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Melim pega leve nas 16 músicas do álbum ‘Quintal’ sem atravessar a porta para a pretendida introspecção

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Trio incursiona pelo reggae e propaga as habituais boas vibrações em que disco afetuoso que inclui o rap de Emicida, a voz de Duda Beat, o canto de Vitor Kley e o toque da banda Natiruts. Capa do álbum ‘Quintal’, do Melim
Divulgação
Resenha de álbum
Título: Quintal
Artista: Melim
Edição: Universal Music
Cotação: ★ ★ ½
♪ O marketing em torno do álbum autoral lançado por Melim em 16 de novembro, Quintal, se sustenta na tese de que, com o disco gravado com produção musical de Lelê (US3), o trio fluminense embarca em viagem para dentro de si, com músicas mais “introspectivas e pessoais”.
Ao cruzar simbolicamente a porta exposta na capa de Quintal, os irmãos Diogo Melim, Gabriela Melim e Rodrigo Melim viveriam “novas experiências, novas sensações e novas ambições” – como se o álbum representasse “nova era” na discografia do grupo.
Toda essa tese se desmonta com a audição das 16 músicas inéditas do disco. Sem romper com a estética sonora light que o caracteriza, o Melim pega leve na jornada de Quintal, álbum apresentado sem sequer um single prévio, contrariando corajosamente os mandamentos de um mercado fonográfico que incentiva a fragmentação de álbuns em singles e EPs.
“Estou fora de área / Minha casa agora é a praia”, avisa o trio, na letra de Fora de área (Rodrigo Melim, Gabriela Melim, Diogo Melim e Gabriel Geraissati), ao se avizinhar da praia do reggae, ecoando as habituais boas vibrações na sétima das 16 músicas de Quintal.
A cadência do reggae de cepa mais pop, aliás, é recorrente no álbum, reverberando em Sunshine (Diogo Melim, Rodrigo Melim, Rael e Vitor Tritom), em Onda do mar (Guto Oliveira, Rodrigo Melim, Gabriela Melim e Gabriel Geraissati), em Alegria (Diogo Melim, Rodrigo Melim e Lelê) – música gravada pelo Melim com o toque da Natiruts, banda brasiliense dedicada ao gênero musical jamaicano – e em Conselho (Gabriela Melim e Rodrigo Melim), sendo que, nessa música, o reggae se mistura com toque de pop rock na cadência que embala letra motivacional que versa sobre o valor da autoestima com versos como “Quem te quer de verdade não te faz mal / Tem gente rasa e tem gente sentimental”.
Raso também é o voo introspectivo de Borboleta (Rodrigo Melim e Diogo Melim), balada melodiosa, levada ao piano e embebida no romantismo que pauta a maior parte do repertório do disco Quintal. Até a dor de amor é superficial em Nova bad (Rodrigo Melim, Gabriela Melim, Diogo Melim e Gabriel Geraissati), faixa de sofrência light como o som do Melim.
Melim lança o álbum ‘Quintal’, gravado com produção musical de Lelê (US3)
Sergio Blazer / Divulgação
Para quem gosta de doçura pop, e mal nenhum há nisso, Voa voa (Rodrigo Melim, Vitor Tritom, Diogo Melim, Lelê e Gabriel Elias) flui bem e pode vir a se tornar mais um hit do Melim. Tônica do álbum, o amor é propagado por Emicida no rap inserido em Melhor remédio (Gabriela Melim e Gabriel Geraisatti) – “Se o ódio é regra, eu vim desobedecer”, dispara o rapper com ternura – e move a utopia humanista de Tão raro (Rodrigo Melim e Vitor Tritom) com a grandeza também vislumbrada na letra de Teto de estrelas (Rodrigo Melim).
Cantor de pop folk romântico que propaga no cancioneiro autoral as mesmas boas vibrações do Melim, Vitor Kley segue o suingue pop de Mapa (Rodrigo Melim, Vitor Tritom, Diogo Melim, Lelê e Vitor Kley) em sintonia com o trio. Até Duda Beat, voz do brega de textura eletrônica, se afina com a meiguice do Melim em Asas (Rodrigo Melim, Diogo Melim e Brunno Gabryel), outra faixa com jeito de hit.
Alocada na 15ª faixa na disposição das músicas em Quintal, Pequenas coisas (Gabriela Melim, Vitor Tritom, Mila Matoso e Gabriel Geraissati) é cantada por Gabriela Melim e deixa a sensação de que o álbum resulta repetitivo e – para o atual padrão pop – longo.
Quando Quintal se encerra com Um minuto (Zeeba, Rodrigo Melim, Mike Tulio e Guto Oliveira), faixa de arquitetura textura eletrônica formatada com colaboração de Rodrigo Melim na produção musical (Rodrigo coproduziu outras faixas), fica também a sensação de que a pergunta feita pelo trio no balanço do refrão da música-título Quintal (Rodrigo Melim, Diogo Melim e Rael) no início do disco – “Que tal conhecer meu quintal?” – soa fora de propósito.
Afinal, como mostram as 16 músicas do álbum, em que pesem eventuais e sutis inovações, o Quintal do Melim já parece ser velho conhecido do público do trio.

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