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Festas e Rodeios

Por que Anitta ‘nunca mais vai pisar’ no Rock in Rio? Entenda a tensão entre o festival e o funk

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Podcast repassa a relação entre o festival e o batidão surgido no Rio. Anitta reivindicou mérito e foi uma figura importante, mas não a única a fazer o estilo entrar pelas beiradas até o Palco Mundo. Personagens da história do funk no Rock in Rio: Anitta no Palco Mundo em 2019, Camila Cabello em 2022, Ludmilla com Majur, Tasha e Tracie e Tati Quebra Barraco no Palco Sunset em 2022 e a cantora Deize Tigrona no documentário ‘Favela on Blast’
Marcelo Brandt / g1 e Reprodução
Quando o Rock in Rio surgiu, em 1985, o funk carioca já rolava nas periferias do Rio, não muito longe da Cidade do Rock. Tão perto, tão longe: o maior festival do país demorou quatro décadas para aceitar de vez o estilo que mais representa o Brasil na música pop global há muito tempo.
Anitta reivindicou seu mérito pela entrada do funk no Rock in Rio após a edição de 2022, que teve show bombástico de Ludmilla e outros MCs. A cantora de “Show das poderosas” teve mesmo papel fundamental em 2019, mas não único, nesta inclusão do estilo.
O podcast g1 ouviu explica a relação tensa entre o Rock in Rio e o funk, que culminou no desabafo da cantora. Ouça abaixo:
Veja abaixo e entenda oito pontos da chegada do funk aos grandes festivais corporativos. Não há fator único, mas, se for preciso resumir, o mérito da chegada do funk a estes eventos é do próprio funk.
Há 4 décadas, músicos da periferia do Brasil produzem uma música eletrônica original com inovação constante. É, de longe, o estilo daqui que mais dialoga com o pop contemporâneo global. Exemplo: Deize Tigrona, sampleada pela inglesa M.I.A. em 2005, fez turnês na Europa, incluindo participação no Rock in Rio Lisboa 2008 a convite do grupo português Buraka Som Sistema.
Apesar do preconceito e da tentativa de criminalização do funk, o estilo sempre cresceu e gerou ídolos. Em 2013, o g1 perguntou à diretora do Rock in Rio se Anitta e Naldo poderiam tocar. Roberta Medina respondeu que poderiam, mas “não é o perfil do evento”. Curiosamente, ela descreveu, em 2013, que “o Brasil é do sertanejo e do axé”, ignorando o funk.
O streaming cresceu e escancarou o tamanho do funk em números do YouTube e mais plataformas – era impossível ignorar. Mesmo barrado de rádios, o funk competia com sertanejo em audiência (como já dito, com diálogo e influência no pop global muito maior do que o sertanejo). E, em 2013, o funk era muitas vezes maior que o axé, já representado no Rock in Rio.
Ainda em 2013, Beyoncé terminou o show dançando “ah, lelek lek lek…”. Em 2016, quando MC Bin Laden subiu ao palco do Jack Ü no Lollapalooza, o g1 perguntou: por que as estrelas gringas eram mais antenadas e abertas ao funk brasileiro que os próprios curadores daqui? Não vieram respostas, só mais exemplos: em 2019, Kevin o Chris foi ao Lolla via Post Malone.
A popularidade de Anitta gerou outro efeito: a cobrança dos fãs. Em 2017, Roberta Medina foi questionada de novo pelo g1 e disse que o festival “tinha uma pegada mais pop” para justificar a ausência dela. Em 2018, Roberto Medina, pai de Roberta e criador do festival, chegou a elogiar Anitta: “Se ela quiser, será a nova Ivete”. Ele disse que a cantora foi escalada no Rock in Rio Lisboa 2018 e Rio 2019 por “obrigação”.
Em 2019, o festival criou o “Espaço Favela”, palco menor e afastado dos principais, que tinha alguns artistas de funk e outros estilos. A ideia foi controversa e virou verso sarcástico do rapper Djonga: “O mais perto que cês chegaram do morro é no palco favela do Rock In Rio.”
No mesmo ano, a estreia do funk em tamanho proporcional à sua influência e popularidade rolou com Anitta no Palco Mundo. Depois do festival, em entrevista ao jornal “O Globo”, Roberta disse que “teve a sensação de que ela usou playback”. Anitta diz que o espaço foi conquistado apesar de resistência da organização, e que o “funk só estava lá porque foi obrigado a ser engolido pelo festival”. Ludmilla tocou no palco secundário, o Sunset.
O fato é que após o show de Anitta no Palco Mundo a presença do funk realmente aumentou, mesmo que ainda não seja proporcional à sua influência e inovação contínua – vide Camila Cabello dançando “Ai preto” com Biel Do Furduncinho, Bianca e L7nnon. O show de Ludmilla foi um dos melhores de 2022, entre outros de palcos secundários do Rock in Rio.
Reveja os melhores momentos do show de Ludmilla
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O funk nos festivais em uma visão ‘da quebrada’
MC Hariel
Divulgação / Fields
Mesmo que o funk esteja parcialmente inserido nos festivais corporativos com ingressos caros e na indústria, a inovação do estilo continua vindo de onde sempre saiu: das periferias urbanas.
Como os grandes ídolos do funk que seguem “na quebrada”, sem depender de gravadoras e da indústria tradicional, enxergam esse movimento? Uma resposta importante veio do MC Hariel, um dos cantores mais ouvidos do Brasil, que fez só uma participação no Sunset. Leia abaixo:
“Eu acredito que a gente vai ter que fazer o nosso. Nossa ideia nunca foi competir, ainda mais com esses caras que não têm nada a ver com o nosso corre. Fica até chato eu ficar falando aqui que a gente não tem espaço, porque começa a soar como se a gente quisesse “meter o louco”.
A gente não tem espaço, mas também vai conquistar, de um jeito ou de outro. Mas talvez a gente nem queira. A gente quer o que é nosso mesmo. Queremos que nosso movimento consiga fazer o Mundão Girou [DVD ao vivo de Hariel], que o MC Ryan consiga fazer o DVD dele também.
Mas eu tenho certeza de que essa rapaziada é meio passada. A rapaziada do alto escalão… Tudo tem uma hierarquia, né? Essa rapaziada que está no controle do alto escalão da música, dos produtores de música, tem uma visão meio ultrapassada do bagulho.
Nem vale a pena ficar “cascando” com esses caras. A gente veio para mostrar nossa história, o nosso tempo. A gente é novo, essa é nossa hora. Eles acham que sabem, e a gente faz do nosso jeito.
Acho que a galera perdeu muito a vontade de errar. E a gente não tem isso. A gente está acostumado sempre a ser tachado de errado. Então a gente vai e aprende com o erro.
Eles já ficaram quadrados. Por isso que não saem muito do que eles sempre fazem. Nunca uma novidade, nunca uma palavra diferente. É sempre a mesma ideologia. Quando surge uma pauta, eles se aproveitam. Abordam aquele tema, que nunca é um tema que eles levantam.
Mas tá tranquilo. A gente não tem nem que ficar esquentando a cabeça com eles. Tem que fazer o nosso papel, que daqui a pouco é nossa hora também. E quando for a gente que estiver lá um dia, fazer totalmente diferente do que a galera que está lá faz.”

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Zizi Possi enfrenta ‘temporais’ de Ivan Lins e Vitor Martins em disco que traz também músicas de Gabriel Martins

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Fabiana Cozza, Leila Pinheiro e Rita Bennedito também integram o elenco feminino do EP ‘Elas cantam as águas’, previsto para ser lançado em 2025. ♫ NOTÍCIA
♪ Iniciada em 1974, a parceria de Ivan Lins com o letrista Vitor Martins se firmou ao longo das décadas de 1970 e 1980 nas vozes de cantoras como Elis Regina (1945 – 1982) e Simone, além de ter embasado a discografia essencial do próprio Ivan Lins.
Uma das pedras fundamentais da MPB ao longo destes 50 anos, a obra de Ivan com Vitor gera frutos. Previsto para 2025, o disco Elas cantam as águas reúne seis gravações inéditas.
Três são abordagens de músicas de Ivan Lins e Vitor Martins. As outras três músicas são de autoria do filho de Vitor, Gabriel Martins, cantor e compositor que debutou há sete anos no mercado fonográfico com a edição do álbum Mergulho (2017).
No EP Elas cantam as águas, Zizi Possi dá voz a uma música de Ivan e Vitor, Depois dos temporais, música que deu título ao álbum lançado por Ivan Lins em 1983 e que, além do autor, tinha ganhado registro somente do pianista Ricardo Bacelar no álbum Sebastiana (2018).
Fabiana Cozza mergulha em Choro das águas (Ivan Lins e Vitor Martins, 1977), canção que já teve gravações de cantoras como Alaíde Costa, Tatiana Parra e a própria Zizi Possi. Já Guarde nos olhos (Ivan Lins e Vitor Martins, 1978) é interpretada por Adriana Gennari.
Da lavra de Gabriel Martins, Chuvarada – parceria do compositor com Belex – cai no disco em gravação feita por Leila Pinheiro (voz e piano) com a participação de Jaques Morelenbaum no toque do violoncelo e com produção da própria Leila, que também assina com Morelenbaum o arranjo da faixa que será lançada em 11 de outubro como primeiro single do disco.
Já Rita Benneditto canta Plenitude (Gabriel Martins e Carlos Papel). Completa o EP a música Filha do Mar [Oh Iemanjá], composta somente por Gabriel Martins e com intérprete ainda em fase de confirmação.
Feito sob direção musical de Gabriel Martins em parceria com a pianista, arranjadora e pesquisadora Thais Nicodemo, o disco Elas cantam as águas chegará ao mercado em edição da gravadora Galeão, empresa derivada da Velas, companhia fonográfica independente aberta em 1991 por Ivan com Vitor Martins e o produtor Paulinho Albuquerque (1942 – 2006).

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Médico que ajudou a fornecer cetamina a Matthew Perry se declara culpado por morte do ator

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Conhecido por atuar em ‘Friends’, Matthew Perry morreu em outubro de 2023 por overdose. Mark Chaves é uma das cinco pessoas que enfrentam acusações federais pela morte do ator Matthew Perry
Mike Blake/Reuters
O médico Mark Chavez se declarou culpado por fornecer cetamina ao ator Matthew Perry, morto por overdose em outubro de 2023. O americano fez sua declaração nesta quarta-feira (2), no tribunal federal de Los Angeles (EUA), e se tornou a terceira pessoa a admitir culpa pela morte do ator, que ganhou fama ao interpretar Chandler em “Friends”.
Até a conclusão da sentença, Chavez está livre sob fiança. Ele concordou em entregar sua licença médica. Seu advogado, Matthew Binninger, havia dito em 30 de agosto que ele estava arrependido e tentava “fazer tudo para corrigir o erro”.
Além de Chavez, há dois envolvidos na morte de Perry: Kenneth Iwamasa, assistente do ator, e Erik Fleming, outro fornecedor de droga.
Perry foi encontrado morto em uma banheira de hidromassagem. Quem achou seu corpo foi Iwamasa, que morava com ele.
O assistente admitiu que várias vezes injetou cetamina no ator sem treinamento médico, inclusive no dia de sua morte. Já Fleming alegou ter comprado 50 frascos de cetamina e repassado para Iwamasa.
A Justiça americana ainda investiga mais duas pessoas: Salvador Plasencia, outro médico, e Sangha, suposta traficante conhecida como “Rainha da Cetamina”.
O ator Matthew Perry, morto aos 54 anos, em imagem de 2009
Matt Sayles, File/AP
Um ano antes de morrer, Perry havia lançado sua autobiografia: “Friends, Lovers and the Big Terrible Thing”.
“Existe um inferno”, escreveu Perry, no livro, que narra sua luta contra a dependência química durante os últimos anos de gravação de “Friends”. “Não deixe ninguém lhe dizer o contrário. Eu estive lá; isso existe; fim de discussão.”
O ator, que, na época do vício, passou pela clínica de reabilitação, havia dito que já se sentia melhor e queria que o livro ajudasse as pessoas.
Médio Mark Chavez e Matthew Perry.
Robyn Beck / AFP e Willy Sanjuan/Invision/AP

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Dinho fala de sertanejo no Rock in Rio e revela que Capital Incial fará turnê de 25 anos do ‘Acústico MTV’

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‘Meu instinto é dizer que eles têm o Rock in Rio deles, eles têm Barretos’, diz cantor. No g1 ouviu, ele revelou que banda sairá em turnê comemorativa a partir de março de 2025. Sertanejo no Rock in Rio? Dinho Ouro Preto opina
Dinho Ouro Preto, vocalista do Capital Inicial, opinou sobre a estreia do sertanejo no Rock in Rio. O cantor foi o entrevistado do g1 Ouviu, o podcast e videocast de música do g1, nesta quarta-feira (2).O Capital é uma das atrações que mais tocou no festival, com nove apresentações ao todo.
“Meu instinto é dizer que eles têm o Rock in Rio deles, eles têm Barretos. E ali eu via como a nossa Marques de Sapucaí. Era nossa vez, nossa turma. Mas me lembraram que o primeiro Rock in Rio também foi mais eclético”, ele opinou.
O cantor ainda afirmou ter sentido falta de ter visto mais shows de rock e de pop no festival. Para ele, uma solução poderia ser separar melhor os dias. Na edição deste ano, em setembro, astros da música sertaneja foram incluídos no Dia Brasil, com programação só brasileira. Num bloco de apresentações dedicada ao estilo, vão subir ao palco Ana Castela, Simone Mendes e Chitãozinho & Xororó.
Foram necessários 40 anos para o maior festival de música do Brasil se render ao gênero musical mais ouvido do país – enfrentando o grande tabu de uma ala roqueira mais conservadora.
Turnê dos 25 anos do Acústico MTV
Na entrevita ao g1, Dinho também revelou que o Capital Inicial sairá em turnê comemorativa para celebrar os 25 anos do álbum “Acústico MTV”.
O disco foi lançado em 2000 e colocou a banda em outro patamar, segundo ele. A turnê terá Kiko Zambianchi, que também tocou no acústico, e deve passar por 25 cidades brasileiras, a partir de março de 2025.
Dinho Ouro Preto dá entrevista ao g1 Ouviu
Fabio Tito/g1

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