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Festas e Rodeios

Vida e morte de Kara Veia: conheça saga trágica do vaqueiro idolatrado por nova geração do forró

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Ouça história do cantor alagoano que renovou o forró de vaquejada. Ele virou um mito que influencia novos ídolos, com uma vida que espelhou suas canções de romantismo dramático. Edvaldo José de Lima, o Kara Veia, viveu um sucesso rápido, mas que é cada vez mais influente após sua morte
Arquivo pessoal da família
A voz emotiva do vaqueiro Edvaldo José de Lima dá o tom da própria saga. Kara Veia saiu do interior de Alagoas e viveu um sucesso rápido antes de morrer, em 2004, aos 31 anos. O romantismo trágico das canções e de sua história atraem um culto cada vez maior.
Músicas como “Foi você”, “Filho sem sorte” e “Mulher ingrata e fingida” são celebradas no Nordeste e por fãs de forró de vaquejada no resto do Brasil, mesmo que ele seja pouco conhecido fora desse meio.
Kara Veia atingiu picos de busca YouTube em 2021 e 2022. Seu repertório apareceu em megashows do São João desse ano. Ele é tratado como lenda por alguns dos cantores mais ouvidos no Brasil, como João Gomes, Zé Vaqueiro e Tarcísio do Acordeon.
Os fãs famosos ajudam a puxar o “revival” nos últimos anos. No site Sua Música, especializado em música do Nordeste, a audição das músicas dele triplicou de 2019 para 2020, e segue em alta.
O podcast g1 ouviu conta a trajetória de Kara Veia e investiga de onde veio a angústia, a criatividade e a influência duradoura dele. Ouça abaixo e leia mais a seguir:
Ídolo dos ídolos
João Gomes, Zé Vaqueiro e Tarcísio do Acordeon: três novos ídolos do forró, que estão entre os cantores mais ouvidos do país hoje, fazem vídeos cantando Kara Veia, que tratam como ícone
Reprodução
“Acho que se Kara Veia estivesse vivo hoje seria um dos maiores ícones da música brasileira. Ele teria levado o forró e a vaquejada para outro nível”, arrisca Tarcísio do Acordeon, que estourou ao unir pisadinha com o forró de vaquejada. Em 2021, ele gravou um álbum só com músicas do ídolo.
“Kara Veia é essencial”, diz João Gomes. “Se você quer cantar vaquejada e forró, tem que escutar muito Dominguinhos, Luiz Gonzaga, e muito Kara Veia”, ensina.
A vaquejada é a prática de dois vaqueiros que, de cima de cavalos, tentam derrubar um boi. É o centro de uma cultura muito ligada à música. A trilha clássica do vaqueiro é a toada. O canto melódico com vogais alongadas ao infinito é filho do aboio, o som que chama a boiada.
Foi nesse universo que nasceu Edvaldo José de Lima, no dia 29 de dezembro de 1973, em Chã Preta. A pequena cidade de Alagoas, na fronteira com Pernambuco, tem hoje sete mil habitantes.
Amor adolescente
Edvaldo José de Lima, o Kara Veia, quando era criança e ajudava o pai em trabalhos no campo
Acervo pessoal da família
Lenilda Félix da Conceição Lima, a Nilda, é viúva e mãe de quatro filhas do Kara Veia. Os dois se conheceram adolescentes em Chã Preta. Ele tinha 14 anos e ela, 13. Ambos trabalhavam em fazendas com os pais.
“Ele tirava leite e eu ajudava meu pai com os cavalos. Com 16 anos eu me casei com ele. Meus pais tiveram que assinar os documentos, porque a gente era muito novo”, ela conta.
“Desde os 14 anos ele já cantava e fazia show”, ela lembra. “O povo às vezes pagava para ele cantar e ele ia feliz da vida. Ele gostava muito de cantar toadas”.
As toadas, nesse caso, são músicas a cappella, sem instrumentos. No primeiro álbum do Kara Veia, gravação amadora em parceria com Carlos Cavalcante, metade das músicas são toadas, só na voz.
Sobre o que ele cantava no primeiro álbum?
“Pé de Umbuzeiro” conta a história da amizade entre um vaqueiro e uma árvore. O umbuzeiro fica triste e morre depois que o vaqueiro para de passar do lado dela, após a construção de uma estrada.
As letras falam de amor ao campo e nostalgia do interior. Ele mistura isso com o desejo romântico, como se o sofrimento geográfico e amoroso fossem a mesma coisa. É o caso de “Sonho colorido”. Nilda diz que ele fez a música para ela, ainda em Chã Preta.
Cavalos dominam as letras, mas também aparecem os carros e o desejo de ser “herói da classe vaqueira”. “Eu gosto dos meus cavalos, que de mourão é primeira / Um carro novo do ano / Sela e freio, e cortadeira / Sou peão de vaquejada / E herói da classe vaqueira”, canta em “Peão de vaquejada”.
Kara Veia e as dançarinas em registro de show no YouTube
Reprodução / YouTube Fábrica de filmagem
Filho sem sorte
Kara Veia começou cantando essas toadas em bares e em festas de vaquejada pelo interior. Ele era também locutor de algumas vaquejadas – a forma de narração é outra influência no jeito de cantar.
Seu trabalho principal, de cuidador de cavalos, dava pouco dinheiro. Ele se mudou com Nilda para Maceió. Na capital, trabalhou em um lava jato e como servente de pedreiro, enquanto tentava emplacar na música.
“A gente tinha muita dificuldade”, lembra a viúva. “Teve uma época em que a gente não tinha quase nada para comer, e quem ajudava era a mãe dele”, ela conta. “A gente morou com ela, eu e as minhas quatro filhas, porque não tinha como pagar aluguel.”
A mãe de Kara Veia era diarista. Ela se separou do marido e se mudou para Maceió quando ele era criança – o garoto ficou com o pai em Chã Preta, e só voltou a morar com ela quando também foi para a capital.
Vote em Kara Veia
Ele enfrentava a vida difícil com desembaraço. Nas vaquejadas pelo Nordeste, conheceu muitos políticos locais. Ele não tinha vergonha de chegar para cada um deles e oferecer jingles na época de eleição. Assim, ganhava conexões e uma renda extra.
Ele não tocava nenhum instrumento e fazia as músicas de boca, registrando em fitas cassete. Quem o ajudou a arranjar e transformar essas criações em um projeto de uma toada pros anos 2000 foi o sanfoneiro Sebastião José Ferreira Marcelino, o Xameguinho.
Os dois se conheceram em Maceió e começaram a fazer shows de forma precária. “O.”O show era muito baratinho. Nem tinha empresário, ele mesmo que vendia e não podia pagar banda”, lembra Chameguinho. O jeito era tocar os dois só com um tecladista. “Depois começou a melhorar.”
Kara Veia escutava vaquejada – em especial Vavá Machado, grande referência do estilo -, tinha a bagagem das toadas e ouvia também o sertanejo comercial e forró eletrônico que estavam no auge no meio dos anos 90. Ele processava tudo de forma intuitiva.
Hit sem ensaio
Xameguinho foi o principal parceiro musical de Kara Veia
Divulgação
“Na maioria das vezes era tudo improvisado”, Chameguinho lembra dos shows. “Ele era o primeiro a não gostar de ensaiar.” Muitas vezes, Kara Veia puxava uma música e a banda criava o arranjo na hora. “O pessoal achava que a gente estava brincando, mas era verdade”, lembra o sanfoneiro.
Fazendo seu nome aos poucos, ele conseguiu gravar um segundo CD amador, com segunda voz de outro cantor, Perreca – que, assim como Carlos Cavalcante, nem chegou a excursionar com ele.
Foi o Kara Veia que escreveu todas as músicas desse disco. Ele arranjou com Xameguinho do jeito que eles sabiam fazer.
“Ele ligou para mim e falou: ‘Rapaz, estou aqui no estúdio do Rômulo. Vem para cá gravar.” Chameguinho nem conhecia a música e fez o arranjo de “Foi você” ali na hora.
“Foi você” virou o primeiro hit dele no Nordeste, em 2001. Mas o sucesso não vinha estúdio, e sim do fenômeno dos registros de shows em CD-R os disquinhos graváveis populares no início dos anos 2000. Foi aí que o impacto dele no palco fez diferença e ajudou a criar o mito do Kara Veia.
“O pessoal fazia capinha de papelão, ia gravando os CDs na torre, quando saia pegava caneta, botava ‘Kara Veia na cidade tal’ e vendia como água”, lembra Wagner Accioly, que trabalhou como operador de áudio dele durante quatro anos.
‘Dançarinas de canela fina’
Ele conseguia roubar holofotes de artistas com bem mais estrutura, lembra Wagner. “Ele dizia: ‘Rapaz a gente sobe no palco com quatro músicos, três dançarinas da canela fina e o povo gosta. Aí vem Calcinha Preta com mais de trinta homens, e o povo fica gritando pela gente.”
Chameguinho lembra de um festival em Pirambu (SE), que também tinha Calcinha Preta e Amado Batista. “A gente não tinha ônibus, andava só de van. Os caras tinham vários ônibus. A gente entrou, aqueles quatro gatos pingados, e a galera foi ao delírio, foi madeira”, ele diz.
O nome artístico do Edvaldo era um apelido de infância. Era uma brincadeira dos amigos, que Xameguinho cita ao falar das desvantagens em relação a bandas maiores.
As outras bandas “tinham uma galera bonita danada no palco, e a gente tudo feinho, a começar por ele”, brinca.
O segundo álbum de Kara Veia, em breve parceria com Perreca
Divulgação
A história de ‘Filho sem sorte’
Brincadeiras à parte, a relação musical deles estava cada vez mais afiada. Xameguinho conta que “Filho Sem Sorte” apareceu no repertório em um show no Dia das Crianças em Viçosa, cidade vizinha de Chã Preta.
“O prefeito estava em cima do trio elétrico e pediu para cantar uma música de criança.” Kara Veia começou a cantar “Filho sem sorte” sem avisar para a banda. Chameguinho nem sabia que música era aquela, mas criou as frases de sanfona na mesma hora.
“Filho sem sorte” é composição de uma dupla da região, Heleno Gino e Ivone Leão. Era uma toada em estilo bem tradicional. A letra é uma tragédia total, de cortar o coração, sobre uma mãe que morre e deixa um menino sozinho com o pai.
A própria infância de Kara Veia sem a mãe em Chã Preta pode ser motivo para ele ter lembrado da música no Dia das Crianças. Mas ele nunca contou para Xameguinho o motivo da escolha.
A diferença em relação à toada original é o arranjo veloz e intenso de forró, puxada pela introdução de sanfona. Há um contraste entre a letra de cortar o coração e o arranjo vibrante e animado.
“Até faz quem está escutando esquecer um pouco da morte, né?”, diz Chameguinho.
Os CDs com a gravação quase acidental de “Filho sem sorte” ao vivo se espalharam rapidamente por Alagoas e Pernambuco, e abriu as portas de um estúdio profissional para o Kara Veia finalmente gravar seu primeiro CD solo.
O drama do disco solo
O único álbum solo de Kara Veia
Reprodução
O álbum “Kara Veia – a cara metade das vaquejadas” foi o grande registro da carreira dele. A gravação foi no estúdio Somax, no Recife, com distribuição pela Polydisc.
Ele regravou “Foi você” com ritmo ainda mais veloz. E fez outras versões com sua voz que levou as nuances da toada para pra esse formato de xote acelerado. O título de uma das das versões que marcou o álbum dá o tom do drama nas letras: “Mulher ingrata e fingida”.
A intensidade não estava só na música. O jeito de viver era tão caótico quanto o de trabalhar. Ele ainda estava casado com a Nilda, mas, quanto mais viajava para tocar, mais amantes arrumava. Ele vivia parte do tempo em Maceió com outra mulher, com quem teve uma filha.
Enquanto realizava o sonho de gravar em um estúdio de ponta, ele estava enrolado com os casos amorosos. Segundo os relatos de Xameguinho, é difícil saber se tinha mais drama nas letras ou fora do estúdio. Ele tinha crises de ciúmes a distância, ligando para várias mulheres.
Kara Veia gastou todo o dinheiro que tinha em cartões de crédito para celular. “Quando as mulheres não atendiam, ele ficava doido”, lembra o amigo. “O dono do estúdio até falou: ‘Kara Veia, vamos ver se no próximo trabalho a gente faz com mais calma, sem ficar ligando para as mulheres.”
A morte de Kara Veia
Xameguinho conta que, depois da gravação do álbum, ele desapareceu e um dia em que deveria fazer um show na Bahia. Depois de um dia com todo mundo tentando encontrá-lo, ele conseguiu ligar para um telefone público em Chã Preta, e um vizinho achou Kara Veia.
“Eu perguntei: ‘O que está acontecendo, pelo amor de Deus? Você está com algum problema?’ Ele disse que não tinha problema, que não foi para o show porque tinha passado o dia na mata. Eu não sei se ele estava com depressão, ou se alguém queria pegar ele. Só quem sabe era ele “, diz Chameguinho.
A esposa sabia que o marido tinha um filho fora do casamento e se envolvia com outras mulheres. Ela diz que ele também estava com dificuldades financeiras. “Ele ganhou muito dinheiro, mas também gastava demais, sem necessidade.” Ela afirma que ele estava devendo R$ 10 mil quando morreu.
Nilda diz que, no dia da morte, Kara Veia tinha passado o dia em Chã Preta, que ele tomou uísque, e quando voltou para Maceió, passou na casa dela e pegou um revólver que tinha lá. “Daí eu não vi mais. Eu só vi no caixão”, diz a viúva.
Ele levou a arma até o apartamento da amante em Maceió. O pai de Kara Veia estava lá, e disse à polícia que o cantor pediu para ele descer para a garagem do prédio, e que, quando ele voltou, o filho estava morto com um tiro. Kara Veia se matou aos 31 anos, no dia 27 de março de 2004.
A amante disse à polícia na época que ele tinha dificuldades financeiras, que ele brigava muito com ela e era muito ciumento, o que condiz com os outros relatos nesta reportagem.
O retrato que fica é de um cantor que soube cantar o amor de forma original na música, mas não sabia lidar com estas relações amorosas na vida real.
Nilda lamenta: “Quem mais sofreu foi ele. Ele sofreu muito para chegar onde chegou”. Mesmo sabendo dos casos do marido, ela afirma: “Eu perdoei ele. Peço que Deus bote a alma dele em um bom lugar”.
O legado do vaqueiro
Com uma carreira em ascensão interrompida, o legado musical ficou em aberto. A banda pernambucana Arreio de Ouro fez uma música chamada “Homenagem ao Kara Veia”, até hoje lembrada quando se fala no cantor.
Quem mais cresceu nesse vácuo da vaquejada foi o alagoano Mano Walter. Ele foi atrás da equipe do Kara Veia depois que ele morreu para tentar contratá-los. Eles chegaram a tocar com ele, mas o novo patrão fazia uma exigência inaceitável: ensaiar antes dos shows.
“Ele levou Chameguinho, o guitarrista, o baixista. Mas a galera não se deu muito bem. Porque com Kara Veia eles eram soltos. O Mano Walter tinha uma visão mais profissional, e a galera gostava de ‘tomar uma’ nos shows. Então ficaram pouco tempo”, explica Wagner.
Kara Veia foi sepultado por uma multidão em Chã Preta, e depois ganhou uma praça com seu nome na cidade. Os seguidores mais dedicados fazem vídeos na praça, no túmulo e até no apartamento em Maceió onde ele morreu.
Um desses fãs é Romário Barros, engenheiro de 27 anos, dono de um canal no YouTube dedicado ao cantor. “Eu criei em 2016, quando não tinha nenhum canal em homenagem a ele. Foi crescendo, e hoje temos mais de 130 mil inscritos. Sempre que posto algo é incrível o carinho das pessoas.”
Buscas por Kara Veia no Youtube atingiram picos em 2021 e 2022
Reprodução / Google Trends

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Sean Diddy Combs: relembre outras acusações e controvérsias que marcam trajetória do rapper

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Muito antes de ser preso em setembro deste ano, músico já colecionava denúncias, polêmicas e escândalos. Sean ‘Diddy’ Combs em foto de 2017, em Nova York.
Lucas Jackson/Reuters
Ocorrida em 16 de setembro, a prisão de Sean Diddy Combs, também conhecido como Puff Daddy e P. Diddy, movimentou a indústria da música, levantou teorias nas redes sociais e fez explodir as buscas pelo nome do rapper na internet.
Alvo de processos envolvendo suspeitas de tráfico sexual e agressão, ele foi preso em Nova York, nos Estados Unidos, após meses de investigações. O rapper, que ainda não foi julgado, nega as acusações que motivaram sua prisão.
Muito antes disso tudo acontecer, no entanto, o músico já colecionava acusações e histórias controvérsias. Veja a seguir algumas delas.
Caso Diddy: entenda o que é fato sobre o caso
Universidade de Nova York
Ainda sob o nome de Puff Daddy, o rapper foi um dos organizadores de um jogo de basquete caótico, ocorrido num ginásio da Universidade de Nova York, em dezembro de 1991. O evento terminou com 9 pessoas mortas e 29 feridas.
O caos aconteceu devido à quantidade de gente no espaço, que reuniu cerca de 5.000 pessoas, mas comportava somente 2.730.
Sem seguranças para controlar a multidão, o evento saiu de controle, e pessoas arrombaram as portas, causando um pisoteamento generalizado.
Foram abertos vários processos civis do caso. Em alguns deles, Combs atuou como testemunha contra o ginásio e, em outros, virou réu — sua defesa alegava que ele não era responsável pela segurança local.
‘Hate Me Now’
Dirigido por Hype Williams, o videoclipe “Hate Me Now” (1999) provocou uma briga entre Sean Combs e o executivo musical Steve Stoute.
Na versão original, havia uma cena em que o rapper aparecia crucificado. Incomodado, o músico exigiu que o trecho fosse cortado antes do clipe ir ao ar. A primeira versão que foi exibida ao público pela primeira vez, no entanto, foi a antiga.
Ao ter seu pedido ignorado, Sean se irritou e invadiu o escritório de Stoube. O executivo disse que o músico agrediu ele com uma garrafa de champanhe. “Ele me deu um soco no rosto, depois pegou o telefone e me bateu na cabeça com ele”, disse Stoube na época ao jornal americano “The Times”.
O caso foi parar na Justiça, e Sean chegou a ser detido, mas depois os dois fizeram um acordo, no qual o rapper pagou US$ 500 mil ao executivo.
Sean ‘Diddy’ Combs durante um evento em 2018
Richard Shotwell/Invision/AP/Arquivo
Troca de tiros
Também em 1999, Sean foi acusado de posse ilícita de arma de fogo. Após se envolver em uma violenta briga no Club New York com troca de tiros, o músico foi encontrado pela polícia dentro de seu carro, onde havia duas pistolas.
Ele e a cantora Jennifer Lopez, que estava na ocasião e era sua namorada, foram detidos.
O músico, que sempre negou ter envolvimento com o tiroteio, foi absolvido.
Intimidação
Em 2003, o rapper foi processado por seu ex-colega de negócios Kirk Burrowes, que o acusou de intimidá-lo com um bastão de beisebol. Ele teria feito isso para forçá-lo a assinar documentos de transferência empresarial.
Sean negou. O caso foi a um tribunal de apelações três anos depois, mas foi rejeitado por expiração do prazo de prescrição.
Briga com treinador do filho
Em 2015, o artista foi detido após brigar com o treinador de futebol americano de seu filho, Justin Combs.
“Os vários relatos do incidente e as acusações sendo divulgadas são completamente imprecisos. O que podemos dizer agora é que qualquer ação tomada pelo Sr. Combs foi única e exclusivamente de natureza defensiva para se proteger e proteger seu filho”, afirmou um porta-voz do rapper ao site americano “TMZ” na época.
O caso gerou polêmica, mas não chegou a ir parar na Justiça.
Sean ‘Diddy’ Combs.
Jordan Strauss/Invision/AP
Primeiras alegações de abuso
Em 2019, a modelo Gina Huynh, ex-namorada de Sean, disse que ele havia abusado dela durante todo o relacionamento, que durou cinco anos. A declaração foi feita à youtuber Tasha K.
Com relatos fortes, ela afirmou que ele chegou a pisar na altura de seu estômago, o que “tirou o ar” de seus pulmões”. Também alegou que ele ofereceu dinheiro para ela fazer um aborto.
O rapper não comentou a acusação.
A relação com Cassie
A cantora Cassie, de “Me & U”, abriu um processo contra Sean em 2023. Ela o acusou de estupro, agressão e abuso físico.
Os dois se conheceram pela música e começaram a trabalhar juntos de 2005. Depois, engataram num namoro, que rompeu em 2018. Segundo a artista, o rapper sua posição de poder na indústria para levá-la a um “relacionamento romântico e sexual manipulador e coercitivo”.
Cassie afirmou que os crimes aconteceram por mais de uma década. Na ação, ela descreve que Sean “regularmente batia e chutava” seu corpo, “deixando olhos roxos, hematomas e sangue”.
Na época, ele negou as acusações. Em fevereiro deste ano, vazou um vídeo em que ele aparece agredindo Cassie. “Assumo total responsabilidade por minhas ações naquele vídeo. Fiquei enojado quando fiz isso. Estou enojado agora”, disse ele em um comunicado publicado nas redes sociais.
Várias ações civis de uma vez só
A acusação de Cassie serviu como pontapé para várias outras acusações contra o rapper. Denúncias de estupro e violência que, embora protocoladas no fim de 2023, mencionam mais de uma época.
Uma das ações movidas diz que Sean e outro homem forçaram uma mulher a fazer sexo com eles. Em outra, a vítima diz ter sido drogada e estuprada pelo rapper em 1991.
Uma terceira mulher afirmou que há mais de 30 anos havia sido estuprada junto de sua amiga, vítimas de Sean.
O músico negou as acusações.
Condenado a US$ 100 milhões
Em um dos casos que foram surgindo contra ele, Sean foi condenado a pagar US$ 100 milhões a um presidiário do Michigan que diz ter sido drogado e estuprado pelo rapper há mais de 30 anos. A condenação veio em setembro de 2024, dias antes de sua prisão.
Derrick Lee Smith, 51 anos, venceu a disputa judicial multimilionária à revelia no Tribunal do Condado de Lenawee durante uma audiência virtual na segunda-feira (9), após Combs, 54 anos, não comparecer.
Um advogado de Combs disse que o rapper vai pedir a anulação da sentença.
“Este homem [Smith] é um criminoso condenado e predador sexual, que foi sentenciado por 14 acusações de agressão sexual e sequestro nos últimos 26 anos,” disse o advogado Marc Agnifilo em nota, na época.

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De ‘Monstros: Irmãos Menendez’ a ‘Making a murderer’: Por que true crime faz tanto sucesso?

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‘Queremos saber o que é aquela coisa que nos faz surtar’, diz Javier Bardem em entrevista ao g1. Mais barato e ‘viciante’, gênero é queridinho de estúdios e público. Elenco de ‘Monstros: Irmãos Menendez’ fala sobre true crime
Desde que estreou, no dia 19, “Monstros: Irmãos Menendez: Assassinos dos pais” tem sido um bom exemplo do fascínio que o gênero de true crime exerce sobre o público.
Apesar do exagero do uso de dois pontos em um só título, a série foi a mais assistida na semana de seu lançamento na Netflix nos Estados Unidos – graças à sua versão estrelada por Javier Bardem (“Duna 2”) da história real de um dos assassinatos mais chocantes dos anos 1980.
“Por que gostamos tanto de assistir a coisas como essas?”, pergunta o ator, ganhador do Oscar por “Onde os fracos não têm vez” (2007). Ele mesmo responde.
“Queremos saber mais sobre nós mesmos. O que é aquela coisa que nos faz surtar. Como lidamos com nossos próprios medos e fantasmas e traumas e dor.”
Na série, o espanhol interpreta o pai de uma família rica e influente que foi assassinado, junto da mulher (Chloë Sevigny), pelos próprios filhos (Cooper Koch e Nicholas Alexander Chavez) em 1989.
O crime dominou o noticiário americano na época – pelo menos até o julgamento do ex-jogador de futebol americano O.J. Simpson (1947-2024), suspeito de matar a ex-mulher.
Nicholas Alexander Chavez, Chloë Sevigny, Javier Bardem e Cooper Koch em cena de ‘Monstros: Irmãos Menendez: Assassinos dos pais’
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Não há para onde fugir
“True crime existe há muito tempo. As pessoas se fascinam com por que essas coisas acontecem, e por que as pessoas cometem esses crimes”, lembra Nathan Lane, que dá vida a um jornalista que cobriu o caso.
O ator é um bom exemplo do grande momento do true crime. Além de integrar o elenco da temporada de “American Crime Story” que cobriu o caso O.J. (série também criada por Ryan Murphy, assim como “Monstros”), ele esteve nos primeiros anos de “Only murders in the building”, comédia que parodia o gênero.
“Em toda plataforma de streaming que você liga há pelo menos três ou quatro desse tipo de programa. (Como um) Documentário de true crime sobre seja lá o que aconteceu em uma pequena cidade em Ohio. Mas, é, parece que está aqui para ficar.”
Ele liga o auge recente ao sucesso de “Making a murderer”, série documental que em 2015 conquistou espectadores ao redor do mundo, mas é possível ir até um pouco antes.
Em 2014, o podcast “Serial” virou fenômeno ao contar a história de um jovem condenado pelo assassinato da namorada, apesar de diversas dúvidas sobre sua culpa.
O sucesso foi tanto que, em 2020, o jornal “New York Times” comprou a produtora responsável por US$ 25 milhões. Dois anos depois, uma juíza anulou a condenação do rapaz, Adnan Syed.
Chloë Sevigny, Javier Bardem, Nicholas Alexander Chavez e Cooper Koch em cena de ‘Monstros: Irmãos Menendez: Assassinos dos pais’
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O mistério do mistério
Mas não é só a curiosidade pelo macabro que motiva o encanto pelo true crime. Um estudo de 2010 da Universidade de Illinois indica que mulheres são mais atraídas pelo gênero do que homens – interessadas por histórias que mostram como as vítimas (em especial, as femininas) fugiram e o que leva os assassinos a agirem dessa forma.
Há também nos mistérios um teor altamente viciante, que mantém o público engajado em uma época de séries “maratonáveis”. Até mesmo quando o criminoso já é conhecido, há o desafio de descobrir como, ou por que.
Além disso, produções do tipo tendem a ser consideravelmente mais baratas que as de outros gêneros – em especial, é claro, os documentários. E as produções ainda podem se basear nas investigações já realizadas nos julgamentos para economizar ainda mais.
Os estúdios ainda se aproveitam do interessado gerado por uma obra para lançar outra. Em 7 de outubro, a Netflix lança ainda o documentário “O Caso dos Irmãos Menendez”.
“Também é uma boa história. Te mantém viciado quando você está tentando descobrir algo e quer saber mais. Te mantém ligado, que é o porque, certamente, os estúdios sabem que as pessoas querem. Então, eles continuam fazendo”, fala Ari Graynor (“Lakers: Hora de vencer”).
Na série, ela interpreta a advogada de defesa que se encantou pelo mais novo dos irmãos acusados.
“É revelador das partes mais profundas da humanidade, sobre as quais temos a menor quantidade de entendimento.”
Nicholas Alexander Chavez, Ari Graynor e Cooper Koch em cena de ‘Monstros: Irmãos Menendez: Assassinos dos pais’
Divulgação
‘Todos somos cúmplices’
Assim como a temporada anterior, que retratava os assassinatos de Jeffrey Dahmer (1960-1994), “Irmãos Menendez” tem sido alvo de críticas. Erik Menendez, por exemplo, reclamou da forma como sua história foi retratada.
“Eu achava que as mentiras e as representações tendenciosas que recriavam Lyle eram coisa do passado, que tinham criado uma caricatura de Lyle baseada em mentiras horríveis e descaradas e que agora voltam a abundar na série”, afirmou ele em redes sociais.
Atualmente, ele cumpre uma pena perpétua sem direito a liberdade condicional pela morte dos pais.
“É triste para mim saber que a representação desonesta da Netflix das tragédias que cercam nosso crime fez com que as dolorosas verdades retrocedessem vários passos no tempo, para uma época em que a promotoria construiu uma narrativa baseada em um sistema de crenças segundo o qual homens não eram abusados sexualmente e que homens experienciavam o trauma da violação de maneira diferente das mulheres.”
O elenco, claro, defende a obra, que mostra diferentes pontos de vista do episódio. Entre eles, a defesa dos acusados, de que sofriam abuso sexual do pai desde a infância.
“Eu na verdade queria que no final de ‘Monstros’ tivesse um ponto de interrogação, porque esse é meio que o objetivo. Estamos pedindo que o público seja o júri”, diz Koch (“They/them: O acampamento”), intérprete do mais novo.
“Acho que a série quer apresentar muitas realidades diferentes. Muitas perspectivas diferentes sobre os assassinatos, os eventos que levaram a eles e às repercussões que vieram depois”, afirma Chavez (“General Hospital”), que dá vida ao mais velho.
Sevigny (indicada ao Oscar por “Meninos não choram”) é mais categórica sobre quem são os verdadeiros “monstros” da série – e o papel dos fãs do gênero.
“Eu acho que os pais são monstros. Os garotos são monstros. Os garotos são vítimas. Os pais são vítimas. A mídia é um monstro. É como se todos nós fôssemos cúmplices, de certa forma.”
Nicholas Alexander Chavez e Cooper Koch em cena de ‘Monstros: Irmãos Menendez: Assassinos dos pais’
Divulgação

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Gavin Creel, ator de ‘Hair’ e ‘Alô, Dolly!’, morre dois meses após receber diagnóstico de câncer

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Além da Broadway, artista trabalhou em filmes e séries de TV como ‘Eloise no Plaza’, ‘As Enroladas Aventuras da Rapunzel’ e ‘American Horror Story’.
Gavin Creel apresenta ‘Hair’, na Broadway, em 2009
Peter Kramer/AP
O ator americano Gavin Creel morreu nesta segunda-feira (30), aos 48 anos. Sua morte acontece dois meses depois de ele receber o diagnóstico de um câncer raro no nervo periférico.
Creel estrelou musicais da Boradway como “Caminhos da Floresta”, “Hair”, “Alô, Dolly!”, além de peças da West End – a clássica rua dos teatros de Londres –, como “Mary Poppins” e “Waitress”.
Ele também trabalhou em filmes e séries de TV, atuando em produções como “Eloise no Plaza”, “O Natal de Eloise”, “As Enroladas Aventuras da Rapunzel” e “American Horror Story.”
Em 2002, ele recebeu sua primeira indicação ao prêmio Tony (o principal troféu do teatro), por “Positivamente Millie”. Oito anos depois, voltou a ser indicado, por “Hair”, e em 2017, levou o Tony de melhor ator coadjuvante, por “Alô, Dolly!”.
Gavin Creel ganha Tony por ‘Alô, Dolly!’, em 2017
Michael Zorn/Invision/AP
“O Tony foi como receber um abraço da comunidade que participo há 20 anos”, disse ele ao jornal americano “The San Francisco Chronicle”, em 2018. “Isso é bom. Eu literalmente não consigo fazer mais nada na minha vida e ainda sou vencedor do Tony. Nunca deixarei de fazer isso.”
Além de trabalhar nos palcos e em frente às câmeras, Creel também chegou a gravar música e apresentar concertos. Inclusive, em “She Loves Me”, ele estrelou o primeiro musical da Broadway transmitido ao vivo.

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