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‘O pior vizinho do mundo’ tenta, mas não consegue fazer de Tom Hanks um sujeito desagradável; g1 já viu

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Comédia dramática adapta livro que já tinha sido levado para as telas em produção sueca que concorreu ao Oscar em 2017. Regravações de filmes de diversos países para o mercado americano podem ter diminuído sua frequência nos últimos anos, mas nunca desaparecem por completo. A mais recente produção do tipo a ser lançada nos cinemas é “O pior vizinho do mundo”, que estreia no país nessa quinta-feira (26).
A comédia dramática adapta o best seller “Um homem chamado Ove”, escrito por Fredrik Backman, que alcançou o primeiro lugar da lista do jornal “New York Times”. O texto já havia ganho uma versão sueca para as telas de mesmo nome, que chegou a concorrer a duas estatuetas do Oscar em 2017, sendo uma delas de Melhor Filme Estrangeiro (atualmente Melhor Filme Internacional).
O novo filme é agradável e divertido, embora não traga grandes mudanças em relação ao seu antecessor, a não ser o fato de que o protagonista é interpretado pelo astro Tom Hanks. O ator parece disposto a acabar com sua imagem de bom moço no cinema nos últimos anos e até se esforça — mas ainda não foi dessa vez.
Assista ao trailer do filme “O pior vizinho do mundo”
Amizade de contrastes
Na trama, Hanks interpreta Otto Anderson, um viúvo solitário que vive a reclamar de tudo e de todos, que acha que seus vizinhos são idiotas por não fazerem as coisas do jeito que ele acha certo.
Entre patrulhas para evitar que carros entrem em alta velocidade em seu bairro, ou verificar se o lixo está sendo reciclado corretamente, ele ainda sente a partida de sua esposa e até pensa em se encontrar com ela no outro mundo.
Mas tudo muda quando uma nova família se muda para o lado oposto de sua casa. Ao conhecer sua nova vizinha, Marisol (Mariana Treviño), que tem um comportamento totalmente oposto ao seu, Otto passa a aprender que não pode fazer todas as coisas sozinho e se isolar das pessoas ao seu redor.
Com a nova e inesperada amiga, o viúvo rabugento começa a ter novas experiências que o ajudam a ver que a vida não deve ser encarada de forma tão negativa.
Otto (Tom Hanks) tenta ler um livro para as filhas de Marisol (Mariana Treviño) em “O pior vizinho do mundo”
Divulgação
Cópia (quase) perfeita
“O pior vizinho do mundo” deixa claro que só foi feito porque tanto o livro quanto o filme de “Um homem chamado Ove” têm uma história tão boa que só não era mais conhecida do público dos Estados Unidos em geral porque os americanos não gostam de ler legendas.
A nova versão tem muitas cenas praticamente copiadas do longa sueco, que só mudam os cenários e uma ou outra adaptação suave nos personagens, como um personagem que era gay e agora é trans.
Mas praticamente todas as situações e até mesmo diálogos são idênticos ao que foi mostrado no original. O roteirista David Magee, de “As Aventuras de Pi”, não se preocupa em tentar extrair alguma originalidade da trama, e cria um script completamente preguiçoso em termos de ideias, apostando sempre no que já tinha dado certo antes.
Otto (Tom Hanks) tenta entender o estilo alegre de Jimmy (Cameron Britton) em “O pior vizinho do Mundo”
Divulgação
Quem viu a primeira versão cinematográfica do livro vai notar sem muito esforço as incríveis semelhanças apresentadas no filme com Hanks. Isso pode estragar a experiência de quem vai ver o filme, pois pode não emocionar ou mesmo divertir aqueles que já viram a mesma história há pouco atrás.
Mesmo assim, pelo poder de sua trama e de seus personagens, “O pior vizinho do mundo” é uma boa comédia dramática, que tem chance de conquistar o público que não conhece nem o livro nem a produção sueca de 2015.
O diretor Marc Forster, de longas como “Em Busca da Terra do Nunca” (2004) e “007 – Quantum of Solace” (2008) faz um trabalho correto e consegue cativar o espectador sem maiores esforços, mas também sem grandes impactos, já que se preocupa mais em recriar cenas do filme original. O cineasta foi mais eficiente ao adaptar outro best seller, “O Caçador de Pipas”, em 2007.
Otto (Tom Hanks) acaba fazendo amizade com Marisol (Mariana Treviño) em “O pior vizinho do mundo”
Divulgação
Rabugento, mas nem tanto
À frente do elenco de “O pior vizinho do mundo”, Hanks mostra por que ainda é um dos grandes e mais carismáticos atores de Hollywood. Ele se desenvolve bem tanto na comédia quanto no drama de seu personagem com inegável talento.
Só não consegue tornar seu Otto uma pessoa difícil de lidar, pois, por mais que tente, não consegue se livrar de sua aura de bom moço, construída ao longo da carreira, principalmente em comédias românticas.
Assim, por mais que Hanks diga palavras que podem soar duras para outras pessoas, lembra um pouco o efeito conseguido pela oscarizada atuação de Jack Nicholson em “Melhor é impossível” (1997).
Dessa forma, o astro de “Forrest Gump” (1994) nunca faz com que o espectador sinta raiva ou mesmo desconforto com Otto. Apenas empatia, ainda mais quando são revelados alguns de seus traumas do passado na trama. Hanks foi mais bem sucedido em ser uma pessoa desagradável quando interpretou o Coronel Tom Parker em “Elvis”.
Tom Hanks e Mariana Treviño numa cena de “O pior vizinho do mundo”
Divulgação
Além do ator, vale destacar o trabalho de Treviño, que dá um tom divertido para sua Marisol, ainda que chegue perigosamente perto do caricato, e faz uma boa dupla com o protagonista. Uma curiosidade é ver Truman Hanks, filho do astro com a atriz Rita Wilson (também produtora do filme), interpretando Otto na juventude de forma acertada. Rachel Keller, que vive a esposa de Otto, cativa com sua simpatia.
“O pior vizinho do mundo” traduz de forma mais leve o livro de Fredrik Backman do que a versão sueca e deve agradar a quem só deseja ver um bom passatempo. Sempre é um prazer ver Hanks na telona e não é diferente dessa vez. Dá até vontade de morar perto da casa dele, apesar das suas broncas e reclamações.

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