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‘Era uma vez um gênio’ é um belo (mas irregular) conto de fadas para adultos; g1 já viu

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Drama fantástico é dirigido por George Miller, de ‘Mad Max’ e ‘As bruxas de Eastwick’. Idris Elba e Tilda Swinton formam dupla incrível em filme de estética fascinante, mas com roteiro sem ritmo. Sete anos depois de lançar o impressionante e frenético “Mad Max: Estrada da Fúria”, o diretor George Miller resolveu desacelerar para contar uma história que mistura drama e fantasia em “Era uma vez um gênio”.
O filme, que estreia nos cinemas brasileiros nesta quinta-feira (1º), impressiona pelas belíssimas imagens e tem uma dupla de protagonistas incrível e em perfeita sintonia. Mas peca em elementos que o impedem de ir muito além dos suspiros pela parte técnica do filme.
Assista ao teaser do filme “Era uma vez um gênio”
Inspirado no livro “The Djinn in the Nightingale’s Eye”, de A.S. Byatt (inédito no Brasil) o roteiro é centrado em Alithea Binnie (Tilda Swinton, de “Doutor Estranho”), uma estudiosa solitária que vai a Istambul, na Turquia, para participar de uma convenção. Durante um passeio, ela encontra uma estranha garrafa numa loja e resolve levá-la consigo.
Após mexer no objeto, Alithea descobre que o artefato na verdade é uma lâmpada que guarda dentro dela um gênio (Idris Elba, de “O Esquadrão Suicida”). Ele oferece três desejos para que possa ser libertado. Mas, com medo das consequências, ela decide não fazer pedidos.
Para convencê-la, o gênio resolve contar histórias sobre o seu passado, seus antigos amos e os motivos que o levaram a viver por milhares de anos na garrafa. Assim, os dois começam a ficar cada vez mais unidos e nasce um relacionamento forte e capaz de suprimir a solidão e as tristezas que ambos carregavam.
Mundo mágico
Idris Elba vive um ser mitológico no filme “Era uma vez um gênio”
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O que salta aos olhos em “Era uma vez um gênio” é a excelente parte técnica do filme. Miller se vale de seu costumeiro apuro visual para criar o universo narrado pelo gênio.
A fotografia, os figurinos, a direção de arte e outros elementos são responsáveis por um belíssimo espetáculo visual de imagens bem elaboradas: nos momentos mais suaves ou contemplativos e nos mais tensos.
Alithea (Tilda Swinton) encontra uma lâmpada mágica no filme “Era uma vez um gênio”
Divulgação
Os efeitos visuais e de maquiagem também se destacam, principalmente para tornar o gênio uma figura convincente e verossímil. Além disso, a trilha sonora de Tom Holkenborg utiliza sons do Oriente médio, com músicas marcantes que casam bem com as imagens. Holkenborg já tinha trabalhado com Miller na igualmente notável trilha de “Mad Max: Estrada da Fúria”.
Além disso, o roteiro escrito pelo diretor e pela estreante Augusta Core trabalha questões como o amor, o desejo e como se relacionar com as pessoas de uma maneira que leva à reflexão. As experiências que o gênio passa, embora ocorridas num passado distante, têm muitas semelhanças ao que acontece hoje.
Tilda Swinton e Idris Elba numa cena de “Era uma vez um gênio”
Divulgação
Baixo encanto
Se por um lado, “Era uma vez um gênio” é bem-sucedido em causar fascínio por sua estética, isso não pode ser dito pelo seu ritmo.
O veterano cineasta de “As Bruxas de Eastwick” resolve investir mais nas histórias contadas pelo Gênio, como se fosse uma versão masculina de Sherazade das “Mil e uma Noites”. Sobram detalhes e isso faz o enredo rastejar, o que pode causar cansaço e até desinteresse do público.
Idris Elba numa cena de “Era uma vez um gênio”
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O filme gasta muito tempo para mostrar os eventos que o levaram a ir parar na lâmpada. Quando é para se concentrar na relação entre os protagonistas, o diretor prefere não dar muito espaço para isso, o que cria uma irregularidade na trama.
Talvez uma edição mais enxuta e um desenvolvimento maior da interação da dupla principal poderiam deixar o resultado mais instigante. Mas não é isso o que acontece em ‘Era uma vez um gênio’.
O filme não consegue despertar a empatia do espectador em vários momentos. O terço final, por exemplo, deveria ser mais emocionante, mas pouco comove. A exceção é a última sequência, mas aí já é um pouco tarde.
Tilda Swinton e Idris Elba vivem uma parceria inusitada em “Era uma vez um gênio”
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Pelo menos, a escolha dos atores para viver a dupla de protagonistas foi certeira. Tilda Swinton e Idris Elba têm uma ótima química.
A atriz transmite bem a mudança de sua personagem, que passa da frieza e cheia de bloqueios para alguém mais caloroso e que permite viver emoções que achava que nunca mais sentiria, enquanto o ator usa seu carisma para deixar o Gênio um personagem cativante e bem humano.
Por isso, os dois mereciam ter mais espaço e tempo de tela para que seu relacionamento fosse mais bem explorado. É uma pena que isso não acontece.
“Era uma vez um gênio” vale para celebrar o fato de que George Miller ainda está longe de uma aposentadoria e ainda tem muito a contribuir para o cinema. No entanto, este filme está um pouco abaixo de seus trabalhos anteriores, que tinham algo que faltou um pouco aqui: o poder de fascinar.

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