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Festas e Rodeios

De Anitta a Beyoncé… 15 álbuns para entender 2022; ouça podcasts e veja reviews

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Ludmilla, The Weeknd, Harry Styles, Criolo, Gloria Groove e Florence and the Machine também estão na lsita. Anitta virou estrela global; Beyoncé foi para a pista de dança; Avril Lavigne foi para o passado; Gloria Groove foi para o baile funk…
O ano de 2022 foi movimentado em várias direções. Ouvir seus principais lançamentos musicais ajuda a entender esses caminhos.
Na lista abaixo, o g1 relembra com podcasts e trechos de reviews quais foram 15 dos álbuns mais importantes do ano:
Beyoncé – Renaissance
Anitta – ‘Versions of me’
Harry Styles – ‘Harry’s House’
The Weeknd – ‘Dawn FM’
Gloria Groove – ‘Lady Leste’
Ludmilla – “Numanice #2”
Marília Mendonça – ‘Decretos reais’
Avril Lavigne – ‘Love Sux’
Jack White – ‘Fear of the Dawn’
Demi Lovato – ‘Holy Fvck’
Florence and the Machine – ‘Dance Fever’
Caetano Veloso – ‘Meu Coco’
Criolo – ‘Sobre viver’
Martinho da Vila – ‘Mistura homogênea’
Bala Desejo – ‘Sim sim sim’
Beyoncé – Renaissance
Beyoncé apresenta capa do álbum ‘Renaissance’
Reprodução/Instagram
“Renaissance”, sétimo disco da Beyoncé, foi de longe a melhor balada para se frequentar na música pop em 2022. Seis anos após “Lemonade”, a cantora lançou um disco festivo, que celebra a música negra dançante, do soul ao afrobeats.
Ela diz que fez as músicas “observando todo o isolamento e a injustiça do ano passado”. O álbum foi anunciado como parte de uma trilogia. Tudo indica que Beyoncé está no felizardo grupo de pessoas que não tiveram bloqueio criativo na pandemia.
O tom político aumentou nos últimos trabalhos, e até no primeiro single, “Break my soul”. A surpresa é que, no álbum, ela finca a base na pista de dança e assume o trabalho de comandar uma sequência poderosa de músicas sem respiro entre elas. Se há uma política é a da diversão como resistência.
Leia mais sobre ‘Renaissance’
Anitta – ‘Versions of me’
Capa do álbum ‘Versions of me’, de Anitta
Divulgação
O quinto álbum de estúdio de Anitta, “Versions of me”, apresenta ao longo de 15 faixas várias versões já conhecidas da artista carioca, mas, por isso mesmo, deixa a cantora sem identidade bem delineada.
Trilíngue como o antecessor “Kisses” (2019), Versions of me encadeia músicas em inglês – pronunciado com perfeição pela girl from Rio, sem o sotaque que identifica estrangeiros nos Estados Unidos – e em espanhol, além de funk em português, “Que rabão”, aberto com a voz de Mr. Catra (1968 – 2018) e desenvolvido com o rap do norte-americano YG e o canto do MC fluminense Kevin O Chris.
Sob a batuta de Ryan Tedder, produtor executivo que orquestrou produção de excelente nível com o tal “padrão internacional”, Anitta apresenta disco fluente que, entre altos e baixos, peca de fato por flagrar a cantora indecisa entre dois mercados, tentando seduzir tanto o público de língua hispânica quanto o público norte-americano que fala inglês.
Leia mais sobre ‘Versions of me’
Harry Styles – ‘Harry’s House’
Capa do álbum ‘Harry’s House’, de Harry Style’
Divulgação
Se existisse “prova do terceiro disco”, seria fácil afirmar: Harry Styles passou sem fazer muito esforço. O cantor inglês de 28 anos, ex-integrante do One Direction, mostra seu inegável carisma e canções com um ar retrô delicinha em “Harry’s House”.
Desde o primeiro classudo álbum, Harry já havia indicado que sabe o que quer. Ele quer brincar com clichês, grooves, baladas poderosas e sons dançantes que os pais dele ouviam no walkman.
No segundo álbum, “Fine Line” (2019), cantou uma espécie de rock clássico kids. Trouxe influências do rock dos anos 60 e 70 para um público que poderia pensar que rock clássico era Strokes ou Imagine Dragons. No máximo, Bon Jovi.
Nomes como Fleetwood Mac e David Bowie ainda seguem influenciando o cantor, mas ele expande ainda mais a playlist de sons na qual se inspira.
Leia mais sobre ‘Harry’s House’
The Weeknd – ‘Dawn FM’
The Weeknd lança ‘Dawn FM’, quinto álbum do cantor canadense
Divulgação
A imagem que The Weeknd criou para “Dawn FM” é de uma estação de rádio intercalada com narrações sinistras do compatriota canadense Jim Carrey. Mas seu pop cheio de angústia existencial (vide a capa com maquiagem de idoso) também lembra uma sessão de terapia dançante.
No quinto álbum, ele está mais seguro do que nunca como artista na linha de frente da música pop. É uma produção grandiosa e ousada, só de canções redondas. Quase tudo ali poderia ser single, mas entre os hits em potencial dá para destacar as baladas “Less than zero” e “Out of time”.
Ele não muda o rumo dos álbuns anteriores, mas aprofunda tanto seu universo lírico de sexo, drogas e talaricagem – embrulhado em um tom reflexivo, com a ajuda das ótimas narrações de Jim Carrey -, quanto o som baseado em r&b, pop eletrônico inglês dos anos 80 e Michael Jackson.
Leia mais sobre ‘Dawn FM’
Gloria Groove – ‘Lady Leste’
Capa do álbum ‘Lady Leste’, de Gloria Groove
Divulgação
A ideia da cantora para seu segundo álbum era unir a estética da “mandraka (estilo de funkeira) de escola pública” e a “roqueira de porta de shopping”. “Eu falei: ‘vou ser essa boneca Bratz roqueira-funkeira'”, explica.
O nome junta duas experiências: como “lady” e como cria da Zona Leste de São Paulo. Gloria conta como recuperou até o jeito de falar com sotaque paulistano da ZL – que tinha aprendido a “limpar” nos trabalhos que fez em dublagem de TV.
Ela explica todas as ecléticas parcerias do álbum: com os MCs Hariel e Tchelinho, o grupo de pagode Sorriso Maroto, a dupla de rappers Tasha e Tracie e as cantoras Marina Sena e Priscilla Alcântara.
Ouça a entrevista com Gloria Groove sobre ‘Lady Leste’:
Leia mais sobre ‘Lady Leste’
Ludmilla – “Numanice #2”
Capa do álbum ‘Numanice#2’, de Ludmilla
Divulgação
“Chega feito criança / Me leva na dança / Apaixonada não te nego / Me leva do céu ao inferno”, canta Ludmilla nas ágeis rimas do amor que conduzem “Fora de si”. Composição da própria Ludmilla, é uma das dez músicas autorais do segundo álbum de pagode gravado em estúdio por ela, “Numanice #2”.
Ao fazer DR na letra que inclui verso autorreferente (“Quem é você, irmão, que vem para me enlouquecer? / Sabe que a Lud é do mundo e ainda me quer só pra você”), Ludmilla manda recado e sintetiza o tom do disco que dá sequência ao projeto fonográfico de pagode da cantora e compositora projetada como voz do funk, mas desde 2020 também na roda do samba.
Ao longo das dez músicas, Ludmilla vai do céu ao inferno do amor na genérica batida de pagode que embasa o álbum. Com letra de maroto duplo sentido, “Maldivas” é música que exala felicidade de lua-de-mel e que, com outra produção musical, poderia até figurar na discografia pop funk de Ludmilla.
Leia mais sobre ‘Numanice #2’
Marília Mendonça – ‘Decretos reais’
Capa do EP ‘Decretos reais vol. 1’, de Marília Mendonça
Divulgação
O primeiro EP da série traz para a discografia oficial de Marília cinco músicas cantadas pela artista em 15 de maio de 2021 na live Serenata, feita com banda e já disponível na íntegra, na internet, mas até então em registros informais.
O primeiro recorte fonográfico da live Serenata é interessante porque perpetua Marília como intérprete de músicas popularizadas no universo sertanejo antes de a compositora renovar o gênero musical ao longo dos anos 2010 com letras escritas sob ótica explicitamente feminina então ausente nos cancioneiros autorais de antecessoras como Roberta Miranda e Paula Fernandes.
Em que pese essa diferenciada visão feminina, Marília Mendonça sempre deu a voz grave a um estilo de música bem tradicional. São canções sentimentais que atravessam décadas na memória popular, rotuladas como bregas ou cafonas pelas elites culturais. Pois é essa Marília assumida e orgulhosamente brega que é revivida ao longo das quatro faixas do EP “Decretos reais”.
Leia mais sobre o primeiro EP ‘Decretos reais’
Leia mais sobre o segundo EP ‘Decretos reais’
Avril Lavigne – ‘Love Sux’
Avril Lavigne volta com álbum ‘Love sux’
Divulgação
Se o sétimo álbum de Avril Lavigne fosse uma manobra de skate, seria um “kickflip”. É assim: o skatista dá um salto e continua seguindo na mesma direção enquanto fica suspenso no ar, esperando o skate dar uma volta completa e se encontrar com ele no chão de volta.
“Love sux” é um pulo desse jeito, que termina igual ao início. Avril viu a indústria musical girar 360º e voltar aos seus pés. Os novinhos que tinham deixado o rock para trás estão ouvindo emo e pop-punk de novo.
O álbum é uma volta às raízes da menina que descobriu Green Day, largou a escola, assinou um contrato com gravadora e estourou com “Complicated” e “Sk8er boI”.
Ouça a entrevista com Avril Lavigne sobre ‘Love sux’:
Leia mais sobre ‘Love sux’
Jack White – ‘Fear of the Dawn’
Capa de ‘Fear of the Dawn’, de Jack White
Divulgação
“Fear of the dawn” é a melhor oportunidade para fã de heavy metal curtir Jack White. O quarto e mais pesado álbum solo do ex-líder dos White Stripes é cheio de raiva e sentimentos intensos.
O guitarrista define o álbum como “punk metal”, “garage rock metal”, ou “heavy metal” mesmo. Ele cita Deep Purple e Black Sabbath como referências. O título é “Fear of the dawn” (medo do amanhecer).
“Fear of the dawn” não é só metal. Há os toques de sempre de blues e country, algo de psicodélico, rap, jazz, reggae…. O que amarra tudo isso são os efeitos, principalmente de guitarra, com edição eletrônica – uma novidade em seu universo analógico.
Ouça entrevista com Jack White sobre ‘Fear of the Dawn’:
Leia mais sobre ‘Fear of the Dawn’
Demi Lovato
Capa do álbum ‘Holy Fvck’ de Demi Lovato
Divulgação
Nos últimos cinco anos, Demi Lovato cantou um reggaeton rebolante com Luis Fonsi (“Échame la Culpa”), aventurou-se pela música eletrônica colante com o DJ Marshmello (“OK Not to Be OK”) e mostrou seu lado R&B ao lado de Ariana Grande (“Met Him Last Night”). Em seu oitavo álbum, porém, Demetria só quer saber de rock.
Lançado nesta sexta-feira, “Holy Fvck” faz lembrar o bom pop rock Disney do começo carreira, ouvido no álbum de estreia “Don’t Forget”. Combina também com o retorno do pop punk, o emo que fez muito sucesso nos anos 2000 e mostra força nos últimos meses com canções de Olivia Rodrigo, Anitta e Miley Cyrus.
Quando perguntada qual a sua cantora favorita de todos os tempos, Demi costuma responder Hayley Williams, vocalista do Paramore. Essa paixão por um rock pesado, mas nem tanto, com refrão gritado e letras confessionais, é escancarada em “Holy Fvck”, o melhor e mais coeso álbum da carreira até agora.
Leia mais sobre ‘Holy Fvck’
Florence and the Machine – ‘Dance Fever’
Dance Fever, de Florence and the Machine
DIvulgação
“Dance Fever” é uma mistura de trilha de filme de terror com o som de gente dançando até morrer. O álbum é soturno e empolgante ao mesmo tempo.
A artista que estourou há 13 anos e deu um toque místico à onda das cantoras inglesas de neosoul tinha lançado em 2018 um álbum mais “pé no chão”, “High as hope”.
No novo disco ela volta a evocar a Florence sobrenatural do início. Ela diz que é um “conto de fadas em 14 músicas”. Mas a cantora de 35 anos também joga com a própria imagem “mística”.
Ouça uma entrevista com Florence sobre ‘Dance fever’:
Leia mais sobre ‘Dance fever’
Caetano Veloso – ‘Meu Coco’
Capa do álbum ‘Meu coco’, de Caetano Veloso
Fernando Young
Primeiro álbum de músicas inéditas de Caetano Veloso em nove anos, “Meu coco” apresenta safra autoral bem mais coesa do que a de “Abraçaço” (2012), o disco anterior do artista no gênero.
São 12 canções da lavra solitária do compositor, sendo oito inteiramente inéditas, duas já previamente lançadas em discos das cantoras Maria Bethânia e Céu (“Noite de cristal” e “Pardo”, respectivamente), uma apresentada pelo próprio Caetano em live feita em dezembro de 2020 (“Autoacalanto”) e outra (“Anjos tronchos”) já previamente divulgada em setembro como single do álbum.
Algumas dessas oito composições totalmente inéditas talvez perdessem parte do encanto se despidas do molde exuberante com que são expostas em “Meu coco”, disco gravado no primeiro semestre de 2021, no estúdio montado na casa do cantor na cidade do Rio, com produção musical orquestrada pelo próprio Caetano com Lucas Nunes, músico da banda carioca Dônica.
Leia mais sobre ‘Meu Coco’
Criolo – ‘Sobre viver’
Capa do álbum ‘Sobre viver’, de Criolo
Helder Fruteira
O quinto disco de estúdio do rapper paulistano de 46 anos marca a volta ao rap, após “Espiral de Ilusão”, disco dedicado ao samba de 2017.
A crítica social segue contundente e o luto após a morte da irmã aparece com destaque em faixas como “Pequenina”. O rapper perdeu a irmã Cleane Gomes para Covid-19 em junho do ano passado.
Ele canta sobre a irmã que morreu aos 39 anos no verso de “Pequenina”: “Cuidar da minha irmã agora é só em prece, ela não está mais aqui, é que esse mundo não te merece”.
Ouça a entrevista com Criolo sobre ‘Sobre viver’:
Leia mais sobre ‘Sobre viver’
Martinho da Vila – ‘Mistura homogênea’
Capa do álbum ‘Mistura homogênea’, de Martinho da Vila
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Toda noite Martinho da Vila pega um livro de poesia, de conto ou de crônicas que tem na mesa de cabeceira e lê um pouco antes de dormir. Ele gosta das histórias curtas para não desviar muito o sono.
O contato tão próximo com a poesia é um dos pilares de “Mistura Homogênea”, álbum recém-lançado do sambista de 84 anos. Da leitura noturna, ele criou músicas a partir poemas do mineiro Geraldo Carneiro e do maranhense Salgado Maranhão. São elas: “Sim, Senhora” e “Canção de Ninar”.
Em “Dois Amores”, ele canta sobre como a paixão pela poesia se divide com a música em sua vida. A faixa com participação e poema inédito da escritora moçambicana Paulina Chiziane, autora de “Niketche: uma história de poligamia”, virou umas das preferidas do compositor.
Ouça entrevista com Martinho da Vila sobre ‘Mistura Homogênea’:
Leia mais sobre ‘Mistura homogênea’
Bala Desejo – ‘Sim sim sim’
Capa do ‘Lado B’, disco do grupo Bala Desejo
Divulgação
Um frescor que remete aos anos 70, um álbum orquestrado em tempos que refrões de 15 segundos resumem o sucesso de uma música, uma grande celebração de carnaval. Todas as definições soam como pouco para descrever o quarteto carioca Bala Desejo.
A banda formada por Dora Morelenbaum, Julia Mestre, Lucas Nunes e Zé Ibarra lançou o “lado b” do álbum estreia, “Sim Sim Sim” já com o destaque de grande acontecimento da música brasileira neste início de 2022.
Amigos desde os 11 anos e cantores com carreiras solo em andamento, eles se reuniram, de início, para fazer um show no Coala Festival em 2021.
Ouça a entrevista com o Bala Desejo sobre ‘Sim sim sim’:
Leia mais sobre ‘Sim sim sim’

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Festas e Rodeios

Por que a cultura do estupro é tão comum na indústria musical e o que Sean Diddy tem a ver com isso

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Com mais de 200 páginas, documento reúne dezenas de casos de magnatas da música americana acusados de cometer crimes sexuais e de assumir posturas controversas. Sean ‘Diddy’ Combs
Chris Pizzello/Invision/AP
O caso Diddy ainda parece distante de uma conclusão, mas, sem dúvidas, já é um marco na indústria da música. Há, inclusive, expectativas de que se torne o próximo MeToo, movimento que chacoalhou Hollywood em 2017 com uma onda de denúncias de crimes sexuais.
Preso em 16 de setembro, Dsddy se diz inocente e aguarda julgamento. Mas ele não foi o único músico a entrar na mira da Justiça nessas últimas semanas. Quem também foi processado é o astro country Garth Brooks, acusado de estupro, o que é negado por ele.
Dominado por homens, o setor musical tem uma extensa lista de denúncias e condenações por assédio e abuso. Isso é tão frequente que há uma naturalização do problema, o que acaba levando à chamada cultura do estupro.
“Por décadas, a indústria da música tem tolerado, perpetuado e, muitas vezes, comercializado uma cultura de abuso sexual contra mulheres e meninas menores de idade. Milhares de artistas, executivos e acionistas lucraram bilhões de dólares, enquanto se envolviam e/ou encobriam comportamentos sexuais criminosos”, diz o texto introdutório do relatório “Sound Off: Make the Music Industry Safe” (ou “Som desligado: Torne a Indústria da Música segura”, em português), publicado em fevereiro deste ano.
Com mais de 200 páginas, o documento reúne dezenas de casos de magnatas da música americana acusados de cometer crimes sexuais e de assumir posturas controversas. São histórias que vão dos anos 1950 a 2024.
A constante negligência de denúncias, investigações e até sentenças judiciais estimula crimes sexuais no mercado musical. É o que aponta o relatório, elaborado por uma coalizão entre os grupos feministas Lift Our Voices, Female Composer Safety League e Punk Rock Therapist.
Caso Diddy: entenda o que é fato sobre o caso
Sexo, drogas e rock n’ roll
“Para desenvolver uma marca estética de alguns artistas, a indústria usa essa cultura a seu favor”, diz Nomi Abadi, pianista e fundadora da Female Composer Safety League, rede de suporte a compositoras vítimas de abuso sexual e assédio. Ela conversou com o g1 por videochamada. “É por isso que tem tanto músico acusado impune.”
Ela cita o famoso lema “sexo, drogas e rock n’ roll”. Para a artista, a ideia é menos sobre um espírito roqueiro e mais sobre uma dinâmica de poder que está presente em todos os gêneros musicais. É uma forma de relativizar histórias de mulheres que alegam terem sido drogadas e violadas sexualmente em festas com músicos, executivos, produtores e outros profissionais do setor.
De fato, não é raro encontrar esse tipo de queixa no meio musical. O próprio Diddy é acusado de drogar e estuprar mulheres durante seus festões luxuosos, chamados de “white parties” e “freak-off”. Inclusive, há relatos de que ele teria coagido algumas convidadas a usar fluidos intravenosos para recuperação física após submetê-las a longas e violentas performances eróticas.
O músico nega todas as acusações que levaram à sua prisão. Quanto ao caráter libertino de suas festas, ele sempre gostou de fazer menções, se gabando dos eventos.
Sean ‘Diddy’ Combs em foto de 2017, em Nova York.
Lucas Jackson/Reuters
“Todos nós já sabíamos. Por muito tempo, ouvimos histórias sobre essas festas”, afirma Nomi. “Eu conheci uma vítima de P. Diddy. Minha amiga esteve em uma dessas festas… Ninguém a escutou. Ninguém se importou com ela.”
Os eventos, que rolavam desde os anos 2000, eram privados — a lista de convidados do rapper reunia atores, músicos, empresários e políticos. Jay-Z, Will Smith, Diana Ross, Leonardo DiCaprio, Owen Wilson, Vera Wang, Bruce Willis e Justin Bieber são algumas das celebridades que compareceram aos encontros.
“O que tinha nessas festas era coisa muito ruim. E mesmo envolvendo tantas pessoas, continuava acontecendo”, continua Nomi. É mais ou menos o que também afirmou a cantora Cassie, ex-namorada de Diddy, em 2023, quando ela abriu um processo contra ele, alegando ter sido estuprada e violentada por mais de uma década. Na ação, que já foi encerrada (sem os detalhes divulgados), a artista afirmou que os supostos crimes do rapper eram testemunhados por muita gente “tremendamente leal” que nunca fazia nada para impedi-lo.
Sean ‘Diddy’ Combs
Richard Shotwell/Invision/AP
Desde que fundou a Female Composer Safety League, Nomi tem tido contato com várias denúncias de agressão sexual no setor da música. “Uma coisa que me surpreendeu quando comecei a frequentar esse meio [de dar suporte a vítimas] é que cada sobrevivente tem sua própria versão da mesma história. As circunstâncias são diferentes. O que aconteceu com cada pessoa é único. Mas todas elas querem ser validadas, compreendidas e terem seus empregos mantidos”, afirma ela. “São os mesmos medos e os mesmos desejos.”
Anos atrás, a artista moveu processos contra Danny Elfman, compositor de trilhas de blockbusters como “Batman” e “Beetlejuice”. Nas ações, ela alegou ter sido vítima de crimes sexuais. Ele nega. Os dois entraram em um acordo com termos não divulgados.
A cultura externa
Também em entrevista ao g1, a pesquisadora de rap Nerie Bento analisa que, na indústria, a cultura do estupro é atrelada à desigualdade de gênero do mercado, além da própria influência de quem está de fora.
“É uma cultura que permeia toda a sociedade, então, obviamente vai estar aqui também”, diz ela. “E a própria música em si… A gente tem muita música misógina que contribui com isso.”
Neire menciona, então, a erotização de corpos femininos em videoclipes de cantores famosos como o próprio Sean Diddy, o que, segundo ela, também endossa a cultura do estupro, ao objetificar a figura da mulher.
O apelo às gravadoras
O relatório “Sound Off” também faz menções à erotização feminina no setor. Além disso, critica as três maiores empresas do mercado fonográfico (Warner Music, Universal Music e Sony Music), propondo que adotem as seguintes demandas:
O fim de NDAs (Non-disclosure agreements, na sigla em inglês), ou seja, acordos de confidencialidade — prática frequente para o encerramento desse tipo de processo no meio musical;
Uma lista pública dos músicos, executivos, gerentes, produtores e outros profissionais acusados de má conduta sexual;
Adoção de protocolos institucionalizados que estimulem a denúncia, não o silêncio;
Investigações conduzidas por partes externas
A defesa de leis que derrubem a prescrição em crimes sexuais
Demandas que surgem porque, segundo a coalizão do relatório, essas gravadoras “ignoraram acusações, silenciaram vítimas e até permitiram o abuso” por décadas.
O g1 entrou em contato com as assessorias da Warner, Universal e Sony, mas não teve retorno até a publicação desta reportagem.

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Bruno Mars começa tour no Brasil; show deve ter piada com calcinha e hit gravado com Lady Gaga

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Antes de turnê com 14 apresentações, g1 assistiu ao show do cantor para convidados. Com setlist semelhante ao do The Town, Bruno deve incluir novas piadinhas e grito de ‘Bruninho is back’. Bruno Mars encerra show no The Town com o sucesso ‘Uptown Funk’
Bruno Mars começa nesta sexta-feira (4) uma sequência de 14 shows, que vai até o dia 5 de novembro. Antes dessa turnê brasileira, o cantor havaiano de 38 anos fez um show beneficente no Tokio Marine Hall, em São Paulo, na terça-feira (1º). A apresentação para 4 mil pessoas arrecadou R$ 1 milhão para as vítimas da tragédia climática no Rio Grande do Sul.
No show para famosos, convidados e também fãs que participaram de uma promoção, ele seguiu uma estrutura de setlist bem parecida com a do The Town. Bruno fez dois shows no festival paulistano, em setembro de 2024.
Ele ainda começa o show com “24 Magic” e termina com a trinca “Locked Out of Heaven”, “Just the Way You Are” e “Uptown Funk”. No show exclusivo antes da turnê, ele se comunicou um pouco menos com o público.
Entre as poucas interações, gritou “Bruninho is back!”, quando a plateia começou a gritar “Bruninho! Bruninho! Bruninho”, ainda no começo. Em “Billionaire”, alterou parte da letra e cantou “different calcinhas every night”, brincadeira que foi muito aplaudida.
Há ainda uma parte piano e voz, em que ele emenda várias músicas, começando com “Funk You” e passando por “Grenade”, “Talking to the moon” e “Leave the door open”, a única que ele toca do projeto Silk Sonic. A novidade nessa parte, que rolou no show de terça, deve ser a inclusão de um trecho de “Die With a Smile”, música lançada com Lady Gaga em agosto passado.
Bruno Mars
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No show do Tokio Marine Hall, um pouco mais curto do que os da turnê, não houve a versão instrumental de “Evidências”, de Chitãozinho & Xororó, tocada por seu tecladista. O solo de bateria, porém, continua presente. Então, não se sabe qual música brasileira será homenageada pela banda de Mars.
A banda que o acompanha, The Hooligans, segue impecável e o ajuda em coreografias cheias de gingado. Para tocar com Mars, não basta ser ótimo músico, tem que saber dançar. Com toda essa atmosfera de suingue e simpatia, fica difícil não se encantar pelo charme de Bruninho.
O repertório de Mars vai do soul ao pop rasgado, passando por R&B, levadas de reggae e baladas perfeitas para pedidos de casamento, como “Marry You”.
Antes dos shows no The Town, Bruno havia vindo ao Brasil em 2017 e em 2012, quando foi atração do festival Summer Soul.
Bruno Mars no Brasil
São Paulo: 4, 5, 8, 9, 12 e 13 de outubro – Estádio Morumbi
Rio: 16, 19 e 20 de outubro – Estádio Nilton Santos
Brasília: 26 e 27 de outubro – Arena Mané Garrincha
Curitiba: 31 de outubro e 1º de novembro – Estádio Couto Pereira
Belo Horizonte: 5 de novembro – Estádio Mineirão

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Garth Brooks é processado por maquiadora que o acusa de estupro

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Mulher diz que agressão aconteceu em 2019. Ela afirma que sofreu diferentes tipos de abusos quando trabalhava para o astro do country americano. Garth Brooks faz show em prol do Hospital de Câncer de Barretos, em 2015
Mateus Rigola/G1
O astro do country Garth Brooks foi processado por uma mulher que o acusa de estupro, segundo o canal de notícias americano CNN nesta quinta-feira (3).
A ação diz que o ataque aconteceu quando ela trabalhava para ele como maquiadora e cabeleireira, em 2019.
A mulher, identificada como Jane Roe, afirma que o cantor também mostrava seus órgãos genitais para ela, falava sobre sexo, se trocava na sua frente e mandava mensagens sexualmente explícitas.
Ela afirma que foi estuprada por ele em um hotel, em Los Angeles, durante uma viagem para a gravação de uma homenagem do Grammy.
O cantor já tinha afirmado ser inocente em um processo movido por ele, anonimamente, em setembro. Na ação, Brooks pedia para que a Justiça declarasse que as acusações de Roe não eram verdade e a proibissem de divulgá-las.
Ele dizia que se tratava de uma tentativa de extorsão que causariam “dano irreparável” à sua carreira e sua reputação.

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