Connect with us

Festas e Rodeios

Fralda na grade, ‘chuva de tênis’, dueto no palco, tatuagem que deu ruim… as histórias mais incríveis de fãs do Rock in Rio

Published

on

Veja vídeos, fotos e entrevistas com o que aconteceu no primeiro fim de semana de festival. O primeiro final de semana do Rock in Rio rendeu muitas histórias entre os fãs do festival. Alguns enfrentaram horas na fila pra poder ocupar bons lugares no evento. E teve até quem usasse fralda para não precisar ir ao banheiro e correr o risco de perder o lugar na grade, coladinho aos ídolos.
“Chuva de tênis”, tatuagem que virou meme (mas que rendeu convite para o festival), produção de looks e “metaleirinho” também fizeram parte das histórias dos primeiros dias do Rock in Rio 2022. Confira a seguir:
Beliebers de fralda
Clara Modanez, 20 anos, estudante de publicidade de Brasília, chegou às 5h30, diz que pegou a fralda da avó para passar o dia na grade do Justin Bieber
g1
Algumas fãs apelaram para fraldas para não correrem o risco de perder o precioso lugar na grade do show de Justin Bieber, que aconteceu no domingo (4). Clara Modanez, estudante de publicidade de 20 anos, era uma das fãs de fralda na frente do palco. “Foi a primeira vez que usei fralda em show assim. Eu vi a galera falando que ia usar e decidi também, porque não quero perder a grade de jeito nenhum. Então eu peguei essa fralda da minha avó e ela nem sabe, tadinha.”
Ela diz que não tinha feito xixi na fralda até antes do show: “Estou segurando, vai ser só em último caso. Estou bebendo pouquíssima água”, disse Clara. “Cheguei à Cidade do Rock às 5h30 e estou dando a vida para ficar na grade, porque eu sou muito baixa, então a galera foi humilde e me passou para frente. Aí eu consegui chegar”, ela conta.
Leia mais sobre as fãs de Bieber com fralda.
Fãs de Whin receberam ‘chuva de tênis’
Romário Pereira pegou um dos tênis jogados por Whindersson Nunes no show do Rock in Rio 2022
Carla Valladão/Divulgação
Horas antes de seu show. Whindersson Nunes contou que faria uma “chuva de tênis” em seu show. E ele cumpriu a promessa.
Romário Pereira, 28 anos, montador e segurança de palco, pegou um dos vários tênis jogados por Whindersson Nunes durante show do comediante (e agora rapper Lil Whin) no domingo (4), enquanto trabalhava no festival
Modelos semelhantes da linha Air Jordan chegam a ser avaliados em cerca de R$ 4 mil. Ele diz que ganha R$ 90 por diária no festival e pretende trabalhar em todos os dias de Rock in Rio. Ainda no Rock in Rio, um fã de Whindersson ofereceu R$ 1 mil pelo tênis.
“Rapaz, o que tem que pessoas oferecendo dinheiro”, conta Romário ao g1, nesta segunda-feira (5). “Um cara me disse que tem contato de gente que compraria o tênis por um valor bom que mudaria a minha vida. É que eu moro de aluguel, tenho filhas, quero comprar minha casa. Mas vou segurar o tênis, esperar uma oportunidade boa.
Leia mais sobre a ‘chuva de tênis’ no show de Lil Whin
Sonzers com looks caprichados
Ana Nolato, do Rio, em paz com o corpo
Eliane Santos/g1 Rio
Os fãs capricharam na produção do look para ver Luísa Sonza no Palco Sunset neste domingo (4). Mesmo em uma fase mais comportada, a galera que curte a cantora lançou mão de alguns hits que costumam aparecer em seus looks, como transparências, brilhos e peças recortadas. Foi o caso da influencer Ana Nolato, de 20 anos, do Rio de Janeiro, que apostou em um macacão transparente e sutiã com brilho que deixa o corpo à mostra.
“Gosto dessa pegada sensual, mas nem sempre consigo andar assim. Mas hoje estou me sentindo superbem. Não estou nem notando se estão me olhando ou não. E pensar que teve uma época em que eu não gostava do meu corpo, odiava minha bunda, achava que ela me fazia parecer gorda. Mas hoje me amo”, contou.
Leia mais sobre fãs de Luísa Sonza no Rock in Rio 2022
Fã de Post Malone tocou violão com ele
Post Malone chama fã do público para tocar ‘Stay’ no Rock in Rio 2022
Theo Kant, cantor de 21 anos de Niterói (RJ), deixou recado no Twitter, levou cartaz pra apresentação de Post Malone e se espremeu na grade do Palco Mundo.
No cartaz, ele pedia para tocar a música “Stay” com o rapper (veja no vídeo acima). Na rede social, escreveu: “Será que hoje eu toco com Post Malone?”. A insistência deu resultado.
O cantor foi chamado para o palco do Rock in Rio e tocou violão acompanhando Post Malone no sábado (3). Após o show, o músico agradeceu o rapper e disse: “de longe, o melhor momento que vivi na minha vida até agora”.
Leia mais sobre o show de Post Malone no Rock in Rio 2022
Fã de Alok com câmera de celular queimada
Celulares para cima e pirotecnias são destaques do show de Alok
Um fã que estava no show de Alok deste sábado (3) no Rock in Rio 2022 afirmou, em uma rede social, que um dos lasers usados na apresentação queimou a câmera de seu celular. O tuíte viralizou tanto que o DJ brasileiro respondeu a publicação com uma pergunta: “Oxe, você estava na tirolesa?”.
“Última foto antes do laser do Alok queimar a câmera do meu iPhone. Que ódio”, afirmou.
Alok disse depois que o depoimento do tuíte era “fake news”. Em seu site oficial, a Sony avisa que sensores de câmeras podem ser danificados por feixes de laser. A Samsung não fala especificamente sobre lasers, mas alerta para riscos ao mesmo mecanismo caso exposto a “calor excessivo ou energia de alta densidade” ou “uma fonte de luz forte”.
Leia mais sobre o show de Alok no Rock in Rio
Lovatic virou ‘Demi de Olinda’
Mateus e o namorado Heitor: fãs de Demi Lovato
Eliane Santos/g1
Enquanto aguardava o dia do show de Demi Lovato no Rock in Rio, o advogado Mateus Cavendish, de 26 anos, arrumou um jeito bem peculiar de esperar o tempo passar: compor um look que pudesse homenagear a cantora de quem é fã, a cultura brasileira e a potência LGBTQIA+. E foi assim que surgiu a calça em veludo com body cheio de recorte e peruca de strass.
“Queria uma coisa que lembrasse a fase roqueira dela, mas não somente isso. Queria trazer um elemento brasileiro, daí me inspirei no Ney Matogrosso também”, explicou ao lado do namorado Heitor Torres, de 24 anos. A dupla é de Pernambuco, mais especificamente de Olinda, e veio ao Rio para ver Demi.
Leia mais sobre o show de Demi Lovato no Rock in Rio
Fã de Bieber com tatuagem
Jovem viraliza com tatuagem para Justin Bieber em meio a comentários sobre cancelamento de show: ‘Espero que aconteça’
Reprodução/Instagram
Victoria Sancam tem 20 anos e é uma das fãs de Justin Bieber que estava ansiosa pela apresentação do cantor em São Paulo. Os shows foram suspensos depois de ela fazer uma tatuagem com o rosto do cantor e a data da apresentação para a qual tinha ingressos comprados.
Antes do anúncio oficial, mas diante de boatos sobre o cancelamento, ela escreveu a seguinte mensagem nas redes sociais: “Eu vou chorar, para! Justin Bieber, você não pode fazer isso comigo.”
Por causa da repercussão com a tatuagem e o tuíte, ela recebeu um convite para acompanhar o show do cantor Rock in Rio. Ao g1, ela contou que não pretende mudar nada da tatuagem.
Leia mais sobre a fã de Bieber que viralizou com tatuagem do cantor
‘Metaleirinho’ no primeiro dia
Tiago e o filho, José, no dia do metal do Rock in Rio
Marcos Serra Lima/g1
O dia do metal, na primeira sexta-feira de festival, teve na plateia “metaleirinhos” que curtem o som pesado de bandas como Sepultura, Iron Maiden e Dream Theater desde a barriga da mãe.
José, de um 1 e 5 meses, é um veterano do rock apesar da pouca idade. “Ele já foi no show do Kiss, em São Paulo”, contou o pai, o administrador de empresas Tiago Moraes, que saiu de Santos para os shows no Rio. “Todo Rock in Rio eu venho”, comentou. “Para saber desde cedo o que é rock n’ roll”, disse Tiago.
Grávida fã de Iron Maiden
Grávida de 36 semanas, Bianca foi ao Rock in Rio para ver o Iron Maiden
Marcos Serra Lima/G1
A veterinária Bianca de Santis curtiu o Rock in Rio com 36 semanas de gestação acompanhada pelo marido e o filho de seis anos. Ela comprou o ingresso quando já estava grávida. “É uma oportunidade de ver o Iron Maiden”, explicou Bianca, fã do grupo que foi atração principal do dia de metal. O marido de Bianca, o engenheiro mecânico Gustavo Lima, destacou a afinidade no gosto pelo metal e outros gêneros. “Sempre tem a música no meio”, diz o marido.
O filho mais velho do casal, Pedro, de seis anos, acompanhou a família. Eles vieram da Taquara, na Zona Oeste do Rio, assistir ao primeiro dia de shows. Bianca conta que o garoto assistiu a um show do Iron Maiden dentro do ventre dela. “Em 2016, ele foi ao show do Iron na minha barriga”, conta. Um dia antes de ir à Cidade do Rock, ela foi ao obstetra. “Fui à consulta ontem e ele disse que podia vir.”
O primeiro do primeiro dia
Gabriel (à esquerda) foi o primeiro a chegar na Cidade do Rock, às 3h desta sexta-feira (2)
Laura Rocha / g1
O sol sequer tinha nascido na Cidade do Rock, e já havia gente esperando a abertura dos portões. O engenheiro elétrico Gabriel Ramos, 29 anos, foi o primeiro a chegar à Avenida Embaixador Abelardo Bueno. Ele saiu de casa, em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, à 0h, e às 3h inaugurava a fila do primeiro dia do Rock in Rio — 11 horas antes da liberação das catracas.
Às 9h30, eram pelo menos 100 pessoas debaixo de sol esperando dar 14h. Gabriel e a maioria dos madrugadores estampavam a adoração ao Iron Maiden, headliner da noite dedicada ao metal.
“Vim de carro, deixei o carro lá no trabalho, peguei um Uber e vim para cá. Ver o cara que desde pequeno você vê na televisão, numa oportunidade de ver eles de perto… não tem sensação igual a essa”, explicou Gabriel.

Continue Reading
Click to comment

Leave a Reply

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Festas e Rodeios

Daniel Day-Lewis sai da aposentadoria para atuar em filme dirigido por seu filho

Published

on

By

Ator volta para ‘Anemone’, filme que escreveu ao lado de seu filho Ronan. O último papel dele foi em ‘Trama Fantasma’, de 2017, quando Daniel anunciou que estava parando de atuar. Daniel Day-Lewis em 2023.
Evan Agostini/Invision/AP
Daniel Day-Lewis está saindo da aposentadoria, sete anos após seu último papel, para um filme dirigido por seu filho Ronan Day-Lewis.
O projeto foi anunciado na terça-feira (1º) pela Focus Features e Plan B, que estão em parceria em “Anemone”. O filme, a estreia de Ronan Day-Lewis na direção, será estrelado por seu pai junto com Sean Bean e Samantha Morton. O filme foi coescrito pelos dois Day-Lewis, pai e filho.
Na terça-feira anterior, Daniel Day-Lewis e Bean foram vistos dirigindo uma motocicleta por Manchester, Inglaterra, alimentando a especulação sobre seu iminente retorno à atuação. Depois de fazer o filme de Paul Thomas Anderson de 2017, “Phantom Thread”, o ator de 67 anos disse que estava parando de atuar.
“Durante toda a minha vida, eu falei sobre como eu deveria parar de atuar, e não sei por que foi diferente dessa vez, mas o impulso de parar criou raízes em mim, e isso se tornou uma compulsão”, ele disse à W Magazine em 2017. “Era algo que eu tinha que fazer.”
Desde então, suas aparições em público têm sido pouco frequentes. Em janeiro, porém, ele fez uma aparição surpresa no National Board of Review Awards para entregar um prêmio a Martin Scorsese, que o dirigiu em “Gangs of New York” (2002) e “The Age of Innocence” (1993).
“Anemone”, atualmente em produção, é descrito como uma exploração dos “relacionamentos intrincados entre pais, filhos e irmãos, e a dinâmica dos laços familiares.”
Lena Christakis, Ronan Day-Lewis, Daniel Day-Lewis e a mulher Rebecca Miller.
Evan Agostini/Invision/AP
Ronan Day-Lewis, 26, é um pintor que já expôs suas obras em Nova York. Sua primeira exposição solo internacional estreia terça-feira em Hong Kong.
“Não poderíamos estar mais animados em fazer parceria com um artista visual brilhante como Ronan Day-Lewis em seu primeiro longa-metragem, ao lado de Daniel Day-Lewis como seu colaborador criativo”, disse Peter Kujawski, presidente da Focus Features. “Eles escreveram um roteiro realmente excepcional, e estamos ansiosos para levar sua visão compartilhada ao público junto com a equipe da Plan B.”
Daniel Day-Lewis diz que deve se dedicar à família com aposentadoria: ‘Precisam de mim’

Continue Reading

Festas e Rodeios

Marcos Sacramento vai de samba do Salgueiro a standard venezuelano no arco de álbum que sai em novembro

Published

on

By

No disco, o cantor e compositor fluminense celebra o duo queer Les Étoiles com gravação de música da parceria de Baden Powell e Paulo César Pinheiro. ♫ NOTÍCIA
♪ Dois anos após disco inteiramente autoral, Caminho para o samba (2022), Marcos Sacramento deixa pulsar a veia do intérprete em cinco das 11 músicas do 18º álbum do artista, Arco, previsto para ser lançado em 1º de novembro.
Em Arco, disco gravado por Sacramento com produção musical de Elisio Freitas sob direção artística de Phil Baptiste, o cantor e compositor fluminense, nascido há 64 anos em Niterói (RJ), vai de samba-enredo da escola carioca Salgueiro – Xangô (Dema Chagas, Francisco Aquino, Fred Camacho, Getúlio Coelho, Guinga do Salgueiro, Leonardo Gallo, Marcelo Mota, Renato Galante, Ricardo Fernandes e Vanderlei Sena), apresentado pela agremiação no Carnaval de 2019 – a um standard do cancioneiro venezuelano, Tonada de luna llena (Simón Díaz, 1973), tema reavivado por Caetano Veloso há 30 anos no álbum Fina estampa (1994).
Entre as regravações, há ainda Voltei (1986), samba de Baden Powell (1937 – 2000) e Paulo César Pinheiro apresentado em gravação da cantora Elizeth Cardoso (1920 – 1990) no álbum Luz e esplendor (1986).
Contudo, a gravação que norteou Marcos Sacramento na abordagem de Voltei no álbum Arco é a feita pelo duo queer Les Étoiles, criado pelos cantores brasileiros Luiz Antônio e Rolando Faria em 1974, em Barcelona, na Espanha.
Formado por dois negros LGBTQIA+ que se apresentavam maquiados, com figurinos e trejeitos femininos, o duo fez sucesso na Europa (sobretudo na França) nas décadas de 1970 e 1980.
“Minha gravação é um tributo a esses dois artistas e às suas interpretações / performances cheias de suingue, que fizeram os europeus rebolarem sem cerimônia. Les Étoiles é uma enorme referência para mim, na música e na vida”, ressalta Marcos Sacramento, justificando a escolha existencial e política da gravação de Voltei para ser o single que anuncia o álbum Arco amanhã, 3 de outubro.
Dentro da esfera autoral, Sacramento apresenta seis músicas no disco Arco, compostas em parceria e/ou sozinho, casos de Para Frido e da composição-título Arco.
O 18º álbum de Marcos Sacramento tem o toque de músicos como Domenico Lancellotti (bateria eletrônica), Ivo Senra (sintetizador) e Luiz Flavio Alcofra (parceiro habitual do artista, no violão), além de trazer o produtor Elisio Freitas no baixo e na guitarra.

Continue Reading

Festas e Rodeios

Músicas premonitórias? Três casos incríveis de compositoras que ‘previram o futuro’

Published

on

By

Veja casos de cantoras que dizem ter escrito versos que anteciparam acontecimentos e sentimentos. Não há evidências científicas sobre previsões durante processos criativos. Paula Marchesini: em 2004, nos tempos da banda Brava; e em 2020, na carreira solo
Divulgação/Adriana Lins e Acervo Pessoal
É comum ouvir artistas dizendo que sentiram algo diferente quando estavam compondo uma música. Mas há casos ainda mais específicos: os de compositoras que afirmam ter escrito versos que, segundo elas, anteciparam sentimentos e acontecimentos do futuro.
Neste texto, o g1 compila e contextualiza esses relatos de três cantoras. Mais abaixo, veja ainda que dizem especialistas sobre esse tema. Não há evidências científicas sobre a possibilidade de prever o futuro por meio da composição de músicas.
Cantora e… doutora em filosofia
Paula Marchesini era vocalista e compositora do Brava, sexteto carioca de pop rock que durou entre 2000 e 2006, quando ela decidiu ir para a área acadêmica. Ela cantou versos sobre sofrimento e inadequação em músicas como “Todo mundo quer cuidar de mim”, trilha da novela “Malhação”.
Paula fez doutorado em Filosofia na Johns Hopkins, em Baltimore, nos Estadus Unidos. Também estudou e deu aulas em Harvard. “Eu comecei a ficar fascinada com o processo criativo de escrever”, ela explicou ao g1. “É muito misterioso, é uma coisa que bate uma inspiração que não se sabe de onde vem e as palavras vão se escrevendo sozinhas. Parece que você está recebendo uma mensagem pronta de algum lugar divino. Uma coisa muito mágica.”
Ela diz que qualquer pessoa que já tentou se arriscar em um processo criativo pode entender do que ela está falando. “Tem vezes que escrevo músicas que não lembro de ter escrito. Depois ouvindo eu falo: como foi que eu escrevi isso? E isso tudo começou a me intrigar e eu comecei a me interessar por estudar esse processo filosoficamente.”
Paula na gravação do primeiro álbum do Brava, lançado em 2004
Divulgação
Paula foi em busca de outras “perspectivas sobre esse assunto filosófico”. “A minha pesquisa é bem centrada nesse processo criativo. Que que é? De onde vem? Quais as habilidades que envolve e os tipos de resultado que saem de processos criativos? Eu escrevi minha tese de doutorado em parte sobre a Clarice Lispector, porque ela escreve muito sobre isso.”
O livro “A Descoberta do Mundo” compila crônicas de Clarice Lispector (1920-1977) publicadas no final dos anos 60 e começo dos anos 70 no “Jornal do Brasil”. Em uma delas, a autora passa por esse tema: “Suponho que este tipo de sensibilidade, uma que não só se comove como por assim dizer pensa sem ser com a cabeça, suponho que seja um dom. E, como um dom, pode ser abafado pela falta de uso ou aperfeiçoar-se com o uso.”
Paula hoje se divide entre carreira solo e carreira acadêmica. Ela usa a própria experiência para entender seu trabalho como pesquisadora. “Eu penso: ‘Nossa, quando eu tinha 16 anos eu escrevi umas coisas que… como é que eu sabia dessas coisas?’ A minha sensação pessoal é de ter aprendido isso muito mais tarde. Então, rola uma certa sensação de profecia em certas letras. Na minha cabeça, eu passei por essas coisas muito mais tarde. E eu já escrevia sobre isso com 16 anos. É uma sensação estranha.”
KT Tunstall na fase do álbum ‘Kin’, de 2016
Divulgação/Sony Music
A sensação de Paula é parecida com a descrita por outra cantora, a escocesa KT Tunstall. Kate Victoria Tunstall tem 49 anos e hits pop rock como “Suddenly I See”. A música foi trilha da novela “Belíssima” e do filme “O diabo veste Prada”. Nos últimos anos, ela lançou uma trilogia de discos conceituais: o primeiro versava sobre alma; o segundo era sobre o corpo; e o terceiro tinha a mente como tema. KT não quer escrever canções só sobre amor e casais.
A morte, por exemplo, foi a inspiração para “Carried”. “Você não vai morrer onde quer ser enterrado. Alguém tem que te levar até lá e é a última jornada que você vai fazer. Quem vai te levar? Escrevi essa música sobre o peso que outra pessoa precisa carregar por você. Dois meses depois, eu estava literalmente carregando as cinzas do meu pai numa mochila, em um trem”, ela descreveu ao g1, rindo de nervosa. “Que p… é essa? Ele não estava doente nem nada.”
Ela conta que as músicas compostas por ela costumam mudar de sentido com o passar do tempo. “Às vezes, é uma experiência estranha demais… Você escreve sobre um sentimento e cinco anos depois você nota que, na verdade, o sentido era outro.”
Ela cita como exemplo “Lost”, de seu terceiro disco. “Eu pensava que o refrão era sobre amizades ruins, mas depois notei que eu estava escrevendo sobre o colapso do meu casamento.” Ela foi casada com Luke Bullen, ex-baterista de sua banda, entre 2008 e 2013. “Eu ainda estava com meu ex. A música era sobre esse relacionamento, mas não percebi. As músicas têm o hábito de fazer isso: você escreve sobre algo que acha que é uma pequena história e uns anos depois percebe que estava escrevendo sobre algo muito maior”.
Para KT, foi “como se a alma tivesse se impondo ao cérebro”. “O subconsciente tem esse poder, né? É como se tivesse me mostrado o futuro.”
Quando eu hitei: Vanessa Carlton vai muito além de ‘A Thousand Miles’
Vanessa Carlton também diz que, de certa forma, “viu o futuro” com a ajuda de suas músicas. A cantora americana de 44 anos é a dona de “A Thousand Miles”, sucesso de 2002. Desde 2011, quando saiu o álbum “Rabbits on the Run”, ela passou a ser menos uma estrelinha pop e mais uma cantora e compositora de indie folk viajado. O som romântico ao piano deu lugar a músicas psicodélicas.
“Love is an art” saiu logo antes da quarentena por conta da covid-19. Mas ele apresenta temáticas que têm tudo a ver com a pandemia: fala sobre se conectar com os outros e consigo mesmo. Para ela, foi como uma “premonição”.
“É estranho. Não sei se é algum outro tipo de consciência que temos quando estamos no modo de nos expressarmos. Às vezes, é como se estivéssemos usando uma parte diferente do cérebro onde você não está sendo lógico, você está apenas captando energias e outras coisas.”
Não foi a primeira vez que isso aconteceu com ela. Em “I Don’t Want To Be A Bride”, de 2011, havia cantado: “Não preciso de nenhum anel dourado / Não seria suficiente para o amor que isso traz / De Londres ao Tennessee”. “Eu acabei morando e não tinha planos de morar no Tennessee. Conheci meu marido alguns anos depois, ele estava morando em Nashville, então acabei me mudando para o Tennessee.”
“Existem várias coisas assim. E eu acho que todos nós podemos estar em sintonia com o que realmente sentimos, se desacelerarmos e conectarmos a nós mesmos, mas isso é muito difícil de fazer, porque nossos cérebros estão indo tão rápido, sabe?”
Vanessa Carlton em 2020, em foto do álbum ‘Love is an art’
Divulgação/Alysse Gafkjen
O que dizem os especialistas?
Segundo o neurocirurgião Murilo Marinho, a amígdala cerebral é fundamental durante o processo criativo. “Esse sistema límbico é responsável pelas emoções e muito relacionado às composições musicais”, ele explica. Essa região do cérebro se relaciona à criação de “histórias relacionadas a experiências vividas, de alegria, tristeza ou até mesmo sonhos que nunca foram vividos”.
Marinho acrescenta que escrever uma letra, no entanto, é fruto da cooperação entre várias áreas do cérebro. “A região pré-frontal é de extrema importância para realização de funções executivas relacionadas às ideias e aos pensamentos originais.”
Uma pesquisa publicada na revista científica Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS) e noticiada pela BBC identificou que o pensamento criativo ocorre no interior de três redes neurais:
a rede de modo padrão, usada quando o cérebro está gerando ideias e simplesmente imaginando;
a rede de controle executivo, ativada para a tomada de decisões e avaliações de ideias;
e a rede de saliência, usada para discernir quais ideias são relevantes e para facilitar a transição das ideias entre os modos padrão e executivo.
De acordo com o estudo liderado por Roger Beaty, especialista em neurociência cognitiva pela Universidade Harvard, “o cérebro criativo está conectado de uma maneira diferente, e as pessoas criativas são mais capazes de ativar sistemas cerebrais que tipicamente não funcionam juntos”.
Essas conclusões foram obtidas por meio de ressonâncias magnéticas em um grupo de 163 pessoas. Elas foram avaliadas durante atividades criativas e artísticas. “Em geral, pessoas com conexões mais fortes tiveram ideias melhores”, ele explicou.

Continue Reading

Trending

Copyright © 2017 Zox News Theme. Theme by MVP Themes, powered by WordPress.