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‘Tremendão’: veja e entenda as gírias que Erasmo Carlos ajudou a popularizar com seu ‘papo firme’

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Professor de língua portuguesa explica que a tendência a longo prazo é haver cada vez menos gírias que a maioria seja capaz de compreender. GIF home fotos do Erasmo Carlos
g1
A Jovem Guarda, movimento do qual Erasmo Carlos foi um dos expoentes, teve uma forte presença em diversos aspectos da vida cultural brasileira. O legado musical é o coração do movimento, mas ele também influenciou da moda às gírias, que se tornaram parte da identidade de toda uma geração.
O professor de língua portuguesa Sérgio Nogueira explica que a linguagem em si é um fenômeno social, assim como o jeito de se vestir. A pedido do g1, o professor buscou na memória explicações sobre as principais gírias da época que teve Erasmo como um dos ícones:
Brasa: se refere às pessoas ativas, agitadas e entusiasmadas, trazendo uma visão positiva;
Bicho: é o equivalente ao “cara”, “mano”;
Abafar: fazer sucesso;
Brotinho: moça bonitinha;
Cocota: novinha;
Pão: um cara legal, bacana e bonito;
Bidu: quando uma pessoa dizia uma coisa considerada óbvia, que tá na cara;
Morou: entendeu;
Papo firme: bom de conversa, não hesita;
Chá de cadeira: ficar sentado o baile inteiro, sem ser tirada para dançar;
Pra frentex que é usada para se referir a uma pessoa moderna, que se veste na moda;
Tremendão: é algo ou alguém incrível;
Carango: carro bom, que sempre foi um símbolo de status. Erasmo tem uma música chamada “O Carango”.
Como surgem as gírias?
De acordo com Nogueira, toda gíria caracteriza grupos e, no caso, são gírias etárias, que dizem respeito a uma geração.
“Costumo brincar nos meus cursos que se você ja riu da sua avó por causa de alguma gíria que ela usou, saiba que algum dia vão rir de você também”, diz.
Existem gírias jurídicas, econômicas, da periferia e de diferentes localidades de um país, do universo do futebol, da música e da internet. Como toda moda, elas têm prazo de validade e, por isso, as da década de 1960 são motivo de risada entre as gerações posteriores.
Para o professor, esse fenômeno tem que ser visto como natural, uma vez que se trata de um grupo querendo deixar a sua marca e afirmando sua identidade, se misturando entre seus semelhantes. Um exemplo são os jovens. “Eles fazem uma força danada para se individualizarem, mas acabam fazendo o que todo mundo faz. Até porque a gíria individual não existe, é algo coletivo”, afirma.
No caso da Jovem Guarda, a maioria das músicas tinha temática semelhante, esbanjando “tremendão” e “pra frentex”. Nogueira ressalta que, na época, elas não caracterizavam uma região e não eram uma linguagem típica de um gênero específico de música, como o sertanejo, era geral.
“Não era carioca, não era paulista. Era a força do vinil na época”, diz Nogueira.
Gírias da geração da internet
Apesar de não ser possível saber como todas as gírias nascem, a internet se tornou atualmente o local onde a maior parte delas nasce e se consolida. A análise que o professor faz é que, conforme o passar do tempo, as gírias representam um público cada vez menor e mais restrito. Futuramente, a tendência é haver menos gírias de uso comum compreendidas pela grande maioria.
Outro exemplo citado por Nogueira é o da palavra “periguete”, que apareceu em uma novela e já não é mais usada hoje em dia. Como todas as gírias, só foi valorizada dentro daquele grupo. Em contrapartida, “flertar” era, até pouco tempo atrás, considerado uma gíria de uma época, e hoje se nacionalizou e perpetuou, sem o sentimento de estranheza.
Assim como o “pegar” ou “ficar”. Antigamente, diz o professor, era o bom e velho “namorar”. Com as mudanças das lógicas sociais, os elos entre as pessoas se transformaram. A amizade colorida foi um conceito que veio com os hippies, impulsionado pela pílula anticoncepcional e o advento da camisinha.
“Várias coisas mudaram o comportamento, que, por sua vez, molda a linguagem, já que a língua reflete hábitos e costumes”, pontua.
O palavreado também diz muito sobre preconceitos presentes em cada cultura. No Brasil, o professor cita as metáforas envolvendo animais e os significados que elas carregam. Bicho, no masculino, geralmente é positivo, como cachorrão, e as pessoas usam para se referir aos homens. No caso das mulheres, o sentido é restrito a ofensa, como galinha e vaca.
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