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‘Desencantada’ não fascina tanto quanto o filme original, mas ainda assim agrada; g1 já viu

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Continuação do sucesso de 2007 tem ótima interpretação de Amy Adams, de volta ao mesmo papel. Filme do Disney+ é dirigido por Adam Shankman, de ‘Hairspray’. Depois de trazer de volta as bruxas de “Abracadabra” quase 30 anos depois, a Disney + lança em seu catálogo a continuação de “Encantada”, filme que ajudou a popularizar o nome de Amy Adams, com uma divertida história que brinca com os clichês de contos de fadas.
“Desencantada”, que estreia nessa sexta-feira (18), mostra o que acontece depois do Felizes Para Sempre do casal do primeiro filme mantendo o bom nível de diversão, mesmo que não possua o mesmo brilho do original.
Assista ao trailer do filme “Desencantada”
Ambientada 15 anos após os acontecimentos do primeiro filme, a trama mostra que Giselle (Amy Adams) e Robert (Patrick Dempsey, de “Grey’s Anatomy”) continuam vivendo em Nova York, casados e felizes. Mas após o nascimento de sua filha, Sofia, ela sente que precisa viver em um lugar sem os problemas da cidade grande. Assim, o casal decide se mudar para Monroeville, uma comunidade do interior comandada pela possessiva Malvina Monroe, (Maya Rudolph, de “Missão Madrinha de Casamento”).
Amy Adams, Gabriella Baldacchino e Patrick Dempsey numa cena de “Desencantada”
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Só quem não gosta dessa mudança é a filha de Robert, Morgan (Gabriella Baldacchino). Depois que cresceu e se tornou uma adolescente, ela não suporta mais coisas relacionadas a contos de fadas, como a mania de Giselle cantar por qualquer motivo, e prefere ficar em Nova York, o que causa alguns conflitos entre ela e sua madrasta.
Por não conseguir se adequar à nova realidade, Giselle resolve usar uma varinha de condão dada de presente pelo seu ex-pretendente, o Príncipe Edward (James Marsden, de “Sonic 2”), para transformar seu novo lar em algo semelhante à sua terra natal, Andalasia. O feitiço dá certo e todos passam a agir como se estivessem num conto de fadas real.
Porém, Giselle percebe que, aos poucos, começa a ter atitudes de uma verdadeira vilã. Assim, ela corre contra o tempo para reverter o encanto e tudo possa voltar ao normal, ao mesmo tempo em que precisa descobrir como ser feliz para sempre novamente.
Giselle (Amy Adams) volta viver um conto de fadas em “Desencantada”
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Canções e confusões
Um dos pontos mais relevantes de “Desencantada” está no fato de que o filme tem diversos números musicais, com canções compostas pela mesma dupla de “Encantada”: Alan Menken, autor das trilhas ganhadoras do Oscar, como “A Pequena Sereia”, “A Bela e a Fera” e “Aladdin”, e que tiveram letras de Stephen Schwartz, também ganhador de algumas estatuetas.
As músicas são muito boas, em especial “Badder”, que é um dueto entre Amy Adams e Maya Rudolph. Mas não são tão memoráveis quanto as que foram criadas para o primeiro filme.
Além disso, vale destacar as ótimas coreografias de dança criadas pelo diretor do longa, Adam Shankman. O diretor de “Hairspray”, que já tinha feito “Um faz de conta que acontece” e “Operação Babá” para a Disney, mostra um inegável talento para as cenas musicais, colocando a câmera nos lugares certos e nunca confundindo o espectador com tantos elementos na tela.
Giselle (Amy Adams) e Malvina (Maya Rudolph) se estranham em “Desencantada”
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No entanto, o filme tem alguns problemas técnicos que evidenciam que a produção é mesmo mais voltada para a TV do que para o cinema. A cenografia e os efeitos especiais, por exemplo, apresentam qualidade inferior ao mostrado em “Encantada”, o que pode impedir que o público embarque no mundo de fantasia mostrado no longa.
Até mesmo as cenas animadas em 2D não são tão caprichadas quanto deveria (a não ser na sequência de abertura). Quem não for muito exigente desses detalhes, pode até deixar passá-los. Caso contrário, pode até pegar implicância com o filme.
Patrick Dempsey volta a interpretar Patrick em “Desencantada”
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Outro problema está no roteiro escrito por Brigitte Hales, que mostra algumas irregularidades, principalmente para criar situações de humor ou de desenvolver alguns personagens, principalmente os masculinos.
Se por um lado a escritora acerta em enfatizar mais a relação entre Giselle e Morgan, que não conseguem se entender por causa das crises da adolescente, mesmo quando a magia entra na história, por outro a autora erra em não dar maior importância ao protagonista vivido por Dempsey, que chega a desaparecer da trama lá pela metade. No ato final, a coisa não melhora muito para ele, infelizmente.
O Príncipe Edward, responsável por alguns dos momentos mais divertidos de “Encantada”, aqui também se sai bem (com direito até a uma piada que remete a “Monty Python e o Cálice Sagrado”), mas aparece pouco e, sem ele, parte da graça em “Desencantada” também se vai, o que é uma pena. Mas ele é um dos únicos personagens que mantém a questão de brincar com os clichês dos contos de fada, tornando suas poucas aparições bem-vindas.
Giselle (Amy Adams) canta para os seus amigos numa cena de “Desencantada”
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Encanto de atuação
Mas o que torna “Desencantada” um bom passatempo é a ótima atuação de Amy Adams como a protagonista Giselle. Mesmo depois de tanto tempo, a atriz consegue manter o ar inocente de sua personagem sem soar artificial. Além disso, Adams se sai muito bem nas cenas em que tem que cantar e dançar e mostra que tem um ótimo timing para o humor.
As melhores cenas da atriz (que também assina como produtora executiva) são quando Giselle começa a sentir os efeitos do feitiço que fez e passa a agir como uma madrasta má. Os momentos em que ela entra em conflito consigo mesma, oscilando tons de voz, olhares e expressões faciais de mocinha e vilã rapidamente na tela funcionam graças ao talento de Adams, que já provou ser uma das melhores artistas de Hollywood nos últimos anos.
James Marsden e Idina Menzel numa cena de “Desencantada”
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Quem também ganha maior destaque em “Desencantada” é Idina Menzel, como Nancy, a esposa de Edward. A atriz, que passou a chamar mais atenção depois de cantar o hit “Let it go”, de “Frozen”, recebe maior importância na história, principalmente na parte final, com direito a um número musical solo. Soa como uma (justa) retribuição por ter sido uma das responsáveis pelo sucesso mundial da saga de Elza, Anna, Olaf e cia.
Já Maya Rudolph está bem como a vilã Malvina Monroe (com um penteado que lembra Anjelica Huston em “Convenção das Bruxas”), mas não faz nada de especial que já não tenha sido visto antes nesse tipo de papel. Apesar de não se destacar, pelo menos ela não compromete como a maior opositora da mocinha vivida por Adams.
Amy Adams interpreta a protagonista Giselle na produção “Desencantada”
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A pouco conhecida Gabriella Baldacchino funciona bem como Morgan, que mostra uma boa química com Amy Adams. Felizmente, ela não caiu em tentação em forçar demais nos dilemas de sua personagem, o que poderia torná-la desagradável e chata para o público, que acabaria não torcendo para que as duas consigam se entender.
“Desencantada” certamente vai agradar aos fãs do primeiro filme, mesmo sem ser tão arrebatador ou mesmo divertido quanto o original. O longa tem um bom ritmo, prende a atenção e traz uma boa mensagem no final, que fala com as crianças de todas as idades. Como nos bons contos de fadas.

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