.

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Ex-Skank Henrique Portugal tenta se firmar como cantor, com parceria com Zélia Duncan, após EP com big band

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Capa do single ‘No meu paraíso’, de Henrique Portugal
Divulgação
♫ ANÁLISE
♪ Em março de 2023, o Skank saiu de cena na cidade natal de Belo Horizonte (MG) com show apoteótico no estádio conhecido como Mineirão. Dois anos antes dessa derradeira apresentação do Skank, Henrique Portugal – tecladista do quarteto mineiro projetado no início dos anos 1990 – já lançou o primeiro single sem a banda, Razão pra te amar, em parceria com Leoni.
Desde então, o músico vem tentando se firmar como cantor em carreira solo com série de singles que, diferentemente do que foi anunciado em 2021, ainda não viraram um álbum ou mesmo EP solo.
Após sucessivas gravações individuais e duetos com nomes como Frejat e Marcos Valle, Henrique Portugal faz mais uma tentativa com a edição do inédito single No meu paraíso, programado para 18 de outubro. Trata-se da primeira parceria do artista com Zélia Duncan, conexão alinhavada por Leoni há mais de quatro anos.
“Já conhecia Zélia, mas a parceria foi incentivada pelo Leoni. Eu conversei com ela sobre alguns temas, mandei a música e Zélia me devolveu a letra em 15 minutos”, conta Henrique.
O single com registro da canção No meu paraíso sai quatro meses após o EP Henrique Portugal & Solar Big Band (2024), lançado em 7 de junho com o tecladista no posto de vocalista da big band nas abordagens de músicas de Beatles e Roberto Carlos, entre outros nomes.
A rigor, o single No meu paraíso e sobressai mais pelo som pop vintage dos teclados do músico do que pelo canto de Henrique Portugal.
“No meu paraíso / Te quero a princípio / Se nada é perfeito / Me arrisco e me ajeito / Quem dirá que é amor? / Qual olhar começou? / Nesse ‘não’ mora um ‘sim’? / O que eu sei mora em mim”, canta Henrique Portugal, dando voz aos versos da letra escrita por Zélia Duncan em 15 minutos.

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Juiz nega pedido de novo julgamento para armeira de ‘Rust’ condenada por morte de diretora de fotografia

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Hannah Gutierrez-Reed foi considerada culpada pela morte de Halyna Hutchins, atingida por um tiro disparado por uma arma segurada pelo ator Alec Baldwin, em outubro de 2021. Alec Baldwin chora após Justiça anular acusações de homicídio culposo
Um juiz do Novo México negou nesta segunda-feira (30) o pedido da armeira Hannah Gutierrez Reed do filme “Rust” para um novo julgamento e manteve sua condenação por homicídio culposo pela morte da diretora de fotografia Halyna Hutchins em 2021. Gutierrez Reed vai permanecer sob custódia para cumprir o restante de sua sentença de 18 meses.
Hannah Gutierrez-Reed havia carregado o revólver com o qual Baldwin estava ensaiando, em outubro de 2021, durante a filmagem em um rancho do Novo México. Além da morte da diretora de fotografia, o incidente deixou o diretor Joel Souza ferido. A arma estava carregada com munição real e não cenográfica. Além de estrelar “Rust”, o Baldwin também era produtor do filme.
Em seu julgamento, os promotores argumentaram que Hannah violou repetidamente o protocolo de segurança e foi negligente. O advogado de defesa argumentou que ela era o bode expiatório pelas falhas de segurança da administração do set de filmagem e de outros membros da equipe.
Hannah Gutierrez-Reed, ex-armeira de ‘Rust’, comparece a julgamento em 27 de fevereiro pela morte de Halyna Hutchins
Luis Sánchez Saturno/Pool/AFP
Juíza anula acusação de Baldwin
No dia 12 de julho, o ator Alec Baldwin chorou após a Justiça dos Estados Unidos anular as acusações de homicídio culposo. A juíza entendeu que houve má conduta da polícia e dos promotores ao ocultar as provas da defesa.
À Justiça, os advogados do ator afirmaram que as autoridades “enterraram” evidências sobre a origem da bala que matou a diretora. Segundo a defesa, munições reais foram apreendidas como parte das evidências, mas não foram listadas no arquivo das investigações.
Vídeo com Alec Baldwin na gravação de ‘Rust’ é divulgado

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