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Festas e Rodeios

A prostituta que se tornou artista plástica de renome num manicômio de São Paulo

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Aurora Cursino dos Santos pintou mais de 200 quadros e desenvolveu estilo próprio, em permanente diálogo com vanguardas de sua época. Aurora foi lobotomizada em 1955 e morreu quatro anos depois
ALICE BRILL / INSTITUTO MOREIRA SALLES/via BBC
Dentro do quadro, tudo o que vemos é uma esquina do Largo São Francisco de Paula. Quase nada escapa ao brilho dos postes elétricos — o piso, as árvores e os prédios estão mergulhados num mesmo clarão amarelo, que se irradia rumo às janelas da loja Brasileira, notório estabelecimento da Belle Époque carioca.
“Ali se encontra o que há de bom e elegante em fazendas de luxo e roupa branca para senhoras e meninas”, diz um anúncio veiculado pela casa no início do século 20. As consumidoras, todavia, não dão as caras nesta imagem — agora elas dormem, e o centro do Rio de Janeiro permanece deserto.
Ao fundo, nos deparamos com José Bonifácio, o Patriarca da Independência. Mas sua estátua, tragada pelas sombras noturnas, parece pequena diante da figura feminina que o examina. Com as mãos na cabeça e um vestido negro de mangas vermelhas, ela ostenta um semblante cético — afinal de contas, nenhuma outra mulher se atreveria a disputar o espaço público naquele horário.
O crepúsculo, então, se abate sobre as ruas da metrópole. Não sabemos se a tarde chegou ao fim, ou se uma nova manhã se inicia. Entretanto, o cenário permite que se especule a natureza desta pintura. Trata-se, possivelmente, de um autorretrato.
A autora, Aurora Cursino dos Santos, foi uma artista plástica sem reconhecimento de seus pares.
Pintou mais de duzentos quadros e desenvolveu um estilo próprio, em permanente diálogo com as vanguardas de sua época.
Não conseguiu, porém, se desvencilhar de dois estigmas — era prostituta e portadora de transtornos psiquiátricos. Toda a sua obra foi desenvolvida nas dependências de um manicômio, onde recebera diagnósticos de “psicose paranoide”, “personalidade psicopática amoral”, “esquizofrenia parafrênica” e “autismo intenso”.
Dezenas dessas pinturas acabam de ser reunidas no livro Aurora: Memórias e Delírios de uma Mulher da Vida (Editora Veneta), fruto de um estudo levado a cabo por Silvana Jeha, doutora em História pela PUC-Rio, e Joel Birman, professor titular do Instituto de Psicologia da UFRJ. A dupla enxerga na própria pesquisa uma oportunidade de se confrontar um certo imaginário social.
“As prostitutas sempre foram colocadas na mesma categoria que os assassinos, traficantes e ladrões”, afirma Jeha à BBC News Brasil.
“Isso faz parte de um problema maior, contra mulheres que reivindicam a liberdade sobre o próprio corpo. É como se elas estivessem matando, roubando, ferindo muito gravemente alguma lei humana.”
Para Birman, o caso de Aurora sintetiza um martírio inerente a todo indivíduo violentado pelo sistema judiciário: “São vidas protocoladas por registros clínicos e policiais, entre outras leituras supostamente crítico-negativas”, diz o psicanalista.
“Nesse sentido, procuramos tirar Aurora do terreno da infâmia, dando a ela uma luminosidade que explicite os impasses de sua história, e também os da nossa. É uma personagem muito atual, se considerarmos a ênfase do discurso bolsonarista e da extrema-direita na questão dos costumes.”
Aurora citava diversas personalidades do mundo artístico e literário; neste quadro, ela faz alusão ao compositor Frédéric Chopin, de quem era fã
MUSEU DE ARTE OSÓRIO CESAR/via BBC
A noite desce
Aurora nasceu em 1896, no município paulista de São José dos Campos. Filha de um pequeno comerciante, casou-se a contragosto, obrigada pelo pai.
O matrimônio, porém, duraria menos de 24 horas — no dia seguinte, a jovem interiorana optou pela separação. Não gostava do marido, e atribuía ao casamento-relâmpago a origem de todo o seu suplício.
Entre as décadas de 1910 e 1930, se prostituiu nas ruas de São Paulo e do Rio de Janeiro. Com o dinheiro do trabalho sexual, viajou à Europa. Só havia estudado até o terceiro ano do primário, mas apreciava literatura, artes plásticas, música popular e erudita.
Indícios sugerem que, além de pintar, também tocava piano. Zequinha de Abreu, compositor do choro Tico-Tico no Fubá, dedicou-lhe uma valsa, intitulada A Noite Desce. Na Lapa, epicentro da vida noturna fluminense, foi vizinha do transformista Madame Satã e do poeta Manuel Bandeira.
Sua convivência com figurões nem sempre era tranquila. Em 1919, prestou queixa contra um repórter, a quem fora apresentada por José Eduardo Macedo Soares, dono do jornal Diário Carioca.
Aurora, não correspondendo às investidas do possível cliente, teve os cabelos puxados, a blusa arrancada e os lábios mordidos. Salva por uma amiga, denunciou o agressor numa delegacia, sem saber seu nome.
Um exame de corpo de delito confirmaria o ataque. Macedo Soares, no entanto, recusou-se a prestar depoimento, e o processo foi arquivado.
Vigorava então o Código Penal de 1890, cujo artigo 268 impunha até seis anos de cadeia para quem estuprasse mulheres “honestas” — caso a vítima fosse “mulher pública ou prostituta”, a pena não ultrapassava dois anos. Desiludida, Aurora se afastaria progressivamente da boemia.
Em São Paulo, matriculou-se num curso de enfermagem para atender os soldados que se entrincheiravam na Revolução Constitucionalista de 1932.
Posteriormente, trabalharia como doméstica em diversas casas, não se fixando em nenhuma delas. Sem dinheiro, migrou para os albergues noturnos da cidade. Por fim, caiu nos manicômios.
Em 1941, foi internada no Hospital Psiquiátrico de Perdizes. Três anos depois, adentrou o Complexo Hospitalar do Juquery, a 27 quilômetros da capital paulista.
Ali, frequentaria assiduamente um ateliê improvisado pelo psiquiatra Osório Cesar, pioneiro da arteterapia no Brasil. Por uma década, extravasou seus tormentos mais íntimos com pinceladas de tinta a óleo sobre folhas de papel-cartão.
“O trabalho artístico expandia a capacidade simbólica dos internados”, explica Birman.
“Eram práticas de linguagem que estimulavam a autoexpressão dos ditos pacientes, de seus conflitos, suas dores. Partia-se do pressuposto de que a arte havia sido fundamental na construção do espírito humano e que, portanto, ela seria igualmente importante na reconstrução desse espírito, em casos de perturbação mental grave.”
“Aurora pôde assim desenvolver certas habilidades, descobrir dentro de si um talento pictórico. E a maneira como trabalhava os temas da própria vida sinaliza uma radicalidade, um desejo existencial de se rebelar contra o patriarcado.”
Uma das duzentas telas produzidas por Aurora Cursino dos Santos no Complexo Hospitalar do Juquery: sob o crepúsculo, uma prostituta observa a estátua de José Bonifácio no centro do Rio de Janeiro
MUSEU DE ARTE OSÓRIO CESAR/via BBC
Quadros que gritam
O ateliê de Osório Cesar, aberto em 1949, deu origem à Escola Livre de Artes Plásticas do Juquery, cujas atividades se encerrariam em 1964 — no ano seguinte, o médico paraibano foi exonerado pela ditadura militar.
Osório era militante comunista, e junto a outros intelectuais de esquerda, como o crítico Mário Pedrosa e a psiquiatra Nise da Silveira, esteve entre os primeiros autores a investigar as relações entre arte e loucura.
Para além da rotina terapêutica, suas pesquisas se desdobravam em livros, artigos e curadorias nos grandes museus.
“Há trabalhos aqui (…) que não só se assemelham às produções artísticas dos povos primitivos, como também se identificam sobremodo com a chamada arte de vanguarda”, escreveu ele em 1948, a respeito de uma exposição que organizava no Museu de Arte de São Paulo, o Masp.
“Temos também quadros que são de impressionante surrealismo, apresentando as mais sugestivas ideias.”
Em 1950, a obra de Aurora foi exibida pela primeira vez — Osório levara alguns de seus trabalhos para a Exposição Internacional de Arte Psicopatológica, na França.
Naquele mesmo ano, a escritora modernista Patrícia Galvão, vulgo Pagu, descreveu no Jornal de Notícias um quadro da prostituta: “É desenho de artista acidentalmente alienado, ou de alienado acidentalmente artista, empurrado pela deformação das normas comuns”.
São pinturas de cores fortes, marcadas por uma insólita combinação de texto e imagem. A caligrafia de Aurora é espessa, e suas letras, geralmente maiúsculas, circundam figuras humanas, esmagando-as com sentenças verborrágicas.
Em determinado quadro, um frágil rosto feminino chega a se perder entre frases soltas: “Deus me livre, senhor Jesus”; “Enfermeiras me asfixiaram nas águas e me apunhalaram”; “Derramei sangue muitas vezes”, “Caí no chão quase morta, tanto fazia eu vir da rotunda ou de baixo”.
Noutros trabalhos, lembranças pessoais e delírios persecutórios se misturam a referências do mundo externo — os escritores Anatole France, Émile Zola e Alexandre Herculano; os compositores Ludwig van Beethoven e Frédéric Chopin; reis, papas e imperadores europeus; delegados e políticos brasileiros.
Jeha os interpreta como imagens nebulosas de um tempo passado — real ou imaginário.
“Não sei muito bem o que é ficção e o que é realidade no meio disso tudo”, afirma a historiadora.
“Mas tanto faz, pois Aurora nos fornece um testemunho sobre a condição da mulher na primeira metade do século 20. Ela aborda o feminicídio, a violência de gênero e outras questões que somente agora têm sido nomeadas. Hoje em dia, existe todo um vocabulário novo para designar aquilo que a mulher sofre desde sempre.”
Menções a São José dos Campos, no entanto, atestam o caráter autobiográfico dessa obra.
Numa série de pinturas, o município surge em tons harmônicos e verdejantes, com agricultores trabalhando em meio a casebres e milharais. Noutros quadros, Aurora se afasta da nostalgia e mergulha em tintas fúnebres sua terra natal.
“Meu bisavô, pai do papa Corsini, foi esfaqueado três vezes em um só instante, na frente dos netos e filhos”, escreve a artista numa representação do suposto assassinato.
Outra imagem nos mostra uma charrete que desfila impunemente pelas ruas da cidade, sob a inscrição: “O rapto de Aurora Cursino”.
Num terceiro quadro, vemos um sujeito de batina preta e olhos malignos, arrastando uma garota em direção a um poço: “Fui jogada lá dentro e amarrada pelo padre”, diz a legenda.
Para Jeha, tais narrativas sinalizam violências bastante concretas: “Esse lugar de subalternidade é bem traumático, e está na raiz de muitas trajetórias femininas em hospícios”, observa.
“A mulher sai do lar, apresenta-se ao mundo e precisa lidar o tempo inteiro com uma mira que é colocada sobre ela. Isso enlouquece a gente.”
“Eletricidade sensual”: ao transar com o músico Zequinha de Abreu, Aurora tem suas entranhas destruídas pela máquina
MUSEU DE ARTE OSÓRIO CESAR/via BBC
Inconsciente coletivo
Boa parte da obra de Aurora é composta por registros pictóricos de sua vida no manicômio. Em certos quadros, a barbárie institucional se mescla às antigas memórias de prostituição.
É o caso de uma tela que retrata os interiores do Hotel Piratininga, no centro de São Paulo. Aurora e Zequinha de Abreu fazem sexo sobre uma cama suja, enquanto um médico os observa no canto do quarto.
A prostituta é penetrada por fios, que acendem lâmpadas multicoloridas numa espécie de rádio gigante. O maquinário parece extirpar seus membros e órgãos internos, com engrenagens específicas para o coração, estômago, pulmões, fígado, cabeça, pescoço, ventre, seios, pernas e pés.
“O quadro expõe, nos mínimos detalhes, a destruição de seu corpo pela tecnologia”, afirma Birman.
“Durante uma relação amorosa com Zequinha, ela tem a intimidade aniquilada pelas práticas abomináveis do poder psiquiátrico. Mas essa mulher não tolerava o abuso, nem como trabalhadora sexual, nem como interna de um manicômio”.
Em 1955, Aurora foi lobotomizada. Ela morreu no dia 30 de outubro de 1959, aos 63 anos, sem nunca ter deixado o Juquery. Antes que bisturis lhe mutilassem o cérebro, experimentara outros flagelos — choques elétricos e injeções medicamentosas, induzindo ao coma e às crises convulsivas.
Semelhantes métodos engatilhavam dores e angústias, evocadas num quadro em que a prostituta retrata a si mesma com fisionomia aflita.
Seus braços estão rendidos, e agentes de saúde a observam numa maca: “Eis o que as mais velhas sofrem”, anuncia a legenda. “Cocaína, moléstias venéreas, filhos, tuberculose. Temos que pagar, e outros não”.
Além dela, o sistema manicomial faria outras vítimas. “As mulheres livres foram largamente varridas para dentro dos hospícios”, explica Jeha. “A obra de Aurora se baseia numa permanente revolta contra isso, sem nenhuma autocensura. Ela já não tinha mais nada a perder”.
O despudor transparece numa série de quadros sexualmente explícitos, abordando estupros e orgias com protagonismo das autoridades masculinas.
Em determinada pintura, a artista chega a retratar sua própria vulva, rodeada por termos que aludem à geopolítica mediterrânea: “Itália”, “República”, “passagem dos portos”, “aristocracia”, “príncipe”, “presidente”.
Pelos cantos, em letras menores, há uma narrativa obscena, envolvendo certo oficial da Marinha: “Mandaram Eloy Alvim e dois cafajestes me anestesiar e acabar de rasgar meu ânus e b***** e enfiar em minha boca (sic)”.
O relato talvez possibilite a escrita de uma história das subjetividades: “Essas pinturas são como diários muito íntimos, cheios de coisas que não falaríamos a ninguém”, defende Jeha.
“Acredito que Aurora seja herdeira de um inconsciente que remonta ao século 19, quando mulheres supostamente histéricas foram internadas aos milhares, sob uma experiência coletiva de opressão modulada pelo cristianismo”..
Um grito anticlerical, perdido em meio aos desatinos pornográficos da tela, parece confirmar tais impressões: “Fui lá na Itália sem eu saber para matar o papa”, diz a prostituta.
Aurora, nascida em São José dos Campos, costumava retratar a cidade em tons ora idílicos, ora fúnebres
MUSEU DE ARTE OSÓRIO CESAR/via BBC
Ser mãe
Num misto de denúncia e fervor, Aurora professa o catolicismo, ao mesmo tempo em que ataca os representantes da Igreja. Ela pede graças à Virgem Maria e desenha a coroação de Nossa Senhora das Dores, mas não canoniza dirigentes religiosos — muito pelo contrário. Um de seus quadros mais impactantes nos mostra justamente um clérigo — com um sorriso no rosto, ele introduz a mão por debaixo da saia de uma criança, que vomita sangue.
O abuso sexual infantil reaparece numa outra pintura de tom acusatório — dessa vez, contra a Força Pública do Estado de São Paulo, atual Polícia Militar. Sobre uma menina de quatro ou cinco anos, recai o estigma do meretrício materno — indefesa, ela se encontra rodeada por oito homens, provavelmente soldados, que lhe esfregam o pênis na boca e vagina. “Mariazinha chora geme forçada no reto por ser filha de Aurora Cursino dos Santos”, diz uma inscrição.
Ela também cita um conhecido verso do poeta Coelho Neto: “Ser mãe é desdobrar fibra por fibra o coração”. A melancolia e a desesperança marcam as representações da prole, com a qual se encontra em circunstâncias fantasmagóricas.
“Um filho veio ver sua mãe dormindo”, anuncia o retrato de um homem letárgico, com os olhos fixos sobre um abajur. Outra tela nos mostra um sujeito encostado na proa de um barco, com uma lanterna iluminando o mar, enquanto veleja na penumbra ao som dos noturnos de Chopin: “Um filho veio me ver especial por eu Aurora Cursino dos Santos ser sua mãe (sic)”, enfatiza a artista.
Filhos e loucura: um par de sondas liga os seios maternos à boca de um bebê que se abriga no útero
MUSEU DE ARTE OSÓRIO CESAR/via BBC
Maternidade e calvário parecem indissociáveis — Aurora retrata a si mesma parindo, abortando, sendo agredida em plena gestação. Os rebentos, entretanto, sempre lhe escapam — são raptados por juízes, delegados e tribunais.
Paulo Fraletti, psiquiatra do Juquery, comentaria em 1954: “Diante de nós, certa feita, retratou-se nua, de ventre aberto e útero grávido e exposto, referindo-se aos nove filhos que teve, um em cada ano”. Na imagem, um menino se abriga no interior de uma bolsa amniótica, enquanto suga dois canos ligados aos seios maternos, descritos como “glândulas mamárias de vaca e baronesa egípcia”.
O quadro produziu em Jeha um efeito de identificação: “Lembrei do meu filho”, diz. “É uma pintura que fala de carinho, alimento, moradia, tudo ao mesmo tempo. Nada melhor do que isso para traduzir a obsessão materna”.
A insanidade, lembra a historiadora, é um traço atribuído à maioria das mulheres: “Quando xingam a gente, quais os termos mais comuns? P*** e louca. Então, vou ressignificar isso para mim. É uma assunção do drama, do sentimento, da emoção, de algo que nos é colado com uma carga extremamente pejorativa. Aurora é uma mulher ancestral. Ela diz respeito a todas nós”.
Este texto foi publicado em https://www.bbc.com/portuguese/geral-63669678

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Festas e Rodeios

Após acidente trágico em set, ‘Rust’ terá estreia em festival sem Alec Baldwin, diz revista

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Segundo ‘The Hollywood Reporter’, o ator e produtor do filme não estará na premiere, que irá acontecer no final de novembro. Alec Baldwin chora após Justiça anular acusações de homicídio culposo
O filme “Rust” fará sua estreia para o público durante o Festival Camerimage em novembro deste ano. A produção ficou marcada pela morte da diretora de fotografia, Halyna Hutchins, 42, após ser atingida por um tiro disparado por uma arma segurada pelo ator Alec Baldwin. Segundo a revista “The Hollywood Reporter”, Baldwin, que também é produtor do filme, não irá a première.
Após a exibição do filme, o festival planejou um painel de debate para homenagear a Halyna Hutchins. Ainda não se sabe se os atores Travis Fimmel, Frances Fisher, Josh Hopkins e Patrick Scott McDermott estarão presentes no evento.
Armeira de ‘Rust’ é condenada
Hannah Gutierrez-Reed, responsável por cuidar e fornecer as armas do set de “Rust”, foi considerada culpada pela morte de Halyna Hutchins. A condenação aconteceu no dia 6 de março, num tribunal do Novo México (EUA). Ela foi presa, mas alega ser inocente.
Nesta segunda-feira (30), um juiz do Novo México negou o pedido de Hannah Gutierrez Reed para um novo julgamento e manteve sua condenação por homicídio culposo pela morte da diretora de fotografia Halyna Hutchins em 2021. Gutierrez Reed vai permanecer sob custódia para cumprir o restante de sua sentença de 18 meses.
Juíza anula acusação de Baldwin
No dia 12 de julho, o ator Alec Baldwin chorou após a Justiça dos Estados Unidos anular as acusações de homicídio culposo. A juíza entendeu que houve má conduta da polícia e dos promotores ao ocultar as provas da defesa.
À Justiça, os advogados do ator afirmaram que as autoridades “enterraram” evidências sobre a origem da bala que matou a diretora. Segundo a defesa, munições reais foram apreendidas como parte das evidências, mas não foram listadas no arquivo das investigações.
Alec Baldwin com roupa de seu personagem na gravação de ‘Rust’
AFP Photo/Gabinete do Xerife do condado de Santa Fe

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Como o escândalo do rapper Diddy tem alimentado teorias de conspiração

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Os detalhes chocantes dos crimes pelos quais Diddy é acusado se tornaram combustível para inúmeras teorias de conspiração – incluindo uma que acredita em uma seita satanista que beberia o sangue de crianças para se manter eternamente jovens. Sean ‘Diddy’ Combs em foto de 2017, em Nova York.
Lucas Jackson/Reuters
O escândalo envolvendo as denúncias contra o rapper americano “Diddy”, cujo nome real é Sean Combs, trouxe à tona detalhes chocantes sobre as ações do empresário musical, incluindo acusações de estupro, violência doméstica e tráfico de pessoas para exploração sexual.
Segundo promotores que investigam o caso, Diddy “criou uma organização criminosa” para “abusar, ameaçar e coagir mulheres e outras pessoas ao seu redor para satisfazer seus desejos sexuais, proteger sua reputação e ocultar sua conduta”.
Diddy nega as acusações e se declara inocente.
As acusações, no entanto, são corroboradas por inúmeras evidências, apontam os promotores, incluindo imagens de uma câmara de segurança em que Diddy é visto agredindo sua então namorada em 2016, Cassie Ventura.
As imagens, que se tornaram públicas neste ano e foram transmitidas pelo canal de televisão americano CNN, mostraram Diddy empurrando Ventura para o chão e chutando-a enquanto ela estava no chão. Mais tarde, ele tentou arrastá-la pela blusa e jogar um objeto nela.
No entanto, em meio aos detalhes chocantes das denúncias e acusações reais feitas por vítimas contra Diddy e sendo investigadas pela polícia e pela promotoria, rapidamente passaram a ser compartilhadas postagens que misturam informações sobre o caso com alegações sem qualquer evidência — o caso se tornou combustível para a disseminação de teorias da conspiração, especialmente as teorias QAnon.
O QAnon é uma teoria de conspiração de extrema direita que afirma que o ex-presidente Donald Trump luta uma guerra secreta contra pedófilos adoradores de Satanás do alto escalão dos governos do mundo (principalmente o americano), do setor empresarial e da imprensa. Segundo a teoria, autoridades e celebridades participariam de uma seita que bebe o sangue de crianças para se manter eternamente jovens.
Tão logo surgiram nos EUA postagens tentando implicar celebridades que conheciam ou não Diddy com os crimes pelos quais ele é acusado, o mesmo tipo de mensagem começou a aparecer nos grupos de extrema direita no Brasil.
Mais de 1500 postagens diferentes citando o caso Diddy foram identificadas em grupos de direita brasileiros nas duas semanas após a prisão do rapper, em 16 de setembro, pelo sistema de monitoramento coordenado pelo pesquisador Leonardo Nascimento, da UFBA (Universidade Federal da Bahia).
A BBC News Brasil analisou mais de 600 dessas mensagens e todas elas continham informações sobre o caso real misturadas com alegações conspiratórias sem fundamento.
Entre elas, acusações — sem qualquer evidência — de que diversas outras celebridades ou figuras importantes participaram dos crimes pelos quais Diddy é investigado.
As postagens tentam implicar, entre outros, a ex-primeira-dama Michelle Obama, a vice-presidente Kamala Harris, o jogador de basquete LeBron James, o ator Kevin Hart, o cantor Justin Bieber (às vezes como vítima, às vezes como acusado), a cantora Taylor Swift, o ator Will Smith e até mesmo o ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes.
Não existe qualquer evidência ou indício de que qualquer uma dessas pessoas estivesse envolvida ou tenha qualquer relação com os crimes pelos quais Diddy é investigado.
Muitas das postagens também alegam que artistas tentaram, no passado, “denunciar” ou “divulgar” o caso de Diddy através de mensagens escondidas em letras de músicas e clipes musicais. Entre eles estariam Justin Bieber e Kanye West.
Outras postagens tentam relacionar as denúncias contra Diddy com o caso de Jeffrey Epstein , empresário condenado por tráfico sexual e que era ligado a inúmeras pessoas importantes.
Caso Diddy: entenda o que é fato sobre o caso
Combustível para o QAnon
Os conspiracionistas do QAnon afirmam que sua luta contra uma “rede internacional satanista” de tráfico de crianças levará a um dia de ajuste de contas, em que pessoas proeminentes serão presas e executadas.
Mas há tantos desdobramentos, desvios e debates internos que a lista total de teorias do QAnon é enorme — e muitas vezes contraditória.
Segundo Juciane Pereira de Jesus, pesquisadora da UFBA (Universidade Federal da Bahia), casos reais de investigação ou condenação de ricos e famosos – que de fato conhecem e se encontram com muitas pessoas outras pessoas proeminentes – são uma base fértil para a construção de narrativas conspiratórias.
“Eles tentam de qualquer jeito implicar outras pessoas – especialmente figuras do partido democrata – nos crimes pelos quais os criminosos são condenados”, diz Pereira, que monitora redes brasileiras de extrema direita no Telegram desde 2022.
Ou seja, os casos reais funcionam como “combustível” para a teorias de conspiração. Leonardo Nascimento explica que casos que envolvem crimes de caráter sexual são especialmente propícios por se encaixarem na narrativa existente.
“Tudo o que tem a ver com escândalo sexual é uma porta de entrada, um pretexto para você elencar alguma teoria conspiratória”, afirma.
Segundo Juciane Pereira, os adeptos do QAnon usam fatos e informações reais em meio a cenários inventados para chegar a conclusões sem nenhum fundamento.
“Toda teoria da conspiração tem algum elemento de verdade. A teoria precisa ter pelo menos um vestígio de algo da realidade para ser crível”, afirma Juciane Pereira.
“Porque o primeiro momento é o momento do ceticismo, antes da pessoa entrar totalmente naquela narrativa conspiratória. A teoria precisa ter algo verificável, em um primeiro momento, para que essa pessoa possa depois ir construindo uma visão cada vez mais conspiratória.”
Ela afirma também que o compartilhamento desse tipo de conteúdo no Brasil tende a ser vertical, ou seja ser divulgado pelos canais de direita do Telegram mais do que compartilhado entre os usuários.
Segundo Leonardo Nascimento, que coordena o monitoramento na UFBA, os conteúdos conspiratórios são adaptados das redes de extrema direita dos EUA e da Europa com muita rapidez.
“Existe uma capilaridade muito grande nesses grupos, de tradução, adaptação de conteúdo”, afirma Nascimento. “Inclusive as ferramentas de tradução de IA ajudam nisso.”
Orgias, violência e drogas: a série de acusações que levou rapper Diddy à prisão
A famosa prisão onde rapper Diddy está detido: ‘O caos reina’
Os altos e baixos da vida e carreira do rapper Sean ‘Diddy’ Combs, acusado de tráfico sexual

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Caso Sean ‘Diddy’ Combs: veja marcas e empresas que já anunciaram fim de parceria com rapper

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Mesmo antes de sua prisão em 16 de setembro, algumas companhias já haviam se manifestado e se distanciando do artista. Sean ‘Diddy’ Combs
Mark Von Holden/Invision/AP
Os escândalos envolvendo o nome de Sean “Diddy” Combs, também conhecido como Puff Daddy e P. Diddy, já fizeram algumas empresas se manifestarem e retirarem apoios e parcerias ao cantor. Isso antes mesmo de sua prisão, em 16 de setembro.
Alvo de processos envolvendo suspeitas de tráfico sexual e agressão, ele foi preso em Nova York, nos Estados Unidos, após meses de investigações. O rapper, que ainda não foi julgado, nega as acusações que motivaram sua prisão.
Mas desde 2023, quando a cantora Cassie Ventura, ex-namorada do artista, o acusou de estupro e abusos físicos, houve um movimento de posicionamento do mercado. E até mesmo um reality show com o artista foi cancelado.
Início da fama, amizade com famosos e mais: ENTENDA ponto a ponto sobre o caso Sean Diddy Combs
Quem são os famosos citados nas notícias do escândalo de rapper
Veja marcas e empresas que já anunciaram o fim de parcerias com Sean “Diddy” Combs:
Capital Preparatory Harlem
Diddy é um dos fundadores da escola Capital Preparatory Harlem, mas a instituição cortou relações com o rapper em 2023, quando três mulheres acusaram o artista de abuso sexual.
Na época, um comunicado foi enviado pelo cofundador da instituição Dr. Steve Perry. “Embora esta decisão não tenha sido tomada de forma leviana, acreditamos firmemente que é de grande interesse para a saúde e o futuro da nossa organização”, escreveu.
A Capital Preparatory Harlem atende crianças de 6 a 12 anos e visa uma rigorosa educação preparatório para o ingresso na faculdade
Howard University
Outra instituição de estudos que cortou relações com Diddy foi a Howard University. O rapper frequentou a escola entre os anos de 1987 e 1989.
Em 2014, a instituição conferiu um título honorário ao cantor. Mas dez anos depois, em junho de 2024, o Conselho administrativo da Howard University votou por unanimidade para revogar o título, com “todas as suas honras e privilégios associados”.
A universidade afirmou que as imagens (da agressão à ex-namorada) “são incompatíveis com os valores e crenças” da instituição.
Além disso, eles anunciaram que iriam abandonar uma bolsa criada em nome do artista em 2016, devolvendo a doação de US$ 1 milhão (cerca de R$ 5,45 milhões) feita por Diddy ao programa.
Revolt TV
Também em novembro de 2023, Diddy deixou temporariamente o cargo da presidência da Revolt TV. O cantor é um dos fundadores da rede de TV a cabo, criada em 2013.
Diferentemente do que aconteceu com a Capital Preparatory Harlem, não houve nenhum manifesto dos sócios ou funcionários sobre a saída do cantor. Mas quatro meses após o anúncio, o TMZ informou que Diddy havia vendido todas as suas ações na emissora. A quantia não foi revelada.
Reality “Diddy+7”
O serviço de streaming Hulu estava desenvolvendo um reality show para acompanhar a vida de Diddy e seus familiares, mas foi descartado, segundo informou a revista Variety em dezembro de 2023
O projeto, que levaria o nome de Diddy+7, estava nas primeiras etapas de desenvolvimento e seria tocada pela produtora Fulwell 73, de James Corden.
Plataforma Empower Global
Em julho de 2023, Diddy criou uma plataforma de comércio eletrônico focada em produtos criados e vendidos exclusivamente por empreendedores negros, a Empower Global. Mas meses depois, em dezembro do mesmo ano, 18 marcas confirmaram que romperam relações com a empresa online.
Annette Njau, fundadora da empresa House of Takura, foi uma delas. A empresária afirmou que tomou a decisão de deixar a plataforma um dia após a abertura do caso de Cassie Ventura.
“Levamos muito a sério as acusações contra o Sr. Combs e consideramos tal comportamento abominável e intolerável. Acreditamos nos direitos das vítimas e apoiamos as vítimas a falarem a sua verdade, mesmo contra as pessoas mais poderosas”, afirmou Annette.
Peloton
Em maio de 2024, o aplicativo de treinos de atividades físicas Peloton anunciou aos seus usuários que iria pausar o uso de músicas gravadas por Diddy em sua plataforma. No comunicado, eles ainda informaram que seus instrutores não iriam mais usar a música do artista em nenhuma nova produção de séries em suas aulas.
America’s Best Contacts & Eyeglasses
Também em maio de 2024, a America’s Best Contacts & Eyeglasses interrompeu a venda de armações de óculos da linha Sean John. A marca de artigos de moda masculina foi criada por Diddy em 1998.
A empresa varejista informou que fez a retirada de produtos de suas prateleiras e trocou por produtos de preços similares. Além disso, as peças também foram retiradas das lojas virtuais.
Caso Diddy: entenda o que é fato sobre o caso

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