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Festas e Rodeios

Leila Maria acentua em cena o tom político do álbum afro ‘Ubuntu’ ao ir além de Djavan no roteiro do show

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Cantora também dá voz a músicas de Jorge Ben Jor, Caetano Veloso, Milton Nascimento, Fernando Brant, Gilberto Gil e Cazuza que se afinam com o espírito ativista do disco lançado em 29 de abril. Leila Maria no palco do Teatro Rival Refit na estreia carioca do no show ‘Ubuntu’
Marcelo Castello Branco / Divulgação
Resenha de show
Título: Ubuntu – Leila Maria canta Djavan
Artista: Leila Maria
Local: Teatro Rival Refit (Rio de Janeiro, RJ)
Data: 26 de agosto de 2022
Cotação: ★ ★ ★ ★ ★
♪ Quando Leila Maria cantou Zumbi (Jorge Ben Jor, 1974) no palco do Teatro Rival Refit, na estreia carioca do show Ubuntu, pareceu que o líder Zumbi do Palmares (1655 – 1695) havia chegado para libertar o povo negro do racismo e da opressão ainda vigentes no Brasil de 2022.
Pareceu que, assim como o público, a octogenária casa de shows estremecera, tamanho o impacto da interpretação da cantora carioca e do arranjo orquestrado pelo baterista e diretor musical do show, Guilherme Kastrup, com o acento africano do álbum Ubuntu (2022), representado em cena pelas presenças dos músicos Zola Star (nascido no Congo) e François Muleka (descendente de congoleses).
No álbum Ubuntu (título já garantido na lista dos melhores discos de 2022), Leila Maria canta Djavan com sotaque africano já explicitado pelo compositor alagoano em músicas como Soweto (Djavan, 1987), mas até então dissociado de canções como Meu bem querer (Djavan, 1980), balada encorpada por Leila com o canto do coral Vocal Kuimba, ouvido em off pelo público que encheu o Teatro Rival Refit na noite de sexta-feira, 26 de agosto.
No show, Leila Maria realçou o tom político do disco – concebido para apresentar o cancioneiro de Djavan em 2022 sob a perspectiva histórica da diáspora africana – ao extrapolar o repertório do compositor em roteiro turbinado com vigorosas abordagens de músicas como Caxangá (Milton Nascimento e Fernando Brant, 1977), Milagres do povo (Caetano Veloso, 1985) e Um trem para as estrelas (Gilberto Gil e Cazuza, 1987), além da já mencionada Zumbi.
Leila Maria canta ‘Zumbi’, de Jorge Ben Jor, com interpretação que fez do número um dos momentos mais fortes da estreia carioca do show ‘Ubuntu’
Marcelo Castello Branco / Divulgação
As escolhas resultaram extremamente felizes. Um trem para as estrelas, por exemplo, carrega nos versos de Cazuza (1958 – 1990) toda a melancolia trazida por correntezas que evocam navios negreiros. Essa aguçada consciência política é exposta no show após Leila Maria cantar “a fome que humilha a todos”, denunciada na refinada aridez de Seca (Djavan, 1996), número assentado sobre o baticum de Kastrup, Muleka e Zola com a voz de Maria Bethânia reverberando em off, no início e no fim, o texto gravado para o disco lançado em 29 de abril.
A propósito, textos dos escritores Conceição Evaristo e Josué de Castro (1908 – 1973), ouvidos nas vozes de Adriana Lessa e Lucas da Purificação, respectivamente, pontuaram o roteiro, frisando um ativismo também presente no canto, na musicalidade, no repertório e até no elegante figurino criado por Almir França para a cantora se apresentar na cena política do show Ubuntu.
O ativismo do repertório é potencializado pela sonoridade viçosa. Se a salsa Tanta saudade (Chico Buarque e Djavan, 1983) soou com o tempero do afro-jazz latino, Asa (Djavan, 1986) voou no fraseado singular de Leila, cantora que, por ser dona do dom jazzístico, fez o samba Flor de lis (Djavan, 1976) desabrochar em outra cadência e mergulhou em Oceano (Djavan, 1989) com divisão própria sem se perder nas águas românticas dessa balada, uma das músicas mais populares da obra de Djavan.
Aliás, a intérprete abriu no roteiro do show Ubuntu o que caracterizou como “janela jazzística” para dar voz, com o toque livre do pianista Rodrigo Braga, a três standards do gênero musical ao qual é primordialmente associada.
O canto seguro de A night in Tunisia (Dizzy Gillespie, 1942), Night and day (Cole Porter, 1932) e Summertime (George Gerswhin, DuBose Heyward e Ira Gershwin, 1935) – número aplaudido de pé – nessa espécie de interlúdio reforçou o quanto o grandioso álbum Ubuntu é título fora da curva na discografia de Leila Maria.
Ao fim do show, ao som de interpretação de Caxangá no balanço inebriante do afro-jazz, a cantora reforçou o recado político do show feito com voz e suor. E, na briga contra o rei, ficou claro no palco do Teatro Rival Refit que a vencedora foi Leila Maria.
Leila Maria encadeia 17 músicas no roteiro ativista do show ‘Ubuntu’
Marcelo Castello Branco / Divulgação
♪ Eis o roteiro seguido por Leila Maria em 26 de agosto de 2022 na estreia carioca do show Ubuntu no Teatro Rival Refit, na cidade do Rio de Janeiro (RJ):
1. Soweto (Djavan, 1987)
2. Aquele um (Djavan e Aldir Blanc, 1980) /
3. Fato consumado (Djavan, 1975)
4. Milagres do povo (Caetano Veloso, 1985)
5. Zumbi (Jorge Ben Jor, 1974)
6. Oceano (Djavan, 1989)
7. Meu bem querer (Djavan, 1980)
8. Faltando um pedaço (Djavan, 1981)
9. A night in Tunisia (Dizzy Gillespie, 1942)
10. Night and day (Cole Porter, 1932)
11. Summertime (George Gerswhin, DuBose Heyward e Ira Gershwin, 1935)
12. Tanta saudade (Chico Buarque e Djavan, 1983)
13. Asa (Djavan, 1986)
14. Flor de lis (Djavan, 1976)
15. Seca (Djavan, 1996)
16. Um trem para as estrelas (Gilberto Gil e Cazuza, 1987)
17. Caxangá (Milton Nascimento e Fernando Brant, 1977)
Bis:
18. Soweto (Djavan, 1987)

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Sean Diddy Combs é alvo de 120 novas acusações de abuso sexual; ações serão movidas nas próximas semanas, diz advogado

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Alvo de processos envolvendo suspeitas de tráfico sexual e agressão, o músico foi preso após meses de investigações. Sean ‘Diddy’ Combs.
Mark Von Holden/Invision/AP
Sean “Diddy” Combs está sendo acusado de abusar sexualmente de 120 pessoas. Foi o que informou o advogado americano Tony Buzbee, em uma coletiva online feita nesta terça-feira (30). Segundo ele, nas próximas semanas serão abertos 120 processos contra o cantor, que está preso em Nova York desde 16 de setembro.
“Nós iremos expor os facilitadores que permitiram essa conduta a portas fechadas. Nós iremos investigar esse assunto não importa quem as evidências impliquem”, disse Buzbee, na coletiva. “O maior segredo da indústria do entretenimento, que, na verdade, não era segredo nenhum, enfim foi revelado ao mundo. O muro do silêncio agora foi quebrado.”
Alvo de processos envolvendo suspeitas de tráfico sexual e agressão, o músico foi preso após meses de investigações. Ele, que ainda não foi julgado, nega as acusações que motivaram sua prisão.
Caso seja julgado culpado das acusações, ele pode ser condenado a prisão perpétua.
Caso Diddy: entenda o que é fato sobre o caso
Quem é Sean Diddy Combs?
Seu nome é Sean John Combs e ele tem 54 anos. Nasceu em 4 de novembro de 1969 no bairro do Harlem, na cidade de Nova York, nos EUA. É conhecido por diversos apelidos: Puff Daddy, P. Diddy e Love, principalmente.
O rapper é um poderoso nome do mercado da música e produtor de astros como o falecido The Notorious B.I.G. Ele é considerado um dos nomes responsáveis pela transformação do hip-hop de um movimento de rua para um gênero musical hiperpopular e de importância e sucesso globais.
Diddy começou no setor musical como estagiário, em 1990, na Uptown Records, uma das gravadoras mais famosas dos EUA, e onde se destacou de forma meteórica e chegou a se tornar diretor. Em 1994, fundou sua própria gravadora, a Bad Boy Records.
Um de seus álbuns mais famosos, “No Way Out”, de 1997, rendeu a Diddy o Grammy de melhor álbum de rap. Principalmente depois do estouro com a música, Diddy fez ainda mais fortuna com empreendimentos do setor de bebidas alcoólicas e da indústria da moda, principalmente.
Ele também foi produtor de inúmeros artistas de sucesso e está por trás de grandes hits cantados por famosos. Muita gente, inclusive, o vê mais como um produtor e empresário do que como um músico.

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Frank Fitz, do ‘Caçadores de Relíquias’, morre aos 58 anos

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‘O que vocês viram na TV foi o que eu sempre vi, um sonhador tanto sensível quanto engraçado’, escreveu seu colega de trabalho Mike Wolfe. Frank Fritz, de ‘Caçador de Relíquias’
Reprodução
Morreu aos 58 anos Frank Fritz, que ficou conhecido por apresentar o reality “Caçadores de Relíquias”. Ocorrida nesta segunda-feira (30), a morte foi confirmada por seu colega de trabalho Mike Wolfe, num post no Instagram. A causa não foi revelada.
“É com o coração partido que compartilho com todos vocês que Frank se foi na noite passada. Eu conheço Frank por mais da metade da minha vida e o que vocês viram na TV foi o que eu sempre vi, um sonhador tanto sensível quanto engraçado”, escreveu Wolf.
Frank Fritz morreu dois anos após sofrer um derrame. Ele é conhecido por ter apresentado “Caçadores de Relíquias” entre os anos de 2010 e 2020. No reality, o público acompanhava suas buscas por itens raríssimos.

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Adriana Partimpim balança na volta ao disco entre o suingue do samba ‘Malala’ e o espírito lúdico de ‘O meu quarto’

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Faixas adiantam álbum que sai em 10 de outubro com produção de Pretinho da Serrinha e música que celebra Malala Yousafzai, ativista da luta pela paz. Adriana Partimpim canta samba composto em 2018 para peça sobre a ativista paquistanesa Malala Yousafzai, laureada com o Prêmio Nobel da Paz
Reprodução / Clipe da música ‘O meu quarto’
Capa do single ‘O meu quarto / Malala’, de Adriana Partimpim
Divulgação / Sony Music
♫ OPINIÃO SOBRE DISCO
Título: O meu quarto / Malala
Artista: Adriana Partimpim
Cotação: ★ ★ ★ 1/2
♪ Vamos combinar que Adriana Partimpim sempre foi muito mais ouvida e venerada pelos admiradores adultos de Adriana Calcanhotto do que pelas crianças, em tese o público alvo desse heterônimo, espécie de alter ego criado pela artista para discos e shows direcionados a ouvintes e plateias infantis.
Por isso mesmo surpreende que uma das duas músicas que dão prévia do quarto álbum de estúdio de Partimpim – O quarto, gravado com produção musical do percussionista Pretinho da Serrinha e programado para 10 de outubro pela gravadora Sony Music – seja de fato uma canção de espírito lúdico vocacionada para as crianças.
De autoria de Calcanhotto, a canção se chama O meu quarto e surge em single – ao lado do samba Malala (O teu nome é música) – em gravação calcada no suingue do baixo acústico tocado por Guto Wirtti e embasada com o arsenal percussivo de Pretinho da Serrinha (cavaquinho, caixa, pandeirola, recobra e prato).
Em O meu quarto, Partimpim convoca a gurizada para adentrar o espaço da própria Partimpim – personagem personificada por boneca sapeca – para “inventar o mundo” e para “ser cor, música e poesia”.
O sopro do clarinete de Jorge Continentino contribui para a atmosfera de suingue jazzy do fonograma também formatado com os teclados e o piano de brinquedo de Rodrigo Tavares. O coro infantil realça o espírito lúdico da música O meu quarto.
Já Malala (O teu nome é música), embora também apareça no single com vozes de crianças no coro regido por Delia Fischer, é samba para gente grande que poderia figurar em qualquer álbum de Calcanhotto. O samba foi composto pela artista em 2018 para peça baseada em livro de Adriana Carranca sobre a ativista paquistanesa Malala Yousafzai, laureada com o Prêmio Nobel da Paz.
Hábil, Pretinho da Serrinha (cavaquinho, tamborins, cuíca, surdo e ganzá) arma cama refinada para Partimpim rolar com maciez no canto de versos como “O teu nome é música / O teu nome é liberdade e paz”. Versos carregados de sentido e urgência em um dia em que o mundo assiste ao agravamento da guerra no Oriente Médio com o disparo de mísseis pelo Irã para atingir Israel.
Enfim, Adriana Partimpim é de paz e está de volta. E esse single inicial – lançado simultaneamente com os clipes das duas músicas – sinaliza que O quarto será um bom álbum, embora em princípio sem munição para se igualar ao primeiro e ainda melhor disco de Adriana Partimpim.
Adriana Partimpim lança em 10 de outubro pela Sony Music o álbum ‘O quarto’, gravado com produção musical de Pretinho da Serrinha
Reprodução / Clipe da música ‘O meu quarto’

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