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Fomento, educação e capilarização: os desafios do teatro para o próximo governo

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Produtor teatral Eduardo Barata indica quais são os pontos sensíveis para o governo que entra em 2023. Espetáculo no Teatro Castro Alves na Bahia
Uendel Galter
Colocar em prática a Lei Aldir Blanc 2, garantir a capilarização do teatro, se aproximar da educação e melhorar a comunicação são os desafios indicados pelo produtor teatral Eduardo Barata, presidente da Associação de Produtores de Teatro.
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“O que a gente tem hoje é a completa destruição da única política pública de fomento que existe, a Lei Rouanet”, afirma o produtor.
Segundo ele, a lei não acabou, mas foi maltratada e mal operacionalizada. Além disso, ainda houve perseguição ao setor cultural, o que teria paralisado importantes equipamentos que auxiliavam a área do teatro, a exemplo da Funarte.
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Ao ser criada, em 1975, a Fundação Nacional das Artes tinha como objetivo fomentar a formação de artistas, em especial, nas artes cênicas, como teatro, dança, circo, e na música. Nas últimas décadas, seus espaços também abraçaram coletivos e companhias teatrais pequenas, que não tinham verba suficiente para estarem em um espaço privado.
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“A Funarte foi desestruturada e seus teatros também”, diz Barata. “Tiraram os funcionários que estavam lá há 20, 30 anos, e colocaram pessoas de áreas como comércio, polícia, exército, advogado. Todo o setor cultural foi paralisado.”
Em novembro, foram anunciados os integrantes para a equipe de transição de governo da área cultural. Estão no grupo nomes como a atriz Lucélia Santos, ex-ministro da Cultura Juca Ferreira, a cantora Margareth Menezes, os deputados federais Áurea Carolina, Túlio Gadêlha (Rede-PE), Jandira Feghali (PCdoB-RJ), Marcelo Calero (PSD-RJ) e Benedita da Silva (PT-RJ).
Para Barata, com a recriação do Ministério da Cultura, a Lei Aldir Blanc 2, pode ser uma aliada na reconstrução da área. Ele indicou os desafios:
Garantir o emprego da Lei Aldir Blanc 2
Proximidade com a Educação
Capilarização do teatro
Comunicação com o público
Garantir a Lei Aldir Blanc 2
A primeira versão da Lei Aldir Blanc, aprovada em 2020, proporcionou o auxílio de R$ 3 bilhões para trabalhadores da cultura e a manutenção dos espaços culturais. Já a segunda versão, que chegou a ser vetada pelo presidente Jair Bolsonaro e, depois, confirmada pelo Congresso, deve colocar R$ 3 bilhões no setor por ano, pelos próximos cinco.
“A gente tem uma ferramenta muito revolucionária no fomento cultural, e que vem com muita força para equilibrar a Lei Rouanet, que não é completamente usada, afirma Barata.
A Lei de Incentivo à Cultura, a Lei Rouanet, tem três meios de fomento. O mais conhecido e usado é aquele que beneficia empresas que patrocinam ou apoiam projetos culturais com a isenção fiscal. Além deste mecanismo, ainda existe o Fundo Nacional de Cultura, que distribui verbas diretamente para projetos por meio de editais e chamamentos, e o Fundo de Investimento Cultural e Artístico, que, apesar de estar na lei, nunca foi implementado.
“A Aldir Blanc vem para equilibrar as distorções deste mecenato [da Lei Rouanet] e complementar a Rouanet, ao descentralizar e dar acesso à verba aos mais de 5 mil municípios do país”, afirma Barata.
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Segundo ele, para que a Aldir Blanc seja totalmente garantida é imprescindível que ela tenha uma secretaria específica, dentro do futuro Ministério da Cultura. “Vai precisar abrir um diálogo direto entre ministério e secretarias estaduais e municipais, para capacitar gestores, muni-los de informações”, explica.
“Cada lugar vai querer receber a verba, e para isso tem que existir um fundo para aquela localidade, seja estadual ou municipal. Eles vão forçosamente ter de se capacitar.”
Teatro na educação
A capacitação passa também pela educação e, para Barata, o teatro precisa estar na escola, e não apenas para a apresentação de peças. “Quando um cara vai para o palco, ele leva a interpretação e a compreensão de texto, expressão corporal. Ele precisa verbalizar o que leu, o que entendeu”, diz Barata.
Com isso, além do desenvolvimento da criança, ainda incentiva a formação de novos públicos.
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“Quem tem acesso à cultura e à educação, pode ser de direita ou de esquerda, vai ser a favor da liberdade de expressão. Ela não vai ser autoritária porque vai entender que para um país viver em paz tem que ter democracia e, sem isso, a gente tem guerra, intolerância, domínio”, diz o produtor.
“Toda escola tem um campo de futebol, poderia também ter um espaço de teatro, para que as crianças se expressem artisticamente.”
A longo prazo, essa interação pode levar a evoluções sociais. “No palco, nas telas, nas canções, a gente coloca a raiva, o ódio, e aprende a racionalizar isso”, diz. “A gente vive em uma civilização, com regras. Quando se estimula mais armamento, construção de presídio do que de escolas, do que a leitura, alguma coisa está errada.”
Teatro em todos os cantos
Os teatros nas escolas, segundo Barata, ainda teriam outra função: sair dos centros e se espalharem. “O teatro tem essa importância porque a gente pode ir aonde o povo está, e este é um desafio do próximo governo, porque somos um país em que não há quase cinema, teatro ou espaços culturais.”
Ele explica que mesmo que a produção cultural ofereça ingressos gratuitamente para a comunidade, as pessoas da periferia não conseguem chegar ao teatro se este estiver em um centro, pois não há dinheiro nem mesmo para o transporte público. “O desafio é capilarizar, porque ter dinheiro não significa ter cultura.”
“A gente, produtores culturais, conseguimos levar entendimento para as pessoas, trabalhamos com o texto, com informação, questionamos. Tem que discordar quando há ameaça à democracia”, diz o produtor.
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“Para a gente conseguir fazer isso, precisa que o Estado proporcione este fomento. A produção artística tem esse poder e essa função, mas precisa ser motivada pelo Estado, para que, juntos, se consiga um país democrático melhor.”
Comunicação com o público
Para o produtor, a comunicação foi muito machucada no último governo com a disseminação das fake news. “Desde 2019, a sociedade foi colocada contra a gente, A pandemia fez com que esse rótulo caísse um pouco, porque as pessoas precisaram da cultura”, diz.
“A gente tem uma cadeia produtiva muito grande e a partir do momento que a sociedade entender que o nosso setor é economicamente viável, que ela também pode ser empregada, esse quadro vai se modificar naturalmente.”
Segundo ele, a comunicação também é importante e um desafio para trazer o público antigo de volta aos espetáculos e conquistar plateias novas. E para isso, a presença nas redes sociais é fundamental.
“É uma revolução tecnológica e precisamos nos adequar a ela”, diz Barata. “Junto ao Estado, podemos utilizar as redes para derrubar fake news e fazer com que a informação correta chegue ao público”, diz.

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Voz icônica de Cid Moreira também fica eternizada em volumosa discografia calcada em orações e textos religiosos

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♫ MEMÓRIA
♪ A voz de Cid Moreira (29 de setembro de 1927 – 3 de outubro de 2024) é imediatamente reconhecida por todos os brasileiros desde 1969, ano em que o locutor começou a apresentar o Jornal Nacional, função exercida até 1996. Essa voz icônica, inconfundível, se calou hoje com a morte de Cid Moreira aos 97 anos, em Petrópolis (RJ), mas fica eternizada na extensa discografia do apresentador.
Lançando mão da oratória exemplar, Cid debutou no mercado fonográfico há 49 anos com a edição em 1975 do single Poemas pela gravadora Som Livre. Em 1977, o locutor lançou o primeiro álbum, Oração da minha vida, posto no mercado pela Edições Paulinas Discos.
Desde então, Cid Moreira construiu discografia calcada em orações e textos religiosos. Somente a série de discos Salmos gerou três volumes lançados em 1986, 1988 e 1996. Entre um e outro volume, o locutor lançou em 1994 o álbum O sermão da montanha, ao qual se seguiu o disco Quem é Jesus? em 1995.
Em 1999, Cid Moreira apresentaria o maior lançamento fonográfico da carreira, Paisagens bíblicas – As mais belas histórias da Bíblia interpretadas por Cid Moreira, monumental coleção composta por 24 discos. Foi um sucesso de vendas.
Outras coleções vieram no rastro desse êxito a partir dos anos 2000, com álbuns em que Cid Moreira interpretava textos do Velho Testamento e do Novo Testamento com a voz formal que jamais será esquecida pelo povo brasileiro.
Capa do primeiro single de Cid Moreira (1927 – 2024), “Poemas”, lançado em 1975
Reprodução / Capa de disco

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‘Tive que me esforçar muito para acompanhar o nível dele’, diz Sérgio Chapelin sobre Cid Moreira

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Chapelin dividiu a bancada do Jornal Nacional com Cid Moreira durante quase duas décadas e diz que ele foi o “melhor profissional” com quem trabalhou. Cid Moreira e Sérgio Chapelin na bancada, na década de 80
Acervo TV Globo
O jornalista Sérgio Chapelin, que apresentou o Jornal Nacional ao lado de Cid Moreira durante quase 20 anos, disse ao programa “Encontro” que o apresentador foi o “melhor profissional” com quem já trabalhou em sua carreira.
Essa foi uma homenagem ao ícone do jornalismo e dono de uma voz inconfundível, que morreu na manhã desta quinta-feira (3), depois de passar as últimas semanas internado no Hospital Santa Teresa, em Petrópolis, na Região Serrana do Rio de Janeiro, tratando uma pneumonia.
“Ele me ajudou muito e eu tive que me esforçar muito para acompanhar o nível dele”, disse Chapelin.
Leia o que disse Chapelin sobre Cid Moreira:
“A minha parceria com o Cid foi longa, foram quase 20 anos no jornal nacional. O que eu tenho a dizer a respeito dele é que ele foi o melhor profissional com quem eu já trabalhei. Ele me ajudou muito e eu tive que me esforçar muito para acompanhar o nível dele. Ele tinha uma voz privilegiada, uma técnica primorosa e um talento invejável. Então, a gente sente. Mas foram 97 anos vividos e 97 anos pesam bastante. Vamos lembrar as coisas boas que ele fez, que foram muitas. O Cid realmente trabalhou muito, era de fato um homem dedicado ao trabalho e fez coisas que a gente tem que respeitar. Então, vamos fazer agora uma oração e esperar que ele seja bem acolhido num plano superior”.
Cid Moreira morre aos 97 anos
Esposa de Cid Moreira diz que jornalista lutou bravamente até o último minuto
Cid Moreira conta o boa noite especial do dia da morte do poeta Carlos Drummond de Andrade

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Adeus a Cid Moreira: jornalistas prestam homenagens ao apresentador

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Jornalista, locutor e apresentador faleceu nesta quinta (3), aos 97 anos. Ele estava internado em um hospital em Petrópolis, na Região Serrana do RJ, e nas últimas semanas vinha tratando de uma pneumonia. Cid Moreira morre aos 97 anos
Jornalistas e apresentadores da TV Globo prestaram homenagens nesta quinta (3) a Cid Moreira, um dos maiores ícones da história do jornalismo brasileiro.
O apresentador faleceu aos 97 anos, deixando um legado de credibilidade e carisma durante décadas na história da televisão. Colegas da TV Globo se reuniram para relembrar os momentos mais marcantes de Cid Moreira e sua voz inconfundível. Veja a seguir:
Sérgio Chapelin: ‘Foi o melhor profissional com quem eu trabalhei’
Cid Moreira e Sérgio Chapelin
Rede Globo
“A minha parceria com o Cid foi longa. Foram quase 20 anos no Jornal Nacional. O que eu tenho para dizer a respeito dele é que foi o melhor profissional com quem eu trabalhei. Ele me ensinou muito e eu tive que me esforçar muito para acompanhar o nível dele.”
William Bonner : ‘Quando vi o rosto dele de perfil, lembro que fiquei petrificado’
Cid Moreira e William Bonner
Acervo TV Globo
“Cid Moreira, na Globo, inaugurou o Jornal Nacional. Foi em setembro de 1969. E ele permaneceu no Jornal Nacional initerruptamente até o fim de março de 1996. Para qualquer pessoa que teve mais de 40 anos de idade o Jornal Nacional teve aquele rosto. Para quem tem menos de 40 anos de idade talvez o rosto do JN não seja o do Cid Moreira, mas o Cid Moreira é o rosto e a voz do Fantástico porque, embora ele tenha trabalhado para o Fantástico e para o Jornal Nacional simultaneamente durante muitos anos, quando ele deixou o JN ele passou de se dedicar não apenas a leitura de editoriais no Jornal Nacional mas também ao Fantástico.
Essa foi uma fase em que eu acho que o Cid Moreira pode se divertir mais enquanto profissional.
O Cid Moreira era um grande brincalhão e ele adorava que brincavam com ele também. Quando ele pode passar a brincar com ele mesmo a carreira dele entrou para um outro patamar, ou por um outro caminho. Quem aqui não vai se lembrar do vozeirão dele falando ‘Mister M’? Quem não vai se lembrar na Copa do Mundo de 2010? Quando eu leio ‘Jabulane’ vem a cabeça a voz do Cid.
Na minha carreira, pessoalmente, tem dois momentos muito marcantes. O primeiro momento mais importante da minha vida foi o dia em que eu vi o Cid Moreira de perfil. A visão do Cid Moreira é na tela da TV, olhando para a câmera. Foi muito estranho ver o rosto do Cid de perfil. Quando vi o rosto dele de perfil, lembro que fiquei petrificado.
O segundo momento mais marcante da minha carreira foi quando eu olhei à direita e vi o Cid Moreira sentado ao meu lado na mesma bancada em que eu me encontrava para apresentar o JN. Isso é uma experiência profissional que quem passou por ela tem uma certa dificuldade de descrever. Ele é uma figura gigantesca. Co-fundador do Jornal Nacional, uma voz de uma credibilidade indiscutível e em um tempo onde não tinha internet, rede social, televisão por assinatura, streaming. O Jornal Nacional era a principal fonte de informação dor brasileiros.”
Sandra Annenberg: ‘O Cid é a voz e continuará sendo para sempre’
“Passo por aqui para deixar um abraço muito apertado para a Fátima e para toda a família do Cid e, principalmente para o Brasil, que vai viver sem essa voz. O Cid é a voz e continuará sendo para sempre. Tenho a honra no meu currículo de ter estreado ao lado dele. Fui a primeira mulher a aparecer toda noite ao lado do Cid e do Sérgio na previsão do tempo. Ele sempre foi muito carinhoso, muito cuidadoso, um mestre. Como todo mestre tem que ser, será lembrado para sempre.”
Fatima Bernardes: ”A voz dele era uma grife, um selo de qualidade”
“Quando eu comecei a assistir ao Jornal Nacional, ele estava lá. Quando eu me tornei jornalista, ele estava lá. A primeira vez em que entrei ao vivo no JN no meio de uma enchente, foi ele que chamou o meu nome: ‘de lá fala ao vivo a repórter Fátima Bernardes’.
A voz dele naquela bancada, era uma grife, um selo de qualidade. Hoje, o Cid Moreira se foi, mas não será esquecido, marcou uma época. Meu carinho sincero pra todos que o amavam.”
‘Ele é uma marca indelével’, diz Míriam Leitão sobre Cid Moreira
Miriam Leitão: ‘Transformava a voz no veículo da informação’
“O Cid Moreira marca a história do jornalismo brasileiro. Ele fez parte da contrução do maior produto do jornalismo brasileiro, que é o Jornal Nacional. Durante décadas, ele foi a voz que transmitia informação. Não estava sozinho, esteve com o Sergio Chapelin durante muito tempo, depois foi para o Fantástico. Mas o importante era a maneira como ele transformava a voz dele no veículo da informação.
A voz dele é atemporal. Ela transitou bem pelo tempo, pelas novas de fazer jornalismo. Ele passava uma coisa que os jornalistas de televisão buscam que é credibilidade: ‘Cid Moreira falou, então aconteceu'”.
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