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Festas e Rodeios

Manu Gavassi prega liberdade no Brasil de 2023 ao morder o ‘Fruto proibido’ de Rita Lee em 1975

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Participação de Liniker na canção ‘Ovelha negra’ atualiza o sentido desse hino geracional do mais importante álbum gravado pela roqueira paulistana com o grupo Tutti Frutti. Capa do álbum ‘Manu Gavassi canta Fruto proibido – Acústico MTV’
Cleiby Trevisan
Resenha de álbum
Título: Manu Gavassi canta Fruto proibido – Acústico MTV
Artista: Manu Gavassi
Edição: Universal Music
Cotação: ★ ★ ★
♪ O álbum em que Manu Gavassi interpreta as músicas do disco Fruto proibido (1975) – o mais emblemático dos quatro álbuns gravados por Rita Lee com o grupo Tutti Frutti entre 1974 e 1978 – corre o risco de soar anacrônico ou mesmo inócuo para ouvintes que saborearam Fruto proibido na época em o disco foi lançado. Um disco de rock quando o gênero ainda simbolizava a rebeldia juvenil.
Em essência, Fruto proibido foi um manifesto de Rita Lee e Tutti Frutti a favor da liberdade e contra a caretice de um Brasil que, em 1975, ainda estava amordaçado pela ditadura e em processo lento de assimilação dos valores pregados pela revolução social e comportamental dos anos 1960.
O mundo mudou, as minorias ganharam voz ativa e a humanidade foi se liberando progressivamente dos dogmas e repressões da hipócrita sociedade patriarcal. Por isso mesmo, uma onda conservadora emergiu e saiu do armário nos últimos anos para tentar frear tanto progresso.
Nesse sentido, as recentes críticas sofridas por Anitta por conta das cenas de simulação de sexo oral no modelo Yuri Meirelles, durante a gravação de ainda inédito clipe, sinalizam que ainda há muita repressão no Brasil de 2023.
No contexto atual, em que a liberdade conquistada é confrontada diariamente, toda uma jovem geração talvez encontre ressonância no álbum em que Gavassi morde o Fruto proibido de Rita Lee no registro audiovisual de show captado em 1º de novembro de 2022, na cidade de São Paulo (SP), em apresentação feita na série Acústico MTV, sob direção musical de Lucas Silveira, com adesões de Liniker e Tim Bernardes (convidado da regravação de Gracinha, tema da lavra autoral de Gavassi).
A abordagem é reverente e resulta eficiente por Gavassi ter escapado da tentação de modernizar disco de valores e sons atemporais por mais que o rock já tenha perdido força como mola propulsora dos ideais da juventude.
Com o toque da banda apropriadamente feminina formada por Alana Ananias (bateria), Ana Karina Sebastião (contrabaixo), Juliana Vieira (violino), Mari Jacintho (teclados), Michelle Abu (percussão) e Monica Agena (violão), além dos vocais de Luana Jones e Paola Evangelista Lucio, Gavassi se ajusta ao compasso da liberdade que move Dançar para não dançar (Rita Lee, 1975), reitera a opção de ser livre em Agora só falta você (Rita Lee e Luiz Carlini, 1975) e em Pirataria (Lee Marcucci e Rita Lee, 1975), além de mandar Cartão postal (Rita Lee e Paulo Coelho, 1975) na pegada de um blues-rock que rejeita a sofrência, matéria-prima de boa parte do cancioneiro do universo pop.
Liniker e Manu Gavassi cantam juntas ‘Ovelha negra’, música de Rita Lee que atravessa gerações
Cleiby Trevisan / Divulgação
Paulistana como Rita Lee, atualmente com 30 anos, Manu Gavassi já sinalizara no álbum anterior, Gracinha (2021), que vem procurando se distanciar da frivolidade que pauta o repertório consumido no mainstream do mundo pop. “Às vezes cansa minha beleza / Essa falta de emoção e de sensação”, dispara Gavassi, coerente com esse movimento anterior, ao dar voz a versos ainda atuais de Fruto proibido (Rita Lee, 1975) que parecem falar da plastificação dos sentimentos na era digital.
De repertório que reverbera anseios e ideais de rebeldia, sob prisma feminino, somente Esse tal de roque enrow (Rita Lee e Paulo Coelho, 1975) envelheceu porque o rock passou para o status quo, perdendo o caráter revolucionário de outrora, em função assumida pelo rap e pelo funk.
Já O toque (Rita Lee e Paulo Coelho, 1975) é dado com precisão enquanto Ovelha negra (Rita Lee, 1975) – hino geracional que atravessou décadas na voz de Rita Lee – reverbera atual no canto da convidada Liniker, ganhando novos sentidos na voz de uma artista trans em gravação salpicada com as notas do piano de Mari Jacintho.
Fora do repertório do álbum de 1975, Gavassi joga Lança perfume (Rita Lee e Roberto de Carvalho, 1980) na pista – lembrança sem razão de ser por se tratar de música de outra vibe e fase de Rita – e revive Mutante (Rita Lee e Roberto de Carvalho, 1980), tema de letra mais afinada com o espírito livre e feminino do álbum Fruto proibido.
E, justiça seja feita, regravar a própria Bossa nossa (Manu Gavassi, 2021) foi achado da artista, não somente por causa dos versos “Faço dançar, enquanto te faço rir / Nunca gostei dos mutantes sem a Rita Lee”, mas também porque esse samba-rock destila um deboche evocativo da verve que anima o espírito de Santa Rita de Sampa, padroeira da liberdade e da rebeldia que um dia moveu esse tal de roque enrow, mas que ainda move a juventude em 2023, dando sentido ao tributo de Manu Gavassi.
Manu Gavassi vai além do repertório do álbum ‘Fruto proibido’ no ‘Acústico MTV’, regravando outros sucessos de Rita Lee, como ‘Mutante’
Cleiby Trevisan / Divulgação

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Coldplay ainda faz música de verdade ou apenas trilha para palestra motivacional?

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‘Moon Music’, 10º álbum do grupo britânico, desperdiça boas participações em melodias ao mesmo tempo sem referência e sem identidade; veja análise do g1. g1 analisa ‘Moon Music’, novo álbum do Coldplay
O Coldplay lançou nesta sexta-feira (4) “Moon Music”, seu 10º álbum de estúdio — segundo o vocalista Chris Martin, o antepenúltimo da banda, que pretende parar de fazer música após o 12º trabalho. As dez novas faixas, no entanto, deixam a sensação de que eles já pararam.
Nas últimas décadas, o grupo britânico viveu uma das maiores transformações musicais do pop mundial. Foi do rock alternativo melancólico do disco “Parachutes” (2000), influenciado por nomes como Oasis e Radiohead, ao pop motivacional de arena, mostrado principalmente a partir de “Viva la Vida or Death and All His Friends”, de 2008.
A fase mais recente transformou o Coldplay em um fenômeno de venda de ingressos. Iniciada em 2022, a turnê global “Music of the Spheres” arrecadou US$ 945,7 milhões e foi descrita pela revista “Billboard” como a mais lucrativa de todos os tempos para uma banda de rock.
Coldplay no Rock in Rio 2022
Stephanie Rodrigues
No ano passado, o espetáculo visual cósmico, com lasers, fantoches e pulseirinhas coloridas, passou pelo Brasil em 11 apresentações de estádios, com entradas esgotadas.
Ainda assim, fãs mais antigos torcem o nariz — e torcem por algum indício de retorno da banda às raízes. Esses podem desencanar: o “Moon Music” segue a mesma atmosfera etérea-edificante do trabalho anterior de 2021, o que dá nome à turnê quase bilionária.
Nesses dois álbuns, “Music of the Spheres” e “Moon Music”, o ponto alto são as participações. O primeiro tem Selena Gomez e o grupo de k-pop BTS no auge. O novo disco traz a cantora nigeriana Ayra Starr enriquecendo os vocais de “Good Feelings”, pop funkeado sobre a importância de cultivar bons sentimentos.
Em “We Pray”, louvor com levada de rap, está o também nigeriano Burna Boy, outro astro do afrobeat. Com hits e artistas escalando nas paradas, o pop africano ganhou força global em 2024. Mas o que poderia ser uma boa referência no álbum do Coldplay acaba diluído em melodias que parecem de inteligência artificial.
O disco consegue ser, ao mesmo tempo, sem referências e sem identidade: os arranjos não se conectam de verdade com nenhum movimento musical. Já as letras falam de um mundo sem complexidade, onde apenas o poder do amor é capaz de resolver problemas geopolíticos e unir nações em guerra.
“One World”, a música que fecha o “Moon Music”, tem Chris Martin em um instrumental onírico repetindo as palavras “um mundo, apenas um mundo”, para depois concluir: “No fim, é só amor”.
Capa de ‘Moon Music’, 10º álbum do Coldplay
Divulgação
Escolha seu lugar
Não é exatamente para ouvir música que os fãs lotam as apresentações do Coldplay. Com ornamentações de todo tipo, os shows do grupo são vendidos como “experiências” que agradam também outros sentidos.
Mas, se ao vivo a combinação com elementos visuais ajuda a criar um clima mágico, no trabalho de estúdio tudo se torna bem mais monótono.
O Coldplay não está interessado na música em si, mas em guiar as sensações do público. E, sem pirotecnia ou chuva de papel picado, a experiência fica mais parecida com uma palestra motivacional.
Na música-título, que abre o álbum, há um instrumental ambiente de quase dois minutos, perfeito para os espectadores irem escolhendo seus lugares no auditório. Depois, o “Moon Music” encaminha o ouvinte para se animar em “Feels Like I’m Falling in Love”; para refletir em “We Pray”; se empoderar em “IAAM”; se emocionar ao lembrar de tempos mais difíceis em “All My Love”.
Quem consegue deixar o mau humor de lado para se entregar de corpo e alma a esse tipo de vivência pode dar o play tranquilo. Vai ser divertido. Os outros provavelmente vão achar um tanto cafona.

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Paternidade e mudança para Londres guiam Momo na criação do álbum ‘Gira’

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Disco sai em 18 de outubro com dez músicas autorais, sendo seis feitas em parceria com Wado. Capa do álbum ‘Gira’, de Momo
Arte de Marco Papiro e Julia Lüscher
♫ NOTÍCIA
♪ Cantor, compositor e músico de origem mineira, Marcelo Frota – Momo, na certidão artística – personifica o cidadão do mundo. E a rota planetária do artista tem norteado a construção de discografia que ganha um sétimo álbum, Gira, daqui a duas semanas, 18 de outubro.
Momo cresceu e se criou musicalmente no Rio de Janeiro (RJ), cidade que celebra em uma das músicas de Gira, mas migrou para Portugal, país onde gestou em Lisboa o quinto álbum, Voá (2017), com produção musical de Marcelo Camelo.
Já o sexto álbum de Momo, I was told to be quiet (2019), foi orquestrado em Los Angeles (EUA) com produção musical do norte-americano Tom Biller.
Após ter transitado pela Espanha, Momo partiu para Londres. O álbum Gira é o reflexo não somente dessa mudança para a capital da Inglaterra, mas também e sobretudo da paternidade. A chegada da filha Leonora também guiou Momo na criação de um álbum mais leve, pautado pelo groove. “Eu adoraria fazer um álbum para ela dançar”, vislumbra Momo.
Com capa assinada por Marco Papiro e Julia Lüscher, o disco Gira chega ao mundo em 18 de outubro pelo selo londrino Batov Records em LP e em edição digital. Inteiramente autoral, o inédito repertório do álbum é composto por dez músicas.
Seis músicas – Pára, Rio, Passo de avarandar, Jão, Beija-flor e a composição-título Gira – foram feitas com a colaboração de Wado na escrita das letras. Oqueeei é parceria de Momo com o saxofonista Angus Fairbairn. Já Walk in the park, My mind e Summer interlude são músicas da lavra solitária de Momo.
O álbum Gira foi feito com os toques de músicos como Caetano Malta (baixo), Jessica Lauren (teclados), Magnus Mehta (percussão) e Nick Woodmansey (bateria), entre outros instrumentistas arregimentados em Londres, atual morada e inspiração de Momo.
Momo lança em 18 de outubro o sétimo álbum da discografia autoral, ‘Gira’, em LP e em edição digital, pelo selo londrino Batov Records
Dunja Opalko / Divulgação

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Sidney Magal dá baile em show no Rio, canta hit de Jorge Ben Jor com a banda Biquini e continua com a moral elevada

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Aos 74 anos, artista sabe se alimentar do passado sem soar ultrapassado no mercado da música. Sidney Magal em take da gravação da música ‘Chove chuva’ para disco da banda carioca Biquini
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♫ COMENTÁRIO
♩ Aos 74 anos, Sidney Magal continua com a moral elevada no universo pop brasileiro. Dois acontecimentos simultâneos nesta sexta-feira, 4 de outubro, reiteram a força do cantor carioca no mercado atual.
No mesmo dia em que o artista sobe ao palco da casa Qualistage – um dos maiores espaços de show da cidade do Rio de Janeiro (RJ) – para apresentar o Baile do Magal ao público carioca, a banda Biquini lança disco com convidados, Vou te levar comigo, em que o maior destaque é uma regravação de Chove chuva (Jorge Ben Jor, 1963) feita com a participação de Magal e um toque latino de salsa na música.
Não é pouca coisa para um artista cujo último sucesso é de 1990, Me chama que eu vou (Torquato Mariano e Cláudio Rabello), lambada gravada para a trilha sonora da novela Rainha da sucata (TV Globo, 1990).
Me chama que eu vou é também o nome do documentário estreado em 2020 com foco na trajetória do artista que ganhou projeção nacional em 1976.
De 1976 a 1979, Magal arrastou multidões pelo Brasil a reboque de repertório sensual posto a serviço da imagem cigana de amante latino. Não por acaso, 1979 é o ano em que se situa a narrativa de longa-metragem sobre a história de amor entre Magal e a esposa Magali West, foco do filme de ficção Meu sangue ferve por você (2023 / 2024), estreado em maio nos cinemas – e já disponível no catálogo da Netflix – com o ator Filipe Bragança dando voz e vida a Magal na tela.
Hoje, Magal é uma personalidade. Um cantor que prescinde de ter músicas nas playlists para se manter em evidência. O artista soube se alimentar do passado sem soar ultrapassado. Nesse sentido, Sidney Magal tem dado baile na concorrência.

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