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Festas e Rodeios

Cláudio Jorge e Guinga cruzam o subúrbio carioca na rota lírica do álbum ‘Farinha do mesmo saco’

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Artistas trançam vozes, violões, sambas e choros na geografia de disco embebido na nostalgia romântica e déjà vu de um Rio antigo que resiste mais na memória dos compositores do que na realidade da cidade. Capa do álbum ‘Farinha do mesmo saco’, de Cláudio Jorge e Guinga
Ilustração de Mello Menezes
Resenha de álbum
Título: Farinha do mesmo saco
Artistas: Cláudio Jorge e Guinga
Edição: Kuarup
Cotação: ★ ★ ★ ★
♪ Na ilustração criada por Mello Menezes para a capa do primeiro álbum conjunto de Cláudio Jorge e Guinga, Farinha do mesmo saco, disco que chega ao mundo digital em 27 de janeiro em edição da Kuarup, dois pierrôs sobem escada que conduz à plataforma de estação de trem.
É como se os pierrôs personificassem os dois cantores, compositores e violonistas do álbum em que Cláudio Jorge e Guinga – naturais do Rio de Janeiro (RJ) – cruzam linhas do subúrbio carioca em rota musicalmente modernista, mas liricamente nostálgica por romantizar nas letras um subúrbio que resiste mais nas estações das memórias dos artistas do que na realidade embrutecida da cidade-maravilha que tenta purgar o caos cotidiano em nome das belezas naturais.
“Água Santa, Piedade / Tô Encantado de você / Já nem sinto mais saudade / Saudade tem Cascadura, amacia em Madureira”, derramam-se Cláudio Jorge e Guinga, munidos de vozes e violões, ao trançar e mapear bairros cariocas na lírica de Largo das Cinco Bocas (2020), samba-choro composto por Guinga com Anna Paes em tributo póstumo a Aldir Blanc (1946 – 2020).
Esse romantismo carioca encontra eco no Rio mais pacífico dos anos 1970, década em que Cláudio Jorge e Guinga tocavam na banda de outro ilustre suburbano carioca, João Nogueira (1941 – 2000), intérprete original de Chorando pelos dedos (João Nogueira e Cláudio Jorge, 1975), choro em tributo ao bandolinista carioca Joel Nascimento revolvido em Farinha do mesmo saco pela vozes e violões dos pierrôs apaixonados pelo Rio antigo.
Cláudio, cria do bairro de Cachambi, pilotava o baixo da banda de João Nogueira. Já Guinga, nascido na mítica Madureira e criado entre Vila Valqueire e Jacarepaguá, já tocava para João o violão que reverbera ecos das serestas, dos choros e da música do carioca erudito Heitor Villa-Lobos (1887 – 1959).
Decorridos cerca de 50 anos, os artistas convergem memórias e músicas nas linhas deste disco aberto com Minha alma suburbana (1983), samba-choro de Cláudio Jorge até então esquecido em Brilho e paixão (1983), álbum mais brasileiro da discografia da cantora Joanna.
A abordagem de Minha alma suburbana já tinha sido apresentada em 9 de dezembro como segundo single do álbum Farinha do mesmo saco. O primeiro single foi lançado em 11 de novembro com outro samba-choro, Domingueira, primeira parceria de Cláudio Jorge (compositor da melodia) e Guinga (autor da letra), situada na nostálgica geografia suburbana carioca recorrente (e por isso até um pouco repetitiva) no disco.
Irmanados na costura refinada do álbum, Cláudio Jorge e Guinga permanecem ligados até nos eventuais solos em que um aborda a obra do outro. Se Cláudio Jorge se vira com a voz e o violão em Sábia negritude (2021), obra-prima em que Guinga puxa o fio da memória da infância para se redimir com Mãe Tainha, cozinheira da qual tinha medo pela figura que lhe parecia um duende, Guinga celebra Ivone Lara (1922 – 2018) através de samba de Cláudio Jorge com o bamba Nei Lopes, Senhora da canção (2000).
Outro título da parceria de Cláudio e Nei, o inédito e macio samba-choro Bom bocado é servido primeiramente na voz da cantora Anna Paes, mas depois repartido com os anfitriões do disco. Também inédito é o (menos imponente) samba Bilhete pro Guinga, composto por Cláudio Jorge com Gilson Peranzzetta e cantado por Jorge, autor da letra que bate na tecla da nostalgia de tempos idos.
Farinha do mesmo saco é álbum que vai soar déjà vu para quem conhece bem a discografia de Guinga, até por trazer regravações de Mar de Maracanã (Guinga e Edu Kneip, 2007) e Mello baloeiro (Guinga e Anna Paes, 2018), homenagem prestada a Mello Menezes (o autor da ilustração da capa) com a memorialista melancolia carioca que pauta o disco.
Ainda assim, as belezas que saltam enquanto Cláudio Jorge e Guinga cruzam as linhas líricas do subúrbio carioca tornam Farinha do mesmo saco um disco recomendado para quem celebra as tradições da música do Brasil, em especial a da cidade do Rio de Janeiro (RJ).

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Sidney Magal dá baile em show no Rio, canta hit de Jorge Ben Jor com a banda Biquini e continua com a moral elevada

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Aos 74 anos, artista sabe se alimentar do passado sem soar ultrapassado no mercado da música. Sidney Magal em take da gravação da música ‘Chove chuva’ para disco da banda carioca Biquini
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♫ COMENTÁRIO
♩ Aos 74 anos, Sidney Magal continua com a moral elevada no universo pop brasileiro. Dois acontecimentos simultâneos nesta sexta-feira, 4 de outubro, reiteram a força do cantor carioca no mercado atual.
No mesmo dia em que o artista sobe ao palco da casa Qualistage – um dos maiores espaços de show da cidade do Rio de Janeiro (RJ) – para apresentar o Baile do Magal ao público carioca, a banda Biquini lança disco com convidados, Vou te levar comigo, em que o maior destaque é uma regravação de Chove chuva (Jorge Ben Jor, 1963) feita com a participação de Magal e um toque latino de salsa na música.
Não é pouca coisa para um artista cujo último sucesso é de 1990, Me chama que eu vou (Torquato Mariano e Cláudio Rabello), lambada gravada para a trilha sonora da novela Rainha da sucata (TV Globo, 1990).
Me chama que eu vou é também o nome do documentário estreado em 2020 com foco na trajetória do artista que ganhou projeção nacional em 1976.
De 1976 a 1979, Magal arrastou multidões pelo Brasil a reboque de repertório sensual posto a serviço da imagem cigana de amante latino. Não por acaso, 1979 é o ano em que se situa a narrativa de longa-metragem sobre a história de amor entre Magal e a esposa Magali West, foco do filme de ficção Meu sangue ferve por você (2023 / 2024), estreado em maio nos cinemas – e já disponível no catálogo da Netflix – com o ator Filipe Bragança dando voz e vida a Magal na tela.
Hoje, Magal é uma personalidade. Um cantor que prescinde de ter músicas nas playlists para se manter em evidência. O artista soube se alimentar do passado sem soar ultrapassado. Nesse sentido, Sidney Magal tem dado baile na concorrência.

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Emiliano Queiroz: famosos lamentam morte do ator

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Emilio Orciollo Netto, Beth Goulart, Selton Mello e Lucio Mauro Filho foram alguns dos famosos que deixaram mensagens nas redes sobre a morte do artista de 88 anos. Emiliano Queiroz na novela Espelho da Vida
Acervo Grupo Globo
Emilio Orciollo Netto, Ary Fontoura, Beth Goulart, Selton Mello, Lucio Mauro Filho e outros famosos lamentaram a morte de Emiliano Queiroz. O ator de 88 anos morreu após sofrer uma parada cardíaca, na madrugada desta sexta-feira (4).
Emilio, que trabalhou com Emiliano na novela “Alma Gêmea”, fez uma postagem nas redes sociais lamentando a morte do ator.
“Meu amigo Milica, fez a passagem. Amigo, você me ensinou e ensina muito. Você é um exemplo de ator de caráter de amor a profissão. Você fez parte de um dos momentos mais felizes da minha vida. Meu eterno Tio Nardo. Obrigado por tanto e por tudo. Você é inspiração eterna. Te amo. Seu eterno Crispim. Te amo”, escreveu o ator.
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Veja mais mensagens de famosos que lamentaram a morte de Emiliano Queiroz:
Selton Mello, ator
“Gênio amado, Seu Emiliano querido demais.”
Lucio Mauro Filho, ator
“Nosso amado Emiliano Queiroz partiu para o outro plano, deixando uma saudade instantânea. Um dos grandes atores do nosso país, com quem tive a honra de dividir a cena em ‘Lisbela e o Prisioneiro’, rodando o Brasil em farras inesquecíveis! Vê-lo no palco aos 86 anos, brilhando como sempre, foi uma das últimas grandes emoções que vivi dentro de um teatro. Obrigado mestre Emiliano por tanta coisa linda que você sempre me proporcionou. Descansa em paz!”
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Ary Fontoura, ator
“Triste 😢💔”
Beth Goulart, atriz
“Mais uma perda para todos nós, o grande ator Emiliano Queiroz partiu hoje aos 88 anos. Com uma longa carreira de mais de 70 anos dedicados ao ofício da interpretação, deixa um enorme legado artístico ao nosso país. Nosso amado ‘Dirceu borboleta’ voou para novas dimensões de existência. Que Deus te abençoe e te receba em sua infinita luz e amor. Meus sentimentos para toda a família.”
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Andréa Faria Sorvetão, atriz e ex-paquita
“Nossas referências indo… Que possamos ser referência também.”
Junior Vieira, ator
“Muita luz.”
Rosane Gofman, atriz
“Tão querido e talentoso!”
Claudia Mauro, atriz
“Meu amigo da vida, meu padrinho de casamento, meu guru, meu amado Emily….E recentemente tivemos este encontro tão lindo. Respostando este vídeo e este registro recente. Meu amigo querido, faça uma boa viagem! Obrigada Liloye Boubli por me proporcionar este último encontro! Emiliano .. Emily… Inesquecível! Pessoa rara! Artista extraordinário! Um dos maiores atores da sua geração. E tantos, tantos e tantos momentos vivemos juntos. Obrigada por tudo! Pelas conversas, pela torcida, pelos conselhos, pelo amor e amizade incondicional. Te amamos muito!”
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Antonio Grassi, ator
“RIP Emiliano ! Que notícia triste.”
Bárbara Bruno, atriz
“Muito amado e querido!!!!!! Viva Emiliano Queiroz”
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Tadeu Mello, ator
“Emiliano foi muito especial na minha vida.”
Gustavo Wabner, ator
“Um dos grandes! O primeiro Veludo de “Navalha na Carne”, o inesquecível Dirceu Borboleta de ” O Bem Amado” e de tantos outros personagens inesquecíveis.”
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g1 Ouviu #293 – Dinho Ouro Preto: o passado, o presente e o futuro do rock nacional

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Em entrevista ao g1 Ouviu, o vocalista do Capital Inicial falou sobre o cenário roqueiro brasileiro, sobre a participação no Rock in Rio e sobre o passado em Brasília. Vocalista do Capital Inicial, uma das mais longevas bandas do rock nacional, Dinho Ouro Preto foi o entrevistado deste episódio do g1 Ouviu. Na conversa, ele falou sobre o show Pra sempre Rock, no Rock in Rio, falou sobre a entrada do sertanejo e outros estilos no festival e ainda contou histórias sobre o início da banda, a amizade com Renato Russo, sobre memes e redes sociais e sobre o cenário atual do rock nacional.
“Meu instinto é dizer que eles [os sertanejos] têm o Rock in Rio deles, eles têm Barretos. E ali eu via como a nossa Marques de Sapucaí. Era nossa vez, nossa turma. Mas me lembraram que o primeiro Rock in Rio também foi mais eclético”, diz.
Dinho Ouro Preto, vocalista do Capital Inicial, antes de entrevista ao vivo no programa ‘g1 Ouviu’, no estúdio do g1 em São Paulo
Fábio Tito/g1
Você pode ouvir o g1 Ouviu no g1, no Spotify, no Castbox, no Google Podcasts ou no Apple Podcasts. Assine ou siga o g1 Ouviu para ser avisado sempre que tiver novo episódio no ar.

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