Connect with us

Festas e Rodeios

MC Don Juan diz que fãs cobram palavrão nas letras e que Rock in Rio terá ‘funkão e couro comendo’

Published

on

Ele fala a podcast do g1 sobre estreia no festival, paternidade, pedidos por funk de ‘ousadia’, conversa com Marília Mendonça antes da morte dela e música de que se arrependeu de lançar. MC Don Juan não quer pegar leve. O cantor paulista promete “o bagulho ao extremo” no primeiro show de sua carreira no Rock in Rio, no dia 3 de setembro. “Vai ser couro comendo, funkão mesmo”, define. “Ano que vem eu volto cantando as mais lights”, ele promete.
Ele é um dos cantores mais ouvidos do Brasil, com 9 milhões de ouvintes mensais só no Spotify, com sucessos que passeiam entre os funks ousados e parcerias com outros estilos.
Seus dois hits atuais mostram as duas facetas: o funk “Eu vou com carinho, ela quer com força” (com MC Davi e MC G15) e o piseiro “Áudio que te entrega” (com Léo Santana e Mari Fernandez).
Ouça abaixo a entrevista ao podcast g1 ouviu e leia mais sobre cada tópico do papo a seguir:
o início no funk aos 11 anos de idade;
a mudança de voz e a criação espontânea de hits como “Amar, amei”;
a aposta nos “feats” e os planos com Marília Mendonça antes da morte dela;
a cobrança para não abandonar os funks ousados;
os planos para o Rock in Rio;
assumir as rédeas da carreira e cuidar da filha recém-nascida, Mariah.
1 – O início aos 11 anos
Don Juanzinho: o cantor da Zona Sul de São Paulo começou a carreira aos 11 anos
Reprodução / YouTube
Aos 21 anos de idade, Don Juan é um veterano. Ele começou a cantar aos 11 na comunidade da Cheba, na zona sul de São Paulo. Aos 15 já era uma estrela do funk com o hit “Me amarro na noite”.
Na época, nem a mãe aceitava muito o plano do funk. “Quando resolvi cantar, para a minha família aceitar eu tive que mostrar para eles que não era aquilo que eles pensavam”.
Sua geração alcançou feitos que ninguém imaginava, como dar autógrafo para PMs, que antes viam qualquer cantor de funk com preconceito. “Hoje em dia os policiais conhecem a gente, pedem vídeo, falam que os filhos são fãs, que ouvem o trabalho, elogiam”.
“Hoje um molequinho de 11 anos tem várias referências boas para mostrar para o pai dele”, resume Don Juan. “Para o pai falar: ‘Pode pá, vai lá, filho”, Don Juan imita a aprovação que não teve.
2 – Mudança de voz e ‘Amar, amei’
MC Don Juan
Divulgação
Parte de uma geração de ídolos mirins como os MCs Pedrinho, Brinquedo, Pikachu e Hariel, ele passou, como todos os amigos, por um dilema: a mudança de voz na adolescência.
“Teve uns 3, 4 anos bem perturbadores”, ele admite. “Eu vi artistas novos que depois mudaram de voz e não ficou legal… Meus amigos ficavam falando: ‘sua voz vai mudar, ein’. Eu ficava em choque”.
“Meu timbre melhorou bastante e hoje em dia eu acho que antes que era ruim”, ele comemora. Ele foi achando um jeito de cantar mais suave, melódico, fora do funk “retão”, como ele define.
O ponto de virada foi em “Oh novinha”, seguido pela melódica “Amar, amei”. Don Juan escreveu a música enquanto tomava banho, antes de ir gravar “Se eu tiver solteiro”, com o DJ Yuri Martins.
Chegando no estúdio com Yuri, ele falou: “Se liga, mano, fiz uma música aqui hoje tomando banho”. Na verdade, ele só tinha feito o começo da música e, na hora de mostrar, improvisou o resto, “de freestyle”.
Ele nem sabia que o DJ estava gravando tudo que ele falava, e registrou a composição instantânea. “Amar, amei”, foi um dos hits do verão de 2018 e ajudou a espalhar a voz de Don Juan além do funk.
LEIA MAIS: Don Juan fala sobre fase cantando funk mais ‘light’: ‘Pegando todos os públicos’
3 – Aposta nos ‘feats’ e Marília Mendonça
MC Don Juan
Divulgação
“Eu sempre tive vontade de gravar outros estilos, ser aquele cara versátil”, diz Don Juan.
“Quem abriu as portas para mim foram a Maiara e a Maraisa. Elas foram as primeiras, porque tinha um preconceito do pessoal não se misturar com a rapaziada do funk”.
Ele avalia que o próprio funk mudou até ser mais aceito. “Os moleques eram todos muito novos, ninguém tava nem aí pra nada, hoje em dia tem uma estrutura, tem um show ‘da hora’, e os números… Olha só como o funk está…”.
“Eles abraçaram a gente e viram que é bom estar do nosso lado, para unir forças. E para nós é bom também, para chegar em outros ouvidos”. Alok, Xamã, Tarcísio do Acordeon, Mari Fernandez, Psirico e Grupo Presença estão entre os músicos que já gravaram com ele.
Que ninguém duvide da conexão de Don Juan com os cantores de outros estilos. No meio da entrevista, o forrozeiro Zé Vaqueiro liga para ele em videochamada. “Amor da minha vida”, atende Don Juan. “Vamos jantar hoje então, tá?”, eles combinam.
O maior desejo de Don Juan fora do funk era gravar com a outra patroa, amiga da dupla que lhe abriu as portas: Marília Mendonça. Os dois trocaram mensagens pelo Instagram, estavam se seguindo, e Marília postou um vídeo com músicas dele.
“A gente já estava conversando, já tinha uma proposta”, ele diz. A parceria não tinha sido feita quando a cantora morreu, mas “estava para acontecer”, afirma Don Juan.
4 – Não largar os funks ousados
MC Don Juan
Divulgação
Apesar do sucesso em outros estilos, uma das preocupações do MC Don Juan é não perder a conexão com o funk que o consagrou: “Eu tenho muito medo de perder a origem do bagulho”.
“Meus últimos trampos foram sertanejo, piseiro, e a rapaziada abraçou, gostou de me ver nesse segmento. Às vezes o pessoal até cobra eu sozinho nessa parada. Gosto muito e não vou deixar de fazer. Estou planejando músicas com vários artistas”, ele adianta.
“Só que a minha parada é funk, tá ligado? Eu não posso abandonar. O funk me colocou onde estou. A cobrança é muito grande. Às vezes eu estou deixando de falar um pouco de ousadia nas músicas, palavrão, e o pessoal fica pedindo para eu falar. Porque o pessoal gosta disso.”
Ele lançou no início de agosto o EP “Sete chaves” com este objetivo. “Eu estava com bons números, agora chegou a hora de fazer uma parada que eu quero. Tanto que eu fiz as músicas desse álbum todas em uma semana.”
Ele veio, afinal, de uma geração de funkeiros mirins com funks espontâneos. “Às vezes fica muito robô, tá ligado? Fica pensando muito. Mas agora estamos voltando a ser igual antes. Claro que não vamos fazer qualquer coisa. Vamos estar sempre planejando. Mas é melhor não deixar virar muito estratégia, fazer uma parada de coração.”
O hit atual “Eu vou com carinho, ela quer com força” nasceu “do nada”: “A gente estava lá no estúdio, fizemos, e aí eu falei: ‘Vou gravar clipe. Grava aqui numa parede branca mesmo’. “Teve músicas de gastar 400 mil e não foi sucesso igual esse, que não gastou nada. O público sente isso”, reflete.
5 – Rock in Rio
PK, MC Don Juan e Zé Ricardo de pé; MC Hariel, Papatinho, L7nnon e Marvvila sentados
Laura Rocha/g1
Don Juan vai fazer o primeiro show da carreira no Rock in Rio 2022 dividindo o palco com o rapper PK. Mesmo com muito mais audiência do que vários artistas dos palcos principais, ele vai se apresentar em um dos palcos alternativos, o Espaço Favela.
No dia da entrevista, ele ainda não tinha decidido o repertório, mas disse que vai manter o objetivo atual de não se desconectar do funk.
“Ah, no Rock in Rio vai ser o couro comendo, vai ser funkão mesmo. O bagulho ao extremo”, promete Don Juan.
“Ano que vem eu vou cantando as mais light. Esse ano eu vou para mostrar que é o funk mesmo no bagulho.”
6 – Mariah e a rédea da carreira
Don Juan com a filha, Mariah, e a esposa, a DJ Allana
Reprodução / Instagram
O cantor que já chegou a fazer oito shows na mesma noite no começo da carreira hoje consegue diminuir o batidão na estrada.
“Quero fazer menos shows, dar mais atenção para os fãs, chegar lá e ver o que está acontecendo, fazer as coisas com mais calma.” Há uma mudança que permite isso: “Temos um cachê mais caro, tá ligado?”
Não é só na estrada que Don Juan tem mais controle sobre a carreira. Ele reflete mais sobre seus lançamentos. “Eu prefiro fazer uma parada que depois vai me alegrar, porque tem várias coisas que eu fiz antes que hoje em dia eu olho e digo: ‘gente, eu não faria isso’.”
“Tem uma música que eu falo: ‘como vocês deixaram eu lançar? Que música ruim…’ “Desce com a xerequinha” (de 2021), até o nome é ruim. Eu já pedi para os caras excluírem, mas os caras gastaram dinheiro com o clipe, não vão excluir”.
“Agora nem empresário, nem gravadora. Quem decide quais são as paradas que vão soltar para a rua sou eu”.
Mas o maior motivo para colocar o pé no freio dos shows e planejar melhor a vida e a carreira tem nome: Mariah, primeira filha de Don Juan e da esposa, a DJ Allana, nasceu no dia 11 de julho de 2022.
No ano passado, ela perdeu o bebê que estava esperando e o casal não escondeu a tristeza nas redes sociais. Agora ele é só alegria: Don Juan diz que acha a paternidade “da hora” e tem prazer até de ouvir o choro do neném.
“Cê é louco, o pai é monstro, eu tô zica já. Os braços estão ficando até fortes, já.”
MC Don Juan
Divulgação

Continue Reading
Click to comment

Leave a Reply

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Festas e Rodeios

Adriana Partimpim balança na volta ao disco entre o suingue do samba ‘Malala’ e o espírito lúdico de ‘O meu quarto’

Published

on

By

Faixas adiantam álbum que sai em 10 de outubro com produção de Pretinho da Serrinha e música que celebra Malala Yousafzai, ativista da luta pela paz. Adriana Partimpim canta samba composto em 2018 para peça sobre a ativista paquistanesa Malala Yousafzai, laureada com o Prêmio Nobel da Paz
Reprodução / Clipe da música ‘O meu quarto’
Capa do single ‘O meu quarto / Malala’, de Adriana Partimpim
Divulgação / Sony Music
♫ OPINIÃO SOBRE DISCO
Título: O meu quarto / Malala
Artista: Adriana Partimpim
Cotação: ★ ★ ★ 1/2
♪ Vamos combinar que Adriana Partimpim sempre foi muito mais ouvida e venerada pelos admiradores adultos de Adriana Calcanhotto do que pelas crianças, em tese o público alvo desse heterônimo, espécie de alter ego criado pela artista para discos e shows direcionados a ouvintes e plateias infantis.
Por isso mesmo surpreende que uma das duas músicas que dão prévia do quarto álbum de estúdio de Partimpim – O quarto, gravado com produção musical do percussionista Pretinho da Serrinha e programado para 10 de outubro pela gravadora Sony Music – seja de fato uma canção de espírito lúdico vocacionada para as crianças.
De autoria de Calcanhotto, a canção se chama O meu quarto e surge em single – ao lado do samba Malala (O teu nome é música) – em gravação calcada no suingue do baixo acústico tocado por Guto Wirtti e embasada com o arsenal percussivo de Pretinho da Serrinha (cavaquinho, caixa, pandeirola, recobra e prato).
Em O meu quarto, Partimpim convoca a gurizada para adentrar o espaço da própria Partimpim – personagem personificada por boneca sapeca – para “inventar o mundo” e para “ser cor, música e poesia”.
O sopro do clarinete de Jorge Continentino contribui para a atmosfera de suingue jazzy do fonograma também formatado com os teclados e o piano de brinquedo de Rodrigo Tavares. O coro infantil realça o espírito lúdico da música O meu quarto.
Já Malala (O teu nome é música), embora também apareça no single com vozes de crianças no coro regido por Delia Fischer, é samba para gente grande que poderia figurar em qualquer álbum de Calcanhotto. O samba foi composto pela artista em 2018 para peça baseada em livro de Adriana Carranca sobre a ativista paquistanesa Malala Yousafzai, laureada com o Prêmio Nobel da Paz.
Hábil, Pretinho da Serrinha (cavaquinho, tamborins, cuíca, surdo e ganzá) arma cama refinada para Partimpim rolar com maciez no canto de versos como “O teu nome é música / O teu nome é liberdade e paz”. Versos carregados de sentido e urgência em um dia em que o mundo assiste ao agravamento da guerra no Oriente Médio com o disparo de mísseis pelo Irã para atingir Israel.
Enfim, Adriana Partimpim é de paz e está de volta. E esse single inicial – lançado simultaneamente com os clipes das duas músicas – sinaliza que O quarto será um bom álbum, embora em princípio sem munição para se igualar ao primeiro e ainda melhor disco de Adriana Partimpim.
Adriana Partimpim lança em 10 de outubro pela Sony Music o álbum ‘O quarto’, gravado com produção musical de Pretinho da Serrinha
Reprodução / Clipe da música ‘O meu quarto’

Continue Reading

Festas e Rodeios

John Amos, ator de ‘Um Príncipe em Nova York’, morre aos 84 anos

Published

on

By

Ele morreu no dia 21 de agosto, em Los Angeles, nos Estados Unidos, mas a morte só foi divulgada por seu filho nesta terça-feira (1º). John Amos em cena de ‘Um príncipe em Nova York’
Divulgação
John Amos, roteirista que ficou famosos como um dos coadjuvantes do filme “Um Príncipe em Nova York”, morreu aos 84 anos. Ele morreu no dia 21 de agosto, em Los Angeles, nos Estados Unidos, mas a morte só foi divulgada por seu filho nesta terça-feira (1º).
“É com profunda tristeza que compartilho com vocês que meu pai fez a transição”, disse ele, por meio de um comunicado. “Ele era um homem com o coração mais gentil… e era amado no mundo todo. Muitos fãs o consideram seu pai na TV. Ele viveu uma vida boa. Seu legado viverá em seus excelentes trabalhos na televisão e no cinema como ator.”
Antes de atuar, Amos tentou ser jogador de futebol americano e assinou um contrato com o Denver Broncos, mas acabou rompendo o contrato após sofrer uma distenção muscular na coxa. Ele teve outra chance em um time de uma das ligas principais, o Kansas City Chiefs, mas também não conseguiu se firmar. A maioria da carreira foi em times de ligas menos importantes.
O primeiro grande papel de Amos foi na série de TV “Good Times”, dos anos 70, mas ele foi demitido após se dizer contra os estereótipos do seriado. A trama seguia uma família afro-americana pobre vivendo nos projetos de habitação social de Chicago.
Em 1977, Amos foi indicado ao Emmy por sua atuação na minissérie “Raízes”, baseado no livro de mesmo nome escrito por Alex Haley. A trama é sobre a história de Kunta Kinte, personagem sequestrado da África e escravizado nos Estados Unidos. Ele interpreta a versão mais velha do protagonista.
Além de “Um Príncipe em Nova York”, o ator atuou em séries como “Mary Tyler Moore”, “Um Maluco no Pedaço” e “West Wing: Nos Bastidores do Poder”.

Continue Reading

Festas e Rodeios

Nando Reis anda pela contramão do mercado, sem derrapar, com vigoroso álbum quádruplo de músicas inéditas

Published

on

By

Há obras-primas na coesa safra autoral composta por 30 canções distribuídas em quatro discos, mas também reunidas em uma única obra intitulada ‘Uma estrela misteriosa revelará o segredo’. Nando Reis lança quatro álbuns com repertório inteiramente autoral composto entre 1988 e 2024
Carol Siqueira / Divulgação
Capa do álbum quádruplo ‘Uma estrela misteriosa revelará o segredo’, de Nando Reis
Criação e design de Zoé Passos com a colaboração de Daniel Taglieri
♫ OPINIÃO SOBRE DISCO
Título: Uma estrela misteriosa revelará o segredo
Artista: Nando Reis
Cotação: ★ ★ ★ ★
♪ Em qualquer época, lançar álbum quádruplo com músicas inéditas e repertório inteiramente autoral seria ato considerado arriscado por executivos do mercado fonográfico. Nestes tempos digitais em que o single é o formato dominante na indústria o disco, numa era em que o ouvinte mal-acostumado nem tem paciência para ouvir até o fim uma canção de três minutos, fazer o que Nando Reis fez ao apresentar Uma estrela misteriosa revelará o segredo é andar perigosamente na contramão desse mercado volátil e volúvel.
E o mais incrível é que o compositor transita sem derrapar por uma estrada perigosa que conduz o ouvinte por 30 canções compostas entre 1988 e 2024. A maioria é recente, 26 são inteiramente inéditas e quatro já tinham aparecido de alguma forma, caso de Corpo e colo, parceria de Nando com Kleber Lucas apresentada por Céu no recente álbum Novela (2024).
Novas ou antigas, as 30 canções se afinam esteticamente por carregarem o D.N.A. de Nando Reis como compositor, o que confere unidade aos quatro álbuns – Uma, Estrela, Misteriosa e Revelará o segredo – já disponíveis juntos e separados nos aplicativos de áudio, além de terem sido encaixotados em box com edições em LP.
Impressiona o fato de, já contabilizando mais de 40 anos de carreira, Nando Reis ainda mostrar tanto vigor como compositor – fato bissexto no universo pop.
Há obras-primas entre as 30 canções – caso de Estrela misteriosa, aliciante balada que ultrapassa sete minutos de duração – e há, claro, músicas que sobressaem em relação às outras. No todo, entretanto, tais diferenças jamais empanam o brilho do conjunto da obra reunida no álbum Uma estrela misteriosa revelará o segredo.
A luminosidade do repertório já saltou aos ouvidos em 23 de agosto, quando Nando apresentou cinco das nove músicas que compõem o repertório do primeiro álbum, Uma. As músicas A chave, A tulha, Azul febril, Coragem é poder mostrar e Dois réveillons surgiram sedutoras na forma de EP irretocável.
Aos poucos, Nando foi revelando outras canções e os outros discos até a obra ficar disponível na íntegra em 20 de setembro. Gravadas com produção musical do baterista Barrett Martin e (às vezes) coprodução do baixista Felipe Cambraia, as músicas se situam entre o rock e a balada, terrenos férteis para a inspiração de Reis.
No território das baladas do álbum Uma, há Em si, tais e quais (composta para o show da turnê feita pelo cantor com a dupla Anavitória) e Inverso (canção de atmosfera etérea que parece flutuar no ar como folha de papel). Com pegada, Des-mente versa sobre a bipolaridade dos dependentes químicos que oscilam entre a atração pelas drogas (incluindo aí o álcool) e o prazer de estar vivo e livre dos vícios.
No segundo álbum, Estrela, caracterizado por Nando como “rede abstrata de tensões nebulosas, de contrastes, de contradições, de fricções e de desejo”, há o brilho soberano da já mencionada balada Estrela misteriosa. Já a música intitulada Composição se diferencia na safra por oscilar entre a batida do samba e a levada do samba-rock no arranjo de percussão de Pretinho da Serrinha.
Entre angústias e tensões existenciais, o compositor parece encontrar paz momentânea em Daqui por diante, reflexiva canção de ano novo. Já Estuário é balada em que Nando refaz, com saudade do amor vivido, o percurso da relação afetiva com a esposa Vânia.
Tentação é outra composição vocacionada para ser canção, mas um solo de guitarra sinaliza que esse compositor muito romântico cresceu no universo do rock. Rio creme junta o canto de Nando com as vozes de Sebastião Reis e Pedro Lipa. A dupla também encorpa os vocais de Diz pra mim, música do terceiro álbum, Misteriosa, criada a partir de poema escrito por Nando em 2018 para turnê com AnaVitória.
Neste disco Misteriosa, o mais roqueiro dos quatro, Nando Reis apresenta três parcerias com o produtor Barret Martin e com Peter Buck (guitarrista cofundador da banda R.E.M.) – O muro (erguido com a argamassa do rock), Enfim (faixa formatada na velocidade do rock) e Tudo está aqui dentro – ao longo de oito faixas.
Ginger e Red é outra música imersa em ambiência roqueira, o que confirma a tese de Nando de que há particularidades em cada um dos quatro (complementares) álbuns. Até uma canção confessional como Na Lagoa está embebida na atmosfera do rock. No fim do terceiro álbum, Tome o seu lugar apresenta o toque do acordeom de Krist Novoselic, baixista da mítica banda Nirvana.
No quarto álbum, Revelará o segredo, Rhipsalis é canção valorizada pelo arranjo que harmoniza o órgão Hammond tocado por Joe Doria, o sintetizador pilotado pelo produtor Barret Martin (brilhante na marcação da bateria) e o toque da guitarra de Andy Coe. Já Aparição revela melodia composta por Pedro Baby e letrada por Nando Reis.
Embora engrandecido pela exuberante regravação de Corpo e colo com arranjo de sopros de Antonio Neves, o quarto álbum tem faixas menos imponentes no conjunto da obra, como o rock Firmamento. Esse álbum funciona mais como disco-bônus nesse lançamento quádruplo – como entende Nando Reis – sem chegar a diluir o brilho da vigorosa safra autoral reunida neste lote de lançamentos feitos corajosamente pelo artista fora das leis do mercado.
Nando Reis chega firme e forte ao fim dessa longa estrada autoral que aponta um belo futuro para esse cantor e compositor paulistano de 61 anos que faz música com o ímpeto da juventude.
Nando Reis apresenta 26 canções inéditas entre as 30 músicas do álbum quádruplo‘Uma estrela misteriosa revelará o segredo’
Lorena Dini / Divulgação

Continue Reading

Trending

Copyright © 2017 Zox News Theme. Theme by MVP Themes, powered by WordPress.