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Festas e Rodeios

Kleiton & Kledir são tema de livro que mostra como a dupla pôs o pop gaúcho no mapa musical do Brasil

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Com texto fluente, focado na trajetória profissional dos artistas, a biografia descortina bastidores, expõe versões discordantes sobre o fim do duo em 1987 e documenta a reunião dos irmãos em 1995. Capa do livro ‘Kleiton & Kledir – A biografia’, de Emílio Pacheco
Rodrigo Lopes com arte de e-design
Resenha de livro
Título: Kleiton & Kledir – A biografia
Autor: Emílio Pacheco
Edição: Bestiário
Cotação: ★ ★ ★ ★
♪ Em janeiro de 1987, Kleiton foi chamado para ir à casa de Kledir conversar com o irmão. Lá, ouviu em choque que a dupla que se formara extraoficialmente em 1979, para defender a música Maria fumaça (Kleiton Ramil e Kledir Ramil) em festival da TV Tupi, tinha chegado ao fim por decisão unilateral de Kledir.
“Chorei, argumentei, mas não adiantou. Ele estava irredutível”, lembra Kleiton em depoimento reproduzido na página 215 da biografia da dupla.
A questão – como expõe logo a seguir o jornalista gaúcho Emílio Pacheco, autor do livro – é que, na memória de Kledir, o chamado e a conversa decisiva nunca aconteceram. “Esse é o ponto de vista dele (do Kleiton). Para mim, o que acabou com a dupla foi o clima pesado em que tinha se transformado nossa convivência. Não havia mais diálogo, era uma relação descontrolada”, lembra Kledir.
Com ou sem a tal conversa, o fim da dupla foi fato consumado e tornado público em fevereiro daquele ano de 1987. Os fãs precisaram esperar até 20 de agosto de 1995 para testemunhar a reunião dos irmãos, que haviam tentado em vão se firmar individualmente no mundo da música após o fim da dupla que pusera o pop gaúcho no mapa do Brasil na primeira metade dos anos 1980, década do auge artístico e comercial da trajetória musical dos irmãos de clã que gerou também o caçula Vitor Ramil.
Desde então, Kleiton & Kledir permanecem em atividade – e em harmonia – como documenta Emílio Pacheco na parte final do livro lançado em novembro pela editora Bestiário.
Kleiton & Kledir – A biografia é trabalho consistente que merece leitura. Através de depoimentos dos biografados, Pacheco reconstitui e contextualiza no tempo musical e político do Brasil a história de Kleiton Alves Ramil e Kledir Alves Ramil, irmãos nascidos em Pelotas (RS) em 23 de agosto de 1951 e em 21 de janeiro de 1953, respectivamente.
O foco do livro reside sobretudo na carreira musical da dupla. Ainda assim, o autor expõe no início da narrativa a formação da família Ramil em relato breve que destaca a morte do irmão gêmeo univitelino de Kleiton, Klauder, aos seis meses de vida, vítima de desidratação. Na época, Kleiton não teve consciência do que aconteceu, mas atribui à morte do irmão uma série de neuroses e a síndrome do pânico que teve já adulto, quando era famoso.
Ainda dentro do campo pessoal, merece menção a reprodução do sensível e até então inédito depoimento escrito por Kleiton para livro sobre Nara Leão (1942 – 1989), com quem o artista viveu história de amor nunca dimensionada corretamente nas biografias da cantora, na visão de Kleiton.
Contudo, a tônica da biografia de Kleiton & Kledir é mesmo a música dos irmãos, que entraram em cena nos anos 1970 como integrantes da banda Almôndegas. O grupo chegou a obter certo sucesso fora das fronteiras do sul do Brasil, mas foi mesmo como dupla, de formação oficializada em 1980, que Kleiton & Kledir mostraram que os gaúchos sabiam fazer pop radiofônico nos tempos de abertura política e musical, conquistando o país com repertório autoral que embutia referências sulistas em canções de apelo popular.
Seis anos antes de a banda Engenheiros do Hawaii proclamar o isolamento musical dos gaúchos no título do álbum inicial Longe demais das capitais (1986), os irmãos encurtaram a distância entre Porto Alegre (RS) e as capitais culturais do Brasil com músicas como Vira virou (Kleiton Ramil, 1980), Paixão (Kledir Ramil, 1981) e Deu pra ti (Kledir Ramil e Kleiton Ramil, 1981), ode à mesma Porto Alegre (RS) que abrigou os irmãos após a saída de Pelotas (RS) e antes da vinda para a cidade do Rio de Janeiro (RJ).
Escorado no conhecimento angariado como admirador assumido da dupla, nos depoimentos dos irmãos e nas reproduções de trechos de críticas (sem poupar resenhistas pouco informados sobre a história da dupla), Emílio Pacheco detalha a criação e a repercussão de cada álbum de Kleiton & Kledir (e também dos posteriores títulos das breves discografias individuais dos irmãos).
Fica documentado no livro que Kleiton & Kledir atingiram ponto de coesão no segundo e no quinto álbuns da dupla – lançados em 1981 e 1986, respectivamente, sendo que o último disco da fase inicial passou despercebido pelo público, o que contribuiu para o fim da dupla – e perderam o prumo no quarto álbum, o Kleiton & Kledir de 1984.
Com texto fluente, a biografia de Kleiton & Kledir é indicada para quem se interessa pela história da música brasileira e em especial pelo legado de artistas do sul que conseguem furar a bolha e se aproximam das capitais etnocêntricas que tentam dar o tom da produção cultural do país.

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Por que a cultura do estupro é tão comum na indústria musical e o que Sean Diddy tem a ver com isso

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Com mais de 200 páginas, documento reúne dezenas de casos de magnatas da música americana acusados de cometer crimes sexuais e de assumir posturas controversas. Sean ‘Diddy’ Combs
Chris Pizzello/Invision/AP
O caso Diddy ainda parece distante de uma conclusão, mas, sem dúvidas, já é um marco na indústria da música. Há, inclusive, expectativas de que se torne o próximo MeToo, movimento que chacoalhou Hollywood em 2017 com uma onda de denúncias de crimes sexuais.
Preso em 16 de setembro, Dsddy se diz inocente e aguarda julgamento. Mas ele não foi o único músico a entrar na mira da Justiça nessas últimas semanas. Quem também foi processado é o astro country Garth Brooks, acusado de estupro, o que é negado por ele.
Dominado por homens, o setor musical tem uma extensa lista de denúncias e condenações por assédio e abuso. Isso é tão frequente que há uma naturalização do problema, o que acaba levando à chamada cultura do estupro.
“Por décadas, a indústria da música tem tolerado, perpetuado e, muitas vezes, comercializado uma cultura de abuso sexual contra mulheres e meninas menores de idade. Milhares de artistas, executivos e acionistas lucraram bilhões de dólares, enquanto se envolviam e/ou encobriam comportamentos sexuais criminosos”, diz o texto introdutório do relatório “Sound Off: Make the Music Industry Safe” (ou “Som desligado: Torne a Indústria da Música segura”, em português), publicado em fevereiro deste ano.
Com mais de 200 páginas, o documento reúne dezenas de casos de magnatas da música americana acusados de cometer crimes sexuais e de assumir posturas controversas. São histórias que vão dos anos 1950 a 2024.
A constante negligência de denúncias, investigações e até sentenças judiciais estimula crimes sexuais no mercado musical. É o que aponta o relatório, elaborado por uma coalizão entre os grupos feministas Lift Our Voices, Female Composer Safety League e Punk Rock Therapist.
Caso Diddy: entenda o que é fato sobre o caso
Sexo, drogas e rock n’ roll
“Para desenvolver uma marca estética de alguns artistas, a indústria usa essa cultura a seu favor”, diz Nomi Abadi, pianista e fundadora da Female Composer Safety League, rede de suporte a compositoras vítimas de abuso sexual e assédio. Ela conversou com o g1 por videochamada. “É por isso que tem tanto músico acusado impune.”
Ela cita o famoso lema “sexo, drogas e rock n’ roll”. Para a artista, a ideia é menos sobre um espírito roqueiro e mais sobre uma dinâmica de poder que está presente em todos os gêneros musicais. É uma forma de relativizar histórias de mulheres que alegam terem sido drogadas e violadas sexualmente em festas com músicos, executivos, produtores e outros profissionais do setor.
De fato, não é raro encontrar esse tipo de queixa no meio musical. O próprio Diddy é acusado de drogar e estuprar mulheres durante seus festões luxuosos, chamados de “white parties” e “freak-off”. Inclusive, há relatos de que ele teria coagido algumas convidadas a usar fluidos intravenosos para recuperação física após submetê-las a longas e violentas performances eróticas.
O músico nega todas as acusações que levaram à sua prisão. Quanto ao caráter libertino de suas festas, ele sempre gostou de fazer menções, se gabando dos eventos.
Sean ‘Diddy’ Combs em foto de 2017, em Nova York.
Lucas Jackson/Reuters
“Todos nós já sabíamos. Por muito tempo, ouvimos histórias sobre essas festas”, afirma Nomi. “Eu conheci uma vítima de P. Diddy. Minha amiga esteve em uma dessas festas… Ninguém a escutou. Ninguém se importou com ela.”
Os eventos, que rolavam desde os anos 2000, eram privados — a lista de convidados do rapper reunia atores, músicos, empresários e políticos. Jay-Z, Will Smith, Diana Ross, Leonardo DiCaprio, Owen Wilson, Vera Wang, Bruce Willis e Justin Bieber são algumas das celebridades que compareceram aos encontros.
“O que tinha nessas festas era coisa muito ruim. E mesmo envolvendo tantas pessoas, continuava acontecendo”, continua Nomi. É mais ou menos o que também afirmou a cantora Cassie, ex-namorada de Diddy, em 2023, quando ela abriu um processo contra ele, alegando ter sido estuprada e violentada por mais de uma década. Na ação, que já foi encerrada (sem os detalhes divulgados), a artista afirmou que os supostos crimes do rapper eram testemunhados por muita gente “tremendamente leal” que nunca fazia nada para impedi-lo.
Sean ‘Diddy’ Combs
Richard Shotwell/Invision/AP
Desde que fundou a Female Composer Safety League, Nomi tem tido contato com várias denúncias de agressão sexual no setor da música. “Uma coisa que me surpreendeu quando comecei a frequentar esse meio [de dar suporte a vítimas] é que cada sobrevivente tem sua própria versão da mesma história. As circunstâncias são diferentes. O que aconteceu com cada pessoa é único. Mas todas elas querem ser validadas, compreendidas e terem seus empregos mantidos”, afirma ela. “São os mesmos medos e os mesmos desejos.”
Anos atrás, a artista moveu processos contra Danny Elfman, compositor de trilhas de blockbusters como “Batman” e “Beetlejuice”. Nas ações, ela alegou ter sido vítima de crimes sexuais. Ele nega. Os dois entraram em um acordo com termos não divulgados.
A cultura externa
Também em entrevista ao g1, a pesquisadora de rap Nerie Bento analisa que, na indústria, a cultura do estupro é atrelada à desigualdade de gênero do mercado, além da própria influência de quem está de fora.
“É uma cultura que permeia toda a sociedade, então, obviamente vai estar aqui também”, diz ela. “E a própria música em si… A gente tem muita música misógina que contribui com isso.”
Neire menciona, então, a erotização de corpos femininos em videoclipes de cantores famosos como o próprio Sean Diddy, o que, segundo ela, também endossa a cultura do estupro, ao objetificar a figura da mulher.
O apelo às gravadoras
O relatório “Sound Off” também faz menções à erotização feminina no setor. Além disso, critica as três maiores empresas do mercado fonográfico (Warner Music, Universal Music e Sony Music), propondo que adotem as seguintes demandas:
O fim de NDAs (Non-disclosure agreements, na sigla em inglês), ou seja, acordos de confidencialidade — prática frequente para o encerramento desse tipo de processo no meio musical;
Uma lista pública dos músicos, executivos, gerentes, produtores e outros profissionais acusados de má conduta sexual;
Adoção de protocolos institucionalizados que estimulem a denúncia, não o silêncio;
Investigações conduzidas por partes externas
A defesa de leis que derrubem a prescrição em crimes sexuais
Demandas que surgem porque, segundo a coalizão do relatório, essas gravadoras “ignoraram acusações, silenciaram vítimas e até permitiram o abuso” por décadas.
O g1 entrou em contato com as assessorias da Warner, Universal e Sony, mas não teve retorno até a publicação desta reportagem.

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Bruno Mars começa tour no Brasil; show deve ter piada com calcinha e hit gravado com Lady Gaga

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Antes de turnê com 14 apresentações, g1 assistiu ao show do cantor para convidados. Com setlist semelhante ao do The Town, Bruno deve incluir novas piadinhas e grito de ‘Bruninho is back’. Bruno Mars encerra show no The Town com o sucesso ‘Uptown Funk’
Bruno Mars começa nesta sexta-feira (4) uma sequência de 14 shows, que vai até o dia 5 de novembro. Antes dessa turnê brasileira, o cantor havaiano de 38 anos fez um show beneficente no Tokio Marine Hall, em São Paulo, na terça-feira (1º). A apresentação para 4 mil pessoas arrecadou R$ 1 milhão para as vítimas da tragédia climática no Rio Grande do Sul.
No show para famosos, convidados e também fãs que participaram de uma promoção, ele seguiu uma estrutura de setlist bem parecida com a do The Town. Bruno fez dois shows no festival paulistano, em setembro de 2024.
Ele ainda começa o show com “24 Magic” e termina com a trinca “Locked Out of Heaven”, “Just the Way You Are” e “Uptown Funk”. No show exclusivo antes da turnê, ele se comunicou um pouco menos com o público.
Entre as poucas interações, gritou “Bruninho is back!”, quando a plateia começou a gritar “Bruninho! Bruninho! Bruninho”, ainda no começo. Em “Billionaire”, alterou parte da letra e cantou “different calcinhas every night”, brincadeira que foi muito aplaudida.
Há ainda uma parte piano e voz, em que ele emenda várias músicas, começando com “Funk You” e passando por “Grenade”, “Talking to the moon” e “Leave the door open”, a única que ele toca do projeto Silk Sonic. A novidade nessa parte, que rolou no show de terça, deve ser a inclusão de um trecho de “Die With a Smile”, música lançada com Lady Gaga em agosto passado.
Bruno Mars
Divulgação
No show do Tokio Marine Hall, um pouco mais curto do que os da turnê, não houve a versão instrumental de “Evidências”, de Chitãozinho & Xororó, tocada por seu tecladista. O solo de bateria, porém, continua presente. Então, não se sabe qual música brasileira será homenageada pela banda de Mars.
A banda que o acompanha, The Hooligans, segue impecável e o ajuda em coreografias cheias de gingado. Para tocar com Mars, não basta ser ótimo músico, tem que saber dançar. Com toda essa atmosfera de suingue e simpatia, fica difícil não se encantar pelo charme de Bruninho.
O repertório de Mars vai do soul ao pop rasgado, passando por R&B, levadas de reggae e baladas perfeitas para pedidos de casamento, como “Marry You”.
Antes dos shows no The Town, Bruno havia vindo ao Brasil em 2017 e em 2012, quando foi atração do festival Summer Soul.
Bruno Mars no Brasil
São Paulo: 4, 5, 8, 9, 12 e 13 de outubro – Estádio Morumbi
Rio: 16, 19 e 20 de outubro – Estádio Nilton Santos
Brasília: 26 e 27 de outubro – Arena Mané Garrincha
Curitiba: 31 de outubro e 1º de novembro – Estádio Couto Pereira
Belo Horizonte: 5 de novembro – Estádio Mineirão

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Garth Brooks é processado por maquiadora que o acusa de estupro

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Mulher diz que agressão aconteceu em 2019. Ela afirma que sofreu diferentes tipos de abusos quando trabalhava para o astro do country americano. Garth Brooks faz show em prol do Hospital de Câncer de Barretos, em 2015
Mateus Rigola/G1
O astro do country Garth Brooks foi processado por uma mulher que o acusa de estupro, segundo o canal de notícias americano CNN nesta quinta-feira (3).
A ação diz que o ataque aconteceu quando ela trabalhava para ele como maquiadora e cabeleireira, em 2019.
A mulher, identificada como Jane Roe, afirma que o cantor também mostrava seus órgãos genitais para ela, falava sobre sexo, se trocava na sua frente e mandava mensagens sexualmente explícitas.
Ela afirma que foi estuprada por ele em um hotel, em Los Angeles, durante uma viagem para a gravação de uma homenagem do Grammy.
O cantor já tinha afirmado ser inocente em um processo movido por ele, anonimamente, em setembro. Na ação, Brooks pedia para que a Justiça declarasse que as acusações de Roe não eram verdade e a proibissem de divulgá-las.
Ele dizia que se tratava de uma tentativa de extorsão que causariam “dano irreparável” à sua carreira e sua reputação.

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