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Festas e Rodeios

Musical sobre Alcione se engrandece no primeiro ato e perde linha evolutiva da dramaturgia no segundo

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Escrito e dirigido por Miguel Falabella, espetáculo de teatro entrelaça a trajetória da cantora com história do bumba-meu-boi em sintonia com as origens maranhenses da artista. Cena marcante do segundo ato do espetáculo ‘Marrom – O musical’ quando várias atrizes interpretam Alcione ao mesmo tempo
Caio Gallucci / Divulgação
Resenha de musical de teatro
Título: Marrom – O musical
Idealização: Jô Santana
Texto e direção: Miguel Falabella
Elenco: Ágata Matos, Anastácia Lia, Carol Roberto, Daniela Santana, Eddy, Fernando Leite, Hipólyto, Jefferson Gomes, Joyce Cosmo, Karin Hills, Lázaro Menezes, Leandro Villa, Leilane Teles, Letícia Nascimento, Letícia Soares, Lilian Valeska, Lucas Wickhaus, Luci Salutes, Mariana Gomes, Millena Mendonça, Rafael Leal, Rafael Machado e Renato Caetano
Local: Grande Sala da Cidade das Artes (Rio de Janeiro, RJ)
Data: 25 de novembro de 2022
Cotação: ★ ★ ★ ½
♪ Espetáculo em cartaz na cidade do Rio de Janeiro (RJ), de sexta-feira a domingo, até 5 de fevereiro de 2023
♪ Surgido de cruzamento entre as matrizes do samba e do jazz, gêneros primos, como sentenciou já no título o samba de Magnu Sousá e Nei Lopes lançado por Alcione em 2004, o canto da intérprete maranhense é tão singular quanto multifacetado.
No espetáculo teatral Marrom – O musical, escrito e dirigido por Miguel Falabella, tal diversidade é enfatizada em cena quando várias atrizes se revezam na pele da cantora no segundo ato, dando vozes à longa sequência de sucessos românticos em número musical costurado com baladas como Qualquer dia desses (Reginaldo Bessa, 1983), Meu vício é você (Chico Roque e Carlos Colla, 1987), Estranha loucura (Michael Sullivan e Paulo Massadas, 1987) e Nem morta (Michael Sullivan e Paulo Massadas, 1985), entre outras canções populares propagadas pela voz grave da intérprete.
Valorizada pelo vestido amarelo, de molde recorrente nos figurinos de cores vivas com que Alcione normalmente se apresenta em cena, essa imagem do segundo ato fica impressa na mente do espectador de Marrom – O musical pela beleza plástica.
Só que, nesse segundo ato, a original dramaturgia do primeiro ato resulta diluída justamente por priorizar a exposição de quadros soltos e de números musicais, como a sequência dos sucessos românticos da cantora, sendo a opção pelo romantismo retratada no texto como ato de resistência da mulher negra.
Terceiro título da trilogia idealizada por Jô Santana com musicais em tributo a vozes do samba, Marrom – O musical sucede os espetáculos sobre Cartola (1908 – 1980) e Dona Ivone Lara (1922 – 2008) nessa nobre linhagem e celebra os 50 anos de carreira da cantora.
Após estrear em agosto em São Paulo (SP), o musical sobre Alcione aportou em 25 de novembro – quatro dias após o 75º aniversário de Alcione – no Rio de Janeiro (RJ), onde fica em até 5 de fevereiro, de sexta-feira a domingo, na Grande Sala da Cidade das Artes.
Cena do musical ‘Marrom – O musical’, escrito e dirigido por Miguel Falabella
Caio Gallucci / Divulgação
Sem seguir à risca a receita dos musicais biográficos do teatro brasileiro, o autor e diretor Miguel Falabella optou por entrelaçar a história de Alcione com a saga de casal de escravizados, Pai Francisco e Mãe Catirina, contada com a linguagem e a exuberância visual do bumba-meu-boi, manifestação musical e folclórica do Maranhão, estado natal de Alcione, terra também do tambor de crioula.
Com vivacidade, o personagem Cazumbá costura em cena as duas tramas, atuando como (excelente) mestre-de-cerimônias nesse espetáculo cuja dramaturgia faz sentido para quem tem ciência de que como a rica cultura maranhense está impregnada na alma dessa grande cantora nascida em São Luís (MA) em 21 de novembro de 1947 e também associada ao Rio de Janeiro (RJ), cidade para onde a Marrom migrou em 1968.
O primeiro ato de Marrom – O musical é dedicado a repisar os caminhos trilhados por Alcione na infância e adolescência, quando a futura cantora aprendeu a tocar trompete com o pai, João Carlos Dias Nazareth, professor de música e mestre da banda da Polícia Militar de São Luís do Maranhão.
Autor de Cajueiro velho (1976), composição apresentada na parte inicial do roteiro musical, João Carlos Dias Nazareth era também mulherengo. O que fez com que Falabella tivesse a boa ideia de inserir a canção A loba (Paulinho Resende e Juninho Penalva, 2001) na voz da mãe de Alcione, Dona Felipa, interpretada por Lilian Valeska, atriz e cantora de voz potente que sobressai no expressivo elenco negro quando, já no segundo ato, também assume o papel de Alcione (outras atrizes de notória artilharia vocal, como Karin Hils e Letícia Soares, também integram o talentoso elenco do musical).
Nesse primeiro ato, concluído quando Alcione consegue enfim a chance de gravar um álbum e é transformada n’A voz do samba, após ter cantado vários gêneros musicais na noite carioca, a música Rio antigo (Nonato Buzar e Chico Anysio, 1979) ganha interpretação cheia de ginga que mostra como samba e jazz podem se amalgamar na voz de Alcione, cujo registro volumoso tem a tessitura dos contraltos.
No segundo ato, a história de Alcione perde a linha evolutiva do primeiro ato. Há, sim, quadros soltos que expõem o casamento de Alcione com marido italiano, a amizade da Marrom com Emilio Santiago (1946 – 2013), a cumplicidade com Martinho da Villa – retratado de forma caricata – e a paixão pela escola de samba Mangueira.
Ainda que o primeiro ato tenha resultado (muito) superior ao segundo em termos dramatúrgicos, Marrom – O musical honra a trajetória de Alcione Dias Nazareth, cantora que já transcende rótulos e o próprio tempo.

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Post Malone anuncia show exclusivo no festival VillaMix, em São Paulo

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Cantor será uma das principais atrações do festival, conhecido por focar na música sertaneja. Post Malone canta no The Town 2023
Luiz Franco/g1
O festival VillaMix anunciou o cantor Post Malone como uma das atrações da edição de 2024, no dia 21 de dezembro na Neo Química Arena, em São Paulo.
O show será exclusivo no festival, conhecido por focar em música sertaneja. Segundo a organização, a primeira edição em 5 anos de evento trará country, pop e sertanejo, e o line-up completo ainda será revelado.
A venda geral já tem início no próximo dia 7, pela Eventim.
Post Malone esteve no Brasil pela última vez em 2023, quando se apresentou no The Town. Ele apostou em versões roqueiras de hits mais antigos, e fechou a programação do primeiro dia de festival. Relembre como foi.
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Chris Brown esgota 50 mil ingressos em uma hora para show em São Paulo

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Músico anunciou show extra no Allianz Parque. Ingressos serão vendidos nesta quinta-feira (3). Chris Brown esgota ingressos para show em SP
Paul R. Giunta/Invision/AP
Os ingressos para o show de Chris Brown no dia 21 de dezembro, em São Paulo, esgotaram rapidamente nesta quinta-feira (3). Segundo a Live Nation, foram 50 mil ingressos vendidos em uma hora.
Com isso, o cantor anunciou mais uma apresentação para o dia 22, também no Allianz Parque. Os valores estão entre R$ 210 (cadeira superior, meia-entrada) e R$ 790 (pista premium, inteira).
Os ingressos para a nova data também serão vendidos nesta quinta-feira, a partir das 15h, no site da Ticketmaster, ou na bilheteria oficial a partir das 15h30.
Chris Brown não se apresenta no Brasil desde 2010. Após passar pelos EUA e Canadá com a turnê “11:11”, o cantor trará um show diferente ao país, focado em seus maiores sucessos. O setlist deve incluir hits novos, como “Under the Influence”, e sucessos de Brown dos anos 2000.
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Voz icônica de Cid Moreira também fica eternizada em volumosa discografia calcada em orações e textos religiosos

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♫ MEMÓRIA
♪ A voz de Cid Moreira (29 de setembro de 1927 – 3 de outubro de 2024) é imediatamente reconhecida por todos os brasileiros desde 1969, ano em que o locutor começou a apresentar o Jornal Nacional, função exercida até 1996. Essa voz icônica, inconfundível, se calou hoje com a morte de Cid Moreira aos 97 anos, em Petrópolis (RJ), mas fica eternizada na extensa discografia do apresentador.
Lançando mão da oratória exemplar, Cid debutou no mercado fonográfico há 49 anos com a edição em 1975 do single Poemas pela gravadora Som Livre. Em 1977, o locutor lançou o primeiro álbum, Oração da minha vida, posto no mercado pela Edições Paulinas Discos.
Desde então, Cid Moreira construiu discografia calcada em orações e textos religiosos. Somente a série de discos Salmos gerou três volumes lançados em 1986, 1988 e 1996. Entre um e outro volume, o locutor lançou em 1994 o álbum O sermão da montanha, ao qual se seguiu o disco Quem é Jesus? em 1995.
Em 1999, Cid Moreira apresentaria o maior lançamento fonográfico da carreira, Paisagens bíblicas – As mais belas histórias da Bíblia interpretadas por Cid Moreira, monumental coleção composta por 24 discos. Foi um sucesso de vendas.
Outras coleções vieram no rastro desse êxito a partir dos anos 2000, com álbuns em que Cid Moreira interpretava textos do Velho Testamento e do Novo Testamento com a voz formal que jamais será esquecida pelo povo brasileiro.
Capa do primeiro single de Cid Moreira (1927 – 2024), “Poemas”, lançado em 1975
Reprodução / Capa de disco

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