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Festas e Rodeios

Biografia do Terra Trio descortina bastidores de shows e discos de Maria Bethânia com o grupo

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♪ Como ainda inexiste biografia de Maria Bethânia, o livro Terra Trio – Uma família musical com os pés na terra (Sonora Editora) cumpre parcialmente a função ao descortinar bastidores de shows e discos antológicos da cantora baiana nos anos de formação da identidade cênica da intérprete.
Para súditos da artista, o livro do jornalista fluminense Ricardo Schott documenta a trajetória profissional de Bethânia na década que vai de 1967 a 1977, abarcando também o período dos anos 1980 em que o trio carioca – formado pelos irmãos Fernando Costa (bateria) e Ricardo Costa (baixo) com José Maria Rocha (piano) – voltou a tocar com a cantora, no disco e show Ciclo (1983), antes de o maestro Jaime Alem ser efetivado com diretor musical de Bethânia. A parceria da artista com o trio durou até 1984 e extrapolou as fronteiras do Brasil.
Escrita entre 2018 e 2019, editada em 2020 e efetivamente posta no mercado literário neste mês de fevereiro de 2023, a biografia do Terra Trio narra a trajetória desse grupo criado em 1966, descendente da efervescência das bandas de samba-jazz e surgido no colo da matriarca Emília Alves Borges Luiz da Costa (1920 – 2016), a Dona Emília, mãe de Fernando e Ricardo.
Dona Emília foi também, de certa forma, mãe do pianista José Maria, quando o músico mineiro foi bater no endereço sempre acolhedor da Rua Veloso – atualmente Rua Vinicius de Moraes – em Ipanema, onde o trio (inicialmente denominado Os Ipanemas) ensaiava som poderoso que reverberou nas mesas do bar frequentado por gente como Antonio Carlos Jobim (1927 –1994) e situado embaixo do apartamento da família. Som que chegou aos ouvidos de Maria Bethânia, então com 21 anos em 1967.
Na época ainda em busca de identidade musical, após ser rotulada à revelia como “cantora de protesto” por conta do alto voo da interpretação de Carcará (João do Vale e José Cândido, 1964) no roteiro do teatralizado show Opinião (1964 / 1965), Bethânia bateu muitas vezes à porta do apartamento da Rua Veloso para ensaiar e se entrosar com o trio que lhe fora recomendado pelo diretor Fauzi Arap (1938 – 2013), condutor da cantora na cena teatral de shows que marcaram época nos anos 1960 e 1970.
A parceria da cantora com o Terra Trio e com Arap foi firmada a partir do show Comigo me desavim (1967). Estreado em 11 de outubro de 1967 no teatro então intitulado Miguel Lemos, o show Comigo me desavim foi matriz da fórmula de espetáculo teatral em que a intérprete mesclava músicas e textos em mix que alcançaria especial perfeição no roteiro do show Rosa dos ventos (1971), ápice da parceria de Bethânia com Arap.
Capa do livro ‘Terra Trio – Uma família musical com os pés na terra’, de Ricardo Schott
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A partir da página 97, quando Ricardo Schott narra o início da relação de Bethânia com o grupo, o livro Terra Trio – Uma família musical com os pés na terra passa a ser de certa forma, até a página 292, também a biografia de Bethânia – e por isso o livro tem alto valor documental.
Schott revela detalhes da produção de Comigo me desavim, show que vinha sendo roteirizado por Isabel Câmara (1940 – 2006) quando Fauzi Arap entrou em cena e mudou tudo, dando forma ao espetáculo que continuou em cena em 1968, ano em que chegou à cidade de São Paulo (SP) com Jards Macalé no violão, no posto ocupado por Rosinha de Valença (1941 – 2004) na temporada carioca.
O autor também narra a incursão de Bethânia com o trio em shows promovidos pelo jornal de esquerda Poder jovem. Shows efêmeros da cantora com o trio, como Yes, nós temos Bethânia (1968), também são lembrados no livro, escrito com base em pesquisas em jornais e revistas da época e em entrevistas feitas pelo autor com os integrantes do grupo e com a própria Bethânia.
Na sequência da narrativa, de tom coloquial, Schott se debruça sobre o show feito por Bethânia com o Terra Trio (e com o violão de Otto Gonçalves Filho) na carioca Boate Barroco, documentando que o disco decorrente do show, Recital na Boite Barroco (1968), foi captado ao vivo, mas no estúdio da gravadora Odeon, com claque convocada às pressas entre os funcionários da companhia fonográfica, e não na boate situada no bairro de Copacabana.
A entrada em cena de Nara Leão (1942 – 1989) para trabalhar com o trio teria causado ciúme em Bethânia de acordo com os músicos do Terra – como relata Ricardo Schott na página 153 – e explica o fato de a cantora ter se afastado do trio na maior parte do ano de 1969, passando a se apresentar com o toque do pianista Luiz Carlos Vinhas (1940 – 2001), presente no disco de estúdio lançado pela cantora em 1969, ano em que foi gravado o primeiro e único do álbum do trio, Terra à vista, feito muito por insistência de Nara junto à diretoria da gravadora Philips.
O retorno da cantora com o trio aconteceu no fim de 1969. Em 4 de dezembro daquele ano, Bethânia gravou na filial paulistana da Odeon outro disco ao vivo, para plateia formada sobretudo por fãs e amigos da cantora.
A avaliação do álbum Maria Bethânia ao vivo (1970) é feita com rigor no livro pelo Terra Trio. “(O registro) ficou truncado, até porque a gente tocou todo o disco e depois colocaram orquestra por cima. […] O povo bebeu e ficou de porre. Uma baita algazarra, com todo mundo gritando ‘maravilhosa’ ”, lembra o baterista Fernando Costa, aos risos, em depoimento para o livro.
Ricardo Schott também dedica páginas da biografia aos shows Brasileiro, profissão esperança (1970) – pensado inicialmente para Maysa (1936 – 1977), cantora que desistiu do trabalho, o que fez com que Bethânia fosse chamada para dividir o palco com o ator Ítalo Rossi (1931 – 2011) – Rosa dos ventos (1971), Drama – Luz da noite (1973), A cena muda (1974) e Pássaro da manhã (1977).
Os relatos de Schott mostram uma Maria Bethânia de personalidade sempre forte, mas jamais imune às críticas, inclusive as oficiais. Quando ainda não era tratada como divindade pela imprensa musical, a cantora volta e meia era questionada e até mesmo atacada (de forma nem sempre respeitosa) nos jornais por opções estéticas de discos e shows.
Até por isso o livro Terra Trio – Uma família musical com os pés na terra merece leitura atenta dos seguidores da cantora. De forma indireta, a biografia do trio mostra como foram construídas a identidade e a imagem hoje sacralizadas de Maria Bethânia.

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Sidney Magal dá baile em show no Rio, canta hit de Jorge Ben Jor com a banda Biquini e continua com a moral elevada

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Aos 74 anos, artista sabe se alimentar do passado sem soar ultrapassado no mercado da música. Sidney Magal em take da gravação da música ‘Chove chuva’ para disco da banda carioca Biquini
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♫ COMENTÁRIO
♩ Aos 74 anos, Sidney Magal continua com a moral elevada no universo pop brasileiro. Dois acontecimentos simultâneos nesta sexta-feira, 4 de outubro, reiteram a força do cantor carioca no mercado atual.
No mesmo dia em que o artista sobe ao palco da casa Qualistage – um dos maiores espaços de show da cidade do Rio de Janeiro (RJ) – para apresentar o Baile do Magal ao público carioca, a banda Biquini lança disco com convidados, Vou te levar comigo, em que o maior destaque é uma regravação de Chove chuva (Jorge Ben Jor, 1963) feita com a participação de Magal e um toque latino de salsa na música.
Não é pouca coisa para um artista cujo último sucesso é de 1990, Me chama que eu vou (Torquato Mariano e Cláudio Rabello), lambada gravada para a trilha sonora da novela Rainha da sucata (TV Globo, 1990).
Me chama que eu vou é também o nome do documentário estreado em 2020 com foco na trajetória do artista que ganhou projeção nacional em 1976.
De 1976 a 1979, Magal arrastou multidões pelo Brasil a reboque de repertório sensual posto a serviço da imagem cigana de amante latino. Não por acaso, 1979 é o ano em que se situa a narrativa de longa-metragem sobre a história de amor entre Magal e a esposa Magali West, foco do filme de ficção Meu sangue ferve por você (2023 / 2024), estreado em maio nos cinemas – e já disponível no catálogo da Netflix – com o ator Filipe Bragança dando voz e vida a Magal na tela.
Hoje, Magal é uma personalidade. Um cantor que prescinde de ter músicas nas playlists para se manter em evidência. O artista soube se alimentar do passado sem soar ultrapassado. Nesse sentido, Sidney Magal tem dado baile na concorrência.

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Emiliano Queiroz: famosos lamentam morte do ator

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Emilio Orciollo Netto, Beth Goulart, Selton Mello e Lucio Mauro Filho foram alguns dos famosos que deixaram mensagens nas redes sobre a morte do artista de 88 anos. Emiliano Queiroz na novela Espelho da Vida
Acervo Grupo Globo
Emilio Orciollo Netto, Ary Fontoura, Beth Goulart, Selton Mello, Lucio Mauro Filho e outros famosos lamentaram a morte de Emiliano Queiroz. O ator de 88 anos morreu após sofrer uma parada cardíaca, na madrugada desta sexta-feira (4).
Emilio, que trabalhou com Emiliano na novela “Alma Gêmea”, fez uma postagem nas redes sociais lamentando a morte do ator.
“Meu amigo Milica, fez a passagem. Amigo, você me ensinou e ensina muito. Você é um exemplo de ator de caráter de amor a profissão. Você fez parte de um dos momentos mais felizes da minha vida. Meu eterno Tio Nardo. Obrigado por tanto e por tudo. Você é inspiração eterna. Te amo. Seu eterno Crispim. Te amo”, escreveu o ator.
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Veja mais mensagens de famosos que lamentaram a morte de Emiliano Queiroz:
Selton Mello, ator
“Gênio amado, Seu Emiliano querido demais.”
Lucio Mauro Filho, ator
“Nosso amado Emiliano Queiroz partiu para o outro plano, deixando uma saudade instantânea. Um dos grandes atores do nosso país, com quem tive a honra de dividir a cena em ‘Lisbela e o Prisioneiro’, rodando o Brasil em farras inesquecíveis! Vê-lo no palco aos 86 anos, brilhando como sempre, foi uma das últimas grandes emoções que vivi dentro de um teatro. Obrigado mestre Emiliano por tanta coisa linda que você sempre me proporcionou. Descansa em paz!”
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Ary Fontoura, ator
“Triste 😢💔”
Beth Goulart, atriz
“Mais uma perda para todos nós, o grande ator Emiliano Queiroz partiu hoje aos 88 anos. Com uma longa carreira de mais de 70 anos dedicados ao ofício da interpretação, deixa um enorme legado artístico ao nosso país. Nosso amado ‘Dirceu borboleta’ voou para novas dimensões de existência. Que Deus te abençoe e te receba em sua infinita luz e amor. Meus sentimentos para toda a família.”
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Andréa Faria Sorvetão, atriz e ex-paquita
“Nossas referências indo… Que possamos ser referência também.”
Junior Vieira, ator
“Muita luz.”
Rosane Gofman, atriz
“Tão querido e talentoso!”
Claudia Mauro, atriz
“Meu amigo da vida, meu padrinho de casamento, meu guru, meu amado Emily….E recentemente tivemos este encontro tão lindo. Respostando este vídeo e este registro recente. Meu amigo querido, faça uma boa viagem! Obrigada Liloye Boubli por me proporcionar este último encontro! Emiliano .. Emily… Inesquecível! Pessoa rara! Artista extraordinário! Um dos maiores atores da sua geração. E tantos, tantos e tantos momentos vivemos juntos. Obrigada por tudo! Pelas conversas, pela torcida, pelos conselhos, pelo amor e amizade incondicional. Te amamos muito!”
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Antonio Grassi, ator
“RIP Emiliano ! Que notícia triste.”
Bárbara Bruno, atriz
“Muito amado e querido!!!!!! Viva Emiliano Queiroz”
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Tadeu Mello, ator
“Emiliano foi muito especial na minha vida.”
Gustavo Wabner, ator
“Um dos grandes! O primeiro Veludo de “Navalha na Carne”, o inesquecível Dirceu Borboleta de ” O Bem Amado” e de tantos outros personagens inesquecíveis.”
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g1 Ouviu #293 – Dinho Ouro Preto: o passado, o presente e o futuro do rock nacional

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Em entrevista ao g1 Ouviu, o vocalista do Capital Inicial falou sobre o cenário roqueiro brasileiro, sobre a participação no Rock in Rio e sobre o passado em Brasília. Vocalista do Capital Inicial, uma das mais longevas bandas do rock nacional, Dinho Ouro Preto foi o entrevistado deste episódio do g1 Ouviu. Na conversa, ele falou sobre o show Pra sempre Rock, no Rock in Rio, falou sobre a entrada do sertanejo e outros estilos no festival e ainda contou histórias sobre o início da banda, a amizade com Renato Russo, sobre memes e redes sociais e sobre o cenário atual do rock nacional.
“Meu instinto é dizer que eles [os sertanejos] têm o Rock in Rio deles, eles têm Barretos. E ali eu via como a nossa Marques de Sapucaí. Era nossa vez, nossa turma. Mas me lembraram que o primeiro Rock in Rio também foi mais eclético”, diz.
Dinho Ouro Preto, vocalista do Capital Inicial, antes de entrevista ao vivo no programa ‘g1 Ouviu’, no estúdio do g1 em São Paulo
Fábio Tito/g1
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