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Festas e Rodeios

As partituras inéditas de Vadico, parceiro de Noel Rosa, encontradas nos EUA

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O músico e pesquisador Franco Galvão se deparou em Illinois com partituras que estavam guardadas há mais de 70 anos: ‘Eu estava em prantos’. Partituras estavam guardadas há mais de 70 anos na Universidade de Illinois.
Reprodução/Vadicogogliano.com via BBC
Foi uma descoberta daquelas que contando é até difícil acreditar. Por isso mesmo, o músico e pesquisador Franco Galvão saiu de São Paulo para conferir o material que, de longe, encontrou nos arquivos da Universidade de Illinois, em Champaign, nos Estados Unidos.
“Foi de arrepiar”, relembra.
Para ver de perto a descoberta, foi preciso calçar luvas, entrar na sala com temperatura controlada e só então folhear partituras guardadas ali há mais de 70 anos. Obras do brasileiro Osvaldo Gogliano, mais conhecido como Vadico. Paulistano do Brás, mais novo de uma grande família de músicos, ele se mudou para o Rio de Janeiro no começo da carreira.
Para quem não sabe quem foi o compositor brasileiro, basta recitar as primeiras estrofes do samba Conversa de Botequim: “Seu garçom faça o favor de me trazer depressa…”
Vadico e a cantora Ana Cristina, em foto de 1954.
Reprodução/ Vaducogogliano.com
O resto, quase todo brasileiro conhece de cor.
Vadico foi parceiro de Noel Rosa. Compôs a música de alguns dos sambas mais famosos do carioca de Vila Isabel que fazia as letras e cantava as canções.
Mas pouca gente conhece a obra que Vadico deixou nos Estados Unidos.
Ele trabalhou com Carmem Miranda, fez filmes em Hollywood, mas foi como arranjador da bailarina americana Katherine Dunham que compôs ao menos oito obras que ficaram guardadas nos Estados Unidos, desconhecidas dos brasileiros.
Franco Galvão começou a procurar os trabalhos de Vadico ainda do Brasil quando conseguiu contato com a neta de Dunham — um nome que marcou a história da cultura nos Estados Unidos e das leis no Brasil. A bailarina nasceu em Chicago, Estado de Illinois. Além de bailarina, foi coreógrafa, antropóloga e ativista social.
Em visita a São Paulo em 1950, ela não pôde se hospedar em um hotel de primeira classe, o Hotel Esplanada, e colocou a boca no trombone denunciando o racismo. A repercussão foi grande e a consequência foi a criação da Lei Afonso Arinos no ano seguinte, que passou a tratar como crime a discriminação racial em locais públicos no país.
Na época dessa visita, Vadico já trabalhava com Dunham — uma parceria que começou em 1949.
A bailarina negra convidou o brasileiro para ser diretor musical da companhia que se apresentava na Broadway em Nova York. E logo nesse primeiro ano de trabalho, Vadico compôs duas peças que até agora eram inéditas no Brasil: Saxologia e Mambo.
Todo o arquivo de Katherine Dunham está cuidadosamente guardado na Universidade de Illinois e a neta dela contou a Franco que ele encontraria algo especial nas caixas da avó. E ele encontrou. São 501 páginas de partituras que precisaram ser organizadas para que fosse possível entender o que Vadico criou nos três anos em que trabalhou com a bailarina.
‘Foi de arrepiar’, lembra Franco Galvão sobre momento em que se deparou com as partituras pela primeira vez.
Reprodução/ vadicogogliano.com via BBC
O primeiro desafio foi reconstruir as composições a partir do material.
“Isso só foi possível depois de olhar 501 páginas de partituras, decupar, colocar tudo junto, entrar no computador, nota por nota, para entender o que era”, conta Franco.
“Conseguimos descobrir oito músicas que foram executadas em 1950 e depois nunca mais. E essa descoberta foi muito bonita nesse sentido. Agora, a gente tem acesso a esse material e pode tocá-lo”.
O quebra-cabeça revelou três choros e ainda três peças para orquestra, Prelúdio, Adágio e Fuga, que eram consideradas perdidas. Mas também estavam em Illinois, desordenadas mas preservadas, com anotações de próprio punho do compositor e arranjador.
Aparentemente, Vadico tinha pressa de regressar ao Rio, cidade que adotou quando estava começando a vida adulta. Ele não recolheu as partituras que passaram 72 anos “engavetadas”, como diz Franco — que ainda sorri sem parar quando fala de tudo isso.
Paulistano do Brás, Vadico se mudou para o Rio de Janeiro no começo da carreira.
Reprodução/ vadicogogliano.com
“Foi muito emocionante. No último dia, eu estava em prantos”, conta.
O pesquisador já montou um site na internet com toda a história de Vadico e vai gravar três CDs em homenagem ao compositor. São projetos para o ano que vem. Mas ele já fechou compromisso com a Orquestra Jovem Tom Jobim para gravar as peças clássicas. Para as populares, ele já organizou participações das cantoras Ná Ozzeti e Monica Salmaso e do compositor e violonista Guinga.
Outros nomes convidados, que toparam ou não, ele ainda não pode revelar. Mas o melhor, para Franco, já está garantido. Daqui pra frente, qualquer músico, do Brasil e do mundo, vai poder dar vida e executar o que Vadico criou.
– Este texto foi originalmente publicado em https://www.bbc.com/portuguese/geral-63925131

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Bruno Mars começa tour no Brasil; show deve ter piada com calcinha e hit gravado com Lady Gaga

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Antes de turnê com 14 apresentações, g1 assistiu ao show do cantor para convidados. Com setlist semelhante ao do The Town, Bruno deve incluir novas piadinhas e grito de ‘Bruninho is back’. Bruno Mars encerra show no The Town com o sucesso ‘Uptown Funk’
Bruno Mars começa nesta sexta-feira (4) uma sequência de 14 shows, que vai até o dia 5 de novembro. Antes dessa turnê brasileira, o cantor havaiano de 38 anos fez um show beneficente no Tokio Marine Hall, em São Paulo, na terça-feira (1º). A apresentação para 4 mil pessoas arrecadou R$ 1 milhão para as vítimas da tragédia climática no Rio Grande do Sul.
No show para famosos, convidados e também fãs que participaram de uma promoção, ele seguiu uma estrutura de setlist bem parecida com a do The Town. Bruno fez dois shows no festival paulistano, em setembro de 2024.
Ele ainda começa o show com “24 Magic” e termina com a trinca “Locked Out of Heaven”, “Just the Way You Are” e “Uptown Funk”. No show exclusivo antes da turnê, ele se comunicou um pouco menos com o público.
Entre as poucas interações, gritou “Bruninho is back!”, quando a plateia começou a gritar “Bruninho! Bruninho! Bruninho”, ainda no começo. Em “Billionaire”, alterou parte da letra e cantou “different calcinhas every night”, brincadeira que foi muito aplaudida.
Há ainda uma parte piano e voz, em que ele emenda várias músicas, começando com “Funk You” e passando por “Grenade”, “Talking to the moon” e “Leave the door open”, a única que ele toca do projeto Silk Sonic. A novidade nessa parte, que rolou no show de terça, deve ser a inclusão de um trecho de “Die With a Smile”, música lançada com Lady Gaga em agosto passado.
Bruno Mars
Divulgação
No show do Tokio Marine Hall, um pouco mais curto do que os da turnê, não houve a versão instrumental de “Evidências”, de Chitãozinho & Xororó, tocada por seu tecladista. O solo de bateria, porém, continua presente. Então, não se sabe qual música brasileira será homenageada pela banda de Mars.
A banda que o acompanha, The Hooligans, segue impecável e o ajuda em coreografias cheias de gingado. Para tocar com Mars, não basta ser ótimo músico, tem que saber dançar. Com toda essa atmosfera de suingue e simpatia, fica difícil não se encantar pelo charme de Bruninho.
O repertório de Mars vai do soul ao pop rasgado, passando por R&B, levadas de reggae e baladas perfeitas para pedidos de casamento, como “Marry You”.
Antes dos shows no The Town, Bruno havia vindo ao Brasil em 2017 e em 2012, quando foi atração do festival Summer Soul.
Bruno Mars no Brasil
São Paulo: 4, 5, 8, 9, 12 e 13 de outubro – Estádio Morumbi
Rio: 16, 19 e 20 de outubro – Estádio Nilton Santos
Brasília: 26 e 27 de outubro – Arena Mané Garrincha
Curitiba: 31 de outubro e 1º de novembro – Estádio Couto Pereira
Belo Horizonte: 5 de novembro – Estádio Mineirão

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Garth Brooks é processado por maquiadora que o acusa de estupro

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Mulher diz que agressão aconteceu em 2019. Ela afirma que sofreu diferentes tipos de abusos quando trabalhava para o astro do country americano. Garth Brooks faz show em prol do Hospital de Câncer de Barretos, em 2015
Mateus Rigola/G1
O astro do country Garth Brooks foi processado por uma mulher que o acusa de estupro, segundo o canal de notícias americano CNN nesta quinta-feira (3).
A ação diz que o ataque aconteceu quando ela trabalhava para ele como maquiadora e cabeleireira, em 2019.
A mulher, identificada como Jane Roe, afirma que o cantor também mostrava seus órgãos genitais para ela, falava sobre sexo, se trocava na sua frente e mandava mensagens sexualmente explícitas.
Ela afirma que foi estuprada por ele em um hotel, em Los Angeles, durante uma viagem para a gravação de uma homenagem do Grammy.
O cantor já tinha afirmado ser inocente em um processo movido por ele, anonimamente, em setembro. Na ação, Brooks pedia para que a Justiça declarasse que as acusações de Roe não eram verdade e a proibissem de divulgá-las.
Ele dizia que se tratava de uma tentativa de extorsão que causariam “dano irreparável” à sua carreira e sua reputação.

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DJ Gustah expõe a força crescente de vozes femininas do rap e do trap, como Azzy e Budah, no álbum coletivo ‘Elas’

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A rapper capixaba Budah integra o elenco do disco ‘Elas’, projeto fonográfico que o DJ Gustah lançará na terça-feira, 8 de outubro
Divulgação
♫ NOTÍCIA
♪ As mulheres marcam cada vez mais posição e território no universo do hip hop. Projeto fonográfico que o DJ e produtor musical paulistano Gustah lança na terça-feira, 8 de outubro, o álbum Elas dá voz a mulheres que estão se fazendo ouvir nos segmentos do rap e do trap com força crescente.
Editado pelo selo de Gustah, 2050 Records, o disco apresenta 10 gravações inéditas entre as 12 faixas. Abismo no peito é música cantada e composta pela rapper capixaba Budah. Cynthia Luz sola a lovesong Mar de luz e, com Elana Dara, mergulha em Lago transparente.
A paulistana Bivolt dá voz ao boombap Faço valer. A novata Carla Sol defende Hora exata. Voz de São Gonçalo (RJ), município fluminense, Azzy é a intérprete de Mesmo lugar, faixa de tom mais introspectivo. Clara Lima canta Intenção. King Saint entra em Ondas sonoras.
Ex-integrante do duo Hyperanhas, Andressinha é a voz de Poucas conversas. Annick figura em Decisões. A paulista Quist apresenta Destilado em poesia. Killua fecha o disco com Lunaatica.
Embora calcada no rap e no trap, a sonoridade do disco Elas transita pelo R&B e também ecoa a MPB.
Capa do disco ‘Elas’, produzido pelo DJ Gustah
Divulgação

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